quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O DEUS DAS MOSCAS

 Com este recolhimento "voluntário" em que nos acomodamos, e progressivamente acentuado com o descer da temperatura ambiente, o recurso à leitura tem sido uma forma de tentar escapar do tédio.

Assim sendo, entre outros livros, ataquei, em releitura, O DEUS DAS MOSCAS, que William Golding (Prémio Nobel da dinamite) editou em 1954. Entremeio já tinha visto o filme. de 1990, com o mesmo título. Verifiquei que o roteiro do filme mostra uma alteração, quanto a mim importante, do desfecho da história.

Penso que os meus seguidores (que se chegarem à meia dúzia já seria um sucesso) conhecem esta obra e o núcleo do argumento. Resumindo: refere a possível evolução social e temperamental dos elementos de um grupo de jovens, sobreviventes da queda de um avião, numa ilha deserta, sem contar com o apoio e influência de adultos, já formatados. 

Trata-se de um estudo, teórico, de como evoluem os elementos de um grupo, isolado, quando deixado "ao Deus dará". É uma obra muito conhecida e, por esta razão, não cabe que aqui a esmiúce.

Todavia, entre o filme e o texto original existe uma "discrepância" muito notória, e que altera, bastante a mensagem proposta por GOLDING. Precisamente a "identificação do que se considerou ser o DEUS DAS MOSCAS.

Na obra literária esta figura, com a que se quer demostrar a necessidade interior dos homens para ter uma "divindade" que os apoiei e castigue (?) é materializada com uma cabeça de porco espetada numa estaca, e que fica coberta de moscas. Insectos que, quase de imediato, lhe auferem uma nova vida.  Os "náufragos", com diferentes idades e capacidades mentais, são levadas, de motu próprio, a procurar este símbolo totémico para se consolar ou apoiar.

No filme, o recriador opta por utilizar uma personagem, que no livro é despachada em poucas linhas. Um ser humano, morto, que caiu de um avião militar, seguro e pendurado num paraquedas enganchado nos ramos de uma árvore. Tal como se refere quanto à cabeça de suino, o paraquedista ficou pasto dos dípteros vorazes. 

O simbolismo subliminar, é mais evidente no filme: descido dos céus e pendurado de um tronco. É neste cadáver, consumido e abandonado, que os crianças e jovens acodem para procurar um apoio. 

A mensagem é tão evidente que justifica o porque o autor não se atreveu a aprofundar o seu esquema. Preferiu que fosse o leitor a decidir quem era O DEUS DAS MOSCAS. O filme, todavia, quis ser mais explícito e por isso dá uma ajuda ao espectador. Que não tem o vagar, nem tempo disponível, para meditar e analisar com alguma profundidade uma das mensagens que O DEUS DAS MOSCAS  nos oferece.

MEDITAÇÕES - Primeira infância

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 MEDITAÇÕES - Outros tempos

Quando jovem, já na alta adolescência, o frio que se sentia dentro das casas era tremendo, e como o recurso a um aquecimento central ou a radiadores eléctricos não estava disponível para todos os bolsos, muitas vezes se socorria das braseira, onde se queimava carvão de lenh9o miúdo, caroços de azeitona carbonizados ou até se procurava conseguir brasas daa padaria que usava lenha para cozer o pão.

Fosse qual fosse a opção que se tomasse o que era comum resumia-se em queimar, com a ajuda do ar da sala onde estava a braseira, e dar, como resíduo, cinzas e anidrido carbónico, gás que não é propriamente benéfico para a respiração humana, ou de algum mamíferos que nos podem acompanhar, incluídos os pássaros de gaiola, mesmo que não sejam nada mamíferos. Daí que o ambiente fica, progressivamente, mais carente de oxigênio e, se não existir uma renovação do ar, é propício a que o utente morra asfixiado. Fim da linha!

Mas, pela minha convivência com este processo "caseiro" de aquecimento e dado que os pés, tal como as mãos, e o nariz e orelhas, são os primeiros a sentir os efeitos das baixas temperatura, nada tem de anormal que o friorento quando estiver junto à mesa-camilha, ponha os seus pés perto da braseira. Muitas vezes, excessivamente perto! sendo assim "assei" ou mesmo esturrei algumas solas de sapatos ou de pantufas.

Sem nunca descuidar de mexer as brasas do recipiente, pois que a combustão, deixada sem receber mais combustível, esmorecia até apagar.

Desculpem este longo prelúdio baseado em tempos quase que esquecidos, Mas com ele pretendia ilustrar um tema mais contemporâneo e até de necessidade de ser ponderado em breve. Concretamente por se aproximar a data de novas eleições legislativas.

A CONCLUSÃO que pretendo oferecer é que há partidos, formações contestatárias, grupos de refilões, que, em princípio, nos são de rejeitar, A razão deste visceral repulsa não nos deve ofuscar o raciocínio. A SUA EXISTÊNCIA E ATÉ O CONSEGUIR UMA DOSE NOTÓRIA DE ADESEÃO NA CIDADANIA É FUNDAMENTAL.

Porque? Pois, simplesmente, porque os grupos "sensatos e já estabelecidos", não se podem deixar dormir sobre os seus louros. Dito de outra forma, também metafórica. Os partidos ou grupos  "revolucionários" tem o PAPEL FUNDAMENTAL, imprescindível, de agir como a palete de metal que se utiliza para dar a volta às brasas e chegar mais combustível ao centro da braseira.

Muitas pessoas não entendem a importância, a necessidade, de ter uma fração contestatária, 

Caso não existir a contestação, tantas vezes notoriamente exagerada, é fácil cair numa ditadura, mesmo que seja relativamente "mole".

Ressalvamos o facto, bem conhecido, de que existiram, existem e existirão, ditadoras de direita, de esquerda e até religiosas.

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