Quando entramos ou
participamos numa polémica é correcto ver o que escrevem e opinam
desde o outro lado. Atendendo a este preceito abri o espaço que
mantêm, no Facebook, o chamado NOVA PORTUGALIDADE. É bastante
extenso e nele aparecem escritos de pessoas manifestamente apoiantes
de um ideário pouco definido e também, sendo verdade, outros que
não se sentem em total sintonia, ou discordam abertamente.
Pelo que pude
apreciar o que, até agora, mais se nota é um forte saudosismo do
passado, ainda recente, mas que em função da idade não foi
vivido por todos aqueles que se mostram como incitadores. Ou
possívelmente que pertencem a famílias que desonheciam o que
sucedia nos outros estratos sociais de Portugal.
Uma das afirmações
que mais me marcou é a da necesidade sentida para Reerguer o
mundo de fala portuguesa. Um
propósito bonito e até louvável, mas que, por azar, coincide com
uma época em que o ingles vai adquirindo uma penetração imparável,
não só entre nós como em todo o mundo.
Quando
surgem referências a resíduos humanos que, nomeadamente em zonas do
sud-este asiático, se mostram agradados pela herança deixada por
portugueses é, de facto, emocionante. Também são citados os
edifícios religiosos e praças fortes que foram erguidos durante a
expansão marítima de Portugal. Formam parte, ainda presente da
história portuguesa. Tudo bem. E não se deve esquecer, mas
recordar, sem patrioteirismos.
Pessoalmente
afirmo que em situações concretas nas que me deparei com pessoas
com recordações longinquas, mas bem fortes, mostrando uma saudade,
para nós quase inconcevível, sempre fiquei emocionado. É óbvio
que tanto o que sucede no Brasil e nas excolónias africanas, sem
esquecer Macau e Timor, não é exactamente igual. E nem sequer de
ambos lados do Atlãntico. Generalizar é sempre arriscado.
Algo
que me induz a comentário directo é o facto de que estes membros, e
sentimentalmente adeptos à Nova Portugalidade (cujo
programa ou ideário desconheço, caso ele exista)
comportam-se como se só eles é que são os respeitadores do passado
nacional. Que só os Nps o valorizam como merece. Os outros, que
genéricamente devem ser todos de cor vermelho carregado(?), nem
sequer podem ser equiparados a portugueses de lei.
Curiosamente
revejo, mentalmente, como se comportam as multidões que apoiam, com
gritos e gestos bem evidentes, qualquer equipa portuguesa, seja a das
quinas ou clubista, quando se enfrenta com um contrincante
forasteiro. Será que só são patriotas nestas ocasiões? Esta
suposição, a existir, deve ser consequência de que,
instintivamente ou malévolamente, há quem os qualifique como
pertencentes a estratos mais propensos para o esquerdismo nefasto do
que cidadãos respeitáveis. Se for este o pensamento dos NPs não o
considero como acertado. Há muito boa gente e patriotas sem mácula
entre aqueles que, para seu mal, foram económicamente marginalizados
Sem
escamotear facetas é pertinente recordar que os membros das classes
mais desfavorecidas, quando não estão já catequizadas para invadir
propriedades alheias, limitam-se a pedir PÃO E TRABALHO,
dois valores que, para os
outros, nem sequer são concebíveis. Aquilo que os mais fervorosos
NPs devem desejar será Emprego
bem pago, com pouco ou nada que fazer, e o bolso sempre abastecido.
Mas trabalhar no duro? Isso é para os da periferia!
Resumindo.
A falta de um ideário explícito fiquei com a impressão de que
VALORIZAM, SELECTIVAMENTE, O PASSADO E DESVALORIZAM O PRESENTE, QUE
ELES NEM SEQUER QUEREM ADMITIR EXISTE.
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