terça-feira, 14 de março de 2017

BEM ME PARECEU



Quando nestes últimos dias dei demasiada atenção a um ameaço de desestabilização, confiando no meu instinto desde longe, pois que nunca mantive contacto com os meandros onde navegam os políticos, ainda me invadiu o receio de que tivesse errado no meu diagnóstico. A realidade que foi surgindo à tona das negras águas deu-me razão.

Desde início a história do pedido de cedência do auditório à Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, por parte de um grupo auto-denominado de Nova Portugalidade, com a sigla NP, ser ministrada uma sábia conferência pelo Professor Doutor JAIME NOGUEIRA PINTO, também conhecido, nos meios, por NP. (Curiosamente estas iniciais coincidem, por puro acaso, com as siglas do grupo proponente). A palestra tinha como título Populismo ou Democracia? Anos decisivos. Nada se pode deduzir a partir deste cabeçalho.

Só o percurso do Professor NP, e a ideologia conservadora dos membros do NP é que alertaram os estudantes, que imediatamente foram qualificados de perigosos esquerdistas. Como já escrevi noutra, os NP+NP ganharam a primeira investida, sem riscos, e mais o conseguirem, sem danos, uma entrada em grande nos meios de comunicação social, e nas redes que circulam pela NET.

O que se veio a saber é que os membros do Novo Portugal, baseando-se neles mesmos, solicitaram ao Reitor que, para garantir a segurança e evitar distúrbios (?), convocasse uma força policial para patrulhar o exterior e interior do local. Seguindo as normas estatutárias das Universidades, que rejeitam liminarmente a entrada de corpos policias no seu recinto, disse que não podia atender este pedido. Então, os pseudo temerosos do NP, uma vez que nada de polícias, pediam que pudessem tratar eles mesmos de colocar um corpo de protecção. Obviamente não podia ser aceitável.

Dado o clima de imaginados conflitos apresentado pelos do NP, o reitor, reunido com o Professor NP, propôs que adiassem este evento até nova data, quando as águas se apresentassem calmas. O Professor NP concordou com a proposta, e cumprimentando o Reitor, saiu do gabinete.

Os organizadores da trama, os NP, provavelmente em conluio com o NP, já tinham convocado a imprensa, tal como estava programado previamente. Ali, poucos minutos após de ter concordado, o Professor NP, dizem que declarou ter sido proibido de apresentar a sua visão da actualidade política e social no Ocidente. Oralmente, a um público universitário no intuito de os elucidar. Era nitidamente uma abusiva acção de censura, precisamente a ele, um Professor Doutor NP ! Inaceitável !


A partir deste instante já a bola de neve descia célere pela ladeira. Tudo estava seguindo o roteiro. Só que dado o cheiro fétido que emanava deste tandem dos NP+NP, que podia ser interpretado como a vontade de tentar reproduzir as inventonas dos seguidores de Hitler, ainda na época das camisas castanhas -que curiosamente, pouco tempo depois o mesmo Hitler se encarregou de eliminar físicamente- mas, lógicamente, na pequena escala em que as coisas acontecem entre nós, prevaleceu o bom senso e a noção, realista, de que as coisas não se podem repetir quando os parâmetros vigentes são outros.

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