quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

SURPRESAS DO CONTADOR






Entrada
Visualizações de páginas
Emirados Árabes Unidos
105
Portugal
11
QUEM ME PODERIA ANUNCIAR QUE TERIA 105 VISUALIZAÇÕES NOS EMIRATOS ÁRABES UNIDOS?

Practicamente dez vezes mais do que entre os compatriotas !

SENTIR-SE ESQUERDINO, ou canhestro


NÃO DEVE SER FÁCIL


Ter uma inclinação, predisposição ou vocação para avaliar e desejar corrigir as dificuldades que pesam sobre quem se encontra nos estratos sociais mais baixos, nomeadamente se medidos pela sua capacidade económica, chega-se ao ponto de concluir como é difícil, por não dizer utópico, igualar as possibilidades para todos os cidadãos. Sempre se observa que a tentativa de igualar conduz a baixar mais do que subir.

Ou seja, dito mais claramente, aceitar que se pode ser de esquerda (1) sem ponderar todas as variantes que encontramos entre as pessoas que, mesmo com a livre escolha do indivíduo, estão incluídos num grupo inferior, sempre heterogéneo -como todos os grupos- vai encontrar os antagonismos pessoais, nem que seja por vaidade pessoal em relação a outro/s aceita a qualificação de esquerdista. Isto não obsta a que, desde sempre, haja intensos e convictos “esquerdistas” entre as classes de topo, sejam intelectuais ou díscolos do seu sangue, ou mesmo uns lunáticos que imaginam poder mudar a sociedade, e assim ganhar notoriedade (nunca aceitarão este desejo oculto)

Para já, a partir de estar uns anos inseridos na sociedade real já é normal que se admita, sem discussão aquele axioma que nos diz todos somos iguais, mas uns mais iguais do que outros. Um artifício de linguagem, subtil mas envenenado por ser indiscutivel, de que mesmo dando todas as voltas que quisermos, cada pessoa, por separado e se auto-valorizada, encontra facetas, que considera muito relevantes, que o devem destacar em relação aos seus “iguais”.

Descendo para a realidade que temos nesta fase da vida social, e por estar perto de ser convocados para as urnas de voto, com a pretensa possibilidade de colaborar numa mudança de rumo, ou para a sua continuidade. E justamente por se verificar, nestes dois derradeiros anos, que as pressões internas no seio da apelidada geringonça, -com evidente propósito de provocação jocosa- nos encontramos com que constantemente surgem reclamações -sempre de índole monetária- com origem nos sectores com mais poder reivindicativo e que, aqueles que estão no leme -nunca o poder está num indivíduo isolado, mesmo na mais cruenta ditadura- não querendo deixar de figurar como primeiras figuras, cedem mais do que seria aconselhável, dado que as contas de somar e subtrair não se podem alterar caso se queira proceder com sensatez e rigor.

Ou seja, focando desde outro ponto de vista, até poderíamos aceitar que o descontrole econômico da nação se deve à ignorância congénita da maior parte da população. Sem desculpar os abusos mais escandalosos que os que mexem nos grandes negócios. As cedências sucessivas conduzem a desvios no orçamento, daí a consequências tantas vezes discriminatórias, precisamente porque, indirectamente, prejudicaram outros cidadãos do mesmo patamar do que aqueles que conseguiram ser beneficiados, mas só porque não possuem as mesmas capacidades de exercer pressão

Imaginar que através de conseguir uma ilustração, uma cultura mais elaborada, da massa social mais propensa a se sentirem pior servidos, é mais uma utopia das várias que existem entre os humanos. Imaginar que os que reclamam cederiam nos seus desejos e aceitassem,com um baixar de braços fariam um bom serviço a todos, e que tendo, actualmente, um governo teóricamente de esquerda, a calma seria factível, é das tais situações em que nem os bebés de mama acreditarán. Estes sabem bem o valor da sua palavra de ordem. Quem não chora não mama. Aquela frase célebre atribuída aos fantasiados mosqueteiros de Alexandre Dumas. TODOS PARA UM E PERÚ PARA TODOS, só na literatura.

Qualquer cidadão reconhece que o chegar a uma sociedade séria, equilibrada, não necessariamente igualitária, mas aceitável por não se mostrar excessivamente desigual, depende, pela aplicação cega e correcta das leis que nos regem. Mas também sabe coisas tais como que Feita a lei, cuidada a malícia, ao que se junta o saber que a carne é fraca, e que por detrás desta sina se movimentam os compadrios, os corporativismos, ou, mais concretamente, que O dinheiro é como o azeite, por donde pasa unta. E termino com o que também sabemos Quando a fortuna chega às mãos do pobre, em geral este muda de comportamento.

(1) existem mais sinónimos para tentar definir um estado de espírito que, dada a quantidade de alternativas, nos indica como é difícil definir de uma forma concreta e sem ambiguidades o que tento descrever.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

LIMPAR OS TERRENOS



Como é que vai ser?

Por enquanto ainda estamos na fase das ameaças, das obrigações para os cidadãos mais indefesos. E os regulamentos,tão bem elaborados, cientificamente (?) por “especialistas de nomeada” vão ser aplicados a fio de espada, igualmente para todas as cabeças? Mas a data limite de espera antes de “entrar a matar” já está à vista.

Se me for permitido, refiro a minha veia céptica, que me empurra a não acreditar em tanta igualdade e fraternidade. Pelo que se tem escrito ainda existem muitas parcelas de terreno, mais ou menos rural, algumas mesmo na vizinhança de casas, lugares, aldeias e até cidades, que não estão devidamente registradas no cadastro. Algumas ainda estão pendentes de partilhas. Outras estão no limbo, ou seja não se sabe bem a quem pertencem. Em princípio está previsto que o Estado tome posse destas parcelas de dono ignoto. Outras mais são de idosos sem posses monetárias, nem capacidade física para cumprir a exigência; por muito que concordem com esta necessidade de prevenção. Mas que não sabem como cumprir o exigido.

E será que os baldios e áreas que constam dos patrimônios municipais, estatal ou corporativo, cumprirão, sem falhas nem subterfúgios de argumentações quase que processuais?

Se o Estado, a tal entidade que nos deve representar e servir com a coaboração indirecta de todos, através dos impostos directos e indirectos, vai proceder nas autuações de uma forma global, sem escapar nada nem ninguém entre os dedos da justiça cega? Sería a primeira vez. Sempre há quem escape da razia.

Uma questão concreta, que foi bastante falada. Recomenda-se ou manda-se que sejam respeitadas faixas com x metros de largura de cada lado das linhas de caminho de ferro, das estradas e das linhas aéreas de transporte de energia eléctrica. Concretamente digamos que estas faixas de terreno devem estar nuas, limpas de mato, restolho e arbustos, ramos de árvores e qualquer potencial combustível. Varemos esta correcta exigência cumprida, ou serão os cidadãos individuais, os únicos perseguidos?

Passados os folguedos de Carnaval, as tristezas da Quaresma e Semana Santa, mais os dias de folga da Páscoa, já estaremos em pleno na fase das denúncias, das punições, multas, contrafés e toda a panóplia de acções legais. Mais uma vez nos surge a pergunta: esta vigilância e punição será geral? Vai cumprir-se em todoo território e por todos os responsáveis de uma parcela, nem que seja de meio hectare, de terreno com vegetação?

Esperemos para ver se, desta vez, a lei será exactamente igual para todos. Quantos argumentos já estarão previstos para fugir com o cú à seringa? A previsão é que será uma daquelas ameaças em que a montanha pariu um rato.

REBUÇADOS PARA A TOSSE



TODAS AS MARCAS SÃO BOAS
E, de facto, os sem marca serão bons quanto mais demorarem a derreter

Desde as conhecidas pastilhas do Doutor, já falecido tempos atrás, embrulhadas para serem rebuçados, todos eles, além de açucar. Tem na sua composição um óleo essencial que lhes confere um aroma simultaneamente agradável e que nos indica que, devido à sua acção vasodilatadora, dilata os alvéolos dos pulmões e por isso nos proporciona alivio dos sintomas de tosse.

Mas será só isso que os tais rebuçados, sejam eles da marca que forem, mas que sempre que incluam na sua composição um aroma que lhes  o aval de aliviar a tosse que incita a espectorar? Nem oito nem oitenta!

Quando a tosse é um dos sintomas de ter apanhado um resfriado, uma catarreira, o rebuçado em si tem uma eficácia não para curar mas no propósito de nos reduzir a necessidade de tossir. E esta acção é muito mais prolongada quanto mais demorada seja a dissolução do rebuçado na boca do ansioso por deixar de tossir, nem que seja durante uns minutos.

E não há nenhum segredo nesta capacidade “rebuçadil”. Muita desta tosse deve-se ao fluxo de segregações nos seios nasais, que nem sempre seguem para as narinas e daí se podem retirar assoando. No que se denomina catarro o fluxo de muco escorre para a laringe, donde se acumula e dificulta a respiração -felizmente porque assim se evita que desça aos pulmões e induza a uma infecção- O mecanismo automático que cuida do funcionamento das vias respiratórias superiores nos incita a tossir e retirar este tampãodemuco que está incomodando. Dito de outro modo, nos leva a escarrar, que é tão desagradável e recriminado socialmente.

Mas escarrar é necessário quando, sempre involuntariamente, se deve desviar o fluxo de muco para o exterior. E aí é que entra o rebuçado! O girar da pastilha no interior da boca nos leva a salivar com maior quantidade do que normalmente -age como quando se come- e esta libertação de saliva flui en direcção ao esófago, desviando-se portanto do canal respiratório. O engolir parte do fluxo nasal não constitui problema de maior, pois que os sucos gástricos se encarregam dele.

Ou seja, os rebuçados, sejam eles quais forem, pelo facto de nos fazer salivar ajudam a aliviar a incómoda tosse. Excepto! Quando a acumulação de muco no início da traqueia está tão denso e agarrado que a saliva não consegue arrastar. Então só podemos tossir, mesmo que pareça mal. O corpo “ò-mano” não obedece regras de educação social. É mais forte do que as convicções. A opção de fungar, aspirar e engolir, não sendo prejudicial, não é menos desagradável de ver.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

SER BENFIQUISTA



TENTAR EXPLICAR O ÓBVIO

Ontem editei um escrito, que valorizei de atrapalhado, onde pretendia descrever as querenças locais e regionais das pessoas. FOI UM ÊXITO pois o contador de visitas deu DUAS ENTRADAS !!!!!  Em face do sucesso indiscutível (?) decidi tentar uma abordagem diferente. Desta vez metendo a colher no mundo do futebol, que confesso desconheço quase que totalmente e a prova é que, ao longo da minha vida, só duas vezes entrei num estádio. A primeira quando o Belenenses, jogando no Restelo contra o Barça, num desafio amigável, não competitivo, fui puxado por um irmão que, ainda hoje e radicado nos USA (e nacionalizado como cidadão americano) continua sendo um apaixonado seguidor do clube catalão

A segunda e derradeira vez também fui aliciado por um familiar, desta feita um cunhado, que me propos que me integrasse num grupo de benfiquistas até Roma onde o Benfica defrontaria o clube local. O isco estava no passeio que a caravana  daria pela Italia, que era deveras cativante. Estar no meio dos tifosi romanos naquele estádio era bastante confrangedor, em especial  para quem não tinha experiência do comportamento destas multidões ululantes. Por sorte o Benfica ganhou! Mas o grupo onde me encontrava teve o cuidado, ao sair do recinto, de tirar e guardar nos bolsos os cachecóis e bonés identificativos.

Qual a razão pela qual refiro estas situações ?  E porque pretendo conectá-las com o escrito de ontem?

Pois porque, insisto, as pessoas criam raízes e "lutam" por questões inicialmente locais. Ser adepto do Benfica, do Sporting, do Porto ou da Académica, por exemplos mais ou menos aleatórios, inicia-se por serem clubes  do bairro, da cidade ou da zona onde a pessoa se sente ligada sentimentalmente. Claro que depois encontramos adeptos de qualquer clube em zonas afastadas, como pode ser em Castelo Branco ou em Bragança. Mas as excepções não invalidam a regra.

Hoje, em que as cidades crescem continuamente com a chegada de novos elementos, vindos de outras zonas ou mesmo de fora do País, o indivíduo, visto isoladamente, será adepto de algum clube ou associação da sua residência quando se sentir integrado naquele conjunto de vizinhos. Mas é muito provável que mantenha o seu fervor pela terra ou o clube que escolheu, ou lhe induzIram, na sua juventude.

Avançando: Das adesões clubistas podemos passar às locais e zonais, e finalmente às territoriais, políticas ou patriotias. E, normalmente, aqui terminam as paixões interiores, aquelas que inclusive podem incitar a lutar, seja a murro e pontapé, com paus ou com armas de fogo para defender aquilo que se sente nos pertencer. Mas será que existe alguém que se sinta vocacionado pela União Europeia ao ponto de se apresentar num hipotético campo de batalha para defender esta organização multinacional?

Duvido muito. E é esta dúvida que me leva a deduzir que o "decálogo" desta União Económico-Política -caso existir tal resumo de comportamento- está muito desencontrado do pensamento das pessoas, ditas normais.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

QUE FUTURO PARA A UNIÃO EUROPEIA ?



Mesmo atendendo a que, pessoalmente, sinto que ninguém está minimamente interessado nas minhas opiniões, e que ainda por cima sou um cidadão totalmente desconhecido, e consciente de estar já dentro dos limites do prazo de validade. Todas estas circunstâncias não me inibem de pensar e, por vezes, de tentar colocar os meus loucos pensamentos à disposição de um número muito reduzido de leitores. Raramente devem ultrapassar a dezena!

Os que me conhecem, nem que seja epidérmicamente, sabem que sou, simultâneamente português por escolha pessoal e catalão por herança familiar. Os acontecimentos recentes, concretamente do diferendo existente entre o estado espanhol, em monarquia constitucional e o sentimento identitário dos catalães, longe de ficar arrumado, levou-me, por arrastamento, a imaginar uma extrapolação para o conjunto de estados membros da U.E. Isso enquanto durar esta experiência.

Os contestatários catalães sentem-se, com razão ou sem ela, abusados pelo centralismo castelhano. Há muito tempo que, com maior ou menor intensidade, não se sentem satisfeitos por estarem sob a tutela de dita Espanha. Antes do golpe militar fascista e durante um pequeno período partilharam de um “estado federal” com governo central republicano. Tudo foi imediatamente anulado pelo governo do ditador Franco, patrono pessoal de uma Espanha católica e totalmente centralista, mantida por mão militar e policial enquanto ele esteve vivo.

Admito que, abdicando de uma utópica independência plena, muitos catalães já se satisfaziam fazendo parte de uma República Federal, com uns estatutos bem elaborados e que se adotassem por uma decisão global. Por enquanto os governos radicados em Madrid, que temem ou se apoiam nos saudosos da ditadura franquista, extremistas e retrógrados, não estão afins de uma solução deste teor.

Pessoalmente penso que as pessoas em geral tem uma restrita visão de conjunto. No fundo somos como os animais migrantes, sejam aves ou mamíferos. Quando alguém, pelas várias razões que o tenham influenciado, sente que deve mudar de região ou mesmo de País, e até de continente, durante um periodo de tempo, mais ou menos curto, sente a necessidade de voltar, nem que seja por um período de tempo reduzido, ao local onde nasceu e cresceu.

Saltando no raciocíneo, os actuais estados, ou nações, da Europa são homogêneos por decreto. Continuam existindo muitos dos sentimentos regionalistas, por vezes quezilentos e muito intensos. Não podemos esquecer que a montagem da União Europeia tinha como propósito conseguir um bloco económico que se pudesse equiparar aos USA. Mas os promotores descuraram as realidades históricas de cada um dos parceiros europeus, enquanto que os estados da América não tinham um passado comparável.

Quem estudou alguma história europeia sabe que a Itália foi unificada por Garibaldi no séc XVIII, e que ainda hoje não se ultrapassaram os sentimentos de identidade zonal, mais ou menos conflituosos. A Bélgica é um País artificial e partilha com outros do Norte o manter governos monárquicos ditados por Napoleão.

A Alemanha unificou-se com Bismark. Aumentou e foi recortada por efeito da segunda guerra mundial, e hoje funciona com um Governo Federal. A Inglaterra, como a vemos actualmente, não está totalmente identificada como sendo igualitária, como sedo efectivo um UK homogêneo. Desde a refilona Escócia até a Irlanda, conflictiva . Mesmo o País de Gales tem orgulho na sua identidade. A monarquia mantêm, como pode, uma unidade periclitante.

A França desde a Monarquia e depois com o “Império Napoleónico”, e até hoje, é uma unidade mais funcional do que totalmente sossegada, pois que permanecem fortes muitos sentimentos regionalistas. Sem contar com o litigio latente da Corsega.

Daí que penso que se entrou num excesso de imaginada uniformidade entre os países que se foram incorporando na União Europeia. É uma ideia de igualdade excessivamente forçada, que sinto pode estourar em qualquer momento, seja com qual for o alegado. Pois que no fundo permanecem sentimentos de identidade, rivalidades, litígios por resolver, que por junto são avessos a aceitar ser iguais por decisões tomadas por mandatados.

Os primeiros sintomas de repulsa podem surgir como reacção à enorme máquina burocrática que se instalou entre Bruxelas e Luxemburgo. Além de custar muito dinheiro não me parece que os naturais de qualquer país membro se sintam totalmente satisfeitos com esta fingida igualdade.

Se o futuro se orientar para o meu pensamento, será forçoso propor aos estados membros que, caso desejem manter a união para certas questões, será aconselhável dar atenção às suas parcelas com identidades fortes. Modificar os estatutos e dar importância aos grupos humanos que existem nos territórios dos diferentes membros. Em suma, baralhar e dar de novo. Procurar montar um Estado Federal com um corpo burocrático reduzido.

NOTA: Não estou satisfeito com este texto. È demasiado pretensioso e trapalhão. Hoje não consigo melhorar.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

A FAVORITA


Quem me segue,pouco ou muito ( muito?, impossível) sabe que formo parte de um casal de adictos ao cinema, embora limitemos as nossas entradas nas salas de projecção a uma vez por semana, raramente dobramos. 

Desisti da ideia inicial de colocar uma breve sinopse do argumento, comentar o trabalho do director e das actrizes, mas desisti a tempo por admitir que outros mais capacitados já cumpriram este propósito, além de que as minhas opiniões não interessam a ninguém, situação que entre nós se descreve como "não interessa nem ao menino Jesus, (que por sinal se chamava de Emanuel) Chegando a este ponto não resisto a dar fé da minha estranheza acerca de saber até donde chega o limite de interesse do filho de Deus, pois até recordo que esta entidade deve ser considerada como defensor das causas perdidas. Enigmas da linguagem.

E já que entrei no domínio das interpretações idiomáticas, recordo que ao longo da visualização deste filme, além de dar alguma atenção às situações de intrigas e lutas entre membros da corte, apreciei o facto de que se deu porta aberta à produção a fim de poder utilizar, e daí mostrar, os interiores das mansões onde se fazia decorrer a intriga. Não é a primeira ocasião em que o atrevimento do director nos oferece umas olhadelas a salas, salinhas e salões ainda hoje existentes, e que se admite mantêm um recheio e decoração que deve corresponder à época em que decorre a história. Ou seja, nos inícios do século XVIII.

Uma das características mostradas, e para a qual já estamos habituados, é que aquelas casas com amplos espaços, tectos altos e paredes de alvenaria de pedra eram muito frias  Sendo sintéticos: aquilo era muito desconfortável nos longos meses de baixa incidência solar naquele paralelo. Por isso entende-se que usassem pesadas tapeçarias de lã assim como reposteiros e biombos guarnecidos, para isolar minimamente aqueles espaços, pois que as muitas lareiras, por mais lenha,turfa ou carvão, que queimassem,não conseguiam tornar a temperatura ambiente agradável.

De imediato lembrei que, no Portugal de oitocentos estava em auge a decoração parietal com amplos painéis de azulejos, muitos com motivos de repetição, normalmente florais, e os mais ricos reproduzindo estampas galantes, religiosas, bélicas ou paisagistas. Em muitas ocasiões os desenhos foram adquiridos a marchantes do centro da Europa que, deslocando-se pelas zonas onde sabiam existir mercado para decoração parietal. vendiam cópias ou versões dos mesmos temas Não é raro encontrar os mesmos desenhos em tapeçarias colocadas na França, Inglaterra ou Países Baixos, e em paredes revestidas de azulejos em igrejas, conventos  Paços e residências de abastados senhores em Portugal..

Como é fácil de entender, o metro quadrado de azulejo decorado era bastante mais barato do que uma tapeçaria fabricada numa oficina reputada, isso não coloca o azulejo num patamar necessariamente inferior, até porque aqui se criaram trabalhos notáveis, que são orgulho dos cidadãos actuais. Posto isso mesmo que aceitemos o paralelo e as suas razões, pode vir à nossa memória um anexim famoso que refere: Quem não tem cão caça com gato. Que apesar de ter um ar de paródia nos alerta para tirar partido das nossas capacidades.  

 O facto de existirem coincidências evidentes, pontos comuns entre as duas artes decorativas tem que se olhar como serem duas soluções utilizando meios parcialmente semelhantes ou iguais. E é indiscutível que, em Portugal, a decoração parietal com recurso ao azulejo nos deixou trabalhos notáveis, Tanto em Igrejas, conventos, palácios, residencias de abastados ou até de lugares públicos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

BRICOLAGE CASEIRO 2



No capítulo de chaves

Deixamos esta divagação sobre trabalhos caseiros e as ferramentas ou utensílios necessários para tentar resolver ou simplesmente remediar com meios próprios alguns dos problemas que, quase todos os dias, nos aparecem pela frente, ou nos são comunicados quando se chega ao lar depois de um dia de trabalho, ao qual se junta o calvário da deslocação pendular de casa ao trabalho e regresso.

Nesta problemática que nos coloca numa situação semelhante à que se definiu para Sisifo ou Penélope , ficamos sempre perante a pressão de tentar uma solução, nem que seja atamancada, porque o recurso a profissionais do ramo pertinente, além de cada vez ser mais difícil de conseguir, nada nos garante um bom serviço, a não ser quando podemos contar com algum conhecido que nos tenha atendido com satisfacção. E quanto nos vai custar o arranjo do autoclismo? Ou das torneiras que teimam em pingar ou negam-se a nos servir a água quente ou fria?

O esquema que tentamos seguir é, principalmente observar o que e como faz o profissional que nos acode. Vemos que ferramentas utiliza e as peças que nos diz ter que substituir. A seguir surge a conta, que temos que pagar sem resmungar. Daí a decisão heróica de considerar que com as ferramentas adequadas também seriamos capazes de dar solução ao problema. Hei valente! Só que do dito ao feito vai sempre um bom trecho.

A partir desta promessa de capacidade vem a decisão de verificar que conjunto de ferramentas temos que nos permitam enfrentar as tarefas mais elementares da canalizações e torneiras. Mais chaves!

Desta vez terão denominações específicas: de boca, de luneta, direitas ou de ângulo, de griff, e cada uma delas para um tamanho de ataque especial. E deixamos para outra ocasião as chaves de roquete e as de cabeça sexavada. As reguláveis, como as que conhecemos como inglesas ou francesas nem sempre cumprem a sua função devidamente, nomeadamente quando a chave tem que se ajustar perfeitamente à porca. São muito difíceis as relações entre chaves e porcas. Mesmo semelhantes, digamos primas entre si, podem saltar ou desgastar os ressaltos das porcas e as inutilizar.

Mexer ou substituir peças de uma torneira ou o conjunto completo não é tarefa para amadores resolver no primeiro assalto. São muito manhosas, e existem muitas juntas e vedantes defeituosos que surgem ao ir desmontando. O canalizador traz com ele uma colecção das peças mais simples,de reserva, na sua maleta. Lá temos que ir para a rua com o propósito de encontrar uma loja que tenha e venda estas peças, que tanto pode tratar-se de juntas ou vedantes como de um conjunto de castelo completo. E quem nos atendeu até pode ser um samaritano, e nos elucide de que devemos munir-nos de fita de teflon, linho e massa de alvaiade apropriada, se o trabalho implicar substituir uma torneira completa.

Antes de que tenham uma síncope ou se considerem ineptos totais, é pertinente que isto de arranjar ou reparar canos e torneiras não é uma brincadeira de crianças. Mas se por um lado aceitamos que ser um habilidoso, mesmo trapalhão, nas lides de arranjos caseiros, posso garantir que depois de alguns insucessos TODOS temos que chegar a adquirir um mínimo suficiente de capacidade semi-profissional. Sem esquecer que vai custar sangue, suor e lágrimas contidas, mais alguns dedos pisados e arranhadelas remendadas in loco com fita isoladora, que de facto serve perfeitamente em 95 % das vezes.

Fechaduras, chaves e cadeados !

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

BRICOLAGE CASEIRO



O PROBLEMA ESTÁ NO COMEÇAR

Desde rapaz e por ser o filho mais velho entre três, além de que sempre tive vocação para me meter em trabalhos manuais, umas vezes com resultados aceitáveis e noutras, mais, deixados inacabados por me encontrar num beco sem saída, fosse por falta de conhecimentos “profissionais” ou por não ter disponíveis os materiais e utensílios considerados, já não digo como idóneos, mas pelo menos ao nível de segunda ou terceira opção. Por exemplo. Nem tudo se conseguia levar avante com recurso a um pequeno canivete ou de um martelo e uma faca de cozinha.

Já adulto e no estatuto de “cabeça de casal” como se considerava naquele então, comecei a compor uma caixa de ferramentas, ao nível dos mínimos. Um minimalista excessivamente abrangente pois se, de entrada incorporei um berbequim eléctrico, depois não foi possível deixar de me presentear com lotes, cada vez maiores, das ferramentas de mão que, numa série progressiva e ininterrupta de auxiliares, sempre em consequência de enfrentar novas tarefas, sempre urgentes, e consideradas como de fácil execução e, às quais tinha que enfrentar.

Como exemplo de uma das necessidades imediatas e difíceis de completar, posso dar a similitude com as colecções de cromos de quando rapaz. Mas com a diferença importante, quase trágica, de que não era possível recorrer a troca de repetidos, é a inocente chave de fendas. Que não é tão simples como nos parece à primeira vista, pois sistematicamente surgem necessidades que exigem conseguir um utensílio específico. Inicialmente imaginamos que com uma chave de tamanho médio estávamos equipados para o que der e vier, Ah Ah! Querias...

Inicialmente tentamos avançar no confronto com um parafuso qualquer, que era preciso retirar ou apertar. Se a chave de que então dispúnhamos não encaixava perfeitamente com a fenda do parafuso o problema já encravava, pois que quase sempre ou se dava cabo da fenda ou da ponta da chave. A falta de experiência nos conduzia a ponderar como ser solução, quase que milagrosa, uma chave com pontas permutáveis. Dormem no fundo da caixa, com algumas pontas extraviadas ou estragadas, com a agravante de que o punho nem sempre tem a dimensão adequada ao esforço que se deve aplicar.

Não demoramos a decidir que para enfrentar situações de pouca monta no domínio da electricidade caseira era indispensável dispor do chamado “busca pólos”, pois não é agradável manipular fios sem saber se estão em carga.

As solicitações especiais não terminam aqui. Cada dia nos deparamos com novas condições de accesso ao parafuso especial, seja que só recebe uma chave de estrela determinada ou, mais recentemente, com uma cavidade de faces múltiplas que só reage com uma chave especifica.

Continuará ?


sábado, 9 de fevereiro de 2019

SERÁ POR CAUSA DA CORTIÇA?




Sempre me causou uma certa confusão uma frase que, anos atrás, se ouvia com Certa frequência. Uma das muitos que se referem às características e preferências do Demo. Se consultarmos o rifoneiro lusitano encontraremos alguns destes sábios ditados. Entre eles os seguintes:

  • O DIABO COBRE COM A CAPA E DESCOBRE COM O CHOCALHO
  • O DIABO É TENDEIRO E ARMA TENDAS SEM DINHEIRO
  • O DIABO NÃO É TÃO FEIO COMO O PINTAM.
  • O DIABO NÃO QUIS NADA COM CANALHA (ou rapazes ou moços)
  • O DIABO NÃO TEM SONO.
  • O DIABO NEM SEMPRE ESTÁ TRAZ DA PORTA.
  • O DIABO SABE MUITO PORQUE É VELHO.
  • O DIABO TENTA O HOMEM E O OCIOSO O DIABO.
  • NÃO HÁ ANJOS SEM DIABOS ou diabos sem anjos.
  • DE PORTA CERRADA O DIABO SE TORNA.
  • DE PAI SANTO, FILHO DIABO.
  • IRA DE IRMÃOS, IRA DE DIABOS.
  • PAI NÃO TIVESTE, MÃE NÃO TEMESTE, DIABO TE FIZESTE.
  • HOMEM É FOGO, MULHER ESTOPA, VEM O DIABO E ASSOPRA.
  • A CRUZ NOS PEITOS E DIABO NOS FEITOS.
  • QUANDO O DIABO REZA, ENGANAR TE QUER.
  • O MAL GANHADO, LEVA-O O DIABO.
  • DE RUIM HOMEM, E DISSIMULADO, GUARDA-TE DELE COMO DO DIABO.
  • QUEM ANDA EM DEMANDA,COM O DEMO ANDA.

Mas não encontrei nenhum ditado que indicasse a razão porque O DIABO FOGE DE CORUCHE *, será por ser terra de campinos?, de muitos sobreiros e cortiça? Há quem diga que o nome de Coruche é derivado de coruja, mas desta ave só encontrei CORUJA DE FERRÃO, ÁGUA NA MÃO, cuja críptica mensagem me escapa.


*  "Melhormente" O DIABO FOGE DA CRUZ

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

UMA HISTÓRIA DE AMORES

Ricardo, homem adulto, trabalhador, sério, com bom corpo, desportista sem exageros, casado e sem filhos, chegou à sua casa, após de um exaustivo dia de trabalho, cansado e bastante mal humorado.
Ao entrar no lar a sua amada esposa, que o aguardava pela sua pontualidade habitual, depois de lhe dar um beijo "repenicado" exclamou. 
Mas Ricardo, o que te acontece, há  mais de quinze dias que chegas sempre a  casa com cara de enterro, quando até então tinhas sempre um sorriso amoroso e me abraçavas com amor? É no trabalho que as coisas não te correm bem?
No emprego já sabes, hás dias maus e outros piores. Mas o habito nos orienta para a deixar correr a bola e ir tratando das nossas obrigações com probidade e  interesse profissional. Dito mais claramente, o trabalho não constitui um problema novo, e já passei por épocas piores. Por enquanto o Fonseca não me pressiona muito, e até admito que está satisfeito com a minha colaboração sincera.
Então deve existir outra razão para andares tão desmoralizado.
De facto existe. Não pensava falar neste tema, mas já que o incitas terei que avançar. No dia em que me sentir com forças para tal.
Ricardo, assim ainda fico mais preocupada contigo. Tem que ser hoje, sem falta.
Depois de descansar e distrair um pouco com a TV.
Seja como dizes. Tenho o teu jantar preparado, senta-te, depois de lavar as mãos (que sempre tenho que te recordar)
amos ver se aprecias o petisco que a tua mulher te preparou. Eu vou-me mudar e já volto.

Terminado o jornal da tarde e depois de degustar a sobremesa que estava à sua frente, apareceu a Inês, sorridente e envolta em roupas transparentes, deixando entrever umas peças de roupinhas pretas que o Ricardo lhe oferecera no aniversário do seu casamento, e que muito raramente as voltou a ver.

Como parece ser coisa séria, vou desligar a televisão e estarei pendente do que me queres contar:
Pode ser coisa parva,Mas tenho andado incomodado!
Conta lá, homem, desabafa.
 Pois desde umas duas semanas a esta parte, quando estou a chegar a casa, encontro um fulano,que nunca tinha visto, encostado à parede à porta da tasca, com uma perna direita e a outra dobrada com o pé na parede, mãos nos bolsos e cigarro pendurado da boca, que quando passo por ele, sem abrir a boca, diz entre dentes bocas que, mesmo sem me olhar, sinto que me estão dirigidas,
Mas que bocas são estas, meu querido?
Palavrões de ordinários, desde cabrão, cornudo, manso, cornípeto, corno, chifrudo, cervo,, faz-de-conta, chavelhudo, enganado, galheiro, cornélio, atraiçoado, e mais epítetos que não recordo. Deve ter esgotado quase todos os insultos que se podem destinar a um marido enganado.Qualquer dia vou conseguir uma pistola, um revólver ou fusca para dar uma lição a este fadista de bairro, a se possível com passaporte para o jardim das tabuletas.

Ricardo. Tem juízo. Não caias nas provocações de um ordinário. Não te deixes influenciar. Pela minha parte sabes que nunca te faltaria. Sempre tens sido, desde muito novos, o sol da minha vida. Deixa passar e não lhe ligues.Despreza este ordinário. Podes, pensando que te mancham a honra, provocar a nossa desgraça.
Vem para os meus braços, mesmo aqui na sala,por cima da carpete, como sei que te incita! Anda cá,meu amor!

Amanhã será outro dia e verás que tudo foi um mal entendido.

No fim do dia seguinte:

Então, Ricardo, ainda vens com pior cara!?
Nem podia ser de outra forma.
Mas que aconteceu hoje? O ordinário voltou a insinuar que sou uma mulher adúltera?
Bem. Mais ou menos isso.
Sem alterar a sua postura e sem abrir a boca, ouvi que entre dentes dizia QUEIXINHAS!!!!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

OS ACONTECIMENTOS NA VENEZUELA


O OCIDENTE PERDEU O SEU AUTO-RESPEITO

Antes de entrar no meu comentário sugiro que leiam o post seguinte: Notas sobre a crise venezuelana… que podem encontrar no facebook.

Apesar de que ainda deve estar longe o fim deste problema, aquilo que, aos europeus em particular e por extensão a muitos dos países considerados ocidentais, é que, depois de tanto criticar, satirizar e comentar azedamente, as atitudes do ditador “democrático” Donald Trump, mal ele tocou a sineta, todos se agacharam. E depois se puseram em sentido, adiantando-se às acções explícitas do comando dos USA, para mostrar o que gostavam (e temem) deste Presidente, aparentemente volúvel mas que nunca perde de vista os seus interesses, que curiosamente (?) coincidem com os dos seus apoiantes.

Não vou defender o regime venezuelano e menos o seu cabeça Maduro, mas é de preceito entender que este regime, ditatorial, tremendo, castigado e castigador de alguns sectores do seu povo, está na onda do Bolsonaro e de qualquer líder de cariz popular. Nem sequer podemos considerar que estes políticos, com doutrinas ambíguas mas que conseguem inflamar as classes mais desfavorecidas -enquanto o poder efectivo é manobrado por um grupo selecto e colaborador do capital, sem o qual pouco ou nada se consegue levar avante- Assim foi como se instalaram as ditaduras do século XX sempre criaram a sua base de apoio através de discursos inflamatórios, entre às classes económicas mais debilitadas, e sempre aproveitando épocas de crise económica.

Aquilo que, visceralmente, me incomoda é que se aplaudisse, sem reservas nem argumentos estruturados, um golpe de estado palaciano baseando-se na crise económica e social que pesa sobre a Venezuela Uma crise que, como sabe quem procurou elucidar-se, se atingiu não só pela deficiente governação de Maduro mas, também e principalmente, pela pressão das grandes empresas americanas que não querem, por nada deste mundo, perder o controlo do crude venezuelano, dada a magnitude dos seus campos petrolíferos.

A mesma União Europeia, que sofreu, estoicamente mas com muito medo, os desplantes dos EUA quanto ameaçou com reduzir a sua colaboração na defesa militar da Europa, e permitiu este jogo de estica e encolhe da Grande Bretanha, fundamentado no seu desactualizada visão imperial junto ao saber que este tem o apoio inequívoco dos EUA. Se calhar este pretenso apoio é mais de conversa do que efectivo, leia-se, económico.

Todos devemos saber que o desequilíbrio do mundo ocidental foi criado desde o comando do Grupo dos Sete, do FMI e das “majors”, que manobrando nas bolsas, conjuntamente com a inducção para aumentar os lucros através da deslocalização das fábricas e aderindo, sem grandes entraves à globalização comercial incitaram a que a economia ocidental caísse numa ratoeira da qual parece difícil, ou impossível, sair.

Por muitos desastres financeiros, sempre com reflexos financeiros negativos para a população assalariada, e sendo a bolsa americana uma das mais potentes, já se verificou, repetidamente, que tudo é resultado de politicas bem planificadas que sempre pretendem, e em geral conseguem, reforçar a posição dos mais importantes conglomerados.

Daí o tremer de joelhos e a humilhação das já fracas potências ocidentais. Mas o pior está para vir. Não precisamente pelo que chegará à Venezuela -e ao Brasil- mas porque não tardarão muitos anos,ou mesmo meses, que desse o Oriente nos digam, com discursos amáveis mas com mensagens sublimares bem pesadas: AGORA SOMOS NÓS OS QUE MANDAMOS NESTE PLANETA, mesmo que durante uns tempos consintam em que os USA pensem que mantém a hegemonia, uma vez que conseguiram humilhar o seu berço europeu. Esta é uma das consideradas victórias pírricas.

Entretanto os favelados e outros deserdados da fortuna equivalentes, optarão, em cada vez maior número, deslocar-se massivamente para as ás zonas de clima temperado, que imaginam lhes podem oferecer melhores condições de vida.

O que acontece e acontecerá na Venezuela é uma das várias partidas simultâneas do xadrez mundial. Sempre as houve, mas dificilmente uns afectados conheciam o que se cozia noutros lados. Agora, para o bem e para o mal, tudo se pode saber (mesmo que deturpado) instantaneamente.


sábado, 2 de fevereiro de 2019

POLÉMICA BIZANTINA


Se entendermos como tal a aceitação mais corrente que se dá a todas as discussões que, por mais voltas que lhe derem, é difícil que conduzam a uma conclusão importante, pois que se baseiam num “dizes tu-digo eu”. A história que se admite ter acontecido em Bizancio e deu azo a esta desqualificação das polémicas sem futuro, estava centrada em decidir, entre sábios reputados, se Adão tinha ou não umbigo. Ou seja uma discussão totalmente inútil e descabida.

Acontece que encontrei referência de que, nestes dias, existe um “litígio contencioso” entre os patriotas espanhóis e os lusitanos acerca de quem deve receber os loiros, a título perpétuo, de ser quem deu a primeira volta ao mundo: Se foi o português Fernando Magalhães ou o vasco-espanhol Juan Sebastian “el Cano” (possivelmente uma alcunha por ter o cabelo todo branco desde novo).
Querem coisa mais bizantina do que esta?

É que ninguém pode por em causa alguns factos importantes. Na época das viagens com destinos incertos, ou conhecidos mas só por um número de pessoas restrito, e dada a escassez de tripulantes com aval de qualidade, era habitual que quando se recrutavam tripulações para uma expedição a selecção se fizesse a partir dos profissionais existentes no mercado naquela ocasião (tal como se faz actualmente) Por isso é reconhecido que entre os tripulantes de responsabilidade era usual encontrar referência de naturais da Italia, nomeadamente de Veneza ou Génova, geógrafos e cartógrafos de génese mediterrânea. Etc.

Quem se admite que teve a iniciativa de fazer uma viagem de circumnavegação do globo terrestre, partindo e regressando a um porto do Reino de Castela, foi Fernando Magalhães. E foi o rei Carlos V que lhe deu a autorização e financiou a viagem. SENDO ASSIM, A PRIMEIRA VIAGEM À VOLTA DO MUNDO ERA, EM PRINCÍPIO, SUA.

A infelicidade de F.M. Foi que ao chegarem ao arquipélago das Molucas, uns indígenas agressivos os enfrentassem, matassem o capitão F.M., e, segundo rezam as crónicas, sendo eles, os naturais da ilha, adeptos ao canibalismo, irrespetuosamente o assaram e se banquetearam com os seus restos mortais.

Todavia, nos é relatado, que o mesmo Fernando Magalhães, anos antes e sob a bandeira de Portugal, já tinha navegado pela rota do Cabo até às ilhas que passaram a ser chamadas de Filipinas. Muito perto das Molucas. Ou seja, que entre o que já tinha percorrido anteriormente e o ponto em que foi morto, practicamente completara a circumnavegação.

Mas tal como se diz: A rei morto, rei posto, era imperativo nomear um novo comandante para orientar aquela frota, ou o que dela restava. O oficial de maior graduação e experiência de mar, era o Juan Sebastião “el cano”. E foi ele que comandou a parte do percurso que faltava, até se encontrar com as naus de Portugal que já percorriam as costas do sudeste asiático.

Foi Juan Sebastian Elcano que deu a boa nova na corte espanhola, mais a triste notícia de que o “patrão” da expedição não estava mais presente.

Quanto a mim este assunto é tão simples de entender que não se pode justificar um falso litígio de paternidade. Os profissionais do saber caem, em muitas ocasiões, na tentação de guerrear em temas de "lana caprina".