quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

UM VIVEIRO DE GENTE COM VALOR 


DESTA VEZ NÃO RESISTO


Já me rói na cabeça, desde anos até, um pensamento que pode ser desagradável para os meus leitores. Mesmo admitindo que não chegam a ser meia dúzia, mas admito, sinceramente, que tem direito a serem respeitados.

Há minutos vi, no noticiário da TV, uma reportagem acerca de uma reunião de representantes dos membros da ONU, principalmente orientada (mais uma vez, sem que se sintam reflexos positivos) aos problemas causados pelas combustões, tanto industriais como “selvagens”, nomeadamente ligadas ao aumento da temperatura global da atmosfera planetária.

Estranhei não surgir a imagem, sempre recorrente, do “nosso” apóstolo, digamos mesmo agindo como sacristão ou diácono. O “nosso” Engenheiro GUTERRES. Mas sabia que, a sua entrada no filme estaria iminente, pois se há coisa que lhe agrade é o dar sermões perante as câmaras. Mas já estamos cientes de que a opção de pregar no topo de um monte, não o satisfaz. Ele quer ter uma audiência garantida. Não demorará a que consiga espraiar as sua correcta oratória num areópago de alto nível. Os seus promotores (a falta de pior e mais estéril ou improfícuo) não tardarão a lhe dar novas oportunidades para exibir a sua nulidade. Qualquer dia o veremos pregar aos peixes numa aquacultura de robalos e douradas.

Porém esta catilinária, infelizmente, não se pode ver como um caso “único e nunca visto”. Outros “ilustres lusitanos”, que depois de falharem nos seus propósitos na governação do País (será que de facto tinham, estes pretensos propósitos?) Ou que de todo a lista de capítulos importantes que traziam ao jurar o cumprimento dos seus deveres (admito que fizeram figas enquanto juravam) os únicos capítulos que cumpriram foram o de continuar a obedecer e favorecer as “forças nada ocultas” e colocar em lugares bem remunerados, (que não implicavam nem capacidade nem o ter que trabalhar para o País) os elementos da longa lista de apaniguados e compromissos que, desde antes do início, já traziam às costas.

Esta lenga-lenga, mais azeda do que deveria ser necessário, surgiu por ter visto, não sei onde, que já se previa a transferência do actual Primeiro Ministro, Costa por sinal, para um lugar de relevo internacional. Pelo menos no âmbito europeu. E, eu, simples e obscuro cidadão, não duvida de que, sem demora, o colocarão num pedestal, sem qualquer responsabilidade efectiva. Mais um.

Portugal cria e oferece muitas personagens importantes...?????


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O DEUS DAS MOSCAS

 Com este recolhimento "voluntário" em que nos acomodamos, e progressivamente acentuado com o descer da temperatura ambiente, o recurso à leitura tem sido uma forma de tentar escapar do tédio.

Assim sendo, entre outros livros, ataquei, em releitura, O DEUS DAS MOSCAS, que William Golding (Prémio Nobel da dinamite) editou em 1954. Entremeio já tinha visto o filme. de 1990, com o mesmo título. Verifiquei que o roteiro do filme mostra uma alteração, quanto a mim importante, do desfecho da história.

Penso que os meus seguidores (que se chegarem à meia dúzia já seria um sucesso) conhecem esta obra e o núcleo do argumento. Resumindo: refere a possível evolução social e temperamental dos elementos de um grupo de jovens, sobreviventes da queda de um avião, numa ilha deserta, sem contar com o apoio e influência de adultos, já formatados. 

Trata-se de um estudo, teórico, de como evoluem os elementos de um grupo, isolado, quando deixado "ao Deus dará". É uma obra muito conhecida e, por esta razão, não cabe que aqui a esmiúce.

Todavia, entre o filme e o texto original existe uma "discrepância" muito notória, e que altera, bastante a mensagem proposta por GOLDING. Precisamente a "identificação do que se considerou ser o DEUS DAS MOSCAS.

Na obra literária esta figura, com a que se quer demostrar a necessidade interior dos homens para ter uma "divindade" que os apoiei e castigue (?) é materializada com uma cabeça de porco espetada numa estaca, e que fica coberta de moscas. Insectos que, quase de imediato, lhe auferem uma nova vida.  Os "náufragos", com diferentes idades e capacidades mentais, são levadas, de motu próprio, a procurar este símbolo totémico para se consolar ou apoiar.

No filme, o recriador opta por utilizar uma personagem, que no livro é despachada em poucas linhas. Um ser humano, morto, que caiu de um avião militar, seguro e pendurado num paraquedas enganchado nos ramos de uma árvore. Tal como se refere quanto à cabeça de suino, o paraquedista ficou pasto dos dípteros vorazes. 

O simbolismo subliminar, é mais evidente no filme: descido dos céus e pendurado de um tronco. É neste cadáver, consumido e abandonado, que os crianças e jovens acodem para procurar um apoio. 

A mensagem é tão evidente que justifica o porque o autor não se atreveu a aprofundar o seu esquema. Preferiu que fosse o leitor a decidir quem era O DEUS DAS MOSCAS. O filme, todavia, quis ser mais explícito e por isso dá uma ajuda ao espectador. Que não tem o vagar, nem tempo disponível, para meditar e analisar com alguma profundidade uma das mensagens que O DEUS DAS MOSCAS  nos oferece.

MEDITAÇÕES - Primeira infância

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 MEDITAÇÕES - Outros tempos

Quando jovem, já na alta adolescência, o frio que se sentia dentro das casas era tremendo, e como o recurso a um aquecimento central ou a radiadores eléctricos não estava disponível para todos os bolsos, muitas vezes se socorria das braseira, onde se queimava carvão de lenh9o miúdo, caroços de azeitona carbonizados ou até se procurava conseguir brasas daa padaria que usava lenha para cozer o pão.

Fosse qual fosse a opção que se tomasse o que era comum resumia-se em queimar, com a ajuda do ar da sala onde estava a braseira, e dar, como resíduo, cinzas e anidrido carbónico, gás que não é propriamente benéfico para a respiração humana, ou de algum mamíferos que nos podem acompanhar, incluídos os pássaros de gaiola, mesmo que não sejam nada mamíferos. Daí que o ambiente fica, progressivamente, mais carente de oxigênio e, se não existir uma renovação do ar, é propício a que o utente morra asfixiado. Fim da linha!

Mas, pela minha convivência com este processo "caseiro" de aquecimento e dado que os pés, tal como as mãos, e o nariz e orelhas, são os primeiros a sentir os efeitos das baixas temperatura, nada tem de anormal que o friorento quando estiver junto à mesa-camilha, ponha os seus pés perto da braseira. Muitas vezes, excessivamente perto! sendo assim "assei" ou mesmo esturrei algumas solas de sapatos ou de pantufas.

Sem nunca descuidar de mexer as brasas do recipiente, pois que a combustão, deixada sem receber mais combustível, esmorecia até apagar.

Desculpem este longo prelúdio baseado em tempos quase que esquecidos, Mas com ele pretendia ilustrar um tema mais contemporâneo e até de necessidade de ser ponderado em breve. Concretamente por se aproximar a data de novas eleições legislativas.

A CONCLUSÃO que pretendo oferecer é que há partidos, formações contestatárias, grupos de refilões, que, em princípio, nos são de rejeitar, A razão deste visceral repulsa não nos deve ofuscar o raciocínio. A SUA EXISTÊNCIA E ATÉ O CONSEGUIR UMA DOSE NOTÓRIA DE ADESEÃO NA CIDADANIA É FUNDAMENTAL.

Porque? Pois, simplesmente, porque os grupos "sensatos e já estabelecidos", não se podem deixar dormir sobre os seus louros. Dito de outra forma, também metafórica. Os partidos ou grupos  "revolucionários" tem o PAPEL FUNDAMENTAL, imprescindível, de agir como a palete de metal que se utiliza para dar a volta às brasas e chegar mais combustível ao centro da braseira.

Muitas pessoas não entendem a importância, a necessidade, de ter uma fração contestatária, 

Caso não existir a contestação, tantas vezes notoriamente exagerada, é fácil cair numa ditadura, mesmo que seja relativamente "mole".

Ressalvamos o facto, bem conhecido, de que existiram, existem e existirão, ditadoras de direita, de esquerda e até religiosas.

~~


domingo, 4 de abril de 2021

MEDITAÇÕES – Saudades de poder saciar o apetite

 Devo ser, e sou certamente, um animal estranho, pertinaz da mania de contrariar as modas, tão bacanas e simpáticas, que é forçoso de seguir “religiosamente” se quisermos estar, nem que seja ilusoriamente, na tal “crista da onda”, que, como já vimos milhentas vezes, fica atrás do ponto em que o surfista desafia a natureza.

Pois bem. Indo directamente ao assunto que me excita, afirmo, com convicção plena e sem vergonha, que esta pertinaz publicidade que se está fazendo em favor da “cozinha de autor” é uma fraude contra o que sempre se entendeu ser o prazer da boa mesa. E já não lhes bastava satisfazer os vaidosos que se deliciam com um prato, -em geral de um diâmetro maior do que normalmente consta de um serviço normal de mesa- onde andam perdidos, mas regados com algum!s molho extravagante e uns raminhos de ervas aromáticas, um microscópico pedaço de proteína e uns leves adereços que se assemelham às penas de avestruz das vedetas do musical.

Tem que engolir aquilo aos bocadinhos, para render mais uns minutos, antes de chegar à magnífica conta que, gostosamente e com muita vaidade, é paga com um cartão. Nunca com dinheiro vivo! Que isso é coisa de gente sem classe!

Este disparate de tratar um repasto como se comêssemos um ramo de flores, acompanhado com uma bebida “exótica” já ultrapassou a fronteira da porta da rua destes locais de alta cozinha. Já podemos encomendar em serviço de entrega domiciliar ou, simplesmente, pedir que nos façam um arrumado take away.

Aqueles repastos familiares, onde se acomodavam amigos e parentes à volta de uma mesa grande, ou mais do que uma caso fossem muitos, e onde se aguardava, com intensa expectação, a chegada de fartas travessas, onde cada comensal podia seleccionar os pedaços que mais lhe agradavam, e que se podiam completar com os “acompanhamentos” que eram, de imediato, postos sobre as alvas toalhas, já só se podem deleitar em locais que estão, teimosamente, fora das normas do bom gosto.

Não esqueço de referir que na mesa estão à disposição dos comensais bebidas várias, sejam alcoólicas de vinho ou de cevada, outras de base aquosa, com e sem gás, que amavelmente são aproximadas ao requerente, sedento, seja por ajuda de outro parceiro ou por um atento servidor.

QUE SAUDAEES DAS TRAVESSAS FARTAS!!


sábado, 3 de abril de 2021

MEDITAÇÕES – Mutatis mutandis

 Procurando uma base fidedigna sobre um assunto que trazia em fase de alinhavar, procurei um volume, encadernado em rústica, do semanário O ANTÓNIIO MARIA, que abrange todos os números saídos da pena de Bordalo Pinheiro (texto e desenhos). É confrangedor ver como ali se descrevem as desventuras nacionais, numa época em que estava o regime monárquico e uma reduzida elite de colaboradores, a maior parte mais interessados no seu benefício pessoal do que em melhorar a situação do povo.

Não sendo uma obra histórica, valorizada como tal por um autor de nível académico, é de grande utilidade como documento ponderado.

Apesar de eu não pertencer a uma antiga família lusitana tal não me tem impedido de estudar, ver e raciocinar, sobre a situação social e económica de Portugal e dos portugueses em geral. E sem grande esforço, mas com uma enorme tristeza, verifiquei o desencontro entre a evolução das condições económico-sociais neste belo e afável País, comparativamente com os restantes países do ocidente europeu, mantém-se practicamente na mesma ao longo dos tempos. Uma economia desequilibrada, com uma dívida ao exterior em aumento e sem possibilidades visíveis de poder atingir um equilíbrio. A indigência vai em aumento, constante. Não tenhamos medo nem vergonha da palavra, mas sim, e muito, do que nos acontece.

Numa análise benévola e condescendente, falseamos a realidade alegando que são quedas cíclicas, que por maldade do fado, -ou dos deuses malignos, a escolher- colocam a País na mó de baixo. Mais objectivamente somos induzidos a culpabilizar a pesada influência de uma elite nada patriótica, mesmo que jurem lealdade e abnegação para o bem da Nação e cantem o hino nacional em sentido (figurado...) e com a mão direita sobre o seu coração, ou segurando a sua carteira.

Não serve de nada tentar identificar os culpados, em sucessivas gerações. Do mesmo modo de nada serve, como se verifica facilmente, recordar os avultados bens que se conseguiram dos diferentes territórios que se exploraram. O que aqui chegou foi gasto em luxos e obras supérfluas. Outra parte foi aplicado no pagamento dos empréstimos concedidos pelos banqueiros judeus sediados nos Países Baixos, e o restante gasto sem proveitos de vulto por umas poucas famílias.

O que não se fez foi educar, a população do País e, uma vez sabendo ler, escrever e o equivalente a uma cultura geral básica, incipiente, mas útil, iniciar a industrialização intensiva da metrópole. Mesmo a meritória tentativa do Marquês de Pombal não teve seguimento. E, em abono da verdade, os tratados comerciais de “amizade” com os países europeus sempre trataram, e mormente conseguiram, travar as sucessivas tentativas de iniciar um mercado interno, que além de abastecer as necessidades de alguns bens, tivesse possibilidades de exportar manufacturas de preço compensatório. As poucas indústrias que se instalaram não conseguiram estagnar o débito geral.

quarta-feira, 31 de março de 2021

MEDITAÇÕES – Como “fabricar” um político demagogo

 

Ventura e o seu mentor

Dias atrás li, com bastante atenção, uma reportagem sobre a evolução de um novo político, já com bastantes seguidores, nomeadamente entre aqueles que sentem acentuados motivos de queixa no confronto com outros sectores da sociedade.

A influência que pode conseguir um orientador firmemente doutrinado e, possivelmente disposto a influenciar a sociedade utilizando uma interposta pessoa, é um tema que tem sido atentamente estudado por psicólogos. E inclusive serviu de base argumental de Bernard Shaw no criação do seu Pigmaleão. Neste caso particular feminino, pois que o influenciado educa uma florista para a converter numa lady. O escritor irlandês preocupou-se em esclarecer que partia de uma rapariga já dotada de qualidades pouco habituais.

No caso concreto, e seguindo a descrição do senhor Ventura ao logo dos anos, depreende-se que era possuidor de uma experiência e de uma personalidade, já moldada e sedimentada, que o tornava especial para ser utilizado como cabeça visível de um movimento político revolucionário.

O surgir no espectro político, já prolífico, de um novo chefe, aparentemente independente e que pode incitar, com o seu discurso, de por si inflamado e rebelde, veio agitar as águas, já pouco tranquilas, do clube dos partidos políticos existentes.

O corolário que podemos tirar desta história é que orientador, treinador, mentor ou como lhe quiserem nomear, além de ser maquiavélico tem uma formação rígida e conhecida, e teve muita “pontaria” ao escolher e educar este líder inato. Veremos no que esta intrusão vai dar de si. Pode ser um fogacho sem consequências, mas também pode ser o início de uma reviravolta social ao jeito do que conseguiram Mussolini e Hitler.

Esta temida hipótese anda no ar.

sábado, 13 de março de 2021

MEDITAÇÕES – Nada de confusões

 

ARTESÃO E ARTISTA NÃO É A MESMA COISA

Um tema sobre o qual posso dar um testemunho pessoal. 

Sem me envergonhar nem envaidecer, pois sou consciente de que não ultrapassei o patamar de um artesão, apesar de durante algumas décadas consegui governar a economia familiar e assim tornar-me, segundo a classificação oficial, um profissional. Grau, não académico, que reconheço não teria alcançado sem a preciosa ajuda da minha mulher. Nunca frequentei uma escola de arte ou uma oficina-escola ou aprendiz da especialidade que escolhi para o meu futuro profissional.

Mas... para ser totalmente honesto confesso que consegui recolher um vasta biblioteca onde procurar ajuda nos problemas que, por ignorância prévia, tive que resolver. Além disso, tive a oportunidade, e sorte, de encontrar profissionais que, graciosamente, se prestaram a me orientar sobre alguns dos múltiplos pontos negros que encontrei no meu caminho. Daí que não posso afirmar que seja totalmente autodidata.

Apesar de ter atingido um certo renome com algumas das minhas criações, continuo a admitir -sem vergonha- que, por não ter um diploma de escola, que me de o aval como artista em potência -sem garantia de alguma vez chegar ao pódio- não me posso, honestamente, qualificar além do nível de artesão.

Hoje, já reformado da profissão individual -sempre com a preciosa ajuda da minha mulher- e após ter desactivado totalmente, oferecendo, gratuitamente, todo o equipamento da oficina de cerâmica artística e utilitária, dedico os meus tempos livres -que são todos- a “sujar telas”, com o recurso às novas tintas acrílicas, que facilitam muito a tarefa, para quem, repito, nunca teve outro apoio do que os livros.

quarta-feira, 3 de março de 2021

MEDITAÇÕES – A história explica

 A dimensão territorial justifica tudo?

Nem por isso. Há capítulos na evolução da história que nos podem orientar quando procuramos entender a situação actual de Portugal. Sem esconder a cabeça na areia como se diz da avestruz (1) temos todos os elementos necessários para explicar como, apesar de tantos navegadores se lançarem à descoberta de novos territórios, e de se ter tido nas mãos valores consideráveis, ciclicamente o País passou por épocas de penúria. Aliás, congénita para uma grande parte da sua população.

Recordo, com frequência, a explicação que o Prof. Hermano Saraiva dava para o fraco rendimento que se conseguia com o regresso dos navegantes. Muito simplesmente o problema residia em poucos, mas importantes, factores. Em primeiro lugar uma carência de dinheiro como “fundo de maneio”, e também da falta de estruturas produtivas na metrópole.

Encomendar a um estaleiro a construção de um navio, conseguir equipa-lo, não só com uma tripulação tão experiente quanto possível, e, o mais importante antes de partir: conseguir mercadorias que servissem como moeda de troca com os povos gentis com quem se iriam encontrar, constituíam problemas difíceis de resolver.

A solução mais corrente era a de procurar ajuda entre os banqueiros dos Países Baixos. O armador responsável da expedição assinava documentos nos que se comprometia a que -caso regressasse- após desembarcar a tripulação -o que restava dela- rumasse para Norte e se apresentaria no porto onde tinha conseguido mercadoria para negociar. Só depois de acertar as contas é que podia rumar para Portugal.

E com quem negociavam este apoio -a crédito insisto?- Pois com judeus de origem portuguesa, que eram banqueiros e tinham conseguido escapar de Portugal apesar das perseguições sangrentas promovidas pela Igreja Católica Romana. Obviamente, com anterioridade já tinham preparado contactos e novas sedes nos portos do centro da Europa.

Foi esta sangria de pessoas preparadas, industriosas e tenazes, que levou Portugal a se colocar afastado da evolução industrial, cultural, social e económica. Perdeu a oportunidade de evoluir, de escapar do domínio da feudalidade rural e citadina. Não se gerou uma verdadeira e poderosa classe de burguesia. Este facto ainda hoje se faz sentir.

Ou seja. Não foi o tamanho territorial do País que travou a evolução. Foi a expulsão dos judeus, nomeadamente dos banqueiros independentes, mas experientes de gerações, sabedores e com ligações internacionais. Mais a expulsão de gentes com profissões de valia, tais como médicos, farmacêuticos, astrónomos, matemáticos e outros. Foi o espartilho do catolicismo obsessivo que colocou Portugal no fim da lista. Em compensação deixou os carrascos da Santa Inquisição.

Podem argumentar que isto foram águas passadas. Será assim? Pensem e extrapolem do que conhecem de perto.

(1) - uma falsidade que se tornou como verdade, e baseada em que, para defender e vigiar os seus ovos, a enorme ave, não voadora, baixa a sua cabeça até o chão, onde fez a sua postura e aguardar a eclosão dos ovos.


terça-feira, 2 de março de 2021

MEDITAÇÕES – Já se nota ?

O PR está mais interveniente na governação?

Já antes de se conhecer o resultado da contagem da votação para a eleição do Presidente da República, -que sinceramente não foi tão participada como se desejava. Diz-se que devido ao retraimento causado pela pandemia- se especulava, e até se desejava, pelos especuladores futurólogos, que após a reeleição do Professor Marcelo este não retomasse o comportamento anterior.

Concretamente um sector, mais ou menos importante, e indefinido, da cidadania, opinava que no seu primeiro mandato, apesar de muito falar, da distribuição a granel de abraços e beijinhos, era notório que não queria hostilizar, de modo evidente, a governação do Partido Socialista em partilha com outros grupos mais à sua esquerda. Manifestou claramente que não desejava promover umas eleições gerais antecipadas.

Entretanto convêm não olvidar que o PS, desde a longa fase de orientação pessoal gerada por Mário Soares, se admitia que tinha metido o socialismo na gaveta. Possivelmente numa gaveta que, mesmo não fechada a chave e cadeado, tivesse pouco uso e menos atenção.

Quiçá é prematuro opinar sobre como tem mostrado as suas querenças e opiniões o respeitável Presidente. Todavia com as suas aparições recentes deixou, pelo menos a mim, a impressão de que já não sentia uma vocação muito intensa para “levar o menino ao colo” e que desejava seguir a tónica dos que o precederam num segundo mandato. Ser mais reactivo.

Por outro lado, nas bisbilhotices que se podem encontrar numa certa imprensa, e também pelas palavras ditas por alguns responsáveis da anterior parceria, nos parece que existe um ambiente de discordância e novas exigências por parte de membros da “troika”. Que não querem dar uma imagem de excessivo consentimento às decisões e pareceres do sócio maioritário, pelo risco de perder o seu capital. Que está identificado pelo número de seguidores e apoiantes activos.

Chegou a Primavera e, além das flores, algumas árvores já tem rebentos brilhantes. É por isso um momento de esperança. Não só em que a pressão da pandemia amaine e nos deixe viver, quase como anteriormente, mas, também, para alguns saudosos de outros governos, fossem do tipo de bloco central ou nitidamente da direita, possam sonhar, acordados, na possibilidade de retomar os seus pelouros.

Pessoalmente, e por dedução dos tempos passados, não os antigos mas notoriamente muito recentes e actuais, considero que o aforismo de que mudam as moscas mas a merda é a mesma, não se pode aplicar à terra. Pois muitas moscas são sempre as mesmas.

Será porque Portugal já recuperou a sua dimensão inicial e não existe uma reserva de moscas novas? Mas, de facto, continuamos a ser abusados por um pequeno grupo de astutos. Esgravatando um pouco nos sucessivos “escândalos” surgem personagens já conhecidas de outras habilidades anteriores. Anteriormente se dizia que quem mandava, de facto, eram umas poucas de famílias. Agora, aos clássicos, juntaram-se novos arrivistas, que os realmente importantes consentem que fiquem na fila da frente. Enquanto os considerarem válidos.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Uma receita que é um segredo

 Nestas semanas de clausura obrigatória e receio de aumentar o peso corporal se nos dedicarmos a petiscar, existe uma possibilidade de dar prazer ao paladar e, ao mesmo tempo, ajudar a entreter o tédio quando as actividades, mais ou menos lúdicas, se interrompem , seja qual for o motivo.

A receita surgiu ao recordar um hábito tradicional, que por não frequentar os locais apropriados, não sei se ainda está vigente.

Alguns clientes quando pedias que lhes servissem um café, numa das várias definições que existiam, por vezes peiam que fosse "pingado", com uma gotas de leite. Ou, mais sibariticamente, com "um cheirinho"

Pensei, num momento de notável lucidez: E será possível melhorar o prazer (?) de comer aquela micro  dose de iogurte adicionando-lhe umas gotas, digamos um fiozinho, de qualquer bebida alcoólica (que não cerveja) ?

Dito e feito. Melhora imenso! Depois de tirara a tampinha e lamber, cuidadosamente e sem pensamentos eróticos, a sua face interior, juntar um cheirinho da garrafa que tiver mais à mão (sem ser aquela mistela de agua com álcool que dizem nos desinfecta as mãos) Mexer bem, para homogeneizar, e comprove que aquele conteúdo melhorou consideravelmente.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – O desnorte da “classe média”

Nota prévia: O que tenho em mente é a ideia, pessoal, de que existe uma convicção errada, por uma parte das pessoas acomodadas, em se auto-considerar como pertencentes a uma zona social “em expansão”. A estarem situados numa burguesia que, de facto, tem uma base económica muito periclitante.

Recordemos que a nova classe social, independente da nobreza e da Igreja, surgiu na Idade Média quando as cidades -burgos-, foram ganhando importância em consequência do abandono dos campos pela dificuldade em subsistir. Nas cidades foi factível, para algumas actividades especiais, conseguir estabilidade e meios económicos próprios. Aconteceu com alguns artesãos especializados -como ourives- e a médicos, notários, advogados e outras profissões liberais. A eles juntaram-se empresários que careceram de ajudantes especializados ou como mão-de-obra com baixa remuneração. Assim surgiu uma nova classe com poder crescente e sem compromissos sociais: A burguesia.

Regressando à actualidade. Com os efeitos secundários que a pandemia está provocando no tecido social em que vivemos, é muito provável que bastantes famílias, que tinham conseguido habituar-se a ter mais do que uma residência. A gozar férias no estrangeiro várias vezes ao longo do ano civil. A poder usufruir da comodidade, e vaidade, de ter vários carros à sua disposição, além de residir em casas grandes, bem mobiladas e com todo o conforto desejável, súbita e gradualmente se viram privados de algumas benesses.

Apesar do recurso ao tele-trabalho, deve ter sido quase impossível não sentir os efeitos, nomeadamente no seu grupo familiar, do confinamento obrigatório. E pior. O encerramento de empresas pode ter colocado muitos dos membros da sociedade que, paulatinamente, se tinham habituado a “ser gente”, a verem-se num estado de

No século XX -ou seja recentemente pelo calendário evolutivo- a noção de pertencer à burguesia tornou-se a meta para quem, seja como for, tinha conseguido uma agradável estabilidade económica -mesmo que mais aparente do que real- com a qual se podia sentir destacado perante aqueles do grupo de onde tinha saído recentemente.

Esta aparente burguesia sem base económica própria e consistente, será uma das vítimas mais desmoralizadas que pode surgir com esta pandemia. Mas tenhamos fé em que alguns recuperarão, com esforço e novas oportunidades. E novos membros se incorporarão à falsa burguesia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES- A polémica dos brasões

 

Um assunto que só posso tocar com pinças, e com luvas cirúrgicas. Sem esquecer a máscara...


UMA POLÉMICA DISPENSÁVEL

A decisão de retirar, nos jardins da Praça do Império, os brasões das então colónias e posteriormente províncias ultramarinas, e nos dias que correm são países independentes, tem gerado uma polémica que não parece leve caminho de se poder terminar a contento de todos.

Deixando de lado, porque o tempo não volta para trás, -como pedia o Mourão na sua cantiga, com bastante êxito na sua altura- o facto de como se chegou a encomendar o projectar e executar os tais brasões. Como se sabe era uma das várias acções que estavam inclusas nos festejos produzidos pelo regime do Estado Novo, na remodelação da franja do lado direito da foz do Tejo que terminava na requalificação (merecida) da Torre de Belém.

Como, provavelmente, a selecção das imagens, simbólicas, que deveriam figurar em cada um dos brasões, não foi decidida após uma ampla consulta popular entre a população de cada uma daquelas áreas a brasonar. È notório que o tema pode atingir um nível de guerrilha com pouco sentido neste século. 

Uma ideia maluca que me ocorreu, -e que não creio que alguém a considere como interessante e factível- seria o da “passar a bola” aos embaixadores destes novos Países, acreditados em Lisboa, a fim de que possam dar o seu parecer. For ele como aval de continuarem no locar onde ainda estão implantados -ou estiveram durante décadas- ou de os apagar de vez. Ou seja, a sentença passaria a ser dos visados e não de um departamento camarário que qualquer cidadão pode criticar, independentemente de ter razão ou não.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Já é um pouco tarde

 Tinha escrito um texto, excessivamente longo, com o propósito de justificar a minha posição de reserva quanto à pressão que no único recanto que visito através da Internet, é um tal de Facebook, apesar de ter a noção de que são vários os grupos que coabitam nesta rede.

Deixei o texto a marinar durante a noite, em vinha-de-alhos, e no dia seguinte, ou seja hoje sábado, decidi que não vale a pena tentar explicar as causas e o meu impulso de retraimento no que respeita a “abrir a porta” a pessoas que desejam, ardentemente, ser meus amigos-a-martelo, como o vinho falsificado.

Tentei descobrir, dentro de mim, as razões porque tantas pessoas, totalmente desconhecidas na sua maior parte, querem entrar numa lista sem sentido.

A única explicação para esta corrente é que pretendem fazer uma lista de nomes o mais longa possível, como se estivessem a coleccionar selos, tampas de refrigerantes, carteiras de fósforos ou outra bobagem qualquer.

Apesar de que avalio que, para mim e nesta altura, o imaginar que posso passar a ter uma imensa e imparável quantidade de “amigos”, chega um pouco -ou mesmo muito- tarde para mim, dado que a probabilidade, inevitável, de deixar de estar presente de um momento para outro é muito alta. Ao insistirem com a minha participação estão perdendo uma parte do vosso “preciso tempo”.

MAS -dizem que sempre há um mas...- vou satisfazer as vossas ânsias. A partir deste instante vou aceitar todos os pedidos de amizade. E seja o que Deus quiser. Até se fartarem!

domingo, 7 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Como sinto as cores

 O facto de que -eu por exemplo- ao ver uma cor dominante sinta uma sensação psicológica determinada, não garante que todos os nossos companheiros de viagem se encontrem em igual sintonia. Mais: temos referência de que em cada cultura, em geral de zonas afastadas entre si, as cores podem ser associadas a situações muito dispares.

Como exemplo, conhecido por muitos de nós, é o caso das vestes lutuosas. No ocidente europeu o luto carregado implicava vestimenta preta, ou pelo menos, para os homens, a gravata preta ou uma faixa preta no braço. Na zona oriental do globo é o amarelo vivo que denota a tristeza por uma morte.

Este tema, que não me é novo, apareceu-me no acordar, num estado de semivigilia, e me levou a fazer um inventário, mental, de como as cores de um ambiente ou de um objecto em destaque nos afectam.

Existem estudos sérios sobre este tema. Inclusive tenho -mas não sei em que prateleira está- um livro técnico que analisava os efeitos psicológicos das cores e servia para ser uma guia para pintar, com atenção, paredes e objectos em locais específicos.

É com base nestes estudos que se optou por pintar as paredes dos corredores de clínicas e hospitais em tons claros de verde ou azul. De preferência o verde! A razão estava no admitir que esta cor nos orienta para a tranquilidade da natureza, dos prados... A cor branca, que em geral a sentimos associada ao asseio, à limpeza, entra na zona das cores frias, que se deve quebrar com alguns toques de cor mais quente.

Mas estas duas cores entram, sem dúvida, na zona que chamamos de “cores frias” e por isso não são nada indicadas para pintar paredes de casas de banho, nomeadamente se lá existirem as instalações de asseio corporal (lavatórios, duches, banheiras), pois que a visão nos transmite uma sensação de frio. Infelizmente ao associar o facto de ali se encontrarem torneiras que debitam água e associar a cor azul a este líquido leva a muitos, desconhecedores, a optar por tons de azul ou verde.

As cores consideradas “quentes”, que vão desde o creme, os amarelos, castanhos com diversas intensidades, laranjas, rosas e vermelhos suaves, tem as suas aplicações bem estudadas. Os gráficos publicistas sabem como os usar a fim de chamar a atenção para pontos concretos.

O vermelho intenso pode provocar exaltações mentais muito indesejáveis em espíritos excessivamente sensíveis. O motivo é porque, instintivamente, nos leva a imaginar sangue derramado, feridas, morte! O vermelho escuro, quase roxo, pode mentalmente ser associado com sangue seco. A evitar! Por esta razão são cores banidas de clínicas e hospitais; inclusive em muitas zonas de uso civil não especializadas. Excepto quando, precisamente, se quer quebrar o equilíbrio emocional de quem entra.

O violeta e roxo, também, e por influência da cultura cristã, trazem uma conexão com o sofrimento, com as torturas. Daí serem as cores que se usam nos paramentos das igrejas na Semana Santa. Até umas décadas atrás, havia mulheres que, por uma promessa piedosa, vestiam, durante uns tempos, hábitos pretos ou roxos.

Finalmente chegamos ao preto, que podemos considerar como a carência de cor. Sempre conectado com as trevas, com com perigo invisível, com a noite cerrada, com o averno. Além de ser usado em vestes fúnebres também, e certamente que por influência das castas mais dominantes, mantém-se em roupas masculinas de grande cerimónia. Como se a alegria, a boa disposição, não se pudessem enquadrar em actos sociais onde, precisamente, se devia incitar o regozijo. Só alguns atrevidos se trajam de cores claras.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES - Esta humidade

Não é fácil domesticar o clima 

Não sei se de facto é consequência da humidade ambiental, que o higrómetro mostra estar além dos 100%, o que equivale a dizer que teremos que mudar de roupa e vestir os calções de banho, nem que seja indo até Cascais e fazer uma despir/vestir na praia dos pescadores, à maneira do Tio Marcelo. E ir treinando a possibilidade de respirar pelas guelras, que não tardarão a surgir, junto ao pescoço.

Seja como for, apesar de que não chove, o céu está de um plúmbeo umas vezes escuro e outras em semiopaco, como aqueles gelados que não são bem, mas que se qualificam de semifrios. Há mais coisas em nosso redor, e inclusive muitas pessoas, que estão no domínio do que se diz “nem carne nem peixe”, e acrescenta-se: “antes pelo contrário”. Umas ambiguidades que não nos satisfazem.

Ocasiões há em que, perante as imprecisões o nosso instinto de defesa decide criticar, gozar, escarnecer. E assim disfarçar a carência de compreensão.

Deixando de lado as elucubrações inócuas e voltando à desagradável atmosfera que nos rodeia, é de bom senso referir que o forçar, uma elevação da temperatura do ar que nos envolve dentro do habitáculo, com o auxílio de aparelhos de consumo energético é, além de prejudicial para as bolsas, um artifício de alcance limitado, e por vezes até pernicioso, pois que ao ultrapassar a barreira, invisível, do conforto artificial e entrar no espaço imediatamente contíguo, não só nos bate na cara, e no corpo em geral, a situação climatérica de que queremos escapar mas, nos arriscamos a que esta mudança facilite a investida de algum vírus com um grau de malignidade concreto e por sinal invisível a priori.

O que posso, e devo, declarar, é que não se pode optar por tarefas voluntárias porque o desânimo está em grau superlativo. O corpo pede moleza, dolce far niente, com a convicção de que os agasalhos não são totalmente eficazes. Se calhar uma vestimenta ao estilo esquimó – fresquinho, seria recomendável.

Após estas lamentações, inúteis mas não descabidas, surge a dúvida de se a languidez, moleza, quebranto ou como lhe quisermos denominar será aquilo que alguns comentadores referem como um dos sintomas que aparecem quando a pessoa foi atacada pelo Covid 19, 20, 21, …. quando aparece este número sempre salta à minha memória a associação com o nome João. Deve ser por estar numa placa viária.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Sobre a liberdade de escolha

 Uma das “verdades” que nos foram inculcadas é a de que o homem (noção que inclui as mulheres e variantes) tinha a inegável capacidade de orientar a sua vida, o seu destino, as suas voltas e reviravoltas, ou seja, que podia conduzir o seu futuro com absoluta liberdade de opção. Será mesmo assim?

Avaliando pelo meu percurso pessoal e até baseando no que conheço (admito, sem hesitar, que nem de mim mesmo sei todos os vectores que me empurraram a decidir. Quanto mais das outras pessoas...) as decisões que orientaram o percurso de vida raramente foram tomadas sem ponderar uma série, mais ou menos longa, de pressões em sentidos diversos ou mesmo opostos. E que posteriormente vimos que o que foi decidido, como se fosse de livre vontade, ou mesmo indubitavelmente pela própria cabeça, foi um erro, que conduziu, sem uma forte capacidade de emenda. Quando a decisão foi tomada por ser a única possível, e por vezes até por pressão exterior, a conversa é outra.

As reacções que o indivíduo pode sentir quanto está ciente de ter errado no caminho resumem-se em três (cuja escolha apresenta, novamente, a incerteza) A saber: continuar e esperar que a situação melhore de por si; virar para para um novo rumo ou tentar recuar à posição inicial. Os jogos de tabuleiro -salvo aqueles em cujas regras existe a possibilidade de avançar como prémio ou retroceder como castigo- nos dizem que uma vez feita a jogada é irreversível. Todavia na vida nem sempre esta penalidade é irrevogável.

Na fase da nossa vida colectiva, anormal, em que sabemos estar cativa a sociedade mundial, as possibilidades de tomar decisões pessoais, que contrariem aquilo que as normas e regras em vigor nos obriguem, são cada vez menores. Pior! Muitas pessoas passaram de estar num patamar aceitável, mesmo que não exactamente o desejável, para ser empurrados para situações que julgavam estar já fora do seu horizonte “normal”.

Para um colectivo, não quantificado pelos responsáveis da governação,mas que sem dúvida alguma engrossa as suas fileiras diariamente, as possibilidades de retomar a vida anterior estão muito difusas ou mesmo distantes, ou até vistas como irremediavelmente perdidas.

Dizia-se que a esperança era a última coisa a perder. E, por tabela nos diz que a (em melhores tempos. Mas não na fé cega da religião, que consola o desgraçado (?)) e a carência de meios próprios induz a que se sinta difícil exercer a caridade social, já que todos sabemos que o País, na sua totalidade, há muito tempo que vive de fiado, “confiando” em que perdoem as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.

Mas será que nos devem alguma coisa? Ou, dito de outra forma. Será que aquela grandeza histórica que tanto se tem badalado ao longo de décadas, ou séculos, já não é valorizada como um capital pelos restantes povoadores da Terra? Ou, se calhar nunca o foi

Cinicamente recordamos que, na maior parte das ocasiões, o que uma mão de fora nos oferece implica a que, com a outra mão, nos tira valores superiores e dificilmente recuperáveis. E não só isso. Por muito que tente passar desapercebido, um ricalhaço que perdeu quase tudo e vai ao penhorista, ou mais fino, ao Montepio Geral, sabe que aquilo deixado como penhor dificilmente voltará ás suas mãos, ou mesmo jamais em tempo algum, como se diz popularmente. Excepto se o “artista” pertencer à classe dos políticos e dos banqueiros, seus fieis aliados. Estes conseguem ficar mais endinheirados do que antes de entrar naquelas instituições.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

MEDITAÇÕES – Não me apetece

 Não conheço a razão concreta, que me colocou neste fastio. O que imagino é que devem ser diferentes factores aqueles que, ao se sobreporem, me deixaram apático.

Já que não tenho sintomas de estar mais doente -da cabeça?- do que habitualmente terei que fazer um inventário de tudo aquilo que, começando pelo ambiente exterior, me levou a este marasmo.

Tentei seguir nas tarefas de ”criatividade” que me tem servido de escapatória nos últimos tempos, mas as tentativas não provocaram um impulso de continuidade.

Entreter o corpo nalguma das actividades de manutenção do jardim não é aconselhável, pois além da temperatura não ser confortável, a humidade do ar -segundo acusa o higrómetro-, é quase equivalente a estar dentro de água. E por sinal fria. Reconhecer que estas condições climatéricas que nos toca aguentar são, comparativamente com o que outras pessoas sofrem, noutras zonas do globo, com algum estoicismo (?) um quase verão, e sendo assim nos queixamos por estar mal habituados, não chega para me incitar a jardinar.

A outra fuga que tenho utilizado para gastar, inutilmente, o meu tempo livre -que é todo!- tem sido a de conspurcar telas. Estava num ritmo de “creatividade” tão disparatado que me levada a ter, sempre, duas telas, ou mais, em diferentes fases de avanço. O resultado é que, por mais ofertas -envenenadas- que faça a amigos/as tenho a casa repleta de quadros. Não há espaço livre nas paredes para tal produtividade.

Para esticar a ocupação -e não incrementar a despesa desnecessária- meti-me em preparar umas molduras, caseiras e sem préstimo, apesar de me terem aconselhado a deixar as telas, quando “prontas” sem este acabamento. Tem razão com esta sugestão. Mas acontece que nesta ocupação complementar, gasto mais umas horas mortas.

Posso tentar inculpar o ambiente de reclusão que, além de já durar por demasiados meses. Todavia as previsões, nada optimistas, dizem que isto está “para lavar e durar”.

Nem tudo o que nos noticiam é mau. Há notícias péssimas, difíceis de aceitar ou digerir. Pelo que vemos acontece noutros países, concluímos que aquele adjectivo que penduram ao povo português, de ser maioritariamente sereno e educado, pouco dado a manifestações violentas, nas que qualquer mínima circunstância serve de desculpa (?) para destruir tanto os bens dos outros como os da comunidade em geral.

Felizmente este comportamento, selvagem e despropositado, ainda não está inculcado entre nós.

Uma das pretensas justificações para os distúrbios de rua que nos reportam de países em melhores condições do que neste falido Portugal, é o não aceitar mais restrições nas deslocações. Aqui, neste Jardim à beira-mar plantado, a desobediência é de outro tipo. Mais subtil, menos espaventoso e violenta.

Os descontentes fazem tudo o que lhes ocorre para desobedecer as recomendações, alegando que não são apresentadas com a força de lei ou de diploma. Que não passam de conselhos quase que do género que dão as avós, e assim pode-se optar pelo habitual “não ligar” ou fazer espertices, que vai dar no mesmo.

Outra escapatória que usava era o escrever banalidades e até cheguei a tentar umas narrativas de ficção apresentadas com o estilo de folhetim. Assim me entretive uns tempos, mas afalta, absoluta, de retorno e, mais recentemente, o receber um comentário -amigável e por isso aceite sem rancor- em que me elucidava que o meu domínio da língua portuguesa deixava muito a desejar, estancou esta pretensa faceta de criatividade. Só insisto nuns comentários banais e insípidos que meto num blogue pessoal.

Mas... espero que com o regresso dos dias com sol o meu ânimo retome alguma actividade, antes de que termine mais doido do que sempre fui.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES - Entre o anjo e o diabo

Na minha longínqua infância recordo vivências que, hoje, considero que tinham um propósito que naquele então não vislumbrava. É a fase da nossa vida em que a presença da mãe e da escola nos vão moldando para o caminho que nos espera.

Recordo que para nos moldar para vir a ser uns membros idóneos da cidadania era pertinente, imperioso, levar-nos a meditar sobre o que poderia ser correcto ou deplorável. Um dos esquemas utilizados era a dicotomia entre o bem -personificado como um anjinho imaculado e o mal, este como um diabo, vermelho -como um comunista!- cornudo, com cauda terminada em ponta de lança e munido de um tridente à laia do que usava o Deus Neptuno, dono das águas marítimas.

Mais adiante voltamos a encontrar estas figuras opostas, mas igualmente definidas a preceito, mas sempre com a intenção de fazer das pessoas uns entes correctos. O que nem sempre se consegue. E, para mais desânimo, até aqueles que nos deixam uma imagem muito positiva sempre surgem ocasiões em que se salta o risco. É assim a nossa vida. Nem sempre nem nunca.


Aquilo que me incitou a escrever, e de que estava perdendo o fio da meada, era sobre a influência nefasta que os grandes, médios e até pequenos, interesses tem um poder de persuasão e de captação de prosélitos que não questionam abandonar as suas convicções de ser “bom cidadão, respeitador e honesto” para aderir aos cantos de sereia, ou melhor dizendo, ao abanar de maços de dinheiro vivo, e passar a ser mais um velhaco.


Dito isto. Cruamente, mas até sem carregar nas tintas, admito que entre aqueles que tinham uma imagem, até merecida, de honorabilidade, os há que não conseguem resistir às tentações e às promessas de poder vir a ter uma boa conta bancária, só por dar alguns jeitos, em prejuízo do bem comum. Deve ser muito difícil manter-se firme. Mas tal decisão implica, certamente, o abandonar o lugar que jurou (ou não) ocupar com lealdade e honestidade. Há exemplos. Poucos e nem sempre totalmente credíveis.


NÃO 

NÃnNÃO É SÓ A CARNE QUE É FRACA. A MENTE TAMBÉM PECA DO MESMO 


N


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES – Comentários.

 

MEDITAÇÕES – Comentários.

Confesso, sem pudor que todos os dias anseio para que alguém se chegue à janela e diga o que pensa, ou o que comente sem se preocupar acerca do que os “outros” gostariam?

Mas este desabafo respeita ao meu espaço pessoal, nestas Vivências. Hoje, porem, o que pesa é a ressaca do que se contabilizou no domingo. O mais alarmante e triste é que aquilo que se destacou, entre outras não-opções, foi o caso Ventura.

Um populista-demagogo ao estilo, já ultrapassado, do Mussolini e do Hitler, entre outros igualmente perniciosos, é que diz, insiste, repete, e magnifica todos os impropérios que chegam à sua efervescente mioleira. Sabendo, ele, que o momento de crise múltipla que a população sofre, sem ilusões de que possa terminar em breve, e até na descrença de que nem se recuperará de imediato o baixo nível anterior, lhe ouve atentamente e saboreia como mel, todos os seus dislates.

Analisando, sumariamente, os resultados deste último acto eleitoral chega-se, de imediato, à conclusão de que o eleitorado, na sua maioria, agiu como se em vez de eleger um nosso Presidente, um representante idóneo perante o exterior tivesse que eleger um novo governo ou um presidente da junta de freguesia. Não se ponderou, devidamente, o que se ia votar!

Abstraindo da propensão do Professor na sua distribuição inesgotável de beijinhos, abraços, meiguices e outros afectos sem efeito positivo, entre todos os concorrentes só ele merecia o voto maioritário. o Professor. E, felizmente, foi o que aconteceu.

Todavia é de salientar, com sumo desânimo, que, como sempre acontece, a “malta” -que infelizmente inclui muita gente aparentemente culta ou, em princípio, quase culta- gosta. Aplaudem sempre e agarram nos seus insultos -tantas vezes sem uma argumentação defensável- mas sempre escondendo-se atrás do anonimato, poder verter o fel que a situação e os mandantes lhe colocaram pelo esófago acima.

Admito que o historial e o meio social onde se criou e mantêm o Professor -nem que seja in péctore- assim como o seu comportamento, sempre dentro da legalidade, mas excessivamente prudente, é propenso a ser criticado, apesar de que se justifica afirmando que os seus poderes de acção são muito limitados, e até drásticos de onde se conclui que não se deve imiscuir na governação. Mesmo assim valoriza-se a Presidência como sendo um porto de apoio, consentido, para não se afundar a governação.

A fase ininterrupta de decadência económica que se vive desde décadas não tornava previsível, nem possível, uma reviravolta. Recordemos que tudo aquilo que existia de valor no País foi vendido para forasteiros, dando como garantias uma sociedade imóvel e progressivamente mais afastada da evolução europeia. O mais triste, dentro de todas as desfeitas, é que os Judas que “negociaram” as transferências só se preocuparam em poder garantir umas recompensas pessoais. E, em bom português, o resto que se lixe. Já estão habituados.

Para terminar surge-me uma pergunta, cuja resposta tenho na ponta dos dedos , mas que custa explicitar: Será que os que, num impulso de revolta, votaram para colocar alguma “personagem” no lugar de Presidente da República, discorreram sobre se tinha um “perfil” que possa representar, decentemente e correctamente, este País com tantos anos de história encima?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES – Ficamos como dantes?

 

A meu entender as coisas mudaram, bastante. Vão mudar as valsas.


Se no primeiro mandato do Professor pactuou-se um entendimento entre cavalheiros (aqui pergunta-se se ambos ”os dois” eram cavalheiros ou mais para o velhacos? Eu não me atrevo a dar uma opinião qualificação, e a dúvida surgiu espontaneamente) de forma a que o Presidente combinasse com o Primeiro Ministro, regente da que se chamou de geringonça, uma “entente cordial” que por um lado comportasse o não hostilizar a governação e, possivelmente depois do balanço destes derradeiros quatro anos, ser permitido, dentro dos parâmetros que se pactuaram, e “obedecendo com rigor” (?) as regras emanadas da Assembleia da República -que sabemos funcionar, tal como os Concílios no Vaticano, sob elevados critérios de rigor e respeito escrupuloso da correcção e verdade- fosse permitido, aceite, como o ar puro da Serra da Estrela, manobrar o aparelho da justiça -que está nas mãos de homens e mulheres, sem garantias de isenção e acerto-, sempre com o diáfano propósito de minorar ou mesmo arrumar para o lado, alguns processos que, mesmo de muito badalados pelos meios de comunicação, eram inconvenientes. Daí a sua conversão em águas de bacalhau.

Na linguagem corrente, incluída a dita popular, sempre se entende que quando dois opostos pactuam, chegam a um acordo, aplicam a receita bem antiga de uma mão lavar a outra. Numa situação como a que se imagina o mais adequado seria tomar a imagem de um concerto de piano a quatro mãos. Ou seja, dois instrumentistas batendo as teclas, do mesmo piano, seguindo a mesma pauta, num arranjo que agradasse a ambos

Assim se conseguiu ter um mandato presidencial tranquilo, apesar das ocorrências desastrosas que aconteceram. De um lado beijinhos, abraços, carinhos e fazer de conta que não via nada. E do outro fingir que se fazia, que se corrigia, que se puniam culpados, mas agindo ao gosto nacional de deixar a culpa solteira. Vivemos quatro anos de sustos, acontecimentos vergonhosos, da abertura de processos com uma magnitude nada habitual. Mas, depois que passaram dias e meses, além de retirar as cabeças da magistratura que se tornaram incómodas, a cidadania ficou com um nariz de palmo.

Mas, hoje, dadas a conhecer as contagens, nos deparamos com mais um artista no palco. Uma tropa, encabeçada por um caudilho que já disparou para todos os quadrantes, e que conseguiu um numero inusitado de apoiantes, ou mais precisamente votantes. Que lhe podem permitir conseguir levar à certa exigências que não estão enquadradas na macieza que foi habitual no anterior período presidencial.

Apesar de reconhecer que “o povo está tranquilo”, mesmo que sem rumo para o futuro, sempre é possível que esta recondução do Presidente e do Governo, não tenha o mesmo sossego. Veremos, como dizia o cego.

sábado, 23 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES - Dia de Reflexão

 

VIVÊNCIAS DE VIRELLA


MEDITAÇÕES Dia de reflexão.


Neste momento o relógio de pulso, e os outros todos (menos um que teima em parar) marcam as 20 horas, e é noite cerrada. E eu exausto de tanto refletir.

Já nem tenho c coragem para me aproximar de um espelho, com receio de ver a minha fronha refletida naquele vidro -com revestimento de um composto de prata metálica e outras camadas protectoras-. Esta adversão é fruto do esgotamento cerebral que se apoderou, total e exclusivamente, do meu pobre cérebro, já com mais buracos no seu interior (de dentro) do que um queijo de Gruyere, dos autênticos, que é bem caro, mesmo se comprado em fatias fininhas.

E onde cheguei depois de tanta horas de meditação transcendental e reflexão erótico-política?

Confesso que estou no mesmo beco sem saída do que ontem, anteontem a assim recuando até quatro anos atrás. E à frente? Aí e que está o dilema. Um dia vos contarei a história do trilema. Mas tem que ser bem comportados

Apesar de não me é permitido fazer declarações que saltem por cima das regras que se decidiram para o dia de hoje, o meu desvario congénito atreve-se a manifestar que sinto o problema de uma forma tão aguda, ou mais até, do que a me pesava nas zero horas deste sábado.

Resumindo: o dilema neste momento e amanhã pior, é mais um multi-lema dado que a lista de possibilidades de errar é bastante superior à que um solteiro pode ter no dia em que se decide a tomar uma das suas paixões -a maior parte assolapadas- como a escolhida para se converter na sua legítima esposa.

Desta vez, porém, mesmo que a opção de sair do lume para cair nas brasas se vislumbre como nefasta e invencível, temos um horizonte de mudança a quatro anos, se as previsões e as regras da arte se mantiverem vigentes.

Não esqueço que existem alternativas para amanhã. Tais como o voto em branco, o voto nulo, o não depositar o papelinho na urna e leva-lo para casa como recordação. Ou, mais simples até, aproveitar o receio de poder ser agarrado pelo Covid-l9, ou alguma das suas variantes, -todos os dias surgem novas, num ritmo geométrico superior ao de novos partidos políticos. Que serão “sol de pouca dura”- e simplesmente decidir a ficar em casa e deixar que a imaginária bola de neve vá rodando ladeira abaixo.

Esta imagem da bola a deslizar sem travões, além de pecar de uma certa poesia romântica e descrença num futuro melhor, pretende simbolizar a nossa economia, não só a individual como, tristemente, a nacional. Felizmente, mesmo que já não se cante aquele hino cheio de bonomia e ternura, além de conter uma boa dose de esperança, sente-se na alma que insistimos, pela calada, na estrofe “cantando e rindo”, como se o que nos acontece fosse como um nevoeiro passageiro, que se dissipará quando chegar o “embuçado”.

Um simil histórico, que já foi trabalhado pelo cinema “mericano” é o da orquestra do paquete “inafundável” Titanic continuar a tocar apesar de já viajar para o fundo do Atlântico.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES - Roupas quentes ou frias

 Na linguagem habitual referimos que esta ou outra peça de roupa, seja de vestir ou de cama, é quente ou é fria. E dou como certo que tais afirmações, apesar de aceites não correspondem exactamente à realidade. O que pretendemos dizer é certas peças de roupa nos podem oferecer uma protecção sobre a temperatura exterior e outras não.

Mas vou recordar a realidade, apesar de ser arqui-conhecida.

O que caracteriza as características térmicas da roupa não é outra coisa do que a sua capacidade de nos isolar do ambiente. E, além disso, o ar que nelas estiver ocluído, parado, e que se comporta como isolante térmico. 

O que nos aquece é o nosso corpo. O nosso metabolismo. Que podemos assimilar, sumariamente e esquecendo a complexidade dos corpos vivos, ao de uma máquina térmica.

È conhecido que o funcionamento dos órgãos que compõem o corpo de todos os animais, carecem de uma ingestão periódica de “combustível” retirado do exterior: os alimentos. E que em todo o corpo há movimento, nem que seja nos circuitos nervosos e nos do sangue e pulmões.

O motor principal está no coração e na complexa estrutura de órgãos que nos mantêm vivos e activos. Nos pulmões se faz a troca de ar fresco, e do oxigénio de que carecemos. O ar já “usado”, ao qual se juntam compostos gasosos a eliminar, nomeadamente o anidrido carbónico, alguns compostos aromáticos rejeitáveis e vapor de água, é expelido, e aspirada uma nova quantia de ar fresco.

Quando expiramos largamos uma mistura de gases com a temperatura corporal do momento. E, por sua vez, o corpo, através da pele, exuda água, e compostos aromáticos. São estas descargas corporais que nos aquecem ou arrefecem. A roupa não passa de um sistema de isolamento que os humanos utilizamos - para compensar a perda da cobertura pilosa dos primeiros humanoides. Desde os primórdios da humanidade, sentimos a necessidade de nos resguardar perante a oscilação térmica do exterior. Que, em muitos casos, excede a nossa capacidade de resistência para manter a temperatura interna normal, que ronda pelos 37 graus centígrados. A roupa nos garante uma camada extra de isolamento, que procuramos incrementar ou reduzir consoante a temperatura exterior.

Como simples curiosidade, conhecida por todos, recordamos que se nos cobrirmos com vestimenta excessivamente estanque em relação ao exterior, a nossa exudação pode condensar dentro desta “embalagem”, o que é muito desagradável. Daí que é aconselhável que as peças de abrigo, ao mesmo tempo que nos isolam com o ar ocluso, tenham uma porosidade que permita o escape do excesso de humidade que libertamos.

Também é pertinente recordar que quando o nosso corpo é sujeito a esforços físicos, violentos ou continuados, o nosso metabolismo acelera e a temperatura corporal aumenta e, para compensar este incremento transpiramos, e a transpiração, ao evaporar, nos arrefece (tal como sucede num frigorífico). Nesta exudação  a nossa pele transpira. Liberta, automaticamente, uma mistura de água e sais que de não se compensarem ingerindo água e algum cloreto de sódio, podem causar transtornos físicos importantes.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

VIVÊNCIA DE VIRELLA - Ganhamos ou perdemos?

 

VIVÊNCIA DE VIRELLA

Meditações – A restauração em Portugal


Deixando para outro capítulo os restaurantes especializados, com fama consolidada durante décadas, o sector da restauração no território nacional, foi sempre valorizada por nacionais e estrangeiros como farta, saudável e até, em muitos casos, de execução primorosa. Entrando pela fronteira terrestres e exceptuando alguns pratos típicos regionais da zona espanhola, era aqui que os comensais se sentiam satisfeitos e bem servidos, normalmente atendidos com educação e prontidão, com vinhos de qualidade média ou até superior.

Actualmente, e penso que devido à tentativa de criar uma nova classe profissional “privilegiada”, entraram em cena os novos cozinheiros “chefs de cuisine”, cuja preocupação mais geral é a de preparar pratos com aspecto requintado. Decorados cuidadosamente e com pouco que comer. Lutam por conseguir notoriedade e multiplicam-se como as minhocas num terreno húmido. Sem fazer um inquérito para me basear, e só por convicção pessoal, admito que a maioria das pessoas sensatas já preferem voltar a receber uma travessa bem recheada e da qual se possam servir, para o seu prato, as quantidades e bocados que mais lhe agradam.

Já vi, fotografias na TV, do que serviram como “feijoada” ou “caldeirada” em pratos practicamente vazios, alguns de diâmetro normal mas com uma cova minúscula no centro, onde colocam uma amostra do que se desejava. Mas sempre com uma conta desproporcionada, que se pretendia justificar pelo facto de terem como orientador e executor (parcial ?) um indivíduo, em geral do sexo masculino -sem dispensar liminarmente as senhoras-, que ostenta o título de “cheff” dado num estabelecimento de ensino normalmente financiado pelo estado ou por fundos europeus.

A vaidade e o desejo de ser visto por pares do seu estrato social, estes locais de restauração (?), que proliferaram acentuadamente, já foram desconsiderados para as suas refeições pelos amantes da boa mesa. Mantém-se pela esnobice de certos clientes.

Qualquer dia teremos a possibilidade de encontrar, afixada na fachada exterior do restaurante, uma placa que garanta, com um texto apropriado e legalizado, que aquele estabelecimento não comporta um chefe de cozinha “diplomado”, ou melhor, que o seu responsável segue as receitas e técnicas da cozinha tradicional portuguesa com o máximo rigor e usando os produtos da época e “a casa” mantêm a decisão de que o cliente se levante saciado e satisfeito.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

MEDITAÇÕES - Engolir com cuidado

 

VIVÊNCIAS DE VIRELLA


Cuidado com a religião. Recomenda-se lidar com mini-doses

Muitos de nós temos a noção de que alguns elementos químicos ou ou compostos onde estivessem incorporados foram usados, e alguns ainda se usem como medicação entrem na sua composição, ou foram posteriormente banidos. Mas desde cedo se verificou que em muitos casos concretos só era pertinente utilizar em doses mínimas, sob pena de o remédio se converter em veneno.

No repositório da sabedoria popular conhecemos, todos, o aviso de que tudo o que é demais é moléstia. Razoado que tanto se pode e deve aplicar no tema dos produtos que se ingerem, incluindo os alimentos, como ao excessivo trabalho, a exposição ao sol em solários ou praia, e a outras actividades, inclusive desportivas, que, sem os cuidados pertinentes, passam de ser benéficas a serem perniciosas.

Esta introdução surgiu-me ao meditar sobre os benefícios e malefícios que podem resultar de uma catequização intensiva e aceite pela pessoa crente. Em princípio, sem entrar em pormenores, pode-se admitir que todas as religiões contêm preceitos e normas formativas , inicialmente positivas sob o ponto de vista sociológico. Pessoalmente recomendo que limitemos a nossa adesão aos princípios mais elementares.

Onde as doutrinas descarrilam é quando fomentam o entrar em conflito com aqueles que não pertencem ao seu grupo.

Sem ter estudado a religião onde me catequizaram (sem grande sucesso) e cingindo-me aos dez mandamentos que se diz o Deus dos hebreus entregou a Moisés, se retirar os dois primeiros -que são exclusivos- o resto constituem um repositório de preceitos de comportamento com indiscutível valor e pertinência. Assim fossem aplicados ciosamente pelos membros dos diferentes ramos do cristianismo.

Nos tempos que correm ficamos indignados, perturbados quando nos referem ataques terroristas que os responsáveis, os autores imediatos, pretendem justificar alegando que são castigos a infiéis (do seu credo) que, directa ou indirectamente ofenderam a sua doutrina. Na maior parte das vezes são aliciados para cometer tais actos por indivíduos que se assumem como enviados ou escolhidos pelo seu profeta.

Em chegando a este ponto, e sem aprovar os actos cometidos por fanáticos, sejam religiosos ou políticos, surge a lembrança do quão curta e selectiva é a memória da maioria das pessoas. Esquecem, ou ignoram, as atrocidades, as chacinas, que os cristãos, e entre eles não só os católicos, cometeram contra civis indefesos. O massacre dos cátaros, as perseguições a judeus, aos indígenas de territórios conquistados -com a argumentação de que eram idolatras- e, entre nós, mais recentemente, no séc XVIII, quando reinava D. José e o Marquês de Pombal ainda era Primeiro Ministro a “Santa” Inquisição fez um multitudinário auto de fé, com mortes pelo fogo, ou em efígie, sob diversas argumentações, hoje inaceitáveis.

Tudo no Terreiro do Paço para gáudio e aviso para a população, sempre sedenta de sangue. Devemos valorizar que isto aconteceu anteontem!

Sem pretender uma exculpação dos terroristas islâmicos, ou de outra facção belicosa, creio que é pertinente considerar que nós, os cristãos, e principalmente os católicos de cuja doutrina somos participes activos ou dormentes, não temos as mãos sem mácula. Antes estão bastante sujas de sangue seco.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

 MEDITAÇÕES - Sobre o peso dos dogmas


VIVENCIAS DE VIRELLA


 Os exageros nas doutrinas

Uma das notícias que surgiram nos últimos dias referiu que, em alguns países com predomínio social da religião muçulmana, estão na linha de interditar a aplicação de algumas vacinas contra o Covis-19 alegando a suspeita, não confirmada, de que na sua preparação entra a gordura de porco, banha, baseando-se de que um dos preceitos e proibições do islão é consumir carne de porco e seus derivados.

Desde muitos anos atrás tive a convicção de que tal proibição de consumo de suínos tinha como propósito o travar, ou mesmo evitar, a difusão do parasita causador da triquinose. Numa visão de medicina preventiva, mas aceite por dogma, pode-se comparar com a recomendação de não ingerir certos na época da desova destes, pois podem estar inquinados de compostos perniciosos para a saúde humana.

Não quero fazer comentários que impliquem invasão dos preceitos religiosos por respeito aos crentes que, a meu entender, são excessivamente dogmáticos.