domingo, 12 de março de 2017

PARIU UM RATO?


Durante décadas era habitual ler e ouvir dizer, quando uma ameaça ou uma iniciativa que prometia vir a ser um acontecimento de grande magnitude, não atingia os seus propósitos, como sucede na maioria dos casos, morria à nascença. Desaparecia do mapa como se um vento, nem sequer muito forte, o tivesse levado para além do horizonte. O fecho vinha com a frase afinal a montanha pariu um rato. A evolução do linguajar, mais a vaidade, tonta, de aceitar a colonização dialéctica do ingles, sempre predisposto a gastar poucas letras ou ainda menos força pulmonar para falar, também aqui introduziu a sua semente. Daí que agora limitam-se a dizer: foi um flop.

Além da verbalização dos fracassos e também de algumas excelentes ideias que, por falta de oportunidade, recursos ou da incapacidade das tornar visíveis e apreciadas pela sociedade, morreram solteiras, e até virgens a 100 %, fica a esperança, ou ilusão sem base, de que podem ter a sorte de, mais adiante, renascer com mais sorte e ímpeto.

Esta croniqueta, que desejo conseguir que fique curta, foi motivada pela sensação recebida através dos meios de comunicação, de que apesar do esforço ingente que alguns cidadãos fizeram, a tentativa de criar um clima de instabilidade social, passível de, com o auxílio do sector mais conservador, se tornar uma força de opinião imparável, e em consequência, o germe de um movimento que pudesse efectivar o almejado retorno ao passado, não colou.

O alarme, para quem sentiu os sinais, não se efectivou. Não sei se felizmente ou simplesmente porque a nossa sociedade atingiu um nível de consciência colectiva que, quase impossibilita o embarcar em tretas, que só podiam beneficiar uma parcela muito diminuta do total.

Seja qual for a razão deste desinteresse social é bom que, pelo menos aqueles que ainda pensam pela sua cabeça, não durmam sobre os louros. Os saudosistas existem, e geram novas gerações qualificadas. E, como se sabe, não mudam de parecer e de vontade para tomar as rédeas. Se esta tentativa de agitar as águas e conseguir que os lodos do fundo, ao serem puxados para a superficie, as deixassem turvas, facilitando as suas movimentações, voltarão a tentar, uma e outra vez. Moem-se e não desistem.


NOTA FINAL: O que denuncio aplica-se, como é evidente, a ambos extremos do quadrante partidário. Podem enfeitar o seu ramalhete à sua conveniência, mas o propósito final é idêntico.

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