ALGUMAS SÃO DE USO RESTRITO, ou condicionado.
Vimos
nestes últimos dias como, após duas eleições consecutivas na
vizinha Espanha, com mais partidos concorrendo do que era habitual,
mesmo que alguns se entenda que era filias de outros mais veteranos,
não se contabilizou um vencedor com maioria suficiente para formar
governo. Parece que os do PSOE julgavam que, a posteriori, poderiam repetir a “geringonça” portuguesa, que tão bons resultados deu
ao PS de António Costa. Os partidos minoritários, indispensáveis
para conseguir a investidura, mostraram-se desinteressados e
sumamente exigentes. Não coalhou.
Os
ambientes, as pessoas e as condições, sem esquecer as exigências e
convicções de cada grupo são bastante diferentes das de aqui,
Portugal. Pensar que o PSOE podia conseguir a ajuda, mais ou menos
tranquila, e sem exigências prévias que estivessem “preto no
branco”, não funcionou. E mantém-se um impasse ao qual,
contrariamente ao que já aconteceu na Itália, o País não está
habituado. Mesmo por cá já se passou por governações sem
orçamento aprovado e funcionando, quase que na mesma, por
duodécimos.
São
alguns, e de peso importante, os pontos que diferenciam os dois
países ibéricos. A pretensa unidade territorial dos espanhóis é
mais de governo do que dos seus habitantes. As características
regionais não desapareceram, nem sequer com a pressão política da
ditadura franquista.
Aliás,
ao contrário do que sucede em Portugal, todos os outros países
europeus, começando pela França, Bélgica, Itália, Alemanha e
também mais a leste, tem regionalismos fáceis de inflamar. Com as
suas exigências próprias, aguentam ou até aceitam o poder central
sempre e tanto que tenham algum trato de favor como compensação.
Esta é uma das razões, difíceis ou impossíveis de anular, que
causam um descrédito popular perante as regras e normas da U.E. Só
baixam de intensidade quando apagam o fogo com mais subsídios dirigidos aos sectores que, no momento, se mostram mais avessos a
manter uma adesão calma.
Portugal,
felizmente!, não está penalizado por incompatibilidades de peso
entre regiões. Ficam delimitadas a algumas anedotas populares e as
disputas “desportivas”, que servem para que os exaltados
descarreguem as suas bílis sem problemas de maior
O
que está a suceder na Espanha actual, que parece ser uma derivação
associada a surgirem mais partidos, embora alguns são como os mesmos
cães com coleiras diferentes, é consequência de uma péssima tentativa política, mal pensada e obcecada pelo fim que pretendiam
(o ilibar o antigo Presidente da Generalitat, e do seu filho, por
abusos de poder, nepotismo e suborno). Acenderam uma fogueira de
palha com o argumento de proclamar uma república de cariz
independentista, sem nenhuma base nem capacidade para a levar por
diante. Possivelmente apostaram numa redução das exigência
esperando que o PSOE recuperasse a antiga bandeira do federalismo. Só
que a temperatura do forno já não aconselhava esta deriva. E os
utópicos independentistas totais, ficaram pendurados quase que no Pelourinho.
Esta
intentona, que nem sequer teve o nível das de Repúblicas
Bananeiras, deu como principal consequência o renascer das cinzas da
ditadura franquista, ainda quentes. Uma leva de partidos fantasma,
que além de desnortear os cidadãos, desviaram muitos votos, dos que
restavam depois da crescente abstenção. Os imprudentes catalães
conseguiram inculcar e muitos espanhóis (de outras regiões) a noção
de ter um inimigo interno que era premente anular. As cartas que
tinham na mão eram fracas e o bluff foi pífio.