Excepto
aqueles que sofrem de alguma psicose que os induz a se desprezar
(cujo nome profissional
desconheço), admito que a maior parte das pessoas
sobrevalorizam-se ou, pelo menos, qualificam-se a si mesmos como
tendo uma característica dominante bem aceite pelos membros do seu
entorno social, mas que pode não corresponder exactamente ao que os
outros entendem a seu respeito.
O
tema de hoje surgiu por arrastamento de uma meditação totalmente
inútil, mas apesar disso a meu entender, continha algum interesse no
caso de pretender arrumar convenientemente algumas noções de uso
corrente, que julgo se empregam com excessivo à vontade.
Concretamente
se navegarmos em torno das manifestações pessoais de adesão ou
convicção. Vejamos:
Uma
pessoa pode-se mostrar como formalmente adepto a qualquer
grupo ou movimento, civil ou religioso, sem contudo se comprometer
perante o público. Ou seja, procede conforme indicam as
formalidades, regras ou praxes, daqueles a quem se chega, sem se
entregar a exibicionismos.
No
extremo do menor compromisso temos o simples seguidor. Um
indivíduo que está incorporado no grupo por simples arrastamento,
sem uma convicção própria. Ao estilo da personagem Maria
vai com as outras. A meu
entender é o comportamento maioritário em quase todos os
ajuntamentos. De facto estão
e não estão ao mesmo
tempo, só colaboram para fazer monte, como manequins de montra.
Diferente
é a situação do convicto, dado
que este está convencido sem reservas; é o que se deve qualificar
de persuadido. Este
inclusivamente pode desejar, e manter tanto quanto lhe é possível,
um certo anonimato. Para ele ser é mais importante do que parecer.
No
extremo oposto estão os fanáticos, caracterizados por terem
uma fé cega nas razões do seu grupo, e em consequência, pouco
ou nada racionais. São, sem
dívida, os elementos mais perigosos da sociedade, pois a sua
obsessão, que não admitem ter, lhes justifica todas as faltas e
abusos sociais. Podemos qualificar como iluminados.
Finalmente
encontro os oportunistas
também qualificados de
aproveitadores, interesseiros, cínicos. São indivíduos repelentes,
imundos, que com o seu descaramento conseguem singrar melhor do que
muitos honestos e cumpridores. Entre eles encontramos os famosos
vira-casacas.
E
termino propondo um exercício,
nada fácil: O leitor atreve-se a classificar alguma ou algumas das
pessoas que conhece? E a seguir atreve-se a se qualificar? Tem a
certeza de que os outros o veem da mesma forma como se imagina?
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