O
ter vivido algumas décadas, e lido bastante, além de dar atenção
às conversas em família ou com alguns (poucos) amigos, proporciona
uma bagagem de vivências de que podemos lançar mão quando surge a
oportunidade.
Já
referí, em escritos anteriores, que existe uma pressão evidente
para criar um novo PREC, mas desta vez orientado para o outro lado.
Promete, caso não morrer à nascença, ser tão desagradável como o
anterior, ou mesmo pior, pois que se este pegar de estaca e atingir
aquilo que os seus promotores desejam, voltaríamos à época do
oscurantismo.
Sinto
que, mais uma vez, tenho que deixar bem clara a minha convicção
acerca de quão prejudiciais são, para a sector mais tranquilo e
cumpridor da sociedade. Tanto faz que sejam uns ou outros os que
tomem o poder com a força e determinação que desejam. Se uns são
maus os outros não são melhores. Por isso, usando o tom de
brincadeira que prefiro para retirar emotividades desnecessárias: No
meio está a virtude, e também o deboche, a pouca vergonha e até os
jogos inocentes.
Mas
o que pretendo explicitar é que, curiosamente, são sempre os mesmos
que, com o propósito de cativar os simples, os incautos e pouco
sabedores, utilizam SEMPRE, como sendo da sua exclusiva propriedade
os símbolos e discursos patrióticos.
Reparem,
se estiverem para isso, como Mussolini, Hitler, Franco e Salazar,
para só referir alguns dos que mais podem ter ficado na memória dos portugueses, sempre se apoiaram em versões manipuladas da história
e, logo de seguida, afirmarem, sem o mínimo pudor, que eles eram os
valentes e abnegados cavaleiros que voltariam a dar a importância e
o brilho que merecem, não só a Pátria, como à Nação, o País,
à bandeira e tudo aquilo que encontrem e pensem que merece um afecto
profundo, sem mácula a qualquer cidadão de boa índole. Sempre foram capazes de vender a própria mãe se isso lhes desse algum proveito.
O
impulso para o exagero os leva, quase sempre, a recuar a épocas
passadas, já esquecidas e fora do ambiente em que vivem os cidadãos
da actualidade. Por isso não nos admira que a bandeira a respeitar e
beijar seja à da monarquia, dado que a República, e a Democracia que
lhe está associada, são regimes a derrotar e mandar para as
profundezas dos infernos.
Se
aceitarmos esta manipulação do imaginário colectivo pelos mais
conservadores, aqueles que se lhes opõem parece que ficam órfãos
totais. Para eles, que são a escumalha social, e outros epítetos
mais desagradáveis que constam das diatraves do conservadores, são
gentes sem Pátria, que nem sequer merecem ser vistos como
portugueses, e nunca respeitáveis.
Só lhes deixam o punho alçado,
as bandeiras vermelhas e os tumultos de rua. Evidentemente nunca
esclarecem quem são os provocadores, voluntários ou contratados a
soldo, que sempre se encarregaram de criar os tumultos que prontamente, os
tais organizadores ocultos, se encarregaram de exigir, em vociferação
bem alta, que deviam ser rápidamente e de forma exemplar reprimidos, para "bem da sociedade". Leia-se, com bastantes
mortos.
É
curioso que gentes que se consideram como educadas, e até demócratas
(?) pensem assim, e que estejam na predisposição de afirmar, sem
reflectir, barbaridades do estilo de Nós ou o dilúvio.
Com
imensa tristeza afirmo que a história mostrou como estes extremistas
conduziram a sociedade donde se instalaram para infernos bíblicos. Que
tanto os das águias imperiais, ou variantes bem conhecidas cá na
casa, como os do punho fechado, são selvagens sem escrúpulos, que
nascem e crescem sem que os bons cidadãos sejam capazes de eliminar
este basilisco enquanto é tempo. Um autor, merecidamente conhecido, identificou esta génese destruidora como sendo O OVO DA SERPENTE.
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