Raramente
compro jornais, enfastia-me a maior parte dos textos por
transpirarem, vergonhosamente, de obedecerem a directrizes emanas de
sabe-lá onde. Mas hoje 31.01,2017, casualmente, ao passar por um
quiosque onde sou conhecido, comprei o Diário de Notícias
E
tive uma prenda inesperada. A edição do dia incluía uma separata,
com o título genérico de PAIS POSITIVO toda ela dedicada aos
municípios que recordam, com cuidado e rigor histórico, a presença
de uma colónia de hebreus dentro do seu perímetro urbano.
Obviamente que, para não fugir às regras que vigoravam quando estes
cidadãos -patrícios de Jesus dado que nasceu, viveu e morreu
sendo judeu- eram obrigados a residir numa área restrita,
denominada de judiaria, que
para nossa honra não estava cercada e onde os habitantes nacionais
-gentis para eles e
cristãos para os próprios-
costumavam entrar a fim de comercializar com os artífices, escribas, farmacêuticos, médicos e outros profissionais de relevo que formavam
parte dos habitantes da dita judiaria.
Pois
nesta separata figuram, destacadas, vilas de renome,, tais como
Cascais, Covilhã, Évora, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de
Algodres, Freixo de Espada à Cinta, Fundão, Gouveia, Guarda,
Idanha-a-Nova, Lamego, Manteigas, Mêda, Moimenta da Beira, Penedono,
Pinhel, São João da Pesqueira, Seia, Torre de Moncorvo e Vila Nova
de Foz Coa. Os autarcas de todas estas Vilas e Cidades mostram-se
muito satisfeitos pelo fluxo de visitantes, selectos, que
lhes proporciona o facto de cuidarem desta memória, os orgulha.
Merece
destaque a referência ao facto de que a autarquia de Torres
Vedras, por palavras da
Vereadora Ana Umbelino -curiosamente
não opta por se intitular como deputada autárquica. Um bom exemplo
de respeito pela história-
refere que está em processo de instalação um Centro de
Interpretação da Presença Judaica em Torres Vedras.
Já
fora da separata sinto-me pressionado, pela minha forma de ser, que
estando residente em Óbidos e com uma pretensa Galeria aberta
ao público, era inquirido, com alguma frequência, por visitantes
que perguntavam onde ficava a judiaria de Óbidos, pois que na
bibliografia que consultaram constava ter existido uma pequena
judiaria e uma sinagoga. Respondia que, de facto, e tal como sucedia
noutras povoações, a judiaria estava incluída na mouraria, e que
ainda hoje (então, que desconheço o que se possa dizer
actualmente) se afirmava estar situada, dentro do recinto da Vila
e no sopé do castelo. E que, a voz do povo -os que ainda estavam
vivos e hoje devem estar mortos- se identificava uma casa como tendo
sido a sinagoga.
Inexplicavelmente,
ou talvez não, nesta terra que tanto se insiste em lhe dar um ar
(falso) de medieval, nunca se procurou recuperar e fornecer um
vestígio histórico aos nossos antecessores nas religiões do livro.
Só o traçado, as muralhas e o castelo, já recuperado e remodelado
com esmero, constituem um vestígio da história passado. O resto ...