sexta-feira, 31 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - O estado do terreiro


Não existe vacina contra a corrupção


Se o termo ”terreiro” for interpretado como referindo um espaço plano, amplo, onde a tropa possa afectuar as suas manobras com uma coreografia ao gosto dos seus comandantes, e os deixar preparados para desfilar pelas avenidas para pasmo dos cidadãos, então, neste caso, a proposta que deixo na mesa é mais ampla já que pretendo abranger todo o espaço, tanto físico como emocional, onde nos encontramos.


Imagino que existem dois temas que condicionam a nossa apreensão, um o de se temos que seguir, rigorosamente e sem hesitações todas as regras e normas de conduta que recomendam a fim de evitar ser caçados pelo vírus, seja de origem asiática, por serem comedores do tudo quanto ande, repte, voe ou nade, ou porque “nós” os progressistas humanos, proporcionamos, com a febre das deslocações rápidas e multitudinarias, a expansão global, quase que instantânea, do contágio.


Seja como for que isto se instalou e o grau de temor que cada um de nós mantêm no seu alerta, o facto é que aí está, e que nos dizem que pode levar um longo tempo até que a imunidade adquirida tenha algum efeito positivo.


O outro problema, sintomático e permanente na nossa sociedade,e para o qual nem sequer se procura descobrir uma “vacina”, e muito menos um tratamento drástico que o elimine de vez, é o da corrupção e facilidade com que, os dos de sempre, e mais os que se vão juntando ao longo dos anos, se enchem espoliando as arcas do estado. Desculpem o eufemismo com que refiro o que é, de facto, o dinheiro, o capital, que pertence a todos os cidadãos sem excepção.


O que torna este segundo problema como, aparentemente, insolúvel é o facto de que os cidadãos a quem lhes entregamos o poder de agir, de uma forma honesta e positiva, não cumprem este simples compromisso. Esta é uma constatação que humilha e desanima a qualquer cidadão inerme. Inerme porque não se sente com um mínimo de força para alterar este síndroma social.


Dada a extensão, praticamente geral, de carência de honradez patriótica, e que a sensatez nos diz pouco se ganharia com uma revolução interna, uma espécie de guerra civil, com a qual se pretendesse eliminar um problema congénito, humano, ao nível da reconhecido axioma que alerta para “A carne é fraca”. A voz da experiência vivida nos elucida de que o poder corrompe e quem não quer ser corrupto não aceita ter esta responsabilidade. Não se sente com força para resistir à multiplicidade de tentações de que será alvo. Mesmo “dentro de casa”.


Triste sina a dos humanos, que neste aspecto não conseguimos libertar-nos da mácula de antropófagos.



Para tirar um pouco de ferro a este escrito recordo uma gracinha, bem antiga, onde se pergunta “como se denomina um homem que come outro homem”. Pois é, a resposta imediata não tem prémio aceite aceite; a segunda, e valida, é antropófago.



domingo, 26 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - Não é provável



Só existem vírus malignos?

Todos os vírus que existem, e que se diz estão em constante mutação, são perigosos para a sobrevivência da humanidade? Se assim fosse não se entende como ainda existimos, pois quando ficássemos imunes a um estariam miríades de outros aguardando a sua oportunidade de nos liquidar.

Assim sendo e após exprimir as minhas meninges -que nem sequer são das de primeiro nível, mais propriamente de uma passagem de nível sem guarda- cheguei à conclusão, possivelmente errada, de ser impossível que toda a imensa população de vírus tenha como propósito de primeira ordem o nos eliminar da face do planeta. Seria uma velhacaria inconcebível. E mais sabendo que o homem, mais mulher e anexos, anda por este planeta desde bastantes milhares de anos.

Uma singela dedução baseada nos ensinamentos dos livros sagrados, sem contraditório aceite, e sem referir outras crenças que sempre incluem o bem e o mal, em contraponto, considerando que tal como o dia e a noite não podem existir um sem o outro, chega-se inevitavelmente à conclusão de que devem existir também alguns vírus bons, e ainda outros assim-assim.

Mas esta especulações de filosofia barata, Não basta para dar um valor académico à minha afirmação. Era imprescindível conseguir um testemunho laboratorial credível. E neste propósito decidi empreender os estudos, tanto bibliográficos como através dos meios de consulta que a informática nos oferece, no intuito de conseguir um aparelho, de custo acessível, e com este recurso poder visualizar uma boa quantidade de vírus de diferentes estirpes, inclusive o fotografar para dar fé do que estava decidido a dar ao mundo.

O mircoscóspio óptico já verifiquei, logo de início, que não chegava no seu poder de ressolução para visualizar estes corpos, que afirmam nem sequer serem bichos. Taxativamente são ambíguos, nem carne nem peixe. Antes pelo contrário (?. devem ser da oposição “soft”)

As possibilidades de adquirir um mircorscóspico electrónico, em segunda ou terceira mão, através do portal dos saldos e-bay foi desconsolador. O que apareceu eram trastes da idade da pedra, que o máximo que podiam mostrar era uma pulga. Nem uma amiba era observável. Mas não desanimei! Tinha que dobrar todos os cabos e furriéis que me aparecessem pela frente. O meu treino nos comandos era mais do que suficiente para me oferecer um grau de auto-estima e confiança superior à dos meninos das Js.

Com latas de refresco e de laca, que recolhi no lixo da cabeleireira do lado, além das peças do meccano que ainda resistiam numa estante dos objectos esquecidos, lentes de óculos já desactualizados, e mais os fundos das garrafas de vidro, cuja reconhecida potência as torna responsáveis de inumeráveis incêndios florestais, fui montando uma aparelhagem excelente, que não só me possibilitou espreitar a vida íntima dos vírus como até das suas lutas intestinas entre fações rivais. Conflitos sem quartel, onde os vencedores absorvem, ou mais simplesmente engolem, aqueles que caem sob as suas armas. Habitualmente atacam com saliências do tipo ventosa e dardos pontiagudos, sem esquecer as bocas absorventes que abrem quando chega o momento da abordagem. Umas batalhas terríveis, como já previa.

O que esta observação, inédita ou pelo menos não disseminada nos meios académicos até à data (1) é, a meu critério, de importância capital, e por isso dediquei-me, com alma-naque e coração ao alto a redigir um artigo que, mal esteja pronto, o que demorará poucos Dias&Dias A. Boavida, enviarei -por correio azul turquesa e registado- para uma longa lista que já preparei de publicações científicas de alto gabarito, entre elas o Correio da Manha e o Jornal do Fundão. Cada um no seu género.

Estou em vias de procurar saber se, para me apresentar em Estocolmo, me sai mais em conta alugar no Paiva um conjunto de casaca, calças riscadas, faixa de cetim, e até roupa interior a condizer, ou tentar outra vez no tal e-bay. Em última hipótese teria que pedir emprestada a fatiota a um assíduo expectador do São Carlos Borromeu, que conheci em tempos e que encontro com certa frequência nas críticas da alta costura musical. Está fora das minhas capacidades financeiras o mandar fazer a um alfaiate habilitado, dado o meu alheamento absoluto dos meios políticos e económicos que dominam o País.
  1. Os investigadores, e académicos em geral,são muito ciosos das suas descobertas, além de invejosos e sem preconceitos quanto ao plagio.
á

terça-feira, 21 de julho de 2020

O CORONA VÍRUS - Congelou!



A “Garganta Profunda” engoliu a língua.

Era de prever, são tantas as moscas a rondar este mel, e tão poderosos os capitais que se vislumbra se movimentaram para aplicar a “sua” vacina, ou vacinas, ou tratamentos de prevenção e eliminação, que era previsível os meus beneméritos informadores se sentirem vigiados e pressionados para manter o tema na máxima reserva.

Uns, de facto, beneméritos informadores, já que nem uma bica ou uma imperial, ou mesmo um copo de uma boa pomada, lhes ofereci. Desde o primeiro momento dos dois lados tivemos aquilo que é já muito raro: um acordo de cavalheiros, sem procurar outro retorno que não fosse o de ajudar a população para recuperar a calma.

Nada mais posso acrescentar. Mas imagino que no Instituto Pasteur de Paris os primeiros resultados já devem ter sido positivos, animadores. Desejo-lhes que tenham a primazia e a independência perante as pressões que se fazem sentir.

Demasiados interesses se meteram na previsão de que o pânico, que propositadamente se gerou, venha a dar uns rendimentos substanciais. Os simples cidadãos, desligados de qualquer entidade com poder já devem estar cientes de que não é prudente provocar e menos contrariar os poderes incontroláveis que estão interessados nestas vacinas e tratamentos- Daí que só nos resta a opção, que nem sequer é tal, de deixar correr o marfim e ver em que param as modas.

Na certeza porém de que a recuperação social além de demorada e sempre parcial, deixará mazelas com aspecto de irrecuperáveis em muitas pessoas. Socialmente tanto pode trazer um retrocesso como uma mudança ainda sem definição. Mas que mudarão muitas coisas e que os que estiverem presentes, mas com anos vividos já em estado adulto antes desta dita pandemia, sentirão como tudo levará uma grande volta, como uma panqueca.

Prevejo que os que subirão serão bastante menos dos que descerão.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – Tentar entender os outros



Será que os cidadãos não sentem vergonha?

Cada dia que passa somos alvo de comentários capciosos em que se insinua que somos, -digamos que Portugal na sua população e economia- abandonados à nossa sorte e capacidade para ultrapassar o mau momento económico que esta pandemia nos ofereceu. Dito de outra forma: Os países do centro europeu, tendo como porta-voz o representante dos Países Baixos, não avaliam positivamente, não confiam, pelo comportamento passado, presente e futuro dos nossos governantes quanto a compromissos a que se sujeitam as ajudas.

Concretamente, conhecem, melhor do que a maioria dos portugueses, como sempre se esbanjaram os fundos que desde Bruxelas nos foram entregando com o propósito -aqui temos as nossas dúvidas pessoais- de que servissem para efectuar uma modernização acelerada e abrangente, em muitos sectores fundamentais. E depois viram como as verbas que nos entregaram foram desaparecendo como areia seca nas mãos, sem que os resultados conseguidos alterassem a situação económica e social do País.

Não é o momento de discriminar os resultados conseguidos, ou não, em sectores fundamentais como o ensino básico, Ou como se abandonou a ferrovia em prol das auto-estradas. Nem sequer insinuar se houve inflação nas propostas a concursos e na sua implementação. Todos estes temas, e outros mais, foram longamente referidos nos meios de comunicação social e reservados. E inevitávelmente bem conhecidos e escalpelizados em Bruxelas.

Tampouco podemos admitir, de olhos fechados, que a falta de nitidez nas contas das despesas públicas seja uma característica exclusiva deste País onde vivemos. O capital tem artimanhas e caminhos escuros em outros muitos sítios. Inclusive em alguns que agora se mostram refractários a nos entregar importantes quantias para “equilibrar” a economia nacional. Seria difícil encontrar aquele que podia atirar a primeira pedra.

Já que estamos a levantar as lebres -que todos sabemos onde se encontram-, é de preceito referir que as condições que impunham aos países do sul da Europa, e neles estava incluído Portugal, um dos mais importantes e comprometidos era o de reconhecer que em muitos sectores do tecido produtivo nacional, apesar do favorável, por ser baixo, custo da mão de obra, produzíamos com preços não competitivos. E o Mercado Comum, base do acordo, nos empurrava a modernizar, fechar ou vender muitas das nossas indústrias. Comprando os seus produtos. Mesmo quando, progressivamente, os foram fabricando em países terceiros.

Tudo isto é conhecido, por nós e por eles, e o aproveitam para justificar que não somos um País com governos que mereçam confiança, Tanto no passado como no presente e para o futuro. Em outros tempos, quando os empréstimos à Coroa eram concedidos directamente por entidades independentes, que considerava-se serem usurários, as cláusulas que implicavam o retorno e os juros, eram de respeitar, pois as penalidades podiam ser insuperáveis.

Ignoro totalmente como os portugueses mais evoluídos culturalmente, avaliam esta situação, de banca-rota iminente, e as denúncias de sermos tratados como apestados sem razões que justifiquem (?). Ou será que sendo a população dos Países Baixos descendentes dos judeus que foram expulsos de Portugal para não cumprir as exigências aceites dos banqueiros quando se pediram vultuosos empréstimos. Quem sai aos seus não degenera. E sempre chega o momento da vingança!

Dentro do que os tesoureiros da UE sabem estão os processos, -possivelmente com o tradicional desfecho das águas de bacalhau- em que a Justiça Nacional se mostra incapaz de recuperar os enormes capitais malbaratados. Como podem confiar em nós?

Mudando o ponto de vista, proponho que nos façamos a pergunta mais simples: Se um caloteiro, já impenhorável, nos pedisse mais dinheiro, seja dado ou empresta-dado, ou nos negávamos sem possibilidade de acordo? Qual seria a nossa reacção?

Pessoalmente, pelo menos, sinto muita vergonha e inclusive admito que nos deixem afundar. Mais do que já sabemos. Pois muito se esconde.



sábado, 18 de julho de 2020

ARRISCO A SER PROCESSADO


ARRISCO A SER PROCESSADO

O micro-organismo devorador de Vírus.

Alguns tópicos sobre o estudo em curso

Peço aos meus seguidores que não entrem num optimimo prematuro nem em temores sem fundamento. Através do meu informador, oculto e reservado, fui informado de que todo o tema está sendo estudado ao pormenor, mas, repete, num âmbito extremamente reservado.

As linhas de trabalho no Instituto Pasteur de Paris, que é a entidade central neste tema, incluem e ainda não estão em estado de conclusão:

  • a adaptação deste ser, indefinido até o momento, a um ambiente de pressão hidrostática entre uma e duas atmosferas. Sabendo que ele se move numa profundeza onde a pressão é muito mais elevada.
  • Também se está estudando, -enquanto a cultura se mantêm numa câmara sob alta pressão, sem acesso directo dos operadores- Coisa parecida às cabines onde se manipulam elementos radioactivos. Com a diferença importante de que neste caso as câmaras estão em pressão negativa e no estudo em curso já estão entre uma e duas atmosferas. Todas as precauções tem sido satisfeitas rigorosamente.
  • Está programada, para logo que se tenha uma estirpe mais adaptada ao ambiente dos nossos locais de trabalho, fazer estudos ao vivo. Primeiro com animais de laboratório, criados em ambiente estéril. Tais como cobaias, porcos, macacos e até morcegos.
  • Não se descura o poder chegar, quanto antes, a ensaios com pessoas que tenham dado resultado positivo nos testes de infecção do Covid-19. Apesar de que só se aceitam voluntários , não se lhes escondem os perigos a que podem estar sujeitos. Exigir-se-á um documento, assinado e confirmado notarialmente.
  • Apesar desta preocupação legalista, o Ministério da Saúde, após ser autorizado pelo Tesouro, já destinou uma verba importante para indemnizar tanto uma possível víctima do ensaio, como no caso de falecimento atribuível ao teste, socorrer os seus familiares directos, caso se possam localizar.
  • NOTA IMPORTANTE. Apesar da urgência que incita os estudiosos para a necessidade de efectuar ensaios em pessoas, de imediato surgiu uma negativa geral, total, da CGTP e sindicatos seus filiados, ou independentes, em que os cidadãos nacionais se oferecessem como cobaias humanas.
  • Mas o processo, sendo um assunto de alarma geral, não podia parar. Tentou-se recorrer ao pessoal das forças armadas. Negativa sem recurso!

  • A possível solução foi apelar aos indocumentados, sem abrigo e outras pessoas que estejam convencidas de não ter futuro. Em compensação pela sua inscrição foi-lhes garantida uma verba compensatória, só após terem sido inoculados. Entretanto, os que já aceitaram foram recolhidos num hotel, requisitado oficialmente para o efeito, onde além de lavados, escanhoadas, barbeados e vestidos com roupas desinfestadas, estão em recolhimento severo.
QUANDO FOR POSSÍVEL DISTRIBUIREI UM NOVO COMUNICADO

quarta-feira, 15 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – Uma visão mental


PODE ESTAR PERTO A CURA (x)

Ontem escrevi no FB uma declaração sobre um tema que nos preocupa e alarma como nem sequer a Guerra Fria conseguiu. Ponho aqui uma cópia que denota o propósito de seguir com esta fantasia inocente.

Podem considerar que estou louco, mas senti uma espécie de premonição que me notificava que se estava muito perto de conseguir um meio, natural, que nos permitisse libertar-nos desta pandemia, que conhecemos como Covid-19, ameaçando em evoluir para 20-21-22-... n. É na natureza que teremos que procurar e encontrar. Não posso especificar mais. Só uns detalhes: será num micro-organismo, flagelado, como são os espermatozoides, mas muitíssimos mais pequeno, e que se admite existir, abundantemente, na fossa das Marianas, no Pacífico.

De madrugada, que é uma hora em que as comunicações estão menos colmatadas, pesquisei batendo à porta de centros de pesquisa muito reservados, e fiquei a saber que a minha futurologia já estava na calha, e em trabalho avançado, com amostras colhidas no local referido com recurso a um batiscafo, não tripulado, dos que já se utilizaram para pesquisas naquelas profundidades. De momento não me podiam dar mais pormenores, pois, como se pode entender, é um tema altamente reservado e que não se pode espraiar sem antes ter sido confirmado com os ensaios laboratoriais e clínicos pertinentes.

Temos que aguardar serenamente. Confiar nos investigadores, nos serviços de saúde, nas procissões e nas rogativas.

(x) Não confundam este termo CURA, em feminino, com a  possibilidade de serem ordenadas mulheres na Curia Católica Apostólica Romana. Por enquanto CURA é só o sacerdote, l00 % homem, ou assim-assim.

domingo, 12 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - Chegou o calor, e em força



A agora?

No início desta pandemia houve bastantes opinadores que nos meteram na cabeça que isto era o efeito de um “viruzito” de pouca importância, e valor temporal reduzido. Originário da China, e da mesma família dos vírus habituais que nos presenteiam com as gripes.

Conclusão induzida: Tal como as mercadorias que nos vendem nas lojas de chinês, e dado que aqui não comemos cão nem gato -pelo menos conscientemente- e muito menos pangolim ou morcegos, entre outros animais selvagens. Não era coisa de temer, e até se podia valorizar ao nível das mercadorias das lojas de chinês.

Quanto à duração das manufactras chinesas, tudo se resume a uma questão de preço e qualidade. Se pensássemos um pouco e recordamos que nem tudo o que se vende nestas lojas mal afamadas é de tão pouca duração, ou que a sua utilidade e necessidade esporádica compensa o custo, então podemos continuar de acorrer a estes armazéns. Outro ponto de vista, também razoável, é o de evitar negociar com os representantes do poder chinês, apesar da nossa reduzida capacidade de influenciar no mercado, com a ideia de ajudar a travar a expansão da China. Nem merece um comentário.

Paralelamente já vimos que a maior parte dos aparelhos eletrónicos, e eletrodomésticos utilitários, que se encontram à venda, com marcas ocidentais de renome, de facto foram fabricados na China ou noutro local da Ásia Oriental. Possivelmente com numa empresa “fantasma”, filial mas estatal, com sede num conglomerado sito na referida China, ainda de regime ditatorial comunista e que está muito perto de se converter na primeira potência mundial, tanto económica como industrial.

Voltando à pandemia. Aquela possibilidade, dada como quase certa, de isso não passar do nível de uma gripe sazonal, que habitualmente decresce, quase que totalmente, quando chega ao verão, já foi abandonada. Admite-se que vamos ter festa durante muitos meses, ou mais de um ano.

Saber isto não impede que que continuem a nos amedrontar com a expansão mundial, mas também nos elucidam de que, apesar de não se ter descoberto nem vacina preventiva, nem tratamento idóneo para os afectados, o número de mortos registado até o momento é muito inferior ao que se contabilizou com outras epidemias anteriores. Mesmo assim , o bom senso e a cautela nos induzem a se aceitar como aconselhável e mesmo imprescindível. seguir as regras de prevenção que nos são repetidamente recordadas pelas autoridades.

Ou seja. Se nos convencemos de que isto era como uma vulgar gripe, já podemos tirar o cavalinho da chuva. Como dizem os brasileiros. Não parece que por aí será que o gato chegue às filhós.

sábado, 11 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – A mensagem implícita




Acerca da pirâmide social

Tentarei ser breve, porque hoje é sábado, e como se diz em castelhano: Sábado sabadete, camisa lavada y un polvete.

Não traduzo porque é do nível da picardia. Corresponde ao facto de que o sábado é um dia especial e refere uma forma de celebrar a folga por parte dos que estão nos patamares inferiores.

E aqui quero insistir na importância, evidente, da estratificação social, Raramente é explicada, por ser inconveniente. Os patamares inferiores são como os alicerces dum edifício. Conferem estabilidade aos patamares superiores. Sem uns bons alicerces, consolidados e sem problemas, não é possível erguer uma estrutura pesada. Daí que quanto mais alta for a pirâmide, mais esconde a distância económica, e por arrastamento também social, que existe entre os habitantes das zonas inferiores comparativamente com os dos patamares de topo.

Convêm salientar que o termo habitantes não é equivalente ao de cidadãos de pleno direito. Os imigrantes “clandestinos” constituem uma parcela importante da população que está nos patamares inferiores da real pirâmide, embora os que se encontram nos planos superiores façam o possível para “esquecer” este grupo de suporte.

Um exemplo que por estar fora das nossas fronteiras nos é permitido referir sem que nos acusem de ofender, é a existência e utilização de clandestinos no EUA. Indispensáveis para executar tarefas, esgotantes e mal remuneradas, que só os “brancos” mais degradados aceitam.

Desde tempos imemoriais, inclusive antes da história documentada, os escravos, caçados nas lutas entre tribos rivais, forneciam mão de obra gratuita. Apesar das modulações de cariz social evolutivo já conseguidas, a estratificação social continua a estar presente, e indispensável.

Alguns educados progressistas, instalados nos patamares cómodos, preocupam-se, quase sempre teoricamente e não factualmente, com a situação inaceitável dos elementos que se encontram “atados” nos patamares do alicerce da estrutura. Após espremer as suas meninges e querendo dispor dos avanços tecnológicos -que muitos se deram ao procurar realizar algumas profecias de romancistas e autores de banda desenhada- encontraram, ou pensaram ter encontrado, a solução para este problema social.

E assim chegou-se (?) à concepção e utilização de mecanismos robotizados, que podiam realizar tarefas perigosas, repetitivas ou extremamente desagradáveis, substituindo o homem. A programação informática, em conjunção com a mecânica e electrónica, já conseguiram muitos resultados positivos. Notáveis e espectaculares. Desde a apanha de frutos até o envio de veículos espaciais sem tripulantes, incluindo viaturas sem condutor que se desloquem e recolhem amostras do solo em astros onde o homem não pode sobreviver.

EUREKA ! Já podemos dispensar os nefastos patamares inferiores da pirâmide.! A partir de agora é continuar neste caminho da automatização, aceleradamente, e começar a estrutura a partir do chão, sem afundar pessoas nos alicerces.

UTOPIA ! E como tal não é factível, pelo menos por enquanto.

Recordo, a propósito, a tal fábula de como, num congresso de ratos, se descobriu o modo de os precaver do gato: bastava colocar um guizo ao pescoço do felino, e assim, quando ele se aproximasse para os caçar, dava o alerta. Só que ficou um problema: Quem seria o valente de penduraria o guizo no pescoço do gato?

Dito de outra forma: Por mais que se avance na automatização, nos robots se preferirmos, sempre restarão tarefas que carecerão de mãos humanas para serem executadas. A solução seguinte, já imaginada, seria a de gerar humanoides, que seriam os fazedores silenciosos e não exigentes para labutar nos alicerces dissimulados.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - Recordando a história



Para ler antes de adormecer

Suponho que poucos irão ler. É o habitual. Isto de ler sem bonecos e coisas com muitas linhas de texto é coisa de fugir. E fogem mesmo, a sete pés, como se diz. E agora, com as cremações na moda, ninguém tem tempo livre para temas de divagação. As mentes estão limitadas em exclusividade para tudo o que está ligado à pandemia.

Mas ler, sem ter que nos preocupar com ter exame, é uma boa ginástica mental. E procurar saber como era a vida, no nosso Ocidente europeu, nos século XIII, e seguintes, pode abrir algumas janelas que nos ajudem a discorrer sobre o que ainda permanece na sociedade do século XXI, já na era da informática.

Penso que muitos de nós já captamos que esta noção de viver em democracia é muito bonita, apelativa, e baseada num conceito com  origem na Grécia clássica, mas hoje desactualizado. Pouco tinha em comum com o que ainda hoje muitos imaginam o que este termo representa. De entrada devemos saber que na Grécia dos filósofos o votar estava reservado para um número muito restrito dos habitantes. Entre a plebe com direito a cidadania, forasteiros e escravos, só se destacava uma elite. 

Daí que o esquema político -mais utópico do que efectivo- da democracia actual nem sempre se ajusta ao que se imagina. Para já deixemos de lado, para outra ocasião, caso ela surgir, o capítulo de direitos e obrigações, só confirmo que colocadas as duas listagens nos pratos de uma balança, pesam mais as obrigações do que os direitos.

Aquilo que, de facto, trazia na mente antes de iniciar este texto. Que pretendia estar centrado sobre um dos aspectos da história que persistem. Era a noção de como, no tempo em que estamos, há quem insista em considerar-se “bem nascido” e como tal, merecedor de respeito, pertencendo a um patamar superior, diferente dos outros, em função de uma herança sanguínea. Pessoas, que nascem e morrem como qualquer outro, sentem-se, mesmo que seja só em sonhos, como privilegiados sociais nomeadamente por serem descendentes de uma fidalguia ultrapassada.

Do outro lado da sociedade -a zona dos plebeus- verifica-se, ainda hoje, a existência de pessoas que, por atavismo congénito, ainda ficam, instintivamente, fieis respeitadores perante alguém que faz gala de ser seu superior pelo simples facto de ter uns apelidos invulgares -sempre vários em sequência- e, caso se atrever, a referir algum título de nobreza. Não necessáriamente do longo avoengo, pois que na derradeira fase da monarquia  lusitana venderam-se títulos nobiliarios, de baixo nível, por pouco dinheiro, ou por feitos sem importância de maior.

É aqui reside aquilo que se esconde: Como e porque o antepassado ilustre mereceu ser elevado a um escalão nobiliário. E quais os direitos que, progressivamente, foram tomando os nobres em relação ao povo que vivia (de facto vivia muito mal). Os servos, fosse com este apelativo9 ou com outro quase equivalente, e são muitos (*) não era dono das terras que amanhava nem dos produtos que conseguia. Nem sequer era dono da sua vida, nem da dos seus descendentes. Não podia sair dos limites territoriais do Senhor. 

E, até bastante perto da nossa era, ainda o Senhor podia usufruir, se quisesse, do direito de ser ele quem podia desflorar a noiva. Dito de outra forma: o Amoo tinha o direito à primeira noite. Os direitos que a fidalguia foi acumulando e que hoje sentimos serem abusivos e humilhantes, o foram com a anuência do Rei e do Clero, em cuja Corte e cenáculos existia um compadrio equivalente ao que tanto nos enfada actualmente.

(*) É só escolher: servente, serviçal, criado, aio, escravo, lacaio, moço, cativo, refém.




quinta-feira, 9 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – Esquecimento conveniente.


A Curva de Gauss e a Pirâmide

Uma das mudanças mais profundas e contraproducentes que se tem verificado nas últimas décadas, -e já chegamos a uma centena delas-, é o do desprezo a que foi relegada a estatística humana, sob qualquer dos factores que se usam para classificar as pessoas, e a evolução dos países.

Infelizmente os humanos não podemos ser uniformizados. Por mais tentativas que se tenham feito, nos deparamos com uma realidade bastante prosaica. Quem tenha destilado vinho para obter aguardente sabe que quando começa a pingar o destilado, a primeira fracção, é de desprezar. Chamamos de “cabeça”. Não presta! E após destilar o álcool aromático desejado, aparecem outras fracções inaproveitáveis. São a “cauda”.

Qualquer população de objectos que se ponha em estudo, por mais uniformes que nos pareçam, ao serem ponderados verifica-se que sempre se distribuem obedecendo, graficamente, a uma curva com início quase nulo, que vai aumentando de elementos nas sucessivas medições até que atinge um máximo, e normalmente decresce com uma gradiente muito semelhante ao que teve quando cresceu.

Se separarmos as pessoas pela sua altura, ou peso, ou qualquer outra variável merecedora de atenção, como pode ser o seu poder económico, e representarmos os valores obtidos num gráfico onde as grupos parciais estejam em abcissas e os valores de cada parcela nas ordenadas, mais uma vez nos encontramos com a sempre presente Curva de Gauss.

Outro tipo de classificação estatística é o que corresponde à idade das pessoas. Em geral e por seguir um hábito, separam-se os elementos masculinos dos femininos. Mas os gráficos obtidos seguem a regra geral. MAS... surgiu uma diferença importante nas décadas mais recentes: a população com menos idade tem diminuído ano após ano (no meio dos países ocidentais ou ocidentalizados) enquanto o lado dos idosos já não segue o mesmo gradiente do lado dos jovens. Cada ano que passa o número de idosos, não produtivos e em consequência serem um peso na economia nacional, aumenta. A curva deixou de ser simétrica.

Outro gráfico interessante e que está sofrendo uma alteração pouco estável é o de representar em patamares o quantitativo da população que se encontra dentro de uma zona determinada de poder económico. Tradicionalmente esta representação é feita colocando os diferentes grupos em patamares horizontais sobrepostos, e centrados num eixo vertical, como os antigos palheiros. Sempre mostrou ter uma base bastante larga, onde estavam os dois ou três grupos com menos capacidade económica. Sobre estes patamares iam-se situando as camadas com maiores rendimentos, numa pirâmide aguçada, onde os membros dos andares superiores “esmagavam” os dos patamares mais baixos. Por mais que se tente a realidade é que este tipo de distribuição piramidal é eterna.

Mas a nova economia, baseada no consumismo induzido, só podia vingar se retirasse, nem que fosse aparentemente, com enganos de diversa índole, cidadãos das camadas inferiores dando-lhes a ilusão de que com o consumismo conseguiam subir na escala social. Como todas as tâcticas que se baseiam em enganos, em ilusões, fatalmente chegará o dia em que a publicidade enganosa com que se incentiva o consumo deixará de funcionar. A economia pessoal, ou familiar, não resistirá.

Uma das tâcticas, relativamente recente, mas a que os cidadãos já veteranos viram nascer e progredir, é o de incentivar a miragem de poder saltar degraus na escala através da educação “superior”. Os vendedores de “banha da cobra” desta época já não aparecem nas feiras com um microfone ao pescoço, coberto com um lenço para o defender dos gafanhotos, oferecendo isto e mais aquilo por uma nota de banco determinada. Hoje apregoam cursos sem saída profissional com que demasiados ilusos acreditaram conseguir um canudo de “doutor”. E depois de investir tempo e dinheiro (das suas famílias, que ansiavam ter um filho/a não operário) terminam desiludidos, com anos perdidos e empurrados a ter que aceitar trabalhos a prazo, mal pagos e sem um horizonte efectivo de progressão. No seio deste grupo de ludibriados sempre pode acontecer que algum tenha sorte e consiga singrar.

Entretanto os governantes que se sucederam com bandeiras diferentes, viram como as finanças nacionais continuavam a perder o pé. Optaram por vender, para fechar ou para outros explorar, as poucas empresas rentáveis ou que proporcionavam uma base para a industrialização do País. Esta situação é complexa e teve muitos implicados no desastre económico, e bolsos que se beneficiaram indevidamente. Qualquer pessoa atenta sabe dos factores e dos intervenientes que, sucessivamente, tem afundado Portugal.

E não acabou a desgraça...

terça-feira, 7 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – O que eu penso

E não garanto que acerte

Os anos de vida e os tempos de adulto (será que todos somos ou estivemos potencialmente adúlteros, ou quase efectivos?) deram-me alguma clarividência a respeito do comportamento de muitas pessoas ligadas à política governamental. Uma situação que, felizmente, não tive ocasião de saborear, mas que após anos de observação quase que me oferece a possibilidade de apresentar uma conclusão, mesmo que delimitada pelo facto de, repito, jamais ter pertencido ao selecto grupo dos beneficiados com as compensações económicas que se podem deduzir mereceram pelo seu esforço em prol da sociedade em geral, e deles mesmo, mais os do seu grupinho, em particular. Uns “merecidos prémios” que, em geral, são oferecidos posteriormente a sua estadia em lugares privilegiados.

A cidadania, atreita a deduzir sem esgotar a sua capacidade mental de análise factual, geralmente conecta o ter um poder nacional, mesmo que delimitado estatutariamente, pelos férteis campos que estão no horizonte de acção do ministério onde foi instalado. Em função deste ideia préconcebida ele, o cidadão não eleito, imagina, e até afirma sem admitir incertezas, que fulano ou sicrano abusou dos seus poderes em benefício pessoal. Mais especificamente o culpabiliza, sem aceitar uma dúvida, de que pelo facto de ali ter sido “sacrificado para bem da nação” lhe caem, para o seu bolso ou conta bancária, quantias interessantes.

Não tenho nenhum conhecimento concreto que me permita apoiar esta afirmação apócrifa. É tão só desconfiança e maldade congénita. O que sim me chegou aos olhos, mas não aos ouvidos, é que alguns dos que tiveram a oportunidade de servir o País em ministérios que tinham sob a sua alçada projectos de envergadura, após serem substituídos não ficaram propriamente numa esquina a pedir esmola, dependentes da caridade cristã. O mais normal é que não tardassem a lhes ser disponibilizadas prebendas muito bem remuneradas.

Chegados a este ponto da análise factual o menos iluminado dos cidadãos poderia concluir que, de facto, não é o poder político que nos desgoverna, mas a pressão, nada subtil ou mais propriamente descarada, dos grandes negócios que compensam aqueles que ao seguir as suas orientações lhes facilitaram a vida. Existe uma frase no léxico popular que define bem estas compensações: uma mão lava a outra, e ambas o rosto. É conveniente salvar a face.

Não sinto que estas deduções possam ser gerais. Como em tudo há excepções, que dizem confirmam a regra. Mas que o poder de sedução do capital existe, que fascina e se torna irresistível... imagino que assim seja. E mais, admito que sendo as pessoas como são, e tal como se diz “a carne é fraca”, este comportamento, de previsão pessoal futura, não terminará jamais. Seja qual for o cariz teórico do governo em funções. O áspide está sempre presente. É ele quem lubrifica e passa a conta à população.


segunda-feira, 6 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – Errar é natural



Entrei pelo meu pé na ratoeira

Não posso atribuir ao isolamento forçado que a pandemia nos aconselhou, pois que por mau feitio e outros factores que não é pertinente referir neste momento, sempre tive um número muito reduzido de amigos com os quais os contactos, verbais ou epistolares, ocorressem com uma periodicidade demonstrativa de afinidade.

Reconheço que esta faceta social tem uma similitude notória com a agricultura e jardinaria. Se não cuidamos continuadamente e com dedicação ao que ambas actividades, mesmo que não exactamente iguais, pois que uma delas está situada no sector ambiental e a outra no comportamental, o que as torna paralelas é que se não se lhes der a atenção de forma continuada e procurar evitar a agressividade, em ambos casos definham.

Como tinha no esquema inicial para este escrito, o facto de nos manter num casulo practicamente blindado, conduziu a que, numa progressão inesperada, o sentimento de isolamento humano se tornasse sufocante.

Uma situação que, para me tranquilizar, tentei expandir para outros que suponho que padecem da mesma sintomatologia. E cheguei à conclusão de que o recurso de neutralização desta ansiedade foi o de entrar nalguma “rede social”. Pelo conteúdo de algumas mensagens recebidas através do serviço de correio electrónico, vi que se tornou habitual referir o facebook como meio de contacto e até de “convívio” (pouco selectivo e até por vezes desnecessariamente agressivo).

E, por espírito de imitação e depois de habituação, tive a “grande ideia” de me inscrever. E até de comentar, oferecendo os meus pontos de vista sem grandes reservas, como se estivesse, de facto, escrevendo com amigos conhecidos pessoalmente. Admitindo, ingenuamente, que os parceiros que por ali proliferam, são, na sua imensa maioria, pessoas de quem desconhecemos tudo aquilo que por instinto (que nada garante não estar errado) nos permite falar e escrever sem máscara.

Errado! E não só errado mas com desleixo perante avisos de censura. E a censura, que não sei exactamente sob que critérios decide, é tão intensa que inclusive a mim me barrou o accesso, não só a colocar comentários como até de uma simples leitura. Sem explicação factual encontrei o portão fechado!

Se durante a fase precedente à minha adesão a esta ”rede social” tão sabiamente controlada, eu fui sobrevivendo, não creio que ao deixar de ter esta janela de convívio electrónico, dentro de uma cela pidesca, vá cair numa depressão irreversível.


quinta-feira, 2 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - Amigos II



Compagnons de route

Estamos numa fase da vida em que nos deparamos com uma encruzilhada múltipla. Não nos debatemos entre o seguir em frente, escolher o caminho da direita ou o da esquerda -quero esclarecer que este dilema, ou trilema, não está supeditado a questões de política- uma vez que o tema deste escritio continua a estar centrado na noção de amizade e amigos.

No léxico informal, que inclusive podiamos denominar de coloquial, ou caseiro, o termo amigo pode  actualmente abranger um leque de pessoas muito heterogéneo, Com uma leviandade que não era habitual. Historicamente, e coincidindo com a habitual simpatia da população local, a amizade verdadeira reservava-se para um grupo de pessoas bastante restrito. Um exemplo que todos conhecemos é o que denuncia a frase incompleta que refere Amigos de Peniche... e alguns rifões que versam neste mesmo tema:

- Amigo de mesa, não é de firmeza.
- Amigo certo, conhece-se na fortuna incerta.
- Amigo de todos, amigo de nenhum, tudo é um,
- Amigo só de chapéu.

No que respeita à má fama que parece se insinua sobre os naturais de Peniche não recordo as possíveis razões que a possam justificar. Mas penso que devem estar ligadas a feitos relativamente recentes da história de Portugal.

De momento só queria deixar uma adversão para a leviandade com que hoje se chamam de “amigos” a pessoas que, mal se conhecem, e que em muitas ocasiões nunca viram fisicamente, E é pouco provável que esta carência se ultrapasse. No campo da política ou mesmo da politiquice, aquilo que mais acontece é que passem a ser considerados como amigos (?) pessoas que não passam de ser uns companheiros de percurso, sem nenhumas garantias de que este andamento conjunto tenha uma duração que, de facto, possa permitir a entrega, sem condições exigentes, de entrar num círculo de amigos, sempre restrito.

Mais curioso e actual é a tentativa de poder conseguir uma listagem notória de nomes de pessoas, em geral totalmente desconhecidas, que se incitam através dos recentes meios de comunicação “social” que, com algum cinismo, podemos qualificar de tentativas de sair da frustração do real isolamento em que as pessoas ficaram.

As mudanças de hábitos que se enquistaram na sociedade actual, em que se muitos se colocaram, reclusos, voluntariamente em frente de um computador, E com esta decisão se alterou o anterior hábito do convívio físico, presencial, em cafés, clubes, grupos de políticos, de grupos corais, de literatos, de excursionistas, de seguidores adeptos dum clube determinado, etc. Com o defeito comúm em muitos deles serem exclusivos a membros masculinos, mesmo sem que os estatutos -.caso existam- o determinem.Muitas desta reuniões sociais, com presença humana, desapareceram do mapa, e as poucas que ainda tem actividade efectiva devem estar fora das grandes urbes, ou seguidas quase que exclusivamente por idosos.

Seja qual for a razão aquilo que é factual é que as pessoas cada vez estão mais isoladas. Por vezes mesmo no seio de uma família estruturada, pois é suficiente manter-se agarrado um computador para estar como um Robinson Crusoe.

E depois orgulha-se de ter conseguido uma longa lista de nomes de “amigos fictícios”.