quarta-feira, 15 de março de 2017

FOI SEMPRE ASSIM

Progressivamente fui abandonando a imprensa escrita, sem tentar substituir pelos noticiários na TV e muito menos pelas tretas que desejam impingir nas redes sociais. Apesar desta minha adversão a notícias comprometidas, sucede que sou um elemento dum casal, e desde umas semanas a esta parte a minha mulher, apresentou uma moção interna pela qual mostrava o seu interesse em que, dado não haver outro, se comprasse o Expresso.

Quando chega o saco com quilos de papel, muito dedicado a publicidade, separo a maior parte por não me oferecer interesse pessoal. Depois, ao longo dos dias, vou dando umas passagens pelo primeiro caderno e pela revista. E aqui encontro opiniões facciosas. Não posso dizer que me surpreendo, pois sei, perfeitamente, a quem pertence esta revista e qual é o sector social que prefere. Mas a falta de isenção me incomoda. Manias!

Recordo ter lido, numa coluna que não fixei, num comentário a propósito da não-conferencia de Nogueira Pinto, a afirmação de que a universidade estava ocupada, dominada, por esquerdistas devem estar acoitados, marxistas, leninistas, troskistas, estalinistas, maoistas e outros istas igualmente indesejáveis. Esquece que também, nos mesmos corredores e salas, podem-se encontrar alguns direitistas, e entre eles uns que não são precisamente meninos do coro.

Quem escreve estas afirmações não deve ter frequentado o ensino superior antes do golpe dos militares do quadro, ou então tem graves lapsos de memória. Tradicionalmnete os jovens, uma vez que ultrapassaram a adolescência, sempre se sentiram motivados pela política, e nas faculdades, especialmente nas da rama letras, eram muitos os que desejavam mostrar a sua visão adulta do mundo, opondo-se ao regime. E esta revolta intelectual, como se verificou sempre, cativava mais adesões nas diferentes ramas da esquerda, pois que o governo, ao qual se opunham, era da direita conservadora.

E esta situação repetiu-se por toda a Europa desde finais do século XIX. Portanto quando se afirma, como coisa inesperada e inconveniente, que existem, ainda hoje, grupos de universitários adictos a pensamentos ditos de esquerda, é normal que assim seja. E mais, esta fase de contestação cura-se com a idade e a vida profissional. O mesmo não acontece com os fanaticos da direita, pois que estes sendo todos bons rapazes e boas raparigas, não mudam de convicções, antes as transmitem aos seus descendentes. Já agora, posso afirmar que também há delas boas entre os esquerdistas. 

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