quarta-feira, 29 de março de 2017

SOMOS QUEM IMAGINAMOS ?



Excepto aqueles que sofrem de alguma psicose que os induz a se desprezar (cujo nome profissional desconheço), admito que a maior parte das pessoas sobrevalorizam-se ou, pelo menos, qualificam-se a si mesmos como tendo uma característica dominante bem aceite pelos membros do seu entorno social, mas que pode não corresponder exactamente ao que os outros entendem a seu respeito.

O tema de hoje surgiu por arrastamento de uma meditação totalmente inútil, mas apesar disso a meu entender, continha algum interesse no caso de pretender arrumar convenientemente algumas noções de uso corrente, que julgo se empregam com excessivo à vontade.

Concretamente se navegarmos em torno das manifestações pessoais de adesão ou convicção. Vejamos:

Uma pessoa pode-se mostrar como formalmente adepto a qualquer grupo ou movimento, civil ou religioso, sem contudo se comprometer perante o público. Ou seja, procede conforme indicam as formalidades, regras ou praxes, daqueles a quem se chega, sem se entregar a exibicionismos.

No extremo do menor compromisso temos o simples seguidor. Um indivíduo que está incorporado no grupo por simples arrastamento, sem uma convicção própria. Ao estilo da personagem Maria vai com as outras. A meu entender é o comportamento maioritário em quase todos os ajuntamentos. De facto estão e não estão ao mesmo tempo, só colaboram para fazer monte, como manequins de montra.

Diferente é a situação do convicto, dado que este está convencido sem reservas; é o que se deve qualificar de persuadido. Este inclusivamente pode desejar, e manter tanto quanto lhe é possível, um certo anonimato. Para ele ser é mais importante do que parecer.

No extremo oposto estão os fanáticos, caracterizados por terem uma fé cega nas razões do seu grupo, e em consequência, pouco ou nada racionais. São, sem dívida, os elementos mais perigosos da sociedade, pois a sua obsessão, que não admitem ter, lhes justifica todas as faltas e abusos sociais. Podemos qualificar como iluminados.

Finalmente encontro os oportunistas também qualificados de aproveitadores, interesseiros, cínicos. São indivíduos repelentes, imundos, que com o seu descaramento conseguem singrar melhor do que muitos honestos e cumpridores. Entre eles encontramos os famosos vira-casacas.


E termino propondo um exercício, nada fácil: O leitor atreve-se a classificar alguma ou algumas das pessoas que conhece? E a seguir atreve-se a se qualificar? Tem a certeza de que os outros o veem da mesma forma como se imagina?

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