segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

INVENTÁRIO E BALANÇO


Não que ainda tenha minimamente uma convicção de que a mudança da contagem dos dias, meses e anos, implique a possibilidade de implicar umas mudanças, apreciáveis, na nossa maneira de ser e de nos comportar, ou até na forma como encaramos e valorizamos, seja positivamente ou negativamente, os factos que nos chegam e, certamente, nos influenciam em maior ou menor grau. 
Mesmo assim o ter umas horas de sossego nesta altura de dias curtos e frios, quase que recluídos nas nossas casas, incita a que se faça alguma loucura, que descarrilemos abrindo agulha de uma linha que, de preferência, devia estar fechada ao transito, ou mais concretamente à possibilidade de ser vista e criticada por terceiras pessoas. Um descuido qualquer pessoa pode ter de vez em quando, e este promete ser o meu neste fecho de ano civil, ou militar.
Optei por uma tentativa, tanto quanto possível honesta e credível, que defina a minha forma de ser. Numa espécie de auto-retrato, sem garantia de ser correcto, já que aceito que todos somos  mentirosos, pois que sempre deturpamos a realidade a nosso respeito, adoçando-a ou amargando-a, dependendo do estado anímico do momento.
Uma troca de mensagens com um familiar "político", não consanguíneo, incitou-me a que desse mais uma vota na porca que aperta o torniquete da minha forma de avaliar certas situações., comportamentos e grupos sociais diferentes daquele onde estou situado. Com palavras suaves, mas suficientemente explícitas, sou acusado de ser discriminatório, de fugir à pressão actual (?) de nos comportar de forma gentil e amigável para todos os grupos humanos, rácicos, religiosos, culturais que não coincidam exactamente com os meus. Pergunto, com voz angelical: Quem jamais tem pensamentos e comportamentos discriminatórios? Quem pode atirar a primeira pedra? O difícil é conseguir vencer a repulsa e aceitar a convivência.
Pessoalmente e convencido de não estar faltando à verdade, não tenho preconceitos discriminatórios, agudos, perante raças, cores, credos e hábitos de outras pessoas, sejam de grupos próximos ao meu ou mais afastados. Posso conviver e tolerar, sem problemas mentais com gentes muito diversas, sempre e tanto que não me sinta potencialmente agredido pelos outros quando eles se comportam de forma nitidamente agressiva ou discriminatória. Ou seja, a convivência deponde muito da atitude  e comportamento dos elementos do outro grupo.
Um exemplo notório é o caso dos membros da tal etnia cigana. Eles são absurda e totalmente segregacionistas, embora nas novas gerações se possa notar um esforço visível para de adaptarem aos costumes dos "paios". Mesmo assim são gentes que, grupalmente, não nos podem inspirar confiança, e nos induzem a os ver com uma prudente reserva. Melhor longe que perto. Aceito que entre os "calé" existem, sem dúvida, excelentes cidadãos. Mas o facto de que eles prefiram viver num círculo exclusivo, fechado, nos leva de imediato a desconfiar. O que não implica que devemos confiar,plenamente, com todos os membros do "nosso grupo", sabendo que os há tão velhacos,ou mais, do que o mais rejeitável cigano.
Concretamente no meu caso pessoal, e por ser de origem catalão, as diferenças que fui apreciando em relação aos espanhois castelhanos, acentuaram a adversão geral perante o seu comportamento grupal perante a Catalunya. Independentemente das convicções de cada um, o governo central da Espanha, herdeira do fascismo franquista e com uma monarquia recuperada pela força das armas, depois de muitos milhares de mortos consequência de um golpe militar ultra-conservador, conduziu a que os avanços conseguidos no período republicano, rejeitado pelos católicos extremistas e militares facciosos, fossem anulados sine die.
Ou seja, ainda hoje se percebe que a imensa maioria de cidadãos espanhóis comportam-se, tacitamente, como sendo partidários de manter, e exigir, um centralismo totalmente unificado, que se disfarçou com um chamado estado de autonomias, com o qual se concederam alguns graus de liberdade a determinadas regiões, sempre e tanto que permaneçam fiéis à indivisibilidade da que consideram ser UMA NAÇÃO. Isso não os impede a que, de boca pequena, declarem que a Espanha é um País de Nações !
Podemos encontrar alguns espanhóis, com fala e sentimentos castelhanos, que nos digam ser favoráveis a uma mudança no sentido de recuperar um ESTADO FEDERAL, como se tentou na República derrubada. Tretas !, por enquanto não se vislumbra existir um quórum que apoie, firmemente, esta mudança. Que implicaria a desconstrução da monarquia teatral actual, que é acusada de ser fonte de negócios prejudiciais para a Nação, e retomar a República Parlamentária e Federal. Digam o que disserem estes pretensos contestatários, por enquanto comportam-se coniventes e agradados com o comportamento do centralismo, que deve manter a sua bota sobre o povo catalão.
O argumento de que no espaço geográfico da Catalunha os cidadãos, indiscutivelmente catalães, são menos do 50% dos residentes, é o mesmo argumento que foi usado pelos diferentes governos anexionistas no globo terrestre  ao longo da história. Enviam-se colonos para diluir os naturais.
Por estas e outras razões, da mesma laia, reneguei do facto de por nascimento ter sido favorecido com a nacionalidade espanhola. O que não me impede de ter trato, de igual para igual, com espanhóis não obcecados com o centralismo oficial e oficioso.

sábado, 15 de dezembro de 2018

TRISTE MEDITAÇÃO

Quando me decidi a colocar os meus pensamentos, em vez de os deixar morrer em páginas de papel, no que se chamava de diário pessoal, e os editei neste meio electrónico, ficando à disposição de não identificados leitores, sempre esperei conseguir uma dose, mesmo que pequena, de diálogo. Não que esperasse aplausos ou adesões, pois aqui não germinaria uma movimento político.

A realidade dos factos é que fiquei mais isolado do que o canário na gaiola. Por varias vezes tentei abandonar esta triste e solitária iniciativa, mas  minha falta de respeito a mim mesmo me fez tombar uma e outra vez nesta vergonha de isolamento. Até um dia em que vos deixarei sossegados.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 59 - Ser racional e honesto



Sempre? É difícil

Admito que as pessoas, pelo menos aquelas que se auto-avaliam como tais, desejam se apresentar e manifestar, seja de viva voz ou por escrito, sempre com total racionalidade, e sendo possível com honestidade. A experiência obriga a reconhecer que não são poucas as ocasiões em que, seja pressionados pelas obrigações sociais ou para não desgostar intrinsecamente aquele/a a quem nos dirigimos, falseamos o nosso parecer. Depois podemos sentir a consciência pesada; não estarmos satisfeitos connosco; a opção mais practica é a de aproveitar o automatismo de nos defender esquecendo os remorsos.

Infelizmente, o ter atingido uma idade provecta (gosto deste termo. É bom para aplicar nas palavras cruzadas) oferece-me o lastro de rememorar acções de que, hoje, me recrimino e, para mais peso na consciência, reconheço que não se pode voltar atrás no propósito de corrigir. Dentro deste saco de recordações desagradáveis há pecadilhos, veniais com diziam na catequese (o dicionário diz que este termo corresponde a uma falta leve) outros mais graves e no topo da escala os mortais, sem possível remissão. Cinicamente tento ficar no nível dos veniais. Mas sem convicção.A catequese pesa.

As horas sem conseguir ferrar o sono e nas que, quase sempre, faço inventário dos meus pecados. São fases amargas, e constituem a minha penitência em vida, pois que, pelo que me atinge, não necessito de falecer para me encarar com o santo tribunal. Eu mesmo nestes momentos de fraqueza, sou o meu juiz implacável. Ou seja, a história da classificação dos pecados ainda me pesa. Mas não me ameaço com penas pós-morte, dado que não conseguiram que ficasse até a idade adulta com a crença da ressurreição e das almas penadas. Sou dos que afirmam, convictamente, que os que tem penas são os índios americanos, os outros levam um turbante, quando levam. Pontualizando, os índios penados, do continente americano, são cada vez em menor número; e mesmo entre os que restam a maioria desistiram de cravar penas na cabeça.

Não quero terminar sem insistir que, dentro de ser possível, é conveniênte e favorável para a convivência -mas arriscado- ser racional e honesto. O risco que se corre é sobejamente conhecido, pois se há coisa perigosa é ser escravo voluntário da verdade. Em muitas ocasiões é preferível um cauto silêncio e deixar passar a bola. Até já ouvimos contos didácticos em que se referem os perigos da verdade. A maior parte das pessoas, bem educadas e conhecedoras, sabias portanto, utilizam eufemismos menos crus do que a estrita verdade. Aliás, recordemos que existe a máxima social que avisa Com a verdade me enganas, afirmação que implicitamente nos diz que existem verdades que é preferível negar.

E agora um apanhado de provérbios sobre o tema:

A verdade, ainda que amarga, se traga.
A verdade é amarga, a mentira é doce.
A verdade é clara e a mentira é sombra.
A verdade é manca, mas chega sempre a tempo. (será assim?)
A verdade e o azeite andam sempre ao de cima.
A verdade não quer enfeites.
A verdade não sofre dissimulações.
A verdade não tem pés e anda.
A verdade tem asas.
Mal me querem as comadres, porque lhes digo as verdades.
Do dinheiro e da verdade a metade da metade.
Onde falecem as verdades, prevalecem os enganos.
As más suspeitas destroem as verdades.
Não há pior zombaria do que a verdade.
Pelejam-se as comadres,descobrem-se as verdades.
Dobrada é a maldade se feita com cor de verdade.
Ao médico, ao advogado e ao abade, falar verdade.
Quem não me crê, verdade não diz.
Vai-te a língua para a verdade.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 58 - XENOFOBIA


POR ENQUANTO AINDA NÃO APANHAMOS
As notícias frequentes de atentados, sempre atribuídos à pressão islâmica, são, propositadamente, desdramatizados das suas origens simultâneamente referindo a presumível existência de xenofobia, por parte dos ocupantes, e jamais dos migrantes, e justificando as consequenciais da pressão invasora de fluxos humanos. Dando a entender que todos nós somos culpados das pressões existentes no seu território de origem. Pressões ocasionadas, por diversos problemas, sejam eles de guerras, perseguições, fomes,  excesso populacional, ou combinação de diversos factores que induzem os povos a se deslocar, em migração, para tentar escapar e melhorar a sua vida. Uma situação que está muito longe de ser novidade, pois que desde os primórdios das civilizações estas migrações, invasoras, tiveram ligar.
Existem diversos factores que influenciam a situação. Um deles, que é referido com frequência, é que nos países com economia evoluída a renovação populacional, vista como a substituição dos cidadãos falecidos por novos elementos, descendentes do mesmo grupo social e étnico, é deficiente. Facto que, não se pode considerar como inusitado, pois que após grandes conflitos e pestes as populações residentes se viram drasticamente dizimadas. O que é novo é que se anteriormente a diminuição populacional se compensava, quase no período de uma geração, hoje os novos casais optam por não ter descendência ou por reduzir o número de filhos a um. Os migrantes, que não atingiram o estado de estabilidade económica, continuam no esquema mais tradicional de procurar garantir o sobrevivência do grupo por meio de contínuas gravidezes, mesmo que as doenças endémicas deixasses de desbastar, cruelmente, as populações.
O que é relativamente novo nas sociedades ocidentais não é a convivência entre indivíduos de etnias muito diferentes, com costumes e doutrinas religiosas que conduzem a confrontos violentos. A xenofobia é instintiva, natural, e não só entre os humanos. Para vencer o desconforto, o receio, de ter que conviver com gente notoriamente diferente daqueles com que estávamos habituados, ou com os quais não existiam confrontos com agressividade, é necessário um duplo esforço, por um lado de educação para aceitar o diferente, e depois de vencer os naturais receios gerados quando o número de forâneos ultrapassa a quantia que, sem estar definida, aceitaríamos sem receios alarmistas. Neste jardim calcula-se que os africanos de origem e seus descendentes, somem uma quantidade raiana dos 90.000 indivíduos, que até se admite ser, provavelmente superior.
A noção de xenofobia com que nos procuramos inculpar é relativamente recente, em dimensão, na sociedade ocidental. Os precedentes na literatura europeia são bastantes, mas podemos referir três como amostras de diferentes fases do receio racial. Quando em 1603 William Shakespeare publicou o drama de Otello. O mercador de Veneza, o cerne da situação não estava exclusivamente na cor da pele do protagonista (um moiro de pele escura, casado com uma dama branca da corte veneziana, mas dos ciúmes que germinaram por infâmias sobre o comportamento da esposa com um veneziano, branquinho como o requeijão. Otello continuava sendo bem visto e apreciado pela alta sociedade veneziana.
Em 1719 o inglês,Daniel Defoe metodista fervoroso, apoiando-se em relatos de náufragos posteriormente resgatados, escreveu as aventuras de Robinson Crusoé, uma obra que, pelo seu conteúdo e mensagens socialmente cativantes, predispunha a considerar que o homem criado sem a influência da cultura ocidental, tinha em si um nível de bondade inquestionável. Isso apesar de que entre eles existissem guerras cruéis e inclusive canibalismo. Uma obra que se tornou extensivamente divulgada e considerada como fundamental para a educação dos jovens europeus. Por todo o século XVIII foi o texto que mais edições teve e que em mais línguas foi traduzido.
Esta noção da nefasta influência que a cultura ocidental exerceu sobre os povos indígenas, ou selvagens no conceito de não estarem cultivados no mesmas regras do que (teoricamente) se regiam os ocidentais, teve uma ampla difusão no século XVIII. Muitas obras se escreveram e ditaram com esta argumento. O mais famoso texto é de Jean Jacques Rousseau, que em 1755 publicou O BOM SELVAGEM. As doutrinas emanadas na noção de que a maldade dos povos "incultos" era consequência do mau comportamento dos "brancos", ficaram gravadas, inconscientemente, em muitas mentes e nos levaram a assumir culpas injustificadas, se não de tudo aquilo de que nos acusamos, pelo menos de uma boa parte do que sucede à nossa volta neste contexto.
O que sim posso afirmar é que, até hoje, o tentar explicar certos acontecimentos, traumatizantes, com distúrbios e mortes, tornou-se incómodo para muitos cidadãos, temerosos de que as suas opiniões pessoais conduzam a que, aquele que se atreveu a polemizar, seja qualificado de racista e xenófobo. Como em muitos outros assuntos, não nos podemos cingir, estritamente, ao claro e ao escuro; há muito cinzento que deve ser visto com calma.



segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 57 - HAVERÁ TEMPORAL ?


O QUE VEMOS NA EUROPA, E NO CONTINENTE AMERICANO

Temos que reconhecer que o facto, irreversível, de Portugal estar no extremo oriental do continente sempre proporcionou uma decalagem temporal importante em relação às convulsões políticas que se geraram, especialmente no centro europeu. Mas, à semelhança da amortiguação dos movimentos oscilatórios, as ondas de choque, quando nos alcançaram já não carregavam a virulência da sua génese. Apesar desta constatação hoje temos a obrigação de valorizar que a globalização não se limita ao comércio e às sociedades que  ficam directamente afectadas. Tudo é mais rápido do que jamais foi.

Não pretendo alarmar a tranquilidade de quem tenha a pachorra de me ler, mas se dermos uma volta pela imprensa internacional, onde os artigos de opinião e os editoriais nos contam muito mais do que os noticiários esquemáticos, podemos ficar cientes de que se estão organizando mudanças sociais e políticas muito importantes, não só as devidas a efeitos secundários da referida globalização, como são a precariedade laboral, a estagnação de muitos níveis salariais, o progressivo desemprego profissional, os receios de quebras no esquema de reformas e outras regalias, o aumento constante de impostos, directos e indirectos, mas a verificada deslocação, repentina e imprevista, do eleitorado no sentido de aderir aos partidos da direita, em especial da extrema direita, que se beneficiam do descontentamento existente, e que a sua propagando magnifica.

O clima de descontentamento e desorientação das classes que dependem de salários, sejam do nível baixo ou médio, são um alvo apetecível, e  propício, para a propaganda de grupos extremistas. Imaginar que entre nós, em Portugal, o facto de termos um governo que muitos consideram "contra natura", onde se finge manter uma  colaboração de fidelidade quase que canina, entre partidos teoricamente mais radicais, mas de facto lutando pelos interesses dos seus sócios e um partido que deixou de ser socialista e se acomodou, ou melhor, os seus quadros dirigentes se acomodaram, ás benesses do capitalismo e podem permitir-se o mesmo estatuto efectivo de impunidade que todos os políticos, seja no activo -caso de estar na linha visível se possa considerar que trabalham- gozam (um gozar não só na aceitação de usufruir mas também, e tristemente, de fazer pouco da população) e o pântano em que os fazedores de legislação colocaram a Justiça, não passam desapercebidos da cidadania.

Está criado um caldo de cultura, um ambiente rarefeito, que mesmo aceitando a pretensa qualificação de ser um povo tranquilo, sossegado, pouco disposto a bater-se por problemas comuns, a história nos mostra que em existindo um interesse, mais ou menos oculto, na exacerbação da população, não é tão difícil como se pode pensar, criar um ambiente de mudança gerida por controle remoto. Inclusive é factível, como se provou noutras sociedades, mais evoluídas do que a nossa, criar novas formações políticas que, com orientações quase programáticas, mas sempre mal definidas, podem conseguir alterar o panorama eleitoral.

Por hábito, ou por apatia mental, custa.nos acreditar nos financiamentos ocultos, mas eles existem, e colocam importantes somas de dinheiro vivo, que permitem organizar, quase de pé para a mão, a propaganda para incitar o descontentamento. Temos os exemplos concretos de como os eleitorados americano, brasileiro e mais recentemente da Andaluzia espanhola, deram um virote nas suas escolhas. De repente  nos deparamos com uma progressão inesperada dos partidos xenófobos, direitistas, nacionalistas, a um degrau apenas de aderirem às acções fascistas, que se pensava estarem relevadas para a memória histórica.

A cupidez,  ambição e o desrespeito pelas suas funções de condutores e servidores do povo, daqueles que se diz foram eleitos por nós, estão deixando um caminho aberto, com muitas faixas, para que os extremistas da direitona se movimentarem quando assim o entenderem. Os cidadãos não sentem, caso alguma vez o tenham sentido, respeito nem fé na Assembleia da República. É ali onde teria que se dar uma forte reviravolta preventiva a muita coisa e que não se prevê aconteça. E não teria que ser amanha, hoje já era tarde. 

Quanto antes acordem melhor para todos; eles inclusive. Mas é impossível pensar nesta prenda de Natal. Antes pelo contrário. Mais parece que em vez de ocuparem (quando lá estão de facto) um semicírculo estão num quadrado como em Chaimite, defendendo com unhas e dentes, tal como gatos assanhados, as suas prebendas. Podem, e podemos todos, ter uma surpresa. Que gostaria de considerar improvável.


domingo, 9 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 55 - SINTOMAS DE DESCONFORTO

REVOLTA NOS BOMBEIROS ?

Penso que a maioria dos cidadãos devem ter ficado um pouco admirados ao receber a notícia de que a Corporação Nacional de Bombeiros decidiu afastar-se do domínio da Protecção Civil. Não estou minimamente ligado a este conflito, mas considero que deve ter sido visto como anormal pela população. Todavia, se atendermos aos sucessos dos últimos dois anos, especialmente nos grandes incêndios florestais, incluídos os que afectaram fortemente as populações, com mortes e perdas de património, era de prever que os tais "soldados da paz", se vistos como uma corporação merecedora de apreço e respeito, se sentissem atingidos e tratados como "carne de canhão" por parte de um comando mais consentido do que respeitado, nomeadamente quando múltiplo.

Dias atrás, e sem eu ter os elementos de juízo fundamentais, tive o atrevimento de afirmar que, pelo menos nos concelhos mais amplos em território do que em população, os bombeiros voluntários é possível que dependam, económicamente, do que se decide na sua Câmara Municipal, ou seja que, factualmente são funcionários municipais. Assim como, localmente, também o departamento responsável da Protecção Civil não passa de mais um gabinete sob as ordens da equipa municipal. Visto de fora, sem ter nenhuma conversa com algum cidadão afecto a um destes sectores, uma análise imediatista nos pode levar a considerar que a situação, dos bombeiros voluntários, ser por um lado uma despesa paga por um patrão e por outro um corpo de acção, que em chegando a hora da verdade são demasiados os que dão ordens e orientações, que sendo múltiplas é fácil  que nem todas sejam coincidentes. Daí a possibilidade de se ter cimentado um sentimento negativo sobre o seu estatuto, por demais indefinido.

Sabem que sou adicto (afeiçoado) aos rifões (provérbios) populares, e não vos estranhará que procurasse localizar um que, metafóricamente, se ajustasse à situação, que desde longe, eu admitia existir no corpo dos bombeiros: PANELA MEXIDA POR MUITOS NÃO PRESTA. Na cozinha caseira está, tacitamente estabelecido, que só há uma pessoa com poder de adicionar sal como condimento, sob risco de que quando o manjar chegue à mesa se verifique estar salgado o insonso.

Não sei qual vai ser a solução a tomar para clarificar o comando dos bombeiros. E até estou disposto a acreditar que, tal como acontece em muitos casos, isto fique em água de bacalhau que, como sabemos, corresponde a esperar que o tempo resolva o problemas. De facto esta inércia só os pode incrementar. Os problemas, caso não se ataquem de frente, persistem e em cada dia que passa ficam com mais azedume.

A hipótese de  Incorporar todos os voluntários para um estatuto de "soldados do quadro" imagino que  implicaria a responsabilidade de pagamento directamente ao Orçamento do Estado. Não parece factível. Existe capacidade económica para tal? 

Caso, como imagino, que as quotas voluntárias de munícipes devem ser,globalmente, insuficientes, as contas das corporações locais devem estar, sempre, dependentes de subsídios camarários. Se for assim, então estas quantias ficam englobadas no bolo municipal. a troco de serem efectivamente servos dos mandantes da Câmara. Já sabemos que não há almoços grátis.

Atribuir o descontrole efectivo de ter demasiados a mandar não se pode orientar exclusivamente ao departamento de Protecção Civil. Todo este sector de acção humana na defesa de pessoas e bens deve merecer um estudo aprofundado, eliminando a multiplicidade de intervenientes dado que, quando os problemas são graves, sabemos que é importante ter um comando centralizado.

sábado, 8 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 54 - A. DIAS & DIAS

NEM TODOS SÃO IGUAIS

E podemos estar bem satisfeitos com esta mudança. Mas nem tudo são rosas, nem malmequeres, bem me queres, muito, pouco ou nada.  Poderíamos dizes que no avariar é que está o ganho, e então agora em que quando uma coisa se avaria é difícil encontrar quem a possa reparar, ou arriscamos a que para a compostura nos apresentem um orçamento que ultrapassa o valor de um traste novo. A solução que nos cabe é a de tentar encontrar a origem do defeito e conseguir safar a onça por nós próprios.

Por estas e outras eventualidades estou sem impressora funcional, embora tenha três aparelhos destes encalhados. Dizem que caso os tenha tido sem uso durante meses os circuitos de tinta estão entupidos e uma reparação seria mais dispendiosa do que o preço actual de um destes aparelhos, dos mais simples. E porque ainda os tenho a estorvar? Não tenho uma resposta que me satisfaça e menos que possa servir para justificar esta ocupação, inútil, de espaço. Penso que é por simples inércia e falta de sensatez. Tenho que me decidir a despachar estas "relíquias".

Falta o A. BOAVIDA? Não foi a tal falta de esquecimento. Foi uma provocação inocente. Sem maldade. Nem sequer com piada. É o que acontece, com excessiva frequência, quando esta-se convencido de ser um indivíduo piadético.

Antes de iniciar esta redacção escolar tinha o propósito de dissertar, com sensatez, sobre as deficiências mentais que sinto,sem necessidade de me olhar ao espelho, actividade que só me atrevo a tomar quando rapo a barba e, antigamente, se tinha que espremer alguma borbulha, daquelas que soltam uma espécie de esparguete de sebo.. Mas esta fase de acne já passou à história macabra, como outras características fisiológicas que não esclareço, por auto-respeito.

Tinha todo o escrito alinhavado na cuca, mas não estava satisfeito anímicamente. Isso de um fulano se despir para o publico, quando o físico já deixou de ter uma estrutura aceitável, sofrível, não é aconselhável. Nem sequer é prudente ou sensato. Por isso,numa atitude de auto-defesa deixei o rascunho morrer num canto. Não no nono, nem no décimo quarto, mas por estar livre, no quarto escuro, aquele que em  miúdo me diziam que tinha ratazanas e que devia fazer tudo para evitar que me isolassem ali.

A Bem da Nação.
Pede Deferimento.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 53 - Viajar para fugir



UMA IDA AO CINEMA

Ontem assistimos a uma estreia, se bem que estavam quatro pessoas na sala. Cada vez há menos espectadores no cinema, a não ser que os filmes de muita acção e cenários virtuais chamem o público que, por os ver a comprar bilhetes, já abrange desde crianças que há 40 anos nem podiam sonhar em entrar numa sala de cinema, como segue na pirâmide etária até adultos, uns adúlteros e outros monógamos, ou bissexuais, que hoje já está tudo boamente aceite. Lá diz a citação: OS TEMPOS LADRAM E A CARAVANA PASSA.
Pois o filme, que estreava naquela sessão, tem um título bastante longo: UM BILHETE DE COMBOIO PARA LONGE DAQUI. Só de ida. O filme em questão tem um conteúdo que, em grandes traços, se acomoda ao recentemente exibido A VIÚVA , do prémio Nobel de Literatura.
Por respeito tanto aos autores, como aos artistas, produtores e exibidores, não vou dar um resumo do argumento. Mas se escrevo é porque nos,o casal, já com mais de 80 Primaveras nas costas, acumulamos muita experiência de vida, o que nos permite ou incita, a ponderar as mensagens bem evidentes que o desenrolar da acção, que nem sequer é excessivamente longa no tempo, nos expõe de forma, em muita cenas, extremamente agressiva.
Imagino que as pessoas que mais imediatamente captarão o sentido anímico que afectava a personagem feminina principal, devem ser as mulheres casadas por algumas décadas, com filhos, sejam ainda em activo ou viúvas e divorciadas. Os homens, os espectadores melhor dizendo, se estiverem com os olhos internos tão abertos como os que lhes mostram o ecrã, podem ficar bastante tocados, sem sentirem que a sua atitude lhes seja indutora de culpa. Em verdade aquilo que se aponta está imerso no comportamento diferenciado dos dois membros de um casal. 
Um homem que, pêlo menos em certas ocasiões, não abdique do seu instinto de predador sexual, sem que estes desvios conjugais lhe impliquem um pesado sentimento de culpa. Sem pretender discriminar as mudanças sociológicas que a modernidade nos forneceu, é forçoso admitir que, em consequência da mulher ter sido incluída no mundo laboral, as infidelidades de esposa devem ter sido mais numerosas do que na época em que as mulheres, depois de casadas, viviam enclausuradas no lar.
Mas as situações que mais me impactaram, apesar de as conhecer, foram, por um lado, o ter que admitir que as esposas nem sempre estão animicamente afins a partilhar o furor copulativo do marido. No filme esta situação é insistentemente apresentada, amargamente,  possivelmente com a intenção de educar os maridos. Comentando em casa esta faceta do argumento imediatamente se chega à consideração de que o homem, tal como outros mamíferos, carrega no seu seio um bode. E que mesmo que tendo cometido deslizes no capítulo da fidelidade conjugal, depressa neutraliza o sentimento de culpa por se apoiar com o instinto natural. E quem diz tinto pode dizer branco, palhete ou espumoso, mas jamais água-pé. pois que esta beberagem não é coisa que se apresente seriamente.
A outra situação que o argumentista decidiu e que causou alguma surpresa, mesmo desconforto, é o como decidiu terminar a narrativa. Sem ceder ao "politicamente correcto". Sensatamente não fecha a história, e concede à personagem feminina uns graus de liberdade, de opções, que nos podem deixar desconfortáveis quando nos levantamos para sair.


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 52 . Batem à porta


CARONTE PEDE A PALAVRA

Bom dia Senhor Virella, desde ontem Amigo.

Li, e reli por duas vezes, sempre com muito agrado o relato que editou neste seu espaço, centrado na troca de impressões que tivemos ontem enquanto eu estava, meditando e isolado no meio de, uma longa e estática fila de desempregados para tentar conseguir uma ajuda profissional de sobrevivência sobrevivência. E agora venho tentar que me ceda um pouco de tempo de antena para poder referir uma recente mas pujante situação que fez entornar o copo das minhas desgraças.

Se o tema de hoje não ficou devidamente descrito, ontem, deve ter sido por causa de quando aquele maralhal o viu chegar com um microfone na mão, logo, como moscas, nos rodearam compactamente. E eu não estou habituado a apertos. Mesmo quando há chacinas, seja em guerras ou acidentes, como a barca é pequena, só posso levar um máximo de meia dúzia de clientes de cada vez. Os outros tem que esperar na praia. Fiquei nervoso e esqueci metade do que teria desejado contar.

Vou entrar no assunto de hoje. Deve saber, Senhor Virella, que a decisão de optar para uma cremação em vez do enterro tradicional tem tido uma procura espantosa, tornou-se uma moda. Eu, conhecedor do problema da  consumição dos corpos centrado na troca de impressãoes que tivemos ontem enquanto eu estava, meditabundo e isolado no meio de, uma longa e estática fila de desempregados para tentar conseguir uma  ajuda profissional de sobrevivência sobrevivência. E agora venho tentar que me ceda um pouco de tempo de antena para poder referir uma recente mas pujante situação que fez entornar o copo das minhas desgraças.


Se o tema de hoje não ficou devidamente descrito, ontem, deve ter sido por causa de quando aquele maralhal o viu chegar com um microfone na mão, logo, como moscas, nos rodearam compactamente. E eu não estou habituado a apertos. Mesmo quando há chacinas, seja em guerras ou acidentes, como a barca é pequena, só posso levar um máximo de meia dúzia de clientes de cada vez. Os outros tem que esperar na praia. Fiquei nervoso e esqueci metade do que teria desejado contar.

Vou entrar no assunto de hoje. Deve saber, Senhor Virella, que a decisão de optar para uma cremação em vez do enterro tradicional tem tido uma procura espantosa, tornou-se uma moda. Eu, conhecedor do problema da consumição dos corpos, entendo que é uma opção pertinente e ecológica, pois que os cemitérios tem a terra saturada e os corpos levam muito mais tempo a se desfazer, tudo por causa dos medicamentos acumulados nos corpos, especialmente de antibióticos.

Tudo bem, mas o que sei é que na minha barca. Descontando os  caloteiros que não querem pagar o serviço e os trafulhas que trazem uma rodela de plástico onde se pode ler que “vale 50 cêntimos” a realidade é que ninguém as aceita para trocar por moeda a sério. O que posso afirmar é que o rendimento do meu trabalho cada vez é mais fraco, e os meus braços de remador já se cansam como jamais tinha acontecido.

O Amigo Virella, se pudesse estar um par de dias acompanhando-me na barca veria como está a crise para este humilde servidor social. Sim, porque levar as almas até o seu destino final implica conhecer bem a  costa e as características de cada um dos portos onde largar as almas. Lá verificaria que não aparecem almas queimadas ou enfarruscadas, só algumas com as vestes com alguma terra da cova, mas que sacudidas ficam aceitáveis. 

E sabe parqué? Eu sei! Tive que ir espreitar no crematório para ver, embora os meus conhecimentos históricos já me tinham explicado o que acontecia. Ao queimar o corpo, num caixão de aparite ou cartão, muito se transforma em fumo e daí que sai pela chaminé rumo aos céus, quando o estatuto determinado para cada defunto lhe destinava um lugar possivelmente bem diferente. Com os ossos grandes é diferente, pois que não se desfazem. Mas não vamos falar de coisas desagradáveis.

Memorizando recordo que dos que foram queimados em autos de fé pela Sagrada Inquisição, cujas decisões tinham força de lei, nenhum embarcou na minha barca, fossem ou não culpados. Todos rumaram para cima,misturados no fumo da lenha, verde para que durasse mais tempo. Outro tanto aconteceu com os que foram gaseados e queimados nos campos de extermínio nazis. Se o Sr. Virella pensar nisso que lhe digo entenderá o quanto eu tenho sofrido com a crise de trabalho.

Como pode imaginar eu pertenço a uma confraria de barqueiros, que tem confrades pelo globo todo, e com tarefas muito semelhantes. Por isso e pela idade que tenho, que não se pode contabilizar por anos, nem séculos, mas por milénios, não se admirará se lhe digo que falo, leio e escrevo numa imensidade de línguas, antigas, algumas mesmo já mortas, como o sânscrito. E outras em actividade, mas delas as há em declínio, como eu no meu trabalho.

E não maço mais. A conversa foi demasiado longa, e sou falador por natureza, se bem que raramente tenho com quem dialogar dado o facto de que os meus clientes nunca podem falar e de vivos era muito raro aparecer um. Se conseguir ter uma tarde livre gostaria de o ter como companheiro de remadas. Veria quantos lugares ficam vazios nas viagens de agora. E, já agora, lembrei-me de que no dia em que carecer do meu trabalho (que seja dentro de bastantes anos) o levarei a um porto de confiança. Não diga nada a ninguém, mas tenho boas relações com os porteiros da Glória, e sei que tenha muito ou pouco na sua ficha, lhe darão entrada, nem que seja pela porta do cavalo.

Os meus respeitosos cumprimentos e votos de muita saúde. 

O Amigo CARONTE


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 51 - Não me surpreendeu


CARONTE INSCREVEU-SE NO DESEMPREGO

Era uma situação que se antevia desde meses ou anos. A evolução da sociedade não pode oferecer só alegrias e gostosuras, tal como o branco e o preto, também existem sempre os dois polos opostos. E esta dicotomia, que descuidamos como se não existisse, inclusive afecta, num retrocesso que não estava previsto, até ao nível da mitologia clássica.
Por esta razão, e por partilhar do pessimismo que tanto se teme, quando me comunicaram que viram Caronte na fila para se inscrever no fundo de desemprego, de imediato deduzi que esta personagem, mesmo que de segundo plano, estava profundamente afectado e desanimado com as mudanças e faltas de respeito dos humanos actuais.
Procurei informações directas acerca dos motivos que  empurraram Caronte á situação de sentir-se inactivo, abandonado, sem clientes com quem trabalhar na sua função de barqueiro no transporte das almas ao longo do rio Estiges e os desembarcar na praia donde lhes estava destinado ficarem a penar, com maiores ou menores castigos consoante tivesse sido o seu comportamento na vida terrena.
Caronte, enquanto esperava para ser atendido, pacientemente naquela fila, que pouco avançava, recordava a dedicação e esmero que foi seu apanágio ao longo da sua.vida, que julgava eterna, desde a mais escura antiguidade. Obviamente sentia-se humilhado e desprezado, sem que conseguisse encontrar justificações para o que lhe estava acontecendo.
Fomos pedir que nos concedesse uma entrevista, pois o respeito que, pessoalmente, ainda sentimos pela personagem que, de certo modo, encarnou. mesmo que simbolicamente, nos obrigava a tentar entender as suas razões. E Caronte nos concedeu um tempo de antena, dando a entender que com isto poderia ultrapassar aquela tediosa fase de espera na estática fila.
Quis que recordássemos que ele era o barqueiro, em princípio voluntário e gratuito, mas que desde os tempos mais remotos os parentes dos defuntos, quando os depositavam no túmulo, e assim a sua alma poderia libertar-se para poder partir para o futuro interminável,  colocavam uma moeda debaixo da língua do morto, e amarravam o queixo à testa para evitar que a moeda caísse, caso acidentalmente o cadáver decidisse abrir a boca. Quando a alma chegava à praia de embarque na barca de Caronte, entregava ao barqueiro o óbolo que servia para "gratificar" Caronte -ou seja, mais concretamente pagar- sabendo, pélas informações colhidas através das pitonisas, que o barqueiro era ganancioso e que uma valiosa moeda garantia o desembarque num ponto menos mau.
Caronte lamentou-se de que, com a evolução dos costumes sociais, as moedas passaram a ser cada vez de menor valor, e até houve almas que vinham à praia mais pobres que Job. Ele, Caronte, tinha pena deles e  os transportava até um local de terceira ou quarta classe, desculpando-se péla desfeita que os familiares do defunto lhe tinham infligido.
Mas as coisas foram piorando. Recentemente, os familiares,  numa demostração de falta de respeito e até de vontade de insultar o barqueiro, começaram a colocar sob a língua do defunto, uma daquelas chapas de vil plástico que servem para conseguir usar um carrinho onde colocar as mercas no super. Ora, eu -dizia Caronte- fui desde início uma personagem respeitada no universo da mitologia, e não posso permitir que uns badamecos da actualidade, não tão só se furtem ao pagamento como até se permitam insultar.
Tenho ou não tenho motivos de queixa e de pedir um subsídio de desemprego?

Quem somos nós para contrariar tão sensatas e coerentes palavras. Não nos atrevemos a responder a Caronte que como o podem respeitar se eles nem respeitam os seus pais, professores e mestres?



domingo, 2 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 50 - Memória enganadora


NÃO NOS PODEMOS FIAR DA MEMÓRIA

A nossa memória, que vai e vem, conforme lhe apetece, não é de fiar. É mais mentirosa do que a lua em quarto minguante, e traiçoeira. Pior, tem vontade própra e não aceita ser governada pelo utente. Não liga a requerimentos de pesquisa, e quando já entende que estamos totalmente perdidos, desorientados, então pode ser que decida abrir a gaveta onde guardou aquilo que queriamos recordar.
Se não bastasse com as demostrações de egoísmo e prepotência habituais, tem outra arma, letal, com quese deleita em nos massacrar, ou nos agradar quando ela está de boa maré. Todos reconhecem aquio que aqui deixarei: a nossa memória é terrívelmente selectiva. Ela escolhe e decide trazer para ser consultado aquilo que entende. Em geral e para evitar que não decidirmos dar um tiro na cabeça e terminar com estes abusos de confiança, pode colocar-se do nosso lado, mantendo na escuridão os factos desagradáveis e oferecendo, em bandeja de prata, só boas lembranças.
Mas cuidado, lembrem que já nos pregou pesadas partidas, nomeadamente quando manipulou, por conta própria, factos que não aconteceram como nos apresenta ao tentar lembrar. Quantas vezes, depois de afirmar com convicção que uma situação em que tivemos parte activa aconteceu desta ou de aquela forma, em que um disse isso e outro respondeu aquilo,somos confrontados com que nada daquilo que relatamos correspondia à realidade dos factos.Por vontade oculta, mas muito firme,da nossa memória, manipuladora do arquivo interno, ficamos atados ao pelourinho por ter faltado à verdade. Sem águas mornas: coloca o confiado relator no papel de mentiroso, sem que tenha possibilidade, por si mesmo, de esclarecer o como,quando e porque.
Este comportamento abusivo do arquivista pode conduzir a que o indivíduo responsável, ou irresponsável, dos desvios irreais venha a ser qualificado como possuidor de umamente excessivamente fértil, mais rudemente até passar a ser definido como um mentiroso compulsivo e daí ficar socialmente desqualificado, desmerecedor de crédito, mesmo quando não se desvia da realidade nem por um milímetro. Conhecí, de perto, um bom profissional que tinha por hábito melhorar os seus relatos,colocando as suas fantasias com excessiva frequência. Era um dos tais que depois raramente convencem.O tipo de personagem que retrata a história de Pedro e o lobo. Pois numa ocasião em que estava um grupo de pessoas em descontraída cavaqueira, o tal de mente fértil, começou um relato tão fantástico, recheado de tantos pormenores brilhantes, que a certa altura o mais graduado do grupo lhe atirou, sem preparação e cortando a palavra do discursante: O Senhor desculpe, mas não acredito nesta sua história. E digo porqué: é tão interessante, tão brilhante, que quando disse que tinha acontecido uns anos atrás, eu deduzí que estava a sair da fornada neste momento, que era mais um invento seu. E isso baseando-me precisamente no facto de que sendo tão interessante não a tivesse contado anteriormente.
Dizem que a mentira tem pernas curtas, e por isso é apanhada rápidamente. Eu acrescento que nem sempre se consegue descobrir o fraude, Que há especialistas em enganar a muitos. E não digo a todos porque não seria credível. Mas, para ser um pouco bondoso afirmo que o mitómano nem sempre nos pega petas propositadamente. Creio que,de facto, a sua mente fértil o empurra a melhorar os relatos,ou mesmo a os inventar de raíz, por mera satisfacção própria, e inclusive para assim agradar ao ouvinte.  Até o poderiamos considerar um artista incomprendido.
A afirmação final do parágrafo anterior não nos deveria incomodar se avaliarmos as obras de mestres de ficção, Mesmo recohecendo que em certas passagens ou partes das suas obras, se vislumbre que foram ajudados pela facilidade com que conseguem utilizar factos verídicos, fossem testemunhados por eles mesmos ou ouvidos, consultados, de fontes credíveis. Depois tem a tarefa de embelezar, de lhes tirar a identificação real e dar-lhe outra imaginada. São ou não uns mentirosos? E apesar disso lemos as suas obras, e até as compramos para as guardar na nossa estante.



sábado, 1 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES 49 - As palavras variam




DEMOCRACIA E SOCIALISMO. PODEMOS ACREDITAR ? 

A experiência nos alerta acerca da volubilidade dos significados de certas palavras. Seria suficiênte comparar os termos que constam em dois dicionários da língua portuguesa editados com umas décadas de diferença. Se possível uma centena. Teriamos algumas surpresas com os significados atribuídos para alguns termos. Além de serem diferentes alguns ficariam em extremos opostos.

Um exemplo curioso é o do significado do termo sacana, que actualmente equivale a biltre, patife, bandalho, scanalha, malandro, s abido, espertalhão, trapaceiro, libertino, libidinoso, décadas atras correspondia, concretamente, a individuo que manuseia o órgão sexual de outro homem com propósitos libidinosos.

Todavia o meu propósito inicial era o de me limitar a comentar se o significado de palavras de uso corrente na política nos merecem confiança. Numa análise imediata nos encontramos com que o mesmo termo pode ser usado com diferentes propósitos, alguns deles situados em cacifos dispares. Limitando-nos ao nosso tempo de vida, não esquecemos que nos países onde se instalaram regimes fortemente ditatoriais, no intuito de mascarar a sua realidade gubernativa utilzaram, como mote para se definirem, as palavras REPÚBLICA, DEMOCRACIA, SOCIALISMO, POPULAR e variantes, sem se cingir ao significado que se admitia -com reservas- no ocidente.

O termo REPÚBLICA, que se considera ter sido cunhado na Grécia clássica, não coincide com o imaginário actual, e muito menos se o ligarmos ao conceito de DEMOCRACIA POPULAR. Pois que na época em que se colocaram estes termos na gíria política, era muito restrito o número de pessoas que tinham direito a se manifestar, a escolher, a decidir. Hoje, de facto, pouco difere a situação, mesmo que, aparentemente se efectuem eleições gerais e livres, dado que o são com listas fechadas.

Resta alguma dúvida acerca de se a denominação de repúblicas socialistas soviéticas ou de Alemanha democrática do Leste cumpriam as normas de liberdade e direitos individuais eram cumpridos rigorosamente ou,pelo contrário, o rigor de cumprir era o determinado por um grupo de auto-seleccionados, “em nome do seu povo”?

Pois sem cair nestes extremos. tão escandalosos, eu pessoalmente me encontro perante a impossibilidade de acreditar nos cabeçalhos de muitos partidos e grupos de políticos. Tomemos o caso do Partido Social Demócrata. PSD, que todos consideramos estar firmemente ligado ao capital, ou dito de outra forma: é considerado como partido da direita, e em consequência, disposto a transigir com muita relutância e até com algumas ratoeiras que os anulem, aos clamores de melhoras emanados das classes proletárias de vários níveis. Com muita benevolência do cidadão pensante, os epítetos de social e de demócrata, não encaixam perfeitamente É pena.

Vamos ao Partido Socialista PS, Pode estar partido nos seus princípios históricos, mas a experiência nos tem mostrado que o seu núcleo duro está cada dia mais em concordãncia com o poder económico. A história das 30 moedas repete-se constantemente, mas admite-se que as importâncias são bem superiores. Não é de hoje, nem ontem, que se admitiu que o socialismo foi guardado na gaveta, bem fechado. E, sinceramente, atendendo ao pragmatismo desejado na condução da sociedade, ainda bem que retiraram do seu livro de tarefas o nacionalizar à brava. Mas a opçaõ conseguiu ser pior, pois venderam as boas empresas, que deviam permanecer na posse do estado, a troco não de um prato de lentilhas mas (se acreditar-mos nos dizeres que por aí proliferam) de depósitos ocultos e bons lugares de administração.

As facções com denominações semelhantes a Democracia Cristã, apesar de se mascararem com a bonomia da religião, todos sabem que estão, em todos os países onde proliferam, íntimamente ligados à banca e aos negócios mais ou menos escuros. A Itália tem uma longa e triste experiência de como governam estes benfeitores. A evolução da sociedade em geral vai criando anticorpos a estes subterfúgios de mascarar a ignomínia com vestes religiosas.

Resta o Partido Comunista já residual e desacreditado, não só pelos seus logros em Portugal mas, principalmente, porque internacionalmente mostrou ter um roteiro sumamente pernicioso, ditatorial e mais selectivamente nepotista do que qualquer outro. Hoje serve para agitar as águas e pressionar os mandantes a ceder rangenddo os dentes. Mas, não esqueçamos que depois, as contrapartidas ocultas são mais graves do que as benesses concedidas.

E chego ao fim, declarando que sempre fui um utópico socialista, mais virado para social demócrata, por não partilhar com convicção das fúrias expoliadoras dos fanáticos revolucionários. Daí que nunca me filiei em nenhum partido, nem entrei em debates. Prefiro ter total liberdade de crítica e opinião, mesmo que fique restrita ao meu colarinho.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

MEDITAÇÕES 48 - Comentando uma entrevista



O QUE CONTOU O ARQUITECTO TOMÁS TAVEIRA

Li, com progressivo interesse a transcrição (fiel? não ponho a mão no lume...) de uma entrevista concedida pelo Arquitecto Tomás Taveira, que foi figura de capa quando se terminou o edifício das Amoreiras, incluindo o naquel então, incomparável centro comercial, Que dizem -eu não frecuento e por isso não posso opinar- que ainda é um local de culto para os adeptos destes aglomerados de lojas onde gastar, restauração e lazer.

É muito interessate seguir o relato de Taveira e ponderar as suas afirmações. Recordar que saíram do seu estúdio, além de dificios privados, alguns dos estádios de futebol que se ergueram para "colocar Portugal no mapa da FIFA". Destas obras, fossem de Taveira ou de outros arquitectos, algumas não conseguem ter um apoveitamento continuado, que amortize ou justifique o investimento nem a sua manutenção. Digamos que alguns foram Fífios. Mas destas decisões tomadas pela influência da mania das grandezas, resultaram construções que nos fazem pensar na acusação de puxar as mangas além do comprimento dos braços.

Transparece que o mercado nacional, em especial naquilo que depende do governo, não tem tido para Taveira o fluxo de trabalho que o seu currículo justificaria. As grandes encomendas, quando se efectivam, lhe vieram de fora. Taveira atribui este alheamento de novos projectos a que o mercado está saturado de arquitectos que poucas novidades trazem. Além de que criaram hábitos diferentes e existem uns poucos profissionais endeusados. Seja como for a sua orientação deixou de ter público, e sente-se sem ânimo para tentar abrir novo caminho.

Ao longo do discurso aparece, em mais de uma ocasião, a referência que o próprio faz da sua origem social, humilde mas honeta e trabalhadora. Não esconde as dificuldades que pesavam sobre a sua família, e relata com algum pormenor o seu percurso profissional e de estudos, e como atingiu renome internacinal enquanto que cá dentro sempre sentiu, como é tradicional, que os poderosos e bem situados na sociedade portuguesa, o toleraram e aplaudiram, paparam os seus almoços e o abraçaram com palmadas nas costas enquanto quiseram, e depois o esqueciam em minutos,

O jornalista, guardou para o fim o isco com o qual pretendia abrir uma brecha que já foi sensacionalista. Tentou que caísse na história dos vídeos eróticos gravados no seu estúdio com senhoras bem situadas, "da alta sociedade". Não mordeu, apesar da insistência.do jornalista. Mas, recordando o episódio, julgo que Taveira quis vingar-se,por interpostas pessoas -concretamente com as esposas- daqueles que o desprezaram. Nunca lhe perdoaram a afronta.

De certa forma, o azedo no esófago que Taveira carrega, recorda-me, sem ser exactamente igual, o de um político nacional de primeira linha que, em demasiadas ocasiões, referia da sua origem popular na tentativa de mostrar como, apesar de não ter nascido em berço de oiro, conseguiu alcançar o lugar mais elevado na escala nacional. Tantas vezes fez referência a que trabalhou com a enxada quando foi necessário, que com esta atitude só conseguiu cavar, dada vez mais fundo,o fosso social, absurdo mas incontestável, que o manteve afastado das pseudo elites nacionais.













quarta-feira, 28 de novembro de 2018

MEDITAÇÕES - 47 . SER JUIZ EM CAUSA PRÓPRIA


UNS SÃO BENÉVOLOS E OUTROS DRÁSTICOS

Ontem vi mais alguns apontamentos sobre a processo interno que a justiça abriu contra o Juíz Carlos Alexandre, e deduzi que se baseava a ter referido facetas da sua participação nos inquéritos feitos a um ex-primeiro ministro -que parece recentemente escolheu residir a Ericeira, quiçá para dali embarcar para o Brasil, em auto-exílio- e. pelos vistos, estes descuidos, ou atrevimentos, por parte de um juiz não se podem aceitar. Dado isto TOMA, QUE É PARA APRENDERES !
O facto de que a acção deste Juiz, ao longo de muitos meses, ter sido valorizada por um enorme sector da população de Portugal como a de um pioneiro, de primeira linha, na aplicação da justiça sem ceder a pressões políticas. Mas estas são considerações anímicas que não pesam nas decisões corporativas., nem alteram a interpretação das leis que nos deviam governar com rapidez e transparência.
Aquilo que, pessoalmente, me entristece é o deduzir que o Juíz Carlos Alexandre, parco em palavras para jornalistas ao longo do processo, tenha aceite entrar e cair numa ratoeira, que era evidente. Considero ser este juiz ser pessoa esperta, honesto e cauteloso, cioso dos seus limites, mas que, desta vez, e sem que se perceba, engoliu o isco, mais o anzol, a cana e o carreto. Os seus pares, aqueles que auferem da potestade de zelar pelo rigoroso cumprimento do livro de conduta dos membros da magistratura, caso optarem por um caminho de excessivo rigor no formalismo, serão vistos pela cidadania -ou por uma parte dela- como possivelmente influenciados pelas pressões políticas de um sector determinado. Temos que aguardar para ver.

Sem que esta situação, que me acompanhou quando decidi fechar os olhos e a mente para dar lugar ao sono reparador, justificasse o que me consumiu durante horas, entrei num balanço muito crítico das minhas actuações profissionais e de ordem pessoal. Nem aquelas que reconheço não foram mal decididas propositadamente. O desleixo ou a incúria não deixam de ser reprováveis.
Este “mea culpa” da noite passada, ou se preferir um julgamento interno, nem sequer foi original, pois que tem acompanhado ao longo de anos. O mais penoso destas meditações é que só me acuso e não apresento a mais mínima desculpa ou justificação para os erros que, vistos ao longe no espaço temporal, carrego, figurativamente, sobre as costas. As depressões que fatalmente induzem  estas memórias, deixa-me arrasado e sem forças para dormir e esquecer.
Por vezes recuo para os anos da primeira infância em que me diziam ter, ao meu lado, um diabrete, maligno como pertence, e no outro um anjo da guarda protector. Ao ter optado pelo ateísmo militante deixei de usufruir do advogado de defesa pessoal. Daí as insónias irremediáveis, pois, como sabemos, nunca poderemos recuar factualmente no tempo e agir sobre acções que já ultrapassaram a fase em que seria possível corrigir. Ficam só os remorsos e auto-críticas, sem poder para neutralizar ou alterar o mal feito.



segunda-feira, 26 de novembro de 2018

MEDITAÇÕES . 46 - SOBRE A PROTECÇÃO CIVIL

 Um erro que já devia ter sido corrigido

Já são demasiadas as vezes em que confrontados com acidentes ou catástrofes localizadas, os serviços de Protecção Civil tem mostrado uma inépcia vergonhosa. A sua capacidade de reacção é muito limitada e fica a impressão de que só servem para situar alguns escolhidos, darem-lhes um espaço, nem que seja um gabinete modesto, mais uma viatura para se passear e umas fardetas para se exibir. E todo este aparato está sob a alçada das Câmaras Municipais respectivas.

Quando as castanhas estão no lume e á falta de meios capazes, os "dirigentes" da dita Protecção Civil, possivelmente empurrados pelo Presidente da Câmara, passam a bola aos bombeiros voluntários, ou semi-profissionais, daquela corporação local que o falecido e saudoso Raúl Solnado, apelidava de A Bombeiral da Moda. Mas quanto a autoridade efectiva, as corporações de soldados da paz, mesmo que enquadrados em organizações de fingida estrutura militarizada, são colocados em segundo plano pois que o Corpo da Guarda nacional republicana é o que, de facto, nas áreas mais provincianas, tem o comando das operações.Pelo menos é assim que eu vejo esta acção de efectiva protecção às populações. Posso estar enganado. e não me envergonho, pois sucede-me com demasiada frequência.

Mas indo ao tema em questão, creio que caso se efectua-se uma consulta geral à população - Aquilo que se denomina de referendar.- e se perguntasse se a cidadania se sentiria mais apoiada se  entregassem esta responsabilidade, directamente e sem fintas, á GNR, o resultado da contagem não deixaria dúvidas da pouca confiança que os cidadãos atribuem à tal "Protecção Civil", pelo menos se funcionar, como tem sido até agora, como um departamento dependente da Câmara Municipal. E as razões profundas para esta descrença de efectividade e isenção estão nos critérios, nada gerais e isentos, com que os serviços camarários deixam cometer fechando os olhos, ou mesmo autorizam com excesso de bonomia, infracções que contêm graves riscos para a vida segura dos cidadãos de sua qualidade "anónimos".

Existe um grave exemplo a referir e que, incompreensivelmente, tem sido esquecido, creio que de propósito, acontecido em Lisboa quando do incêndio do Chiado. O autarca, que por sinal tinha o canudo de engenheiro..., autorizou ou mesmo promoveu a instalação de ilhas com explanadas e grandes vasos com plantas na Rua do Carmo. Quando já o incêndio em actividade, quando as viaturas enviadas para o atacar chegaram a esta artéria, encontraram o accesso ao local barrado por aquela simpática e alegre instalação. 

Como é tradição de imediato se aplicou a receita de "Após a casa roubada, trancas à porta". Desta vez a imagem deveria referir, mais propriamente, que se tiraram as trancas logo antes de retirar as cinzas da catástrofe, que poderia ter sido muito maior e felizmente, ficou circunscrita. Mas a sabedoria popular também nos diz que "Ninguém aprende nas costas alheias". Daí que não nos admira que centros urbanos, atulhados de comércio nas ruas, tenham tanta relutância em obrigar a desimpedir a circulação de viaturas, que nem sequer se podem considerar em exclusividade as ambulâncias e os bombeiros.

Esta permissão, indesculpável, só se conteve pelo facto de que as Câmaras Invocam o ser de sua total e absoluta autoridade o que permitem nas suas ruas. E então perguntamos. O QUE OPINA A TAL AUTORIDADE (?) DE PROTECÇÃO CIVIL?. Apostaria em que se fosse a estrutura militar da GNR a decidir, as ruas estariam SEMPRE, desimpedidas.