domingo, 28 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Uma receita que é um segredo

 Nestas semanas de clausura obrigatória e receio de aumentar o peso corporal se nos dedicarmos a petiscar, existe uma possibilidade de dar prazer ao paladar e, ao mesmo tempo, ajudar a entreter o tédio quando as actividades, mais ou menos lúdicas, se interrompem , seja qual for o motivo.

A receita surgiu ao recordar um hábito tradicional, que por não frequentar os locais apropriados, não sei se ainda está vigente.

Alguns clientes quando pedias que lhes servissem um café, numa das várias definições que existiam, por vezes peiam que fosse "pingado", com uma gotas de leite. Ou, mais sibariticamente, com "um cheirinho"

Pensei, num momento de notável lucidez: E será possível melhorar o prazer (?) de comer aquela micro  dose de iogurte adicionando-lhe umas gotas, digamos um fiozinho, de qualquer bebida alcoólica (que não cerveja) ?

Dito e feito. Melhora imenso! Depois de tirara a tampinha e lamber, cuidadosamente e sem pensamentos eróticos, a sua face interior, juntar um cheirinho da garrafa que tiver mais à mão (sem ser aquela mistela de agua com álcool que dizem nos desinfecta as mãos) Mexer bem, para homogeneizar, e comprove que aquele conteúdo melhorou consideravelmente.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – O desnorte da “classe média”

Nota prévia: O que tenho em mente é a ideia, pessoal, de que existe uma convicção errada, por uma parte das pessoas acomodadas, em se auto-considerar como pertencentes a uma zona social “em expansão”. A estarem situados numa burguesia que, de facto, tem uma base económica muito periclitante.

Recordemos que a nova classe social, independente da nobreza e da Igreja, surgiu na Idade Média quando as cidades -burgos-, foram ganhando importância em consequência do abandono dos campos pela dificuldade em subsistir. Nas cidades foi factível, para algumas actividades especiais, conseguir estabilidade e meios económicos próprios. Aconteceu com alguns artesãos especializados -como ourives- e a médicos, notários, advogados e outras profissões liberais. A eles juntaram-se empresários que careceram de ajudantes especializados ou como mão-de-obra com baixa remuneração. Assim surgiu uma nova classe com poder crescente e sem compromissos sociais: A burguesia.

Regressando à actualidade. Com os efeitos secundários que a pandemia está provocando no tecido social em que vivemos, é muito provável que bastantes famílias, que tinham conseguido habituar-se a ter mais do que uma residência. A gozar férias no estrangeiro várias vezes ao longo do ano civil. A poder usufruir da comodidade, e vaidade, de ter vários carros à sua disposição, além de residir em casas grandes, bem mobiladas e com todo o conforto desejável, súbita e gradualmente se viram privados de algumas benesses.

Apesar do recurso ao tele-trabalho, deve ter sido quase impossível não sentir os efeitos, nomeadamente no seu grupo familiar, do confinamento obrigatório. E pior. O encerramento de empresas pode ter colocado muitos dos membros da sociedade que, paulatinamente, se tinham habituado a “ser gente”, a verem-se num estado de

No século XX -ou seja recentemente pelo calendário evolutivo- a noção de pertencer à burguesia tornou-se a meta para quem, seja como for, tinha conseguido uma agradável estabilidade económica -mesmo que mais aparente do que real- com a qual se podia sentir destacado perante aqueles do grupo de onde tinha saído recentemente.

Esta aparente burguesia sem base económica própria e consistente, será uma das vítimas mais desmoralizadas que pode surgir com esta pandemia. Mas tenhamos fé em que alguns recuperarão, com esforço e novas oportunidades. E novos membros se incorporarão à falsa burguesia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES- A polémica dos brasões

 

Um assunto que só posso tocar com pinças, e com luvas cirúrgicas. Sem esquecer a máscara...


UMA POLÉMICA DISPENSÁVEL

A decisão de retirar, nos jardins da Praça do Império, os brasões das então colónias e posteriormente províncias ultramarinas, e nos dias que correm são países independentes, tem gerado uma polémica que não parece leve caminho de se poder terminar a contento de todos.

Deixando de lado, porque o tempo não volta para trás, -como pedia o Mourão na sua cantiga, com bastante êxito na sua altura- o facto de como se chegou a encomendar o projectar e executar os tais brasões. Como se sabe era uma das várias acções que estavam inclusas nos festejos produzidos pelo regime do Estado Novo, na remodelação da franja do lado direito da foz do Tejo que terminava na requalificação (merecida) da Torre de Belém.

Como, provavelmente, a selecção das imagens, simbólicas, que deveriam figurar em cada um dos brasões, não foi decidida após uma ampla consulta popular entre a população de cada uma daquelas áreas a brasonar. È notório que o tema pode atingir um nível de guerrilha com pouco sentido neste século. 

Uma ideia maluca que me ocorreu, -e que não creio que alguém a considere como interessante e factível- seria o da “passar a bola” aos embaixadores destes novos Países, acreditados em Lisboa, a fim de que possam dar o seu parecer. For ele como aval de continuarem no locar onde ainda estão implantados -ou estiveram durante décadas- ou de os apagar de vez. Ou seja, a sentença passaria a ser dos visados e não de um departamento camarário que qualquer cidadão pode criticar, independentemente de ter razão ou não.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Já é um pouco tarde

 Tinha escrito um texto, excessivamente longo, com o propósito de justificar a minha posição de reserva quanto à pressão que no único recanto que visito através da Internet, é um tal de Facebook, apesar de ter a noção de que são vários os grupos que coabitam nesta rede.

Deixei o texto a marinar durante a noite, em vinha-de-alhos, e no dia seguinte, ou seja hoje sábado, decidi que não vale a pena tentar explicar as causas e o meu impulso de retraimento no que respeita a “abrir a porta” a pessoas que desejam, ardentemente, ser meus amigos-a-martelo, como o vinho falsificado.

Tentei descobrir, dentro de mim, as razões porque tantas pessoas, totalmente desconhecidas na sua maior parte, querem entrar numa lista sem sentido.

A única explicação para esta corrente é que pretendem fazer uma lista de nomes o mais longa possível, como se estivessem a coleccionar selos, tampas de refrigerantes, carteiras de fósforos ou outra bobagem qualquer.

Apesar de que avalio que, para mim e nesta altura, o imaginar que posso passar a ter uma imensa e imparável quantidade de “amigos”, chega um pouco -ou mesmo muito- tarde para mim, dado que a probabilidade, inevitável, de deixar de estar presente de um momento para outro é muito alta. Ao insistirem com a minha participação estão perdendo uma parte do vosso “preciso tempo”.

MAS -dizem que sempre há um mas...- vou satisfazer as vossas ânsias. A partir deste instante vou aceitar todos os pedidos de amizade. E seja o que Deus quiser. Até se fartarem!

domingo, 7 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Como sinto as cores

 O facto de que -eu por exemplo- ao ver uma cor dominante sinta uma sensação psicológica determinada, não garante que todos os nossos companheiros de viagem se encontrem em igual sintonia. Mais: temos referência de que em cada cultura, em geral de zonas afastadas entre si, as cores podem ser associadas a situações muito dispares.

Como exemplo, conhecido por muitos de nós, é o caso das vestes lutuosas. No ocidente europeu o luto carregado implicava vestimenta preta, ou pelo menos, para os homens, a gravata preta ou uma faixa preta no braço. Na zona oriental do globo é o amarelo vivo que denota a tristeza por uma morte.

Este tema, que não me é novo, apareceu-me no acordar, num estado de semivigilia, e me levou a fazer um inventário, mental, de como as cores de um ambiente ou de um objecto em destaque nos afectam.

Existem estudos sérios sobre este tema. Inclusive tenho -mas não sei em que prateleira está- um livro técnico que analisava os efeitos psicológicos das cores e servia para ser uma guia para pintar, com atenção, paredes e objectos em locais específicos.

É com base nestes estudos que se optou por pintar as paredes dos corredores de clínicas e hospitais em tons claros de verde ou azul. De preferência o verde! A razão estava no admitir que esta cor nos orienta para a tranquilidade da natureza, dos prados... A cor branca, que em geral a sentimos associada ao asseio, à limpeza, entra na zona das cores frias, que se deve quebrar com alguns toques de cor mais quente.

Mas estas duas cores entram, sem dúvida, na zona que chamamos de “cores frias” e por isso não são nada indicadas para pintar paredes de casas de banho, nomeadamente se lá existirem as instalações de asseio corporal (lavatórios, duches, banheiras), pois que a visão nos transmite uma sensação de frio. Infelizmente ao associar o facto de ali se encontrarem torneiras que debitam água e associar a cor azul a este líquido leva a muitos, desconhecedores, a optar por tons de azul ou verde.

As cores consideradas “quentes”, que vão desde o creme, os amarelos, castanhos com diversas intensidades, laranjas, rosas e vermelhos suaves, tem as suas aplicações bem estudadas. Os gráficos publicistas sabem como os usar a fim de chamar a atenção para pontos concretos.

O vermelho intenso pode provocar exaltações mentais muito indesejáveis em espíritos excessivamente sensíveis. O motivo é porque, instintivamente, nos leva a imaginar sangue derramado, feridas, morte! O vermelho escuro, quase roxo, pode mentalmente ser associado com sangue seco. A evitar! Por esta razão são cores banidas de clínicas e hospitais; inclusive em muitas zonas de uso civil não especializadas. Excepto quando, precisamente, se quer quebrar o equilíbrio emocional de quem entra.

O violeta e roxo, também, e por influência da cultura cristã, trazem uma conexão com o sofrimento, com as torturas. Daí serem as cores que se usam nos paramentos das igrejas na Semana Santa. Até umas décadas atrás, havia mulheres que, por uma promessa piedosa, vestiam, durante uns tempos, hábitos pretos ou roxos.

Finalmente chegamos ao preto, que podemos considerar como a carência de cor. Sempre conectado com as trevas, com com perigo invisível, com a noite cerrada, com o averno. Além de ser usado em vestes fúnebres também, e certamente que por influência das castas mais dominantes, mantém-se em roupas masculinas de grande cerimónia. Como se a alegria, a boa disposição, não se pudessem enquadrar em actos sociais onde, precisamente, se devia incitar o regozijo. Só alguns atrevidos se trajam de cores claras.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Esta humidade

Não é fácil domesticar o clima 

Não sei se de facto é consequência da humidade ambiental, que o higrómetro mostra estar além dos 100%, o que equivale a dizer que teremos que mudar de roupa e vestir os calções de banho, nem que seja indo até Cascais e fazer uma despir/vestir na praia dos pescadores, à maneira do Tio Marcelo. E ir treinando a possibilidade de respirar pelas guelras, que não tardarão a surgir, junto ao pescoço.

Seja como for, apesar de que não chove, o céu está de um plúmbeo umas vezes escuro e outras em semiopaco, como aqueles gelados que não são bem, mas que se qualificam de semifrios. Há mais coisas em nosso redor, e inclusive muitas pessoas, que estão no domínio do que se diz “nem carne nem peixe”, e acrescenta-se: “antes pelo contrário”. Umas ambiguidades que não nos satisfazem.

Ocasiões há em que, perante as imprecisões o nosso instinto de defesa decide criticar, gozar, escarnecer. E assim disfarçar a carência de compreensão.

Deixando de lado as elucubrações inócuas e voltando à desagradável atmosfera que nos rodeia, é de bom senso referir que o forçar, uma elevação da temperatura do ar que nos envolve dentro do habitáculo, com o auxílio de aparelhos de consumo energético é, além de prejudicial para as bolsas, um artifício de alcance limitado, e por vezes até pernicioso, pois que ao ultrapassar a barreira, invisível, do conforto artificial e entrar no espaço imediatamente contíguo, não só nos bate na cara, e no corpo em geral, a situação climatérica de que queremos escapar mas, nos arriscamos a que esta mudança facilite a investida de algum vírus com um grau de malignidade concreto e por sinal invisível a priori.

O que posso, e devo, declarar, é que não se pode optar por tarefas voluntárias porque o desânimo está em grau superlativo. O corpo pede moleza, dolce far niente, com a convicção de que os agasalhos não são totalmente eficazes. Se calhar uma vestimenta ao estilo esquimó – fresquinho, seria recomendável.

Após estas lamentações, inúteis mas não descabidas, surge a dúvida de se a languidez, moleza, quebranto ou como lhe quisermos denominar será aquilo que alguns comentadores referem como um dos sintomas que aparecem quando a pessoa foi atacada pelo Covid 19, 20, 21, …. quando aparece este número sempre salta à minha memória a associação com o nome João. Deve ser por estar numa placa viária.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Sobre a liberdade de escolha

 Uma das “verdades” que nos foram inculcadas é a de que o homem (noção que inclui as mulheres e variantes) tinha a inegável capacidade de orientar a sua vida, o seu destino, as suas voltas e reviravoltas, ou seja, que podia conduzir o seu futuro com absoluta liberdade de opção. Será mesmo assim?

Avaliando pelo meu percurso pessoal e até baseando no que conheço (admito, sem hesitar, que nem de mim mesmo sei todos os vectores que me empurraram a decidir. Quanto mais das outras pessoas...) as decisões que orientaram o percurso de vida raramente foram tomadas sem ponderar uma série, mais ou menos longa, de pressões em sentidos diversos ou mesmo opostos. E que posteriormente vimos que o que foi decidido, como se fosse de livre vontade, ou mesmo indubitavelmente pela própria cabeça, foi um erro, que conduziu, sem uma forte capacidade de emenda. Quando a decisão foi tomada por ser a única possível, e por vezes até por pressão exterior, a conversa é outra.

As reacções que o indivíduo pode sentir quanto está ciente de ter errado no caminho resumem-se em três (cuja escolha apresenta, novamente, a incerteza) A saber: continuar e esperar que a situação melhore de por si; virar para para um novo rumo ou tentar recuar à posição inicial. Os jogos de tabuleiro -salvo aqueles em cujas regras existe a possibilidade de avançar como prémio ou retroceder como castigo- nos dizem que uma vez feita a jogada é irreversível. Todavia na vida nem sempre esta penalidade é irrevogável.

Na fase da nossa vida colectiva, anormal, em que sabemos estar cativa a sociedade mundial, as possibilidades de tomar decisões pessoais, que contrariem aquilo que as normas e regras em vigor nos obriguem, são cada vez menores. Pior! Muitas pessoas passaram de estar num patamar aceitável, mesmo que não exactamente o desejável, para ser empurrados para situações que julgavam estar já fora do seu horizonte “normal”.

Para um colectivo, não quantificado pelos responsáveis da governação,mas que sem dúvida alguma engrossa as suas fileiras diariamente, as possibilidades de retomar a vida anterior estão muito difusas ou mesmo distantes, ou até vistas como irremediavelmente perdidas.

Dizia-se que a esperança era a última coisa a perder. E, por tabela nos diz que a (em melhores tempos. Mas não na fé cega da religião, que consola o desgraçado (?)) e a carência de meios próprios induz a que se sinta difícil exercer a caridade social, já que todos sabemos que o País, na sua totalidade, há muito tempo que vive de fiado, “confiando” em que perdoem as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.

Mas será que nos devem alguma coisa? Ou, dito de outra forma. Será que aquela grandeza histórica que tanto se tem badalado ao longo de décadas, ou séculos, já não é valorizada como um capital pelos restantes povoadores da Terra? Ou, se calhar nunca o foi

Cinicamente recordamos que, na maior parte das ocasiões, o que uma mão de fora nos oferece implica a que, com a outra mão, nos tira valores superiores e dificilmente recuperáveis. E não só isso. Por muito que tente passar desapercebido, um ricalhaço que perdeu quase tudo e vai ao penhorista, ou mais fino, ao Montepio Geral, sabe que aquilo deixado como penhor dificilmente voltará ás suas mãos, ou mesmo jamais em tempo algum, como se diz popularmente. Excepto se o “artista” pertencer à classe dos políticos e dos banqueiros, seus fieis aliados. Estes conseguem ficar mais endinheirados do que antes de entrar naquelas instituições.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Não me apetece

 Não conheço a razão concreta, que me colocou neste fastio. O que imagino é que devem ser diferentes factores aqueles que, ao se sobreporem, me deixaram apático.

Já que não tenho sintomas de estar mais doente -da cabeça?- do que habitualmente terei que fazer um inventário de tudo aquilo que, começando pelo ambiente exterior, me levou a este marasmo.

Tentei seguir nas tarefas de ”criatividade” que me tem servido de escapatória nos últimos tempos, mas as tentativas não provocaram um impulso de continuidade.

Entreter o corpo nalguma das actividades de manutenção do jardim não é aconselhável, pois além da temperatura não ser confortável, a humidade do ar -segundo acusa o higrómetro-, é quase equivalente a estar dentro de água. E por sinal fria. Reconhecer que estas condições climatéricas que nos toca aguentar são, comparativamente com o que outras pessoas sofrem, noutras zonas do globo, com algum estoicismo (?) um quase verão, e sendo assim nos queixamos por estar mal habituados, não chega para me incitar a jardinar.

A outra fuga que tenho utilizado para gastar, inutilmente, o meu tempo livre -que é todo!- tem sido a de conspurcar telas. Estava num ritmo de “creatividade” tão disparatado que me levada a ter, sempre, duas telas, ou mais, em diferentes fases de avanço. O resultado é que, por mais ofertas -envenenadas- que faça a amigos/as tenho a casa repleta de quadros. Não há espaço livre nas paredes para tal produtividade.

Para esticar a ocupação -e não incrementar a despesa desnecessária- meti-me em preparar umas molduras, caseiras e sem préstimo, apesar de me terem aconselhado a deixar as telas, quando “prontas” sem este acabamento. Tem razão com esta sugestão. Mas acontece que nesta ocupação complementar, gasto mais umas horas mortas.

Posso tentar inculpar o ambiente de reclusão que, além de já durar por demasiados meses. Todavia as previsões, nada optimistas, dizem que isto está “para lavar e durar”.

Nem tudo o que nos noticiam é mau. Há notícias péssimas, difíceis de aceitar ou digerir. Pelo que vemos acontece noutros países, concluímos que aquele adjectivo que penduram ao povo português, de ser maioritariamente sereno e educado, pouco dado a manifestações violentas, nas que qualquer mínima circunstância serve de desculpa (?) para destruir tanto os bens dos outros como os da comunidade em geral.

Felizmente este comportamento, selvagem e despropositado, ainda não está inculcado entre nós.

Uma das pretensas justificações para os distúrbios de rua que nos reportam de países em melhores condições do que neste falido Portugal, é o não aceitar mais restrições nas deslocações. Aqui, neste Jardim à beira-mar plantado, a desobediência é de outro tipo. Mais subtil, menos espaventoso e violenta.

Os descontentes fazem tudo o que lhes ocorre para desobedecer as recomendações, alegando que não são apresentadas com a força de lei ou de diploma. Que não passam de conselhos quase que do género que dão as avós, e assim pode-se optar pelo habitual “não ligar” ou fazer espertices, que vai dar no mesmo.

Outra escapatória que usava era o escrever banalidades e até cheguei a tentar umas narrativas de ficção apresentadas com o estilo de folhetim. Assim me entretive uns tempos, mas afalta, absoluta, de retorno e, mais recentemente, o receber um comentário -amigável e por isso aceite sem rancor- em que me elucidava que o meu domínio da língua portuguesa deixava muito a desejar, estancou esta pretensa faceta de criatividade. Só insisto nuns comentários banais e insípidos que meto num blogue pessoal.

Mas... espero que com o regresso dos dias com sol o meu ânimo retome alguma actividade, antes de que termine mais doido do que sempre fui.