Coloquei
a República em primeiro lugar, sem atender à notável veterania da
Monarquia, simplesmente porque estamos numa fase da vida civil
portuguesa em que o comando está nas mãos de um regime qualificado
de republicano e, digam o que disserem, bastante democrático. Ma
non troppo. Em
vernáculo: Sem exagerar.
Os
problemas que constantemente surgem com estes esquemas de governação
devem-se atribuir, a meu entender (que
não garanto ser o mais correcto), em primeiro lugar à
falta de seriedade da maioria dos políticos, que não se envergonham de prometer e declarar com a mão poisada sobre o Diário das Sessões
ou a Bíblia Sagrada, consoante a filiação, que se comportarm seriamente, honestamente e sempre vocacionados para dar o seu melhor
à Nação.
Esta referencia à Nação não passa de ser um eufemismo de “o povo”, ou dos
seus habitantes Feita a jura não tardam nada, menos do que a duração
da chama de um fósforo, em agir contrariando todas as promessas
dadas e, quando há azeite disponível, untarem as mãos,
como se estivessem a trabalhar num lagar deste oleososo produto
nacional, tradicional e benéfico para a saúde. O que se verifica a seguir é
que nunca lavam as suas mãos untadas, e daí que engordam. Ficam tão
roliços e bem nutridos, que não se estranham com a sua necessidade
de mandar fazer fatos novos, por não caberem nos de poucos meses
antes. É um bem de Deus os ver tão satisfeitos e ufanos.
Respingando um pouco pelos meios de comunicação, e também em alguns dos muitos
espaços electrónicos que surgiram recentemente, podemos vislumbrar
a existência de dois grupos de adeptos, em princípio
incompatibilizados entre si, se bem que os monárquicos ferrenhos, essencialmente conservadores e fiéis até a medula na religião em que
foram criados, mostram ter um fraco sentido democrático. Se
entendermos como tal a aceitação das diferentes visões do mundo,
menos aberta do que os republicanos actuais.
Felizmente
as diferenças entre estas facções sociais, que não atingem a
magnitude dos adeptos do Benfica, versus Sporting ou Porto, e duvido
de se podemos avaliar este reduzido grupo de monárquicos ao dos
sócios e seguidores do Belenenses. O que é de agradecer é que, por
enquanto, estas preferências políticas não atingiram a
efervescência dos precursores caceteiros. Valha-nos isso.
Não
direi que me sinta totalmente alheio a esta divisão de querenças,
mas afirmo, solenemente e, se for caso disso, jurando pela vossa
saúde, pois que da minha trato em colaboração com o SNS, e vou
aguentando. Razão porque por prudência, que com a experiência,
podemos considerar que são as mães da ciência (devem ser mães
mais ou menos lésbicas..., ou lésmicas, como eu digo, sendo
insistente nos trocadilhos foleiros) não juro nunca, mas nunca
mesmo, pondo a minha saúde no prato. Pode dar azar, tal como
acontece se for supersticioso.
As
razões pela preferência dos cidadãos perante à opção entre
monarquia (desta vez ficam à
frente, para compensar e tirar o mau hálito) são
certamente conhecidas dos meus tão estimados e escassos seguidores, notoriamente mudos e incapazes de escrever. Atendendo a esta muito
provável possibilidade opto por não especificar as tais razões.
Digamos que as respeito; pelo menos assim-assim. Uma
quantificação, irmã fidagal do mais-ou-menos que se usam
bastante quando não nos queremos comprometer.
Este
esforço inato é muito conveniente, além de espontâneo. É uma das
características identificativas dos naturais da costa ocidental da
península, desde o cabo Finisterre até Vila Real de Santo António.
Bem dizia o Jo Soares, nos seus programas de crítica política
mascarados de humor: Não me comprometas!
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