quarta-feira, 15 de março de 2017

MARCELO



Não aprecio a política com entusiasmo fanático. Sei que a minha vida está condicionada pelas personagens que vivem no seio desta magnífica carreira, mas mantenho a minha decisão de desligar a TV quando ali aparecem personagens deste circo, ou comentadores que são pagos para dissecar tudo quanto lhes ponham pela frente. Sendo mais honesto nestas coisas do que aprecio ou detesto, admito que também mudo de canal no caso de o tema em emissão seja futebol, ou outro desporto qualquer que incite multidões a ulularem.

Portanto o comentário que se vai seguir, sendo consequência da observação intrusiva, é mais respeitador das formas do que agressivo ou crítico, pois que sendo eu um apreciador das liberdades democráticas não considero que nenhuma pessoa, concreta, tenha que abdicar das suas inclinações. Com a ressalva de que sempre e tanto que com a sua atitude ou acções não agrida, ofenda ou coaccione os direitos de outrem.

Acontece que o nosso “estimado” actual Presidente da República, na vida civil normal conhecido como Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa -com mais alguns apelidos incluídos, que aqui não coloco- está possuído pelo dom da ubiquidade pois que aparece, sem descanso, dele e nosso, em todo momento e em qualquer lugar. Eu até, antes de meter a colher na boca, já vejo bem se não estava na sopa!

Após este fartote de imagens, em contínuo (não confundir com as pessoas que antes da evolução Darwiniana das qualificações eram denominados com esta nome, tão fundamental. Hoje são ajudantes técnicos disto ou daquilo, quando não substituídos por indivíduos, de qualquer sexo, devidamente fardados e contratados ad hoc numa das empresas que acolhem, em lugares de topo mas com a obrigação de não interferirem, a alguns políticos desempregados) cheguei à conclusão de que o actual P.R. renunciou, aparentemente e só para seduzir a população deste rectângulo, ao ritual próprio do lugar que ocupa na pirâmide hierárquica da governação nesta República.

Dedicou-se, com intensidade pouco normal entre os nacionais, a uma cruzada pessoal com a qual dá a sensação, mais aparente e virtual, do que efectiva, de estar perto da população. Ansioso do afecto que, a seu entender, tem que atingir o grau mais intenso do calor humano. O seu teatro (desculpem aqueles que não gostarem da crueza, mas este exagero desmedido é, a meu ver, um teatro de enganos, descabido) abrange tudo aquilo onde se possa ser convocar jornalistas. De preferência das TV e foto-reportagem.

Ao insistir, permanentemente, nesta trajectória, Marcelo, está desprestigiando a dimensão política do seu posto. Sem que de facto tenha alterado nada de positivo, pois que os seus poderes, apesar das suas contínuas intromissões, não permitem tomar acções na governação do País. A não ser poder carregar no botão da bomba atómica; e mesmo esta permissão está sujeita a regras.

Todos temos a obrigação de saber, nem que seja por experiência pessoal, que sendo a democracia o esquema ideal de governo, a sua aplicação nem sempre é factível, atendendo à funcionalidade de alguns estamentos da sociedade. Entre outros, são exemplo as forças armadas, o ensino e a própria família. Em todos eles a obediência à hierarquia é fundamental e exigida. Paralelamente sabemos, embora não demos por isso, que as fardas, os bonés ou capacetes, quando usados para altear a figura mais do que para proteger o crânio, servem não só para identificar mas, principalmente, para impor respeito a quem não os usa.


Termino com uma fase popular, carregada de sabedoria: O RESPEITINHO É MUITO BONITO.

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