sexta-feira, 24 de março de 2017

VER O QUE ESCREVEM


Quando entramos ou participamos numa polémica é correcto ver o que escrevem e opinam desde o outro lado. Atendendo a este preceito abri o espaço que mantêm, no Facebook, o chamado NOVA PORTUGALIDADE. É bastante extenso e nele aparecem escritos de pessoas manifestamente apoiantes de um ideário pouco definido e também, sendo verdade, outros que não se sentem em total sintonia, ou discordam abertamente.

Pelo que pude apreciar o que, até agora, mais se nota é um forte saudosismo do passado, ainda recente, mas que em função da idade não foi vivido por todos aqueles que se mostram como incitadores. Ou possívelmente que pertencem a famílias que desonheciam o que sucedia nos outros estratos sociais de Portugal.

Uma das afirmações que mais me marcou é a da necesidade sentida para Reerguer o mundo de fala portuguesa. Um propósito bonito e até louvável, mas que, por azar, coincide com uma época em que o ingles vai adquirindo uma penetração imparável, não só entre nós como em todo o mundo.

Quando surgem referências a resíduos humanos que, nomeadamente em zonas do sud-este asiático, se mostram agradados pela herança deixada por portugueses é, de facto, emocionante. Também são citados os edifícios religiosos e praças fortes que foram erguidos durante a expansão marítima de Portugal. Formam parte, ainda presente da história portuguesa. Tudo bem. E não se deve esquecer, mas recordar, sem patrioteirismos.

Pessoalmente afirmo que em situações concretas nas que me deparei com pessoas com recordações longinquas, mas bem fortes, mostrando uma saudade, para nós quase inconcevível, sempre fiquei emocionado. É óbvio que tanto o que sucede no Brasil e nas excolónias africanas, sem esquecer Macau e Timor, não é exactamente igual. E nem sequer de ambos lados do Atlãntico. Generalizar é sempre arriscado.

Algo que me induz a comentário directo é o facto de que estes membros, e sentimentalmente adeptos à Nova Portugalidade (cujo programa ou ideário desconheço, caso ele exista) comportam-se como se só eles é que são os respeitadores do passado nacional. Que só os Nps o valorizam como merece. Os outros, que genéricamente devem ser todos de cor vermelho carregado(?), nem sequer podem ser equiparados a portugueses de lei.

Curiosamente revejo, mentalmente, como se comportam as multidões que apoiam, com gritos e gestos bem evidentes, qualquer equipa portuguesa, seja a das quinas ou clubista, quando se enfrenta com um contrincante forasteiro. Será que só são patriotas nestas ocasiões? Esta suposição, a existir, deve ser consequência de que, instintivamente ou malévolamente, há quem os qualifique como pertencentes a estratos mais propensos para o esquerdismo nefasto do que cidadãos respeitáveis. Se for este o pensamento dos NPs não o considero como acertado. Há muito boa gente e patriotas sem mácula entre aqueles que, para seu mal, foram económicamente marginalizados

Sem escamotear facetas é pertinente recordar que os membros das classes mais desfavorecidas, quando não estão já catequizadas para invadir propriedades alheias, limitam-se a pedir PÃO E TRABALHO, dois valores que, para os outros, nem sequer são concebíveis. Aquilo que os mais fervorosos NPs devem desejar será Emprego bem pago, com pouco ou nada que fazer, e o bolso sempre abastecido. Mas trabalhar no duro? Isso é para os da periferia!


Resumindo. A falta de um ideário explícito fiquei com a impressão de que VALORIZAM, SELECTIVAMENTE, O PASSADO E DESVALORIZAM O PRESENTE, QUE ELES NEM SEQUER QUEREM ADMITIR EXISTE.

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