sexta-feira, 10 de março de 2017

É SINTOMÁTICO



O ter vivido algumas décadas, e lido bastante, além de dar atenção às conversas em família ou com alguns (poucos) amigos, proporciona uma bagagem de vivências de que podemos lançar mão quando surge a oportunidade.

Já referí, em escritos anteriores, que existe uma pressão evidente para criar um novo PREC, mas desta vez orientado para o outro lado. Promete, caso não morrer à nascença, ser tão desagradável como o anterior, ou mesmo pior, pois que se este pegar de estaca e atingir aquilo que os seus promotores desejam, voltaríamos à época do oscurantismo.

Sinto que, mais uma vez, tenho que deixar bem clara a minha convicção acerca de quão prejudiciais são, para a sector mais tranquilo e cumpridor da sociedade. Tanto faz que sejam uns ou outros os que tomem o poder com a força e determinação que desejam. Se uns são maus os outros não são melhores. Por isso, usando o tom de brincadeira que prefiro para retirar emotividades desnecessárias: No meio está a virtude, e também o deboche, a pouca vergonha e até os jogos inocentes.

Mas o que pretendo explicitar é que, curiosamente, são sempre os mesmos que, com o propósito de cativar os simples, os incautos e pouco sabedores, utilizam SEMPRE, como sendo da sua exclusiva propriedade os símbolos e discursos patrióticos.

Reparem, se estiverem para isso, como Mussolini, Hitler, Franco e Salazar, para só referir alguns dos que mais podem ter ficado na memória dos portugueses, sempre se apoiaram em versões manipuladas da história e, logo de seguida, afirmarem, sem o mínimo pudor, que eles eram os valentes e abnegados cavaleiros que voltariam a dar a importância e o brilho que merecem, não só a Pátria, como à Nação, o País, à bandeira e tudo aquilo que encontrem e pensem que merece um afecto profundo, sem mácula a qualquer cidadão de boa índole. Sempre foram capazes de vender a própria mãe se isso lhes desse algum proveito.

O impulso para o exagero os leva, quase sempre, a recuar a épocas passadas, já esquecidas e fora do ambiente em que vivem os cidadãos da actualidade. Por isso não nos admira que a bandeira a respeitar e beijar seja à da monarquia, dado que a República, e a Democracia que lhe está associada, são regimes a derrotar e mandar para as profundezas dos infernos.

Se aceitarmos esta manipulação do imaginário colectivo pelos mais conservadores, aqueles que se lhes opõem parece que ficam órfãos totais. Para eles, que são a escumalha social, e outros epítetos mais desagradáveis que constam das diatraves do conservadores, são gentes sem Pátria, que nem sequer merecem ser vistos como portugueses, e nunca respeitáveis. 

Só lhes deixam o punho alçado, as bandeiras vermelhas e os tumultos de rua. Evidentemente nunca esclarecem quem são os provocadores, voluntários ou contratados a soldo, que sempre se encarregaram de criar os tumultos que prontamente, os tais organizadores ocultos, se encarregaram de exigir, em vociferação bem alta, que deviam ser rápidamente e de forma exemplar reprimidos, para "bem da sociedade". Leia-se, com bastantes mortos.

É curioso que gentes que se consideram como educadas, e até demócratas (?) pensem assim, e que estejam na predisposição de afirmar, sem reflectir, barbaridades do estilo de Nós ou o dilúvio.


Com imensa tristeza afirmo que a história mostrou como estes extremistas conduziram a sociedade donde se instalaram para infernos bíblicos. Que tanto os das águias imperiais, ou variantes bem conhecidas cá na casa, como os do punho fechado, são selvagens sem escrúpulos, que nascem e crescem sem que os bons cidadãos sejam capazes de eliminar este basilisco enquanto é tempo. Um autor, merecidamente conhecido, identificou esta génese destruidora como sendo O OVO DA SERPENTE.

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