Quando
nestes últimos dias dei demasiada atenção a um ameaço de
desestabilização, confiando no meu instinto desde longe, pois que
nunca mantive contacto com os meandros onde navegam os políticos,
ainda me invadiu o receio de que tivesse errado no meu diagnóstico.
A realidade que foi surgindo à tona das negras águas deu-me razão.
Desde
início a história do pedido de cedência do auditório à Reitoria da Universidade Nova de
Lisboa, por parte de um grupo auto-denominado de Nova Portugalidade,
com a sigla NP, ser ministrada uma sábia conferência pelo
Professor Doutor JAIME NOGUEIRA PINTO, também conhecido, nos
meios, por NP. (Curiosamente
estas iniciais coincidem, por puro acaso, com as siglas do grupo
proponente). A palestra tinha como título Populismo
ou Democracia? Anos decisivos. Nada
se pode deduzir a partir deste cabeçalho.
Só
o percurso do Professor NP, e a ideologia conservadora dos membros do
NP é que alertaram os estudantes, que imediatamente foram
qualificados de perigosos
esquerdistas. Como já escrevi noutra, os NP+NP ganharam a primeira investida, sem riscos, e
mais o conseguirem, sem danos, uma entrada em grande nos meios de
comunicação social, e nas redes que circulam pela NET.
O
que se veio a saber é que os membros do Novo Portugal, baseando-se
neles mesmos, solicitaram ao Reitor que, para garantir a segurança e
evitar distúrbios (?), convocasse uma força
policial para patrulhar o exterior e interior do local.
Seguindo as normas estatutárias das Universidades, que rejeitam
liminarmente a entrada de corpos policias no seu recinto, disse que
não podia atender este pedido. Então, os pseudo temerosos do NP,
uma vez que nada de polícias, pediam que pudessem tratar
eles mesmos de colocar um corpo de protecção. Obviamente não
podia ser aceitável.
Dado
o clima de imaginados conflitos apresentado pelos do NP, o reitor,
reunido com o Professor NP, propôs que adiassem este evento até nova
data, quando as águas se apresentassem calmas. O Professor NP
concordou com a proposta, e cumprimentando o Reitor, saiu do
gabinete.
Os
organizadores da trama, os NP, provavelmente em conluio com o NP, já
tinham convocado a imprensa, tal como estava programado previamente.
Ali, poucos minutos após de ter concordado, o Professor NP, dizem
que declarou ter sido proibido de apresentar a sua visão da
actualidade política e social no Ocidente. Oralmente, a um público
universitário no intuito de os elucidar. Era nitidamente uma
abusiva acção de censura, precisamente a ele, um Professor Doutor
NP ! Inaceitável !
A
partir deste instante já a bola de neve descia célere pela ladeira. Tudo estava
seguindo o roteiro. Só que dado o cheiro fétido que emanava
deste tandem dos NP+NP, que podia ser interpretado como a vontade de
tentar reproduzir as inventonas dos seguidores de Hitler, ainda na
época das camisas castanhas -que
curiosamente, pouco tempo depois o mesmo Hitler se encarregou de
eliminar físicamente- mas, lógicamente, na pequena
escala em que as coisas acontecem entre nós, prevaleceu o bom
senso e a noção, realista, de que as coisas não se podem
repetir quando os parâmetros vigentes são outros.
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