terça-feira, 28 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – A vantagem




Ter o poder editorial na mão é a maior vantagem que me oferece este espaço. Estou num meio aberto mas não obrigatório, sem assinaturas nem pressões. Excepto o que eu mesmo observo e decido corrigir.

Pode ser que algum seguidor, perdido, desorientado, sem um propósito especial para entrar, note que apaguei alguns escritos. Houve razões, ou subtis avisos de adversão, que me induziram a recordar o quão poderosas e selectivas são as normas de conduta e expressão que se enquistaram nos membros das classes letradas em Portugal, nem que sejam com um nível de conhecimentos bastante rudimentares. Característica que não é comum aos outros povos latinos, inclusive naqueles onde nos parece ter sido, e continuar a ser, muito poderosa a pressão castradora da Igreja.

Fui criado numa sociedade que, sem alarde especial, teve desde muitas gerações atrás, uma liberdade de expressão menos reservada, mais evidente,menos escondida, do que em Portugal. Aqui, para bem ou para mal, ficou estabelecido que o conceito de “o respeitinho é muito bonito” só podia ser esquecido entre as bases populares, digamos concretamente, pela “ralé”, ou os que estando ébrios, ou nitidamente fora de si, sem conseguirem conter a língua, se atreviam a deitar pela boca fora aqueles termos, socialmente proibidos, que tanto homens como mulheres conhecem desde a mais tenra idade.

É assim, e pelos vistos passam anos, décadas, de apregoada liberdade, mas sem que os preconceitos sobre o que é aceitável, ou liminarmente banido, na linguagem falada ou escrita deixassem de continuar imutáveis, de “pedra e cal”. Só alguns “fulanos” que ganharam o estatuto de loucos mas engraçados, como é o caso de Bocage, ou o Ari, entre um reduzido grupo de faltosos, foram tacitamente aceites.

Curioso e conhecido é a permanente e imediata pesquisa das palavras “proibidas” no primeiro dicionário que pode ser aberto pelo neófito escolar, sem controle dos maiores. Eles/elas sabem o que procuram. Mas nunca encontram naquele volume. O que sabem e querem confirmar só mais tarde poderão encontrar impresso.

Uma característica, entre outras que dispenso de descrever, que ajuda a manter a ideia (falsa porque é imposta contra natura) das boas maneiras e boa educação.

MEDITAÇÕES - São hábitos seculares


ONDE ESTÁ A ADMIRAÇÃO ? 


Quando começamos a receber notícias acerca da epidemia, que se transformou em pandemia quando se espalhou para todo o globo “e parte do estrangeiro”, imagino, por não ter dados estatísticos próprios mas só por fazer especulações a partir dos noticiários, que houve uma parte importante da população ocidental que se espantou ao saber que na China, e não só, havia um comércio de animais exóticos, em princípio não domesticados, embora se ficasse a saber que alguns eram criados em cercados, propositadamente para abate e alimentação da população.

A estes espantados podemos avisar de algumas observações a nãp descurar.

Em primeiro lugar sabe-se, sem fantasiar, que os nossos ancestrais, dos quais ficaram restos e sinais do seu comportamento e alimentação, inicialmente eram recolectores e caçadores, e nómadas, seguindo as migrações dos animais e a maturação dos vegetais e seus frutos.

Mais tarde evoluíram. Tornaram-se sedentários e foram descobrindo os primeiros princípios da agricultura. De de imediato conseguiram domesticar algumas espécies de animais a fim de, através deles, poder usufruir de proteínas, peles e também lâ para se resguardarem do frio. Além de que alguns deste animais domésticos foram treinados para serem uma força “de carne” que os ajudasse no trabalho e nas suas deslocações. Nunca mais pararam de aproveitar as possibilidades que o solo e a vida natural lhes ofereciam, fosse directamente ou após transformações.

Quando caçavam, actividade que ainda hoje é procurada e praticada (por indivíduos que se auto-qualificam de educados, evoluídos e pode ser que com excessiva auto-valorização se considerem ser respeitadores da natureza, incluindo a fauna silvestre) a regra era de que tudo aquilo que voava, nadasse, corresse ou reptasse, caso o conseguissem apanhar, era uma fonte de proteínas a não desprezar. E assim estamos, desprezando os animais que são utilizados abusivamente, sem atender e menos respeitar mínimamente às suas necessidades naturais. Todos terminamos fechando os olhos, por muitas denuncias que nos cheguem.

Aceitando que, apesar de tudo o que se viveu e evoluiu, as necessidades proteicas dos que não se devotam às normas “vegan” são normais, e que nem sequer as civilizações milenárias, como é a chinesa, podem garantir a ingestão de proteínas obtidas “legalmente” a partir da criação de gado, pesca e inclusive de plantas que fornecem proteínas, para a totalidade das suas populações, é fácil entender que ali se comam gatos, cães, ratos, morcegos, pangolins, cagados, lagartos, insectos, larvas e peixes de todas as espécies. Não esqueço que existiu nos super-mercados nacionais se encontravam à venda filetes de crocodilo ou jacaré, ou seja de répteis que não era tradição actual comermos.

Regressando à China, é de recordar que nem todos os animais selvagens que comercializam o são para satisfazer as necessidades alimentares, pelas suas proteínas. Partes destes animais são consideradas como medicamentos valiosos na sua medicina tradicional. Tampouco não podemos ficar admirados do que hoje são valorizadas como bruxarias e mistelas potencialmente perniciosas.

Finalmente acredito, e quase posso garantir, que qualquer oriental que compre uma perna de cão para assar e comer, caso lhe dessem um bom bife da vazia para troca, de imediato rejeitava o petisco local.

Como vivência pessoal, embora indirectamente, refiro que durante anos frequentávamos um restaurante chinês,que considerávamos de confiança e que nos satisfazia. Ficamos conhecidos pelo casal que explorava o local. Conversávamos ao entrar, durante o repasto e no fim. Um dia o dono, João na nossa língua, nos avisou de que ás quartas não nos podia atender. Não estava ali. Juntava-se com outros patrícios seus e iam almoçar juntos. E dizendo que sempre comiam o mesmo! Se adivinhávamos qual era o seu prato português que todos eles apreciavam? Cozido !!!!!

Passados una anos, depois de termos estado fora de Portugal por razoes profissionais minhas, soubemos que o casal tinha trespassado o restaurante. Reformaram-se. E os encontramos inesperadamente em alguns locais. Uma alegria! Beijos, abraços e uns minutos de cavaqueira de saudade, perguntar pelos filhos respectivos, da evolução destes, e saber que estavam felizes em Portugal.

sábado, 25 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - Personagens




De boas intenções está o Inferno cheio

Com uma certa frequência nos são postas à frente do nariz – até com a máscara anti vírus (?) colocada- imagens, isoladas ou com comentários alusivos a uma acção da pessoa retratada, mas sempre altruísta, manifestando bons propósitos, habitualmente correctos na sua essência e que se podem valorizar mais pelas evidentes dedicações a causas abrangentes. Tão importante é a sua passagem por este mundo cruel que mereceram sendas estátuas para memorizar a sua passagem entre humanos.

Algumas destas magníficas e bem consideradas, pessoas já históricas, respeitadas pelos que se auto-qualificam de “pessoas de bem”, já faleceram, e daí que a sua “santificação” já seja tacitamente adjudicada e as suas acções menos respeitáveis se tenham varrido para debaixo dos tapetes onde se escondem as misérias humanas. Que todos temos, inclusive as que ainda não conseguiram atingir, nem é provável que jamais o atinjam, o estatuto de personagem inesquecível.

Entre as muitas celebridades, surgem-me, numa pesquisa nada exaustiva:

Mahatama Ghandi Foi famoso pela sua luta, pessoal, para impulsar a libertação da Índia, (ele era nascido na Actual África do Sul, de família de indianos emigrantes de casta superior) do domínio colonial inglês. Paralelamente, mas em surdina, propunha terminarem com o regime discriminatório, e lamentavelmente mantido como herança intocável. Esta iniciativa morreu prematuramente. Está tudo na mesma, ou pior. A imagem de Ghandi, embrulhado numa veste branca, impoluta, não se pode esquecer.

Teresa de Calcutá Europeia que se transferiu para os “países pobres” e vestiu de hábito monacal, sem pertencer a nenhuma ordem religiosa.«, que posteriormente organizou a seu gosto e vontade. Criou uma imagem de benemérita, cuidadora dos mais desfavorecidos, mas que foi repetidamente denunciada pelos profissionais de medicina como fraudulenta, falsa benemérita, mais interessada na sua imagem futura do que na higiene dos seus “recolhidos”. Creio que os ignorantes obcecados já a conseguiram beatificar. Se o que se escreveu for verídico, ela “ajudou” a morrer mais gente desgraçada do que o Menguele de má memória.

Dalai Lama Uma personagem escolhida entre a população mundial (?) ou, pelo menos, sem que a selecção estiver estar restrita aos adeptos da complexa doutrina budista e que, obedecendo, tanto quanto possível, às regras de misticismo e meditação, nos surge no seio dos noticiários como um importante advogado das boas causas. Já o reconhecemos coma sua figura, embrulhada em panos amarelos, com sorriso beatífico, e pregando pela paz mundial e salvação dos pobres. Quando falecer o actual, escolherão a outro para o mesmo papel.

António GUTERRES Actual Secretário-geral das Nações Unidas. O “nosso” inútil máximo; Exímio viajante e discursador de bons propósitos. Jamais conseguiu deixar uma obra meritória de recordação eterna. Mas falou muito, muito, MUITO, e continuará a botar muitos mais discursos ”positivos”. Sempre choramingando e mostrando uma extrema dedicação altruísta. É o exemplo acabado do que se pode atingir com o famoso Princípio de Peters. Devia ter seguido outro caminho que não o de engenharia. Teria dado um excelente pregador itinerante, ao estilo do que era usual encontrar entre os século XV e XIX.

Termino com estes exemplos, mas aguardo, ansiosamente, as aportações enviadas pelos meus selectos seguidores, que permitam alongar a lista de referências.

terça-feira, 21 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Capacidades e limitações II



As limitações podem ser diversas

Na minha “epístola” (a um desconhecido) de ontem deixei no ar, mas não no tinteiro como se afirmava um século atrás, mas sim na mente deste escriba, a ideia de que as limitações que cada um mostra, mesmo que sem o pretender, nem sempre podem ser atribuídas a uma cultura deficiente ou de que, efectivamente, não se tem unhas para tocar guitarra nem viola, ou mesmo o cavaquinho, que, se não estou errado, toca-se mais com palheta do que com a unha. Aliás nos dois instrumentos de corda antes citados, também se encontram intérpretes adeptos da palheta. E não refiro, exclusivamente,à sua capacidade de palrar e levar o ouvinte à certa.

Retomando o tema, suponho que a maioria dos seguidores, -10-12 quando muito- sabem que são muito frequentes as situações em que nos sentimos forçados, com pouca ou nenhuma escapatória, a travar o nosso discurso, nomeadamente quando desconhecemos até onde se pode chegar, e se todos os -pouco prováveis- leitores entenderão que não se pretende molestar ninguém em concreto.

Resumindo: muito do que não manifestamos abertamente não se deve a que seja consequência imediata da ignorância supina. Em muitas situações é uma questão de respeito que nos trava, dado que em comunicação falada sempre se conta com a noção de que “as palavras as leva o vento” ou argumentar que não foi bem entendido. Para este subterfúgio convêm ter em mente uma boa dose de sinónimos e de palavras com sonorização semelhante, mas significados diferentes.

Muitos dos travões que o viver em sociedade nos são tacitamente impostos, reconhecemos que nos castram a verve. Aquele que admita ser o seu pensamento o mais correcto, e não aceite abdicar do seu julgamento pessoal, pode deparar-se, de repente, como se estivesse num beco sem saída.

Então, cegado a um ponto crítico, tem duas opções: ou deixa de ser ele mesmo, por não se sentir livre de expressar o que e como pensa sobre os assuntos que o incitam, e aceita a auto-censura, ou, como opção única, que toma com muita tristeza, abdica de escrever ou de conversar. Enclausura-se ou, mais prosaicamente: fecha-se em copas.

A situação mais habitual entre os cidadãos é a de, em público ou em grupos que não considera ser de pessoas confiáveis, passe a ter a posição da “voz do dono”. Seja verbalmente ou gestualmente aceita o parecer dominante. Abdica. Ou, se não gostamos desta qualificação, até certo ponto ofensiva, por ser verdadeira, optar por falar ou escrever o menos possível. Uma solução que corresponde a não ter confiança em si próprio, além de não confiar de olhos fechados nos possíveis seguidores.

Podemos deduzir, sem grande receio de errar, que a desconfiança para poder manifestar as suas ideias e convicções sem apreensão, pode justificar a génese de sociedades secretas, ou restritas a companheiros confiáveis, comprometidos por meio de cerimónias mais ou menos esotéricas e muito reservadas.

Deixei, propositadamente para o fim, o debater o tema das capacidades de cada pessoa. Não só porque é, de entrada, um assunto melindroso, mas porque raramente o próprio se dispõe a admitir que a sua cabeça só está apta para atingir até um certo patamar de conhecimento. A vida “vivida” nos mostrou que nem tudo se pode cingir à cultura escolar ou académica, e descurar liminarmente a importância do quanto se pode adquirir pela observação e análise de muitas tarefas que, por vaidade, se foram desprezando nas últimas décadas.

Entramos, sem nos aperceber, no campo da ”ciência infusa”. Do que se aprendeu sem ser escolásticamente, da que temos tido exemplos ao ver como um operário experiente, actua de um modo inesperado. Que nos pode parecer errado, por não se adaptar aos conceitos que se encontram nos livros. Mas que, depois, se viu darem um bom resultado. Nestes casos, mais correntes do que se admite, a tarefa do ilustrado é a de encontrar a explicação científica para aquele proceder inesperado.

Mas aquilo onde queria chegar é muito mais simples e, ao mesmo tempo, mais penoso. Raros são os indivíduos que, sob um critério u outro, se auto-qualificam como ineptos, inferiores. Mas, estas mesmas pessoas, quando entram numa conversa descontraída, aceitam a realidade de que, mesmo entre aqueles que se criaram ao seu lado, uns captam as ideias mais rapidamente, e conseguem ligar com aparente facilidade temas aparentemente opostos. Dirão que fulano chega mais longe do que os outros, ou que, de facto, é muito esperto. Mas que tal capacidade individual não implica, sem nuances, que os outros sejam burros.

Até porque ao burrico, animal desprestigiado, se lhe admitem capacidades cognitivas superiores às de um cavalo. Por exemplo: um burro sabe escolher o melhor caminho a seguir, aquele que tem um piso mais favorável, mesmo que nunca o tenha palmilhado. E por esta razão quando se usava uma récua para tracção situava-se um burro ágil à frente e cavalos ou mulas possantes; além de que com o andar miúdo e rápido do burro, fazia avançar o conjunto mais depressa do que sem ele.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - Capacidades e limitações I



CADA UM É COMO CADA QUAL

Admito que com os anos de vida cada um de nós, mas uns mais intensamente e mais cedo do que outros, admitimos, que estamos a ocupar um lugar que não merecemos (ou quiçá sim!) e em consequência temos que aproveitar no máximo aquilo que temos à nossa disposição. Tal como a famosa “estupidez natural”.

Podemos referir, como exemplo e justificação, que não temos preparação, interesse, capacidade, ou outra característica negativa, para entrar no selecto clube dos “sábios atómicos”, nem sentir uma curiosidade intensa para penetrar no campo dos altos estudos matemáticos, onde campeiam os quantos, as cordas, os nós, e, entre outros, os recentemente comentados buracos negros, que definem como uns sorvedouros siderais de tudo aquilo que lhes passa perto. São uma descoberta que justifica aquela zona que referida nalguns contos infantis, onde irás e não voltarás.

Ao me surgir esta citação, dos buracos negros, encontrei duas referências mais ao nosso nível -de ignorância- que nos podem dar uma imagem visual mais acessível:

  • Uma corresponde ao campo da zoologia, mais concretamente nos insectos. Existe uma formiga, denominada como formiga leão, nitidamente caçadora e devoradora, que para facilitar a sua alimentação faz um cone invertido no chão para que funcione como armadilha para os insectos que se atreverem a iniciar a descida; nunca conseguirão sair da cilada, e acabam os seus dias nas maxilas da formiga, e “aospois” no seu aparelho digestivo. É assim a vida...
  • A segunda referência está no nosso corpo. Concretamente no ponto onde esteve a ligação com a placenta materna: o umbigo. A penugem, ou pilosidade se for mais notória, que cobre o abdómen numa área, relativamente reduzida, está orientada em espiral e dados os movimentos, involuntários mas sempre activos -enquanto vivos!- levam as pequenas fibras que se soltam da roupa até o poço receptor que é o umbigo, sempre e tanto que este seja fundo e não saliente. Nestes casos os pelos orientadores existem, convergem para uma cova, mais semelhante à da formiga leão do que o “buraco negro” sideral. E o que ali se acumula será, tarde ou cedo, retirado durante o banho.
E por referir o remoinho da nossa pança, podemos citar que na zona onde se fazia a tonsura na cabeça dos clérigos, existe outro centro natural de orientação da pilosidade craniana. E já vi quem não tenha só um centro de orientação capilar, mas dois! Como se houvessem dois “buracos negros” vizinhos. E mantendo-nos na astronomia refiro aqueles sistemas em que duas nebulosas dançam a par. Sem saber se terminarão num só complexo planetário. Uma dúvida horrível!

O que desconheço, e só agora me surgiu a questão, é a razão ou o como se chegou à decisão de retirar o cabelo da cabeça dos sacerdotes naquela área concreta. Será pela crença de que por ali se devia facilitar a entrada da chama divina na cabeça da pessoa merecedora? Algum leitor deve conhecer a resposta, mas não creio que se decida a me esclarecer esta dúvida.

Já me perdi nesta curta caminhada. Bem dizem que com o Divagar se vai ao longe, Não esqueci totalmente o esquema mental que pretendia expor hoje. Mas a astronomia, que não astrologia, é muito cativante! Desde os tempos dos astrólogos mesopotâmicos e indostânicos os homens (alguns, sendo correcto) dedicaram-se a perscrutar os céus e deslindar os movimentos dos corpos celestes. Uma curiosidade irresistível que hoje já levou à invasão do espaço sideral com artefactos que, com uma certa leviandade e com a argumentação de aumentar o nosso conhecimento (?) não sabemos se poderão repercutir, desfavoravelmente, sobre a vida desta bola transumante que nos acolhe, e que tão pouco, e mal, respeitamos.

Recuando até o cabeçalho desta espécie de crónica, e para me aliviar um pouco da muita pena que sinto por não ter um conhecimento enciclopédico, considero que, por muita capacidade cerebral que nos dizem não aproveitamos, é possível que exista um limite de “carga útil”, para cada um de nós. Semelhante ao que se calcula e autoriza para cada veículo, seja de transito terrestre, aéreo ou marítimo. Nem todos podemos “saber tudo”. E resta a dúvida se de facto alguém teve a capacidade de carregar dentro de si todo o saber da humanidade.

Eu atrevo-me, e fico pessoalmente mais tranquilo, que tal não é plausível. Mas que deveria saber muito mais, isso tenho a certeza; falta mensurar a capacidade! Ou seja, se a minha massa cinzenta não dava para mais.

Tenho que recuperar o esquema inicial, que se diluiu sem atingir uma meta definida. É uma promessa devida, ou mais propriamente “de vidro”, porque sabemos que as promessas são propensas a serem quebradas, como os copos e outros objectos de vidro (e pergunto: porque se partem os vidros, e alguns em muitos bocados? A Física nos explica isso!)

domingo, 19 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - Obcecados e Incultos




Portugal está socialmente atrasado

E, mesmo com graduações, podemos verificar com excessiva frequência que o extremismo é uma característica muito comum, demasiado até, nos países do sul da Europa, e não só, pois que as épocas em que surgem problemas incitam a que as mentes do pessoal se desloquem para os extremos do espectro político-social.

Resumindo, de um modo cru, muita gente não ultrapassou a convicção de que ESTÁS COMIGO OU ESTÁS CONTRA MIM, é um preceito a seguir e a condicionar aqueles que não partilhem.

Observando com o propósito de isenção que penso ser pertinente, não posso aceitar, sem me sentir lesado, as posições extremistas que se estão tomando a propósito das pretendidas celebrações das datas de cariz político que se aproximam.

Em verdade, e seguindo o mesmo propósito de precaução sanitária, evitando as aglomerações que se receiam poder facilitar a transmissão vírica, não se autorizaram marchas políticas. Assim como as autoridades eclesiásticas sentiram que deviam travar a participação dos seus fieis nas aglomerações de cariz religioso, tanto dentro como fora dos templos. Tudo bem, dentro da situação actual que aconselha não perder o que se tinha conseguido.

Todavia, e por um excesso de zelo político, não se protelaram as sessões habituais na Assembleia Nacional. Mas... que se saiba, não se declarou ser obrigatória a presença naquelas sessões. Ou seja, quem não gosta, não vai; não aplaude nem vocifera. Tudo bem, educadinho como pertence a um povo educado (?)

E é aqui onde a minha meditação tropeça. As sucessivas autoridades de Portugal, centrando-nos neste rectângulo, durante séculos fizeram tudo o que imaginaram, inclusive com muita vigilância e repressão, para evitar que a sua população adquirisse uma ampla e alargada educação política.

É fácil comprovar que desde a monarquia, incluída a fase constitucional, as pessoas que tentaram introduzir os conceitos mais abrangentes da democracia partidária, foram muito poucas, e a sua influência reduzida a um sector muito minoritário. Com a primeira república e a acção da “nefasta” maçonaria -que por não partilhar abertamente com a Igreja católica foi considerada um grupo a abater- apesar de que algumas personagens do topo da Igreja se filiaram nesta “seita”, se iniciou a escolarização das crianças num ensino civil, não religioso, mas com preceitos democráticos e sociais.

Houve, na referida fase da primeira república -demasiado curta dadas as pressões militares conservadoras- uma acção de promoção cultural, dirigida concretamente para a incipiente classe dos operários fabris, que não se pode esquecer. Foi sol de pouca dura.

O trio fascismo+capital+igreja tiveram o campo totalmente livre para “educar” a população. E as forças policiais se encarregaram de fechar as portas das prisões para aqueles atrevidos que se atreviam a abrir as mentes enclausuradas de séculos. O resultado inevitável, e conseguido, foi o de que a população aceitou tacitamente, como se não existisse outra opção, a norma de estás ao meu lado ou contra mim. Inclusive bastantes elementos da faixa mais ilustrada!

E, apesar de que numa sociedade que está aprendendo a viver em democracia, não nos parecer possível, ou desejável, existe uma fração, ruidosa e azeda, que mantém e propaga uma relutância congénita em aceitar as diversas opções possíveis para quem não deseje ficar num dos dois extremos. E, para mal do País, continua a ter muitos prosélitos. São, precisamente estes elementos ultra-conservadores que propõem as listas de adesão para contrariar temas que não merecem tanta atenção. São gente (serão mesmo?) que não admitem o simples preceito de vive e deixa viver.


sábado, 18 de abril de 2020

MEDITAÇÕES- Animais que também são gente.



Sem chegar ao quando os animais falavam

Não trago in pectore dissertar sobre a fantasia, própria dos contos para infantes -os elefantes não devem entender estas doideiras. Tem a sua própria cultura- de que os animais podem comunicar verbalmente entre si e até com os humanos. Todavia este capítulo da humanização da bicharada tem estado presente, desde séculos, no imaginário humano, tanto popular como erudito.

Desde muitos anos atrás fui ficando convencido de que aqueles companheiros de viagem planetária, ou seja na Terra, e que, sem dúvida nem disfarce, tratamos tão mal, dado que "são considerados como irracionais" apesar de ser um erro crasso, só se salvam alguns. Aqueles que induzimos a partilhar a nossa “caverna”, são muito sábios e deles é possível, e até mesmo recomendável, aprender algumas coisas. Outros limitam-se a ser animais "domésticos" ou criados para a nossa alimentação dita omnívora.

Sendo observador, mesmo que não preparado em biologia e antropologia comparadas, reparei que entre os animais que nos acompanham de livre vontade, sem fugir quando não estão presos, e cujo exemplo mais evidente é o gato “inteiro”, quase que vadio, ou mesmo sem o quase, eles nos ensinam um código de sinais, inclusive sem miar, como sucede com o que nos visita várias vezes por dia- já tentei, sem sucesso, ensina-lo a miar, mas ele olha para mim uns instantes e depois abandona a sala de aula- Em reciprocidade nós o educamos, até os limites que ele aceitou, nas regras que decidimos para o comportamento em comunidade aberta.

Estes felinos caseiros, mesmo aqueles aos que se lhes permite partilhar o nosso habitáculo, sempre reservam uma boa parte da sua independência. São o que podemos qualificar de "senhores do seu nariz". Todos nós tivemos exemplos de tarecos com um nítido egoísmo, ou egocentrismo, com o qual nos alertam de que aceitam submissão, mas até certo ponto. Reconhecer estas característica não impedem a verificação de situações onde se observe a dedicação, até mesmo de afabilidade, com uns seres tão diferentes deles como somos os humanos.

Os cães são um caso aparte. Consideramos serem os primeiros animais de companhia que aceitaram ser nossos parceiros, mesmo em condições duras e abusivas. Admitiram que inclusive podiam ser ensinados em tarefas concretas. Um exemplo, duplo até, é o dos cães de guarda e os de pastor, ambos importantes para quem se auxilia deles. Sem esquecer, os cães de tracção de trenós. Mesmo que jamais os tenha visto agir no seu meio habitual.

Também encontramos, entre os animais de penas exemplos de comportamentos que parecem ser copiados dos nossos, ou viceversa. Melros, corvos, papagaios, catatuas e outras pênsis, conseguem imitar a voz humana e aprendem, muitas vezes de por si, habilidades que nos admiram.

Resumindo: se nos pararmos a observar e meditar, depressa se chega à convicção de que os seus cérebros não se ficam pelo que o instinto adquirido pela espécie lhes oriente, mas que aprendem mesmo sem serem ensinados. Podemos aceitar, de boa fé, que eles são capazes de iniciativas não aprendidas e mesmo de resolver dificuldades que os motivam para as ultrapassar.

Cheguei à segunda parte desta meditação, e que se resume em poucas palavras: os animais, quando estão num ambiente de partilha-livre, com humanos, nos dão orientações acerca do que lhes agrada e desejam. Eles têm uma mímica própria. Cada espécie a sua. Melros e rolas bravas nos mostram como somos observados sem os vermos, e como e quando decidem aproximar-se de algum alimento que tivermos deixado ao ar livre, sem armadilhas, fosse em principio para mamíferos mas que eles, voadores e ovíparos, também apreciem. 

Quando a já pouca passarada que circula por perto entende que não constituímos um perigo, cada vez se mostram mais amigáveis. O extremo mais simpático e, até certo ponto inusitado, da confiança entre aves e pessoas o encontramos em alguns parques onde os pássaros e até aves de maior porte decidem que podem comer da mão da pessoa que consideram merecer tal confiança.

Dentro dos peixes, e descontando aqueles que foram treinados para espectáculo, também os há que se aproximam de nós para conseguir algum petisco do seu agrado. Os pescadores de cana e carreto sabem disso a potes; por isso engodam previamente o pesqueiro de onde pretendem apanhar os peixes que procuram.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Começam as questões




Muitos devem estar ficando bastante nervosos

Por não ter arrumado as ideias como devia ter feito, sucede que ainda não sei como vou desenvolver o tema que me barrunta* pela mioleira. Como desculpa inaceitável atrevo-me a dizer que o impasse é consequência de não ter tido contacto verbal prévio com pessoas que considere estarem na disposição de tentar analisar a situação em que estamos. As únicas fontes de consulta foram alguns jornais -poucos; dois por semana- seguir, apesar de serem excessivamente reiterativos e pouco claros, alguns noticiários nas Televisões, e uns passeios pela “net”.

De qualquer forma sinto -e admito estar errado- que muitos cidadãos já admitem que a situação actual é muito diferente da que se viveu na crise económica anterior, e noutras mais precursoras. Desta vez o caso é geral, daí o chamarem-lhe de pandemia. Um surto epidémico que espalhado pelo globo está flagelando tanto os países ricos como os “pobres” -que são ricos comparativamente com os que realmente estão paupérrimos- Quanto aos bem situados na economia e que se pensava poderiam ajudar os que temem “ir pelo cano abaixo”, ninguém se atreve a pensar que terão salvavidas para todos os que naufragarem.

O problema não está só na quebra económica que comporta a paragem da economia produtiva, sem que as sociedades deixem de consumir, nem que seja nos bens de subsistência, mas na consciência de que não existe a certeza, nem sequer uma hipótese fidedigna, de existir uma data para o fim da situação. Implicaria ter-se encontrado uma vacina e um antídoto, ou tratamento rápido e eficaz para salvar os afectados.

Às mortes em números que se, por sorte, não atingem os valores terríveis nos massacres acontecidos em conflitos bélicos recentes, junta-se a estagnação, practicamente total, das estruturas produtivas assim como o comércio global, que é o sangue circulante da economia actual.

Todos os vectores que influenciam a situação vigente convergem para um progressivo e ameaçador deficit financeiro, que não se sabe como travar e ainda menos como recuperar.

É uma “guerra” de cariz bíblico. E como tal estamos à beira de surgirem pregadores da catástrofe, que ponham a humanidade em estado de histeria colectiva. Por sorte o tempo dos profetas já passou. Mas reconhecemos a existência de seitas que, com discursos tenebrosos, anunciam o fim do mundo, e conseguem cativar adeptos convictos. Quem ler isto pensará, com razão, que não estamos na idade média. Pois não estamos. Mas sempre existiram e existirão mentes crédulas.

Aquilo que nos preocupa é que não se considera factível manter as populações paradas, enclausuradas, com o comércio practicamente estagnado e com a consequênte sangria dos tesouros nacionais em contínua perca. Todos devem estar conscientes de que o toque de reabilitar o trabalho e a transferência de produtos tem que ser dado em simultâneo. Nenhum país, na época em que estamos, pode decidir a recuperação do seu parque produtivo sem a certeza de poder receber as matérias primas e componentes que habitualmente adquiria do exterior, e tampouco poderá permitir-se a fantasia de produzir, seja o que for, para encher armazéns.

Tentar restabelecer um país, isoladamente, dando a ideia de que estamos chegando a uma normalidade é, além de temerário um erro de possível não-retorno. E quem será que pode tomar a batuta neste reinício do concerto?

Alguém se decidirá, sem esperar que o fim da pandemia seja evidente. O mundo ocidental sabe que não conseguiria sobreviver a uma paragem total. Como se uma catástrofe planetária nos colocasse numa situação semelhante, pelos efeitos, à extinção dos grandes répteis.

Mas, admitindo que mesmo mal-parados, vamos sair desta situação, há problemas identificados, resultado da incúria dos humanos, e de cujos efeitos todos somos culpados, e que se não se encaram seriamente a pandemia actual será uma brincadeira, comparado com a possível, e prevista, destruição do meio ambiente.


-barruntar: desconfiar, pressentir, suspeitar

terça-feira, 14 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - A disjuntiva bate à porta


 A disjuntiva bate à porta

O dilema está no financiamento

Os governos ibéricos, e possivelmente outros mais, estão indecisos acerca de continuar com as medidas de isolamento, não pelos que já habitualmente estavam quase sempre entre as quatro paredes da residência respectiva, mas por outros cujo trabalho produtivo afecta a economia do País sem que exista um retorno equivalente por outras vias.

Ou seja, a decisão de recolher obrigatório, dada pelos governos no intuito de reduzir o fluxo de pacientes no sector de tratamentos intensivos, fosse por carência de meios de equipamento ou humanos, terá, forçosamente, que se reduzir, por efeito do trabalho conjunto entre fornecedores, técnicos de saúde, e a supervisão profissional dos responsáveis pelas finanças públicas. Esta equipa, multidisciplinar vai encontrar-se, se não o tem já à sua frente, com o dilema de manter as restrições de âmbito geral ou ir abrindo a porta, mesmo que cautelosamente.

Não desejaria estar no lugar de quem se sinta entre as espadas (são mais do que uma...) e a parede. O que não me impede de vaticinar que a situação actual não se pode manter durante semanas ou meses, como se chegou a insinuar.

Assim como, para ajudar a estragara festa, ainda podemos aceitar a possibilidade de que este vírus nos venha a oferecer mais uma vaga, ou mesmo duas, se acontecerem mutações que não sejam neutralizadas pela vacina que se aguarda ansiosamente

domingo, 12 de abril de 2020

MEDITAÇÕES -É possível, ou não?



A China nos vai absorver?

O aderir à tentação de considerar como real, e actual, potencialmente muito perigosa teoria da conspiração, de que a China é a responsável evidente da pandemia que nos está assediando. Dada a convicção de que já não se satisfaz com o controle de uma grande parte do continente asiático e que além de avanços tecnológicos, conseguidos a partir de descobertas no ocidente, atingiu una capacidade económica importante e com potencial dominante, graças a poder usar, sem restrições, a enorme quantidade de mão de obra de que dispõe.

Além de que se reconhece ainda serem os seus custos com o seu operariado muito inferiores aos que se praticam no mundo ocidental. inclusive hoje com o abuso do trabalho sem garantias, ou com contratos a prazo certo, muitas vezes com a duração de um dia ou dois, e mercê da legislação autista que se tornou habitual para poder satisfazer os poucos empresários que resistiram à fuga de fabrico no oriente.

São demasiados os sectores fabris europeus, de onde se lançaram ao mercado a imensa maioria dos artigos que, os mesmos fabricantes originais, passaram a ser produzidos, inicialmente com contratos, no Oriente. Esta deslocação industrial colocou a economia ocidental num terreno instável, já não com a subcontratação aparentemente rentável mas, nesta fase actual, totalmente dependente das regras que são decididas e impostas pelos anteriormente colaboradores.

O aderir à convicção, reflexo de algumas denuncias, que alguns consideram ser fundamentadas, onde acusam, a actual pandemia, de ser disseminada, propositadamente, por decisão das autoridades chinesas. E até avisam da possibilidade de outras epidemias, igualmente fatais podem flagelar o mundo sem ser espontâneas. Pode ser um erro, ou uma falta de credibilidade na honradez dos humanos, em geral. Mas descartar esta possibilidade pode ser uma ingenuidade fatal, nem que seja só pelo facto de reconhecermos que a ambição de manter e até alargar um império é tradicional na história da humanidade.

Toda esta introdução teve como propósito o “deixar arrefecer o ferro que já está em brasa”. São muitos os comentários que se mostram convictos de que o novo Império Chinês, seja ainda comunista ferrenho ou simplesmente uma ditadura expansionista, nos está comendo a erva debaixo dos pés. Esta crença induz, e com razões convincentes, a recomendar que não se negoceiem, NÃO SE VENDAM, mais empresas ou quaisquer negócios a chineses, e se faça uma restrição apertada à impoprtação de material de baixo preço e inferior. Isso apesar de que se espera uma forte crise económica no Ocidente e, se admite, que as arcas do tesouro chinês ainda devem ter grandes reservas.

Se recuperarmos a racionalidade e ponderar com calma a situação, será imediata a noção de que o desastre vai ficar delimitado às mortes inesperadas, e daí a uma quebra na população dos países, e que o maior desafio vai estar no ultrapassar da crise económica do sector mais débil da população e, em simultâneo, a recuperação da nossa economia, e a ser possível manter e incrementar a independência do exterior -Aqui uma chamada a fortalecer a União Europeia. TODOS SABEM, e não podem esquecer, QUE A UNIÃO FAZ A FORÇA)

Para nos animar é factual que não temos os problemas habituais do fim de um conflito bélico. O parque habitacional está praticamente igual ao que existia seis meses atrás; as vias de comunicação permanecem na mesma (mesmo que algumas na obsolescência), e a população recupera-se em poucas décadas. As quebras na economia são mais fruto de uma publicidade interesseira do que o reflexo de uma pobreza repentina. As pessoas habituaram-se a comprar sem raciocinar.

Onde o Mundo Ocidental, na sua globalidade, falhou foi no desleixo que se deu à própria indústria, vendendo a baixo preço, os avanços tecnológicos que se tornaram um engodo irrecusável para a população em geral. É o sector produtivo, tecnológico, seja das velhas tecnologias -que sempre estarão na base e atrás do cenário mirífico que a publicidade se encarrega de difundir- ou das que surgem como moscas à sombra da informática.

Se eu tivesse uma porta que me permitisse aconselhar os governos recomendaria que se taxasse, além do máximo considerado como admissível, a publicidade para novos produtos e, em especial, aqueles que, de facto, não passam de ser exactamente iguais aos anteriores mas com outra roupagem, mais vistosa e apelativa. Um truque habitual entre os comerciantes de equídeos nas feiras, e que se incorporou extensivamente nos produtos de consumo.

SERIA MUITO IMPORTANTE, PELOS RESULTADOS QUE PODIA CONSEGUIR, UMA INTENSA LUTA CONTRA AS DESPESAS SUPÉRFLUAS.

Que, foram, sem dúvida, a principal causa da rotura económica e produtiva do Ocidente.

sábado, 11 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Pensar não basta



Pensa devagar e obra depressa

Decidir, assim levianamente, que devemos seguir os conselhos dos adágios antigos é muito prometedor. Mas a dificuldade está em que a maioria dos cidadãos -como é o meu caso- não temos muitas possibilidades de agir positivamente e menos que as nossas locuções, assim como as nossas hipotéticas receitas, tenham a mais mínima força para alterar o rumo da sociedade onde estamos inseridos.

Esta forma de admitir a derrota antes de sequer tentar entrar numa luta aberta é, como se entende, absolutamente castradora. E pior se possível, mostra-se ligada a um futuro que não podemos dominar, pela falta de capacidade reactiva. Porque sempre recordamos existir uma série bastante longa de referências em que se nos “vende” que insignes e temerárias personagens, em geral dotadas de uma verve inflamada, que conseguiram, por si sós (permitam que duvide...) arrastar multidões e dar a volta a sociedade.

Pelo menos admito que conseguir o tal ponto de apoio onde fincar a alavanca que possibilite mudar o mundo do seu estatismo natural, não será resultado de uma meditação isolada, ao estilo do eremita sofredor. Qualquer personagem histórica que se destacasse pela sua capacidade em agitar as massas, teve que, antes de se lançar à arena, conseguir um apoio. O tal fulcro onde situar a alavanca figurativa.

Recordemos que Júlio César, antes de expor as suas catilinárias já tinha conseguido ser reconhecido como um grande e valente chefe de tropa. Tinha uma corte de apoio e os portões abertos no ágora onde se tinha canalizado uma multidão, certamente já catequizada com um prévio “aquecimento”, como sempre procura ter o orador, pois que tem a obrigação der saber que não é fácil convencer uma multidão em estado “frio”. Mesmo o politiqueiro mais inexperiente, ou o neófito nos espectáculos de palco, sabe quanto vale uma preparação do ambiente.

Napoleão, Hitler, Mussolini, e outros incitadores das massas nos mostraram como se preparam os êxitos. Mesmo o profeta Jesus, teve a visão necessária para seleccionar e preparar um conjunto, mesmo que reduzido, de seguidores, adictos e predispostos a sorverem as suas palavras. O pregar no deserto, sem a garantia de um público propício, não é produtivo.

Pessoas que partilham aquele senso comum -que diz-se ser o menos comum de todos os sentidos- que julgamos possuir, existem às dúzias, aos magotes mesmo. E quantos são aqueles que conseguem ter uma audiência e dela criar um grupo de aderentes? Infelizmente, para estes sonhadores sociais, é que serão considerados como lunáticos, palhaços, loucos ou qualquer outro grupo que esteja dentro da zona dos desprezáveis, dos que não se podem aturar, nem sequer se devem ouvir. Difícil, quase impossível, é conseguir uma aceitação, a partir do nada. E como esta noção de ineficácia é extensiva, felizmente cada dia surgem menos loucos dispostos a lutar contra moinhos de vento.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Devagar evolui-se



NÃO SE PODE INSISTIR NO BIPARTIDISMO

Dizer que o comportamento dos humanos segue, sem dar por isso, involuntariamente, as leis da evolução das espécies (1). Mas reconhecemos que, paulatinamente, os comportamentos e o pensar das pessoas vão sofrendo mudanças, algumas profundas e outras quase que imperceptíveis.

Avancemos um exemplo: De mansinho os eleitores que se mantiveram fieis à participação democrática na escolha dos seus representantes, foram-se contentando com a alternância no poder de dois partidos maioritários e alternantes. Uma situação que numa visão sociológica pode-se assimilar à situação real, mas de índole sexual, que por extensão linguística podemos considerar como uma espécie de POLIANDRIA (2)

Concretamente a conjuntura conduz a que dois partidos, aparentemente em oposição aguda, partilham, com agrado, o poder alternadamente. Este revezamento, aceite tacitamente, sem o admitir, leva sempre a que os reais comportamentos dos parceiros em pouco ou nada diferem. A maior disparidade que se encontra, quando um sai da pista de dança e o outro começa a tangar, é que cada um destes sócios alternantes carrega às costas uma série de compromissos que cumprir, mais longas listas de parentes e amigos, todos eles chupistas que se de longe nos podem parecer diferentes, não se tarda a verificar que em se comportam com a mesma falta de ética e vergonha. Com outras palavras: De facto só mudam ALGUMAS moscas.

A anterior legislatura nos apresentou, falhando às expectativas, uma tentativa de consentir numa governação partilhada. Mas neste tímido reparto de poder não participaram os dois pesos pesados que se digladiaram ao longo da campanha eleitoral. Foi uma decisão amarga, mas inevitável, para conseguir governar do partido. A proposta de dançar com vários parceiros nunca foi clara nem definida. Foi um esquema inédito entre nós.

O partido mais forte entre o grupo, desde início tentou, e até conseguiu, levar quase sempre a sua vontade por cima das orientações propostas pelos sócios minoritários. Esta aceitação de fingida coligação caiu em descrédito entre os sectores mais reivindicativos. Hoje temos uma ainda mais difusa presença dos partidos minoritários qualificados como esquerdistas. É lamentável que não se saiba trabalhar em coligação. Deve ser genético.

À primeira vista somos induzidos a concluir que, neste Portugal actual, os eleitores ainda consideram como inoperacional uma governação colegiada. E podemos recordar que já anteriormente houve tentativas de manter um governo com várias mãos, ou concretamente, com mais do que um grupo definido, com siglas próprias. Os resultados nunca foram positivos, pois as pressões que os diferentes sócios consideravam que tinham direito induziu, sempre, a que se mantivessem e até aumentassem as lutas intestinas entre parceiros.

E quando chega o momento de escolher, democraticamente, um governo nacional continuamos sendo exclusivos. As pressões das clientelas e a fidelidade irracional, essencialmente mediática, nos conduz a promover um hipotético cabecilha, que se valoriza como diferente, e sem dúvida melhor, do que os opositores que pretendem o mesmo lugar. Curiosamente alguns eleitores, que não todos, surpreendem-se quando verificam, passado pouco tempo, que a lista de personagens importantes, favoritos do seu eleito governante, difere pouquíssimo da lista que também apoia e é apoiada pela equipa oposta.

A solução de uma governação partilhada entre partidos que representam sectores diferentes, mas próximos, já se verificou é optada por outros países, e com um certo sucesso. Mas para este êxito é necessário serem efectivamente democráticos, e os parceiros estarem prontos a receber parcelas de poder ou aceitar propostas internas diferentes das inicialmente desejadas. E assim conseguir não só uma calma favorável com outros pequenos ou médios grupos anteriormente na oposição.

Este esquema de governação permite diluir pressões, optando por compromissos menos exclusivismos, e daí conseguir e uma maioria, complexa, mas mais fiel do que as anteriores, de votantes com diferentes filiações. Podem deixar uma bandeira, a sua, para se aproximarem de outra, sem ceder totalmente daquele pensamento que consideram ser “os seus princípios básicos”.

Corolário: Será uma grande perda se os partidos maioritários não entenderem que uma larga coligação era favorável para o País. Mesmo que não desse tantas vias de enriquecimento pessoal.


1– Não confundir com as especiarias, aqueles produtos exóticos com poderes antissépticos que se tornaram imprescindíveis para conseguir digerir sem adoecer as carnes já em vias de avançarem para a decomposição.

2 – Organização familiar em que a mulher tem, legalmente, mais do que um marido ao mesmo tempo.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Pender para o deifico




E AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO?

Quando nos assustarmos e, em complemento, deixarmos de acreditar, plenamente, na possibilidade de terem efeito positivo as medidas que, quase unanimemente, tem sido tomadas pelos governos, nacionais a quem se delegaram as rédeas de condução, podemos estar mesmo à beira de abandonar a racionalidade e retomar o caminho de atribuir tudo o que nos afecta, tanto no bom como no mau, a entidades incontroláveis.

A época em que nos encontramos, pelo menos na zona ocidental do globo, é propícia a julgar que muito do que sucede é fruto de umas tenebrosas e ocultas conspirações, de uma ligação perversa entre o grande capital, a política civil que lhe é anexa, algumas das sociedades reservadas, algumas cúpulas militares e inclusive outras que se movem sob o manto das religiões. Admite-se, tacitamente, que a cidadania civil mais cumpridora e laboriosa se encontra muito indefesa, se não totalmente, perante as manobras que se estudam e decidem em comités restritos, mas muito poderosos. Em corolário quase inevitável caímos na convicção de que existe uma temível e quase invencível conspiração, que age com o fito de conseguir o poder total e universal. Não são sonhos, são pesadelos!

Menos alarmante, mas igualmente difícil de engolir, é a que se manteve em vigor, e pode estar latente ainda hoje, de sermos periodicamente alvo de punições deificas, apesar de que uma visão desapaixonada nos elucide de que muitas das vítimas de uma punição geral nada tinham a penar, a não ser o famoso pecado original. Mesmo assim custa a engolir que todos os prejudicados eram merecedores de castigo. Humanamente devemos entender que a maioria das pessoas, vítimas efectivas ou propícias, não se podem considerar como pecadores premeditados, sem possível remissão.

Numa situação deste teor há quem se decida ou seja induzido a recorrer à ajuda divina, seja directamente ao seu Deus ou a algum dos seus colaboradores, uma espécie de mediador encartado. Muitos destes peditórios de ajuda é usual que sigam acompanhados da proposta de compensação, espiritual ou monetária, por parte do dito crente. Nada que se possa comparar a um suborno! Só que, pelo sim, pelo não, sempre é bom anunciar que se sabe agradecer...

Dos meus escritos anteriores aquilo que transcende desta fase epidémica, mas que é muito mais ameaçadora e merecedora de atenção, é a noção de que o Dragão Asiático está, sub-repticiamente, devorando a invejada Sociedade Ocidental. E esta epidemia vem mesmo a calhar para esta conquista sem tiros. No entanto e pessoalmente, duvido de que os países ocidentais se decidam a se unir para este confronto subtil mas extremamente perigoso.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Justifica-se ou não



A PANDEMIA CONTINUA

A modernidade impulsou a histeria perante a pandemia actual, e promoveu uma noção errada, por exagerada, do seu perigo e das consequências que podem advir à humanidade em geral. Podemos descansar: esta não será uma razia bíblica.

Mas é precisamente a rapidez da sua difusão, este surgir de focos em qualquer ponto do globo, que se pensa ser espontâneo, se não provocado por alguma entidade demoníaca, o que torna esta peste diferente das anteriores.

As pessoas em geral, mesmo que existam cidadãos capacitados para discorrer e fazer as interligações que nos podem passar em frente do nariz -mas que desatendemos- não viram a ligação inevitável entre a tão aplaudida globalização e a difusão de doenças, sejam víricas ou de fontes já nossas conhecidas anteriormente, como as microbianas, bacterianas, amibianas e outras.

Soube-se que a maioria das pestes que flagelaram a humanidade tiveram um agente difusor, fossem pulgas, mosquitos, ratos, carnes inquinadas, ou inclusive de partículas da nossa respiração -aerossóis- que se difundiam pelo ar até encontrar um hospedeiro. Aquilo que era chamado de miasmas. E esta do coroa-17 ou outro número qualquer, não escapa à regra. Já nos explicaram que o vírus não é um animal, nem um vegetal, que não tem vida própria, que é um simples hospede perigoso e invisível. É algo inanimado mas que se reproduz e modifica. Uma prenda da natureza que nos acompanha na Terra desde muito antes de aparecer o género humano.

Então a que se deve o alarido actual? Precisamente pela sua difusão tão extensa e rápida. Como se conseguiu esta distribuição tão geral e equitativa? Pois simplesmente pela referida globalização, tanto no comércio mundial de mercadorias, que não se imaginava poderem estar contaminadas com algo invisível, como pelo anormal fluxo de pessoas a viajar, como nunca se fez, de um lado para outro.

Alguns pessimistas previam, sem poder equacionar o como e quando, seria que esta doideira de colocar pessoas e bens numa transfega imensurável podia “dar para o torto”. Denunciaram-se sintomas evidentes dos magnos problemas que a modernidade levada aos extremos estava afectando a vida no planeta. Muitos se alarmaram, e com certa razão, com a progressiva poluição das águas e, claro, dos mares. Do como estávamos transformando céus, terra e mar em lixeiras que não se recuperam com a mesma velocidade com que as estragámos. Mas sempre olhando para o lado ou mesmo fechando os ditos. Outras besteiras se fizeram e continuam a fazer, apesar das denúncias: desmatagens totais; colocar dejectos em órbitas terrestres e mesmo em percursos estelares; materiais tóxicos, não degradáveis, que se enviam para países pobres (como é o caso de Portugal com lixo da Europa) ou varrem debaixo do tapete quando os largam nalguma fossa abissal oceânica.

Pode parecer uma listagem de temas que nada tem que os ligue ao problema da epidemia actual. MAS ESTÁ TUDO LIGADO.

Felizmente, como está previsto pelos científicos, esta pandemia vai terminar muito mais depressa do que outras anteriores, pelo simples facto, biológico, de que entre os muitos infectados serão bastantes aqueles que gerarão, dentro de si mesmos, anticorpos que, mais adiante, também se difundirão entre a população, tanto de modo espontâneo como propositado através de vacinas criadas ex-professo.

Mas caso não se trave a loucura de viajar em massa e a destruição física do planeta, é de prever que outras pestes surgirão. E cada vez mais virulentas.

terça-feira, 7 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – Terão que acontecer mudanças



Além das alterações da vida “caseira”

É pouco provável que no dia em que for declarado o fim da epidemia. Pelo menos macroscópicamente, pois que sempre existe a noção de que os vírus não desaparecem na totalidade, que podem ficar “hibernando” e até evoluindo para novas estirpes. Razão pela qual não podemos lançar muitos foguetes.

Sem alarmes exagerados é aconselhável manter a consciência de que a humanidade forma parte do total de seres que connosco convivem no planeta Terra. E, para não ficar descansados, ainda se admite que podemos receber do espaço exterior algumas aportações com origens desconhecidas.

Mas temos que nos aguentar com o que ainda está ao nosso alcance. Como aqueles carecas caricatos que penteiam uns longos cabelos das “bancadas laterais” com o propósito de colmatar o desguarnecido campo sem relva. Em linguagem caseira diria que temos que nos governar com a prata da casa.

E sendo assim, para a imensa maioria da população, se a porca já torcia o rabo, as previsões para o inevitável próximo futuro são para um nível certamente pior do que o que se aguentou no passado recente.

Como se diria familiarmente “Que Deus nos apanhe confessados!” Uma máxima só válida para aqueles crentes que optam por não especular acerca das preferências e decisões do tal Deus imaginário. Seja qual for a visão de cada um, aquilo que podemos apelidar de Fado, Destino ou Inesperado, e sem atribuir responsabilidades etéreas, será penoso, cru, bastante encruado, para assim dizer.

Mas já houve quem começasse a jogar cartas para a mesa com o propósito de limpar a sua imagem. Nomeadamente o Enorme e temível devorador Dragão Chinês (1). Já se prontificou e realizou o envio de material sanitário para ajudar os países afectados pelo vírus que, sem dúvida , teve a sua origem no seu território; mesmo que se admita não ter sido propositadamente.

Um gesto com uma dimensão mais do que simbólica, mesmo que quantitativamente, para a China, não passe de uma gota de água no oceano.

Sem exagero aquilo que se conhece da sua história nos pode elucidar de que, comparativamente, Maquiavel era um menino do coro, apesar de consciente e cínico q.b. (2)

Como se estivéssemos no meio de um jogo de tabuleiro, sossegados, e nervosos por enjaulados, na nossa casa. Neste Jogo de Guerra o facto real é que o Ocidente, nesta altura da evolução económica, está nas mãos do Oriente, nosso fornecedor de tudo, ou quase tudo. O que se comercializa nas nossas lojas e até aquilo que exportamos. Tentar afastar, que não “matar” este Dragão, por ser impossível, implica uma acção conjunta de todos os países da órbita ocidental. Uma união muito mais ampla e bem coordenada da que se ergueu contra o nazismo na segunda guerra mundial.

Mesmo que algumas cabeças pensantes, e mesmo governantes, se capacitem e decidam tentar unir os actuais parceiros, só para poder sobreviver, a sua tarefa seria muito difícil. E as possibilidades de conseguir uma união geral julgo que continuariam a ser muito baixas.


    (1) Que, para quem estudou a genealogia da espécie draconiana, se reconhece ser o procriador de todos os dragões e similares que se instalaram no imaginário ocidental europeu. E não só. Mas esta noção não invalida o facto de que o homem, mesmo que estivesse totalmente isolado, sem contacto com outros povos, não tardaria um clicar de olhos, em imaginar um ser supremo que fosse o responsável do bem e do mal.
    (2) A propósito recordo uma afirmação, que passou a ser referência histórica na língua ocidental. A existência, invisível, de uma quinta coluna. Foi durante o cerco da cidade de Madrid pelas tropas rebeldes, fascistas, que o general Emílio Mola, numa arenga emitida pela rádio, afirmou que sobre Madrid avançavam quatro colunas militares, mas que dentro já tinham uma outra coluna, a quinta, constituída por civis adictos ferrenhos dos sitiantes. E, de facto, os seus apoiantes estavam lá!

segunda-feira, 6 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – A hora está a chegar.



Como agirá a União Europeia ?

É de prever que estando a unanimidade tão enfraquecida é pouco provável que se venham a tomar as medidas pertinentes para recuperação do que se perdeu nesta fase, mas, muito mais importante, em dar uma nova vida e força a este bloco europeu que, desde os outros continentes, desejam derrubar, e que consideram conseguir dentro de pouco tempo.

Lamentavelmente os males de que padece a Europa são tão profundos, endémicos e históricos, que só com um grande esforço e com mentes esclarecidas é que se pode tentar dar a mudança necessária. É uma tarefa hercúlea tentar superar todas as diferenças e querelas que se enquistaram na história das nações europeias.

A tentativa de conseguir um Mercado Comum na sequência da Comunidade do Carvão e do Aço, e depois da Eurátomo, sempre na mira de chegar à Moeda Única e a um Espaço sem fronteiras, aberto, teve e manteve uma constelação de forças adversas, tanto interiores como exteriores. Um conluio de magno poder económico que, interessado exclusivamente nos seus negócios privados, transformados em falsos interesses nacionais, contrariaram e em certos casos conseguiram neutralizar por completo muitos dos bons propósitos que estavam no roteiro da União Europeia.

Se, já no campo da história, os EUA investiram na recuperação da Europa Ocidental, não por serem intrinsecamente beneméritos mas porque, além de lhes proporcionarem bons negócios, a Europa, mais uma vez, servia de tampão ou de primeiro sacrificado, perante um possível avanço do comunismo soviético. Atendendo à realidade crua de que ninguém da nada por nada, os magnatas dos USA -curiosamente todos eles descendentes directos de europeus, mas mais atentos às suas contas e depósitos do que aos seus parentes do outro lado do Atlântico- além de se apoderaram da tecnologia alemã, e alguma francesa, ficaram donos das empresas sediadas na Europa, mas recapitalizadas com dólares. O Dinheiro é um senhor poderoso.

Pragmaticamente os novos tempos seguiram a receita de que negócio é negóciobusiness is business, e o resto são flores do campo. Com esta sabedoria se decidiu aproveitar a possibilidade de transferir a produção de alguns produtos (progressivamente quase todas as manufacturas europeias) para a Ásia Oriental, onde tinham mão-de-obra mais barata e sem pressões sindicais, além de que se "comprometiam a não plagiar". Ah Ah Ah !

Com esta miragem de melhorar os seus resultados, a Europa, e também os seus patrões sediados nos EUA, foram perdendo o domínio da economia de base.

Até aqui todos os leitores, que sei existem, são conhecedores e choram lágrimas interiores, sem encontrar uma possível solução. O mal está feito, mas sempre existem novos meios no fundo da despensa! E a Europa tem a necessidade, imperiosa, de reagir. 

Só terá alguma probabilidade de êxito se recuperarem e incrementarem a união que perderam. Ainda estão a tempo de reagir, e é mesmo necessário mudar as regras, tornando-as mais amplas e rígidas, solidárias mas exigentes, mesmo que alguns países tiverem que enviar “cônsules” com poder de fiscalização e decidir penalidades aos faltosos. O dar com uma mão e pretender sacar com a outra já se deve ter visto que não é um caminho a retomar. Já deu o que tinha a dar. E não foi bom.

Imaginando a possibilidade de uma evolução favorável, podia-se dar um alerta aos EUA “namorando” uma Rússia democrática, pós Putin. A colaboração com aquela nação, complexa e enorme, caso se fizesse seriamente, poderia alterar o balanço mundial. Seria um possível fiel da balança. A Europa isolada não terá grandes possibilidades de recuperação com a saída do Reino desUnido, e com a ameaça de outros dissidentes.

Precisamente deve-se salientar que a dissidência surge quando se vê que a base deixou de ser firme.



UM COMENTÁRIO PESSOAL que surge a propósito dos factos.

VOZES DE BURRO NÃO CHEGAM AOS CÉUS

É a conclusão a que devo chegar, após anos de dedicação às paredes, por verificar que os meus escritos não merecem ser um incentivo para abrir uma sala de comentários. Paciência. Que se está esgotando.