Durante
décadas era habitual ler e ouvir dizer, quando uma ameaça ou uma
iniciativa que prometia vir a ser um acontecimento de grande
magnitude, não atingia os seus propósitos, como sucede na maioria
dos casos, morria à nascença. Desaparecia do mapa como se um
vento, nem sequer muito forte, o tivesse levado para além do
horizonte. O fecho vinha com a frase afinal a montanha
pariu um rato. A
evolução do linguajar, mais a
vaidade, tonta, de aceitar a colonização dialéctica do ingles,
sempre predisposto a gastar poucas letras ou ainda menos força
pulmonar para falar, também aqui introduziu a sua semente. Daí que
agora limitam-se a dizer: foi um flop.
Além
da verbalização dos fracassos e também de algumas excelentes
ideias que, por falta de oportunidade, recursos ou da incapacidade
das tornar visíveis e apreciadas pela sociedade, morreram solteiras,
e até virgens a 100 %, fica a esperança, ou ilusão sem base, de
que podem ter a sorte de, mais adiante, renascer com mais sorte e
ímpeto.
Esta
croniqueta, que desejo conseguir que fique curta, foi motivada pela
sensação recebida através dos meios de comunicação, de que
apesar do esforço ingente que alguns cidadãos fizeram, a tentativa
de criar um clima de instabilidade social, passível de, com o
auxílio do sector mais conservador, se tornar uma força de opinião
imparável, e em consequência, o germe de um movimento que pudesse
efectivar o almejado retorno ao passado, não colou.
O
alarme, para quem sentiu os sinais, não se efectivou. Não sei se
felizmente ou simplesmente porque a nossa sociedade atingiu um nível
de consciência colectiva que, quase impossibilita o embarcar em
tretas, que só podiam beneficiar uma parcela muito diminuta do
total.
Seja
qual for a razão deste desinteresse social é bom que, pelo menos
aqueles que ainda pensam pela sua cabeça, não durmam sobre os
louros. Os saudosistas existem, e geram novas gerações
qualificadas. E, como se sabe, não mudam de parecer e de vontade
para tomar as rédeas. Se esta tentativa de agitar as águas e
conseguir que os lodos do fundo, ao serem puxados para a superficie,
as deixassem turvas, facilitando as suas movimentações, voltarão a
tentar, uma e outra vez. Moem-se e não desistem.
NOTA
FINAL: O que denuncio aplica-se, como é evidente, a ambos extremos
do quadrante partidário. Podem enfeitar o seu ramalhete à sua
conveniência, mas o propósito final é idêntico.
Sem comentários:
Enviar um comentário