Na
mitologia grega, a sabedoria mereceu o galardão de ter um Deus em
exclusividade, neste caso uma deusa. Possivelmente porque já então
se valorizava a sagacidade da mulher comparativamente com a força e
ímpetu guerreiro dos homens, uma homenagem que é provável fosse
herdada de civilizações anteriores, de estirpe mesopotâmica. Esta
deusa era conhecida pelo nome de Atena. Sim, como a capital da
nação grega.
Na
complexa genealogia dos deuses gregos, explícita na sua mitologia,
esta deusa Atena era filha de Zeus, o Deus máximo, e da deusa Métis.
Quando os romanos se interessaram pela cativante mitologia grega,
adaptaram as personagens a uma nomenclatura sua, e daí que Atenas
foi rebaptizada com o nome de Minerva.
Antes
de prosseguir com a explicitação do símbolo de Atena, e em
consequência da sabedoria, dando como certo de que todos os que
aprenderam a ler, e fazem uso desta capacidade, sabem a quem foi
atribuído ser símbolo desta qualidade (sabedoria) mais rara e menos frequente do que aprioristicamente se julga, vou recordar um curto
conto, mais do calibre de uma anedota infantil do que de teor
ofensivo ou desrespeitador.
Um
sujeito, pressionado por un capricho da esposa, foi dar uma volta
pelas lojas de animais tentando comprar um papagaio. Ficou perplexo
ao ver que estes pássaros falantes tinham desaparecido do mercado.
Disseram-lhe que esta carencia era devida ás rusgas que as
autoridades, zelosas com esta coisa da preservação da natureza,
faziam ás lojas, onde além de recolher os animais que figuravam nas
listas de não passíveis de ser comercializados, ainda impunham
pesadas coimas aos comerciantes que apanhassem em falta.
O
homem, desesperado, pedia, insistia, para que o orientassem para poder
satisfazer o desejo da esposa. Respondiam que só na candonga. No
mercado clandestino. Existe mas não o podemos orientar, como pode
entender.
Regressando
para o seu lar, cabisbaixo e sem ter argumentos que o justificassem perante a esposa, da sua ineficacia para lhe comprar o papagaio que
tanto desejava, passou por uma rua onde não circulava desde muitos
anos antes. E ali deu de caras com mais uma loja de animais de
companhia. Sentindo ser a sua última oportunidade perguntou por um
papagaio. O dono, que não devia ter feito bom negócio naquele dia,
viu que tinha chegado a possibilidade de ganhar o dia.
Pois
o senhor acertou com esta loja. Tenho cá um papagaio da Indonésia,
muito raro, que em Portugal, que eu saiba, não é usual as pessoas
terem. Só tem o defeito de que ainda não tive tempo para o ensinar,
pois trouxeram-no esta manha. Mas afirmaram que com paciência ele
pode aprender. Sai uma bocado carote, mas atendendo a que o senhor o
procura para satisfazer a esposa, posso fazer-lhe um bom preço, sem
ganhar nada.
O
cliente levou o passaroco para casa e explicou a aventura à esposa,
que já estranhava tanta tardança em chegar a casa. Mas ao ver
aquela ave, que lhe disseram ser exótica, deu-se por satisfeita.
Lástima que tinha umas penas pouco atractivas. Mas, dadas as
dificuldades com que se deparou o marido, contentou-se.
Passadas
umas semanas, practicamente um mês, o cliente voltou à loja com a
ave. A mulher estava desesperada, abatida e até zangada com a vida,
pois não conseguira ensinar nem uma só palavra à ave. A única
qualidade que lhe encontrara é que olhava fixamente, que se
interessava, e até movia a cabeça de um modo estranho, como se
quisesse justificar a sua incapacidade. Com maus modos e gritaria
colocou o bicho, mais marido, fora de casa, com ordens de o devolver
na loja.
O
lojista, quando o viu entrar, não sabia onde se meter, nem sabia se
devia ficar de semblante sério ou compungido. Optou por aceitar a
devolução, restituir a importância paga e apresentar um veemente
pedido de desculpas. Depois do infeliz marido se ter ido embora,
desmanchou-se a rir pela partida que tinha feito àquele crédulo. O
passaroco não era de facto um papagaio, mas sim um mocho real, por
sinal também ave protegida.
Um
breve parágrafo pera justificar a escolha da coruja, ou o mocho,
como é normal que confundam aqueles pouco versados em ornitologia. O
facto de estarem com os olhos bem abertos, interessados pelo que
sucede à sua volta e com a capacidade de, sem mexer o corpo, poderem
girar a cabeça para cobrir 360 graus, lhe proporcionaram ser
considerados como sábios, E daí a sua imagem equivaler a
representar tanto Atena como Minerva.
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