Porque
Judeus e Cristãos não se entendem
Ao
reler o que editei ontem surgiu-me uma dedução que considero ser
importante e que explica um certo número de atitudes entre dois dos
ramos das três RELIGIÕES DO LIVRO, que recordamos se trata do
Antigo Testamento, o Livro por antonomâsia.
Adiantando
a conclusão pessoal a que cheguei, é coisa simples e que foi
entendida já séculos atrás quando num sínodo ou concílio de que
não tenho referência. Ali foi decidido, entre as autoridades
máximas da Igreja Católica, que o leitura do Antigo Testamento, na
sua totalidade de textos, não era aconselhável para a maioria da
população, pois que, como se torna evidente de imediato, o carácter que nos é dado do Deus revelado é a antítese do que Jesus dizia.
Na
minha experiência vivida recordo como, desde o tempo da primária,
nos eram contadas, mas devidamente seleccionadas, alguma passagens do
Antigo Testamento, como exemplo de bondade o fim da pena de morte
para o filho de Isaac. Uma verdadeira bondade de Jeová, após ter
massacrado, sadicamente, a mente de um pai excessivamente obediente
da autoridade máxima. De qualquer forma nos estavam vedados os
textos originais e completos do A.T, estes livros estavam reservados. Não se podiam consultar.
Precisamente
esta interdição dos textos “completos” do Antigo Testamento foi
uma das decisões contrárias que tomou Lutero, e seus seguidores,
quando se separou como Igreja Protestante. Aqueles que não
ingressamos nalguma das muitas ramas de Protestantes que existem
actualmente, temos referências, indirectas, de que as cerimónias litúrgicas nestes credos iniciam-se, quase sempre, pela leitura e
posterior comentário de algumas passagens do Antigo Testamento.
Podemos deduzir que as sementes para agir com crueldade estão
lançadas. Só falta aplicar as receitas quando entenderem ser
oportuno.
Igualmente,
os judeus, e em especial os mais ortodoxos, conservadores, só
aceitam, como livros sagrados, a seguir e obedecer, precisamente o
que antecedeu à passagem de Jesus como enviado por Deus Pai como
sendo seu filho, dado que, ainda hoje, estão aguardando a chegada do
Novo Messias, uma vez que não aceitam ter sido Jesus da Nazaré. Há
sentenças para todos os gostos.
Será
esta negação do Novo Testamento, em oposição ao que se descreve
no Antigo Testamento assim tão importante? É evidente que sim. No
texto anterior já deixei explícito que o Deus da Bíblia, no A.T. é um ente
extremamente rigoroso, pouco adicto a exercer perdão e, pelo
contrário, preferir as soluções mais drásticas, doam a quem
doerem. Aqui está a máxima disparidade entre o A.T. e a doutrina de
Jesus.
O
modo de encarar esta diferença, sem contudo a mostrar abertamente, é
diferente entre católicos e protestantes, embora temos que
reconhecer que dentro da bondade circunspecta do catolicismo, a cúria utilizou as torturas e castigos extremos quando entendeu, sem que
isso os desviasse da imagem amável que se desejava manter. Os mais
ortodoxos, sejam eles judeus ou cristãos, fazem as suas
interpretações na forma que lhes convêm em cada momento. Por isso
não nos deve admirar saber que muitos “cristãos” colaboraram
convictamente com os nazis ao longo do holocausto.
Semelhantes
devem ser as interpretações dos muçulmanos, que, em princípio,
constituem a terceira rama dos denominados povos do livro. Nestas
coisas encontram-se sempre justificações para os maiores atropelos
e atrocidades, e sempre baseados em argumentos de fé e salvação
das almas. Das suas evidentemente.