quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Mare magnum


MEDITAÇÕES - Mare magnum

ESTÁ AI UMA GRANDE CONFUSÃO. Ou nem por isso.

Mas estejam tranquilos. Como tem sido sempre neste Jardim, aqui não vai acontecer nada.

Mas, mesmo que esta afirmação tenha uma enorme probabilidade de estar certa, o que se sente, mesmo sem fazer inquéritos à opinião pública (que raramente sabe o que deve opinar, ou erra nas suas conclusões) que existe um enorme desnorte entre a maioria da população, a tal anódina. E para promover e manter esta falta de reacção cívica, esta apatia factual, contam com a colaboração, sem dúvida eficaz, dos canais generalistas e dos jornais futebolísticos. Mais os programas, ditos de “desportivos”.

É possível que o tsunami que surgiu com as revelações sobre a fortuna da rainha Isabel III, e de como se insinua (quem é que se atreve a apontar o dedo sem receio de represálias?) acerca da extensa rede de personalidades deste Portugalito (como lhe chama um meu amigo) que colaboraram (gratuitamente? Por amor à arte, ou enfeitiçados pelas covinhas? coisas que duvido) no crescimento acelerado, quiçá inédito, desta imensa fortuna.

No que nos concerne directamente, em verdade devemos reconhecer que a descapitalização do Estado, apesar de que já estava nas lonas desde antes, se acentuou com a entrada na Comunidade Europeia e o aceitar dinheiros para mal-gastar em troca de desindustrializar o pouco que se tinha conseguido desde os Planos de Fomento de Salazar. Venderam-se barato e certamente que com luvas de pelica, todas as empresas que deveriam ser recuperadas, reestruturadas, com a ajuda (simpática, mas nem por isso desinteressada, dos novos parceiros) das verbas enviadas desde Bruxelas, e "criteriosamente" derretidas sem proveito para o País.Todos os cidadãos deveriam estar cientes de que aqui tivemos como se diz, um repasto de fartai vilanagem. Com a diferença de que estes “vilões” não eram só pacóvios de barrete, mas antes senhores de casaca e gravata de seda. E mesmo assim, para conseguir o que se pretendia, tiveram que consentir que alguns recém chegados se aproveitassem do festim. Sempre foi tradição de que desde a mesa dos sátrapas se deixassem cair bocados para os cães fieis.

São tantos os nomes que saltam para os noticiários (e de imediato se faz tudo o que lhes é possível para que se sumam no nevoeiro) e mereçam, por poucas horas, letras grandes de atenção, que o cidadão vulgar, comum, já só entra em alerta de pouca dura. Esta capacidade de se desentender dos factores que prejudicam a cidadania anónima é uma pedra fundamental para manter a estrutura do poder silencioso em pé.

Para os próceres da boa sociedade estas breves chamadas ao palco, mesmo que se anunciem como serem mais propícias para receber apupos e hortaliça estragada do que aplausos, não os pode conduzir a um corte de digestão, e muito menos a se deslocarem, com armas e bagagens -o seu capital já avançou com previsão e cautela- para o Brasil.

Sabem, “eles” que a “Justiça”, que os seus companheiros armaram, os defende. Que é practicamente impossível que a situação se aproxime de decidir no sentido do bem da população anónima. Os livros de códigos oferecem mais furos para afundar os bons propósitos do que as famosas naus em se afirma que o Marquês de Pombal mandou embarcar, rumo a Roma, os jesuítas que constantemente conspiravam, e governavam, na corte.

Daí que “o povo” só pode ter ilusões de, finalmente, surgir o sol neste negrume. Já antes de que este “escândalo, morto à nascença”, permitiam, com notícias que denunciavam negociatas escandalosas, sempre em desfavor das finanças públicas e, por tabela, das necessidades da população -que continua vegetando nos lugares mais inferiores nas tabelas que nos comparam, sob múltiplos aspectos, com os países “nossos companheiros”- Sempre foram fogachos de entreter, como as fogueiras de São João ou agora os recuperados Madeiros de Inverno.

Os nossos guias, eleitos ou encumeados pela sua capacidade de singrar em águas turvas e denso nevoeiro, sabem, perfeitamente, quais são os valores que nos colocam no fundo da tabela, e até prometem que vão remediar isso. Em verdade “eles” sabem que o povo está sereno e que continuam a consentir sem refilar - incitados com promessas que antes de as fazer já sabem nunca serão cumpridas- Que tais notícias incitam os anónimos a salivar, imaginando que, finalmente, terão a justiça que merecem. Que chegou o momento de que os abusadores serão caçados e devidamente castigados. Tanto os conhecidos como os que se suspeita que se conseguem manter atrás do pano. A ilusão ajuda a aguentar a canga.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

PENSAMENTS - Eixecar la tapadora



Un cap complex

Aquesta matinada, i com hem passa sovint, estaba pensant amb la llengua materna, que confesso no domino gaira bé. I hem deia, a mi mateix, que si habitualment escric en portugués, també penso i raono en aquesta llengua.Que es la que normalment utilitzo dintre de la llar, tan amb la meva dona com amb els nostres fills ils pocs amb que tinc oportunitat de cambiar opinions.

Domés escric i parlo respectant el com vaix apendre a enraonar quant en contacte amb els meus germans. Poques vegades durant l'any tinc oportunitat d'una parlada amb altres persones, en catalá. I com sigui que, degut a l'edad que carrego, já no viatjo i, en consecuencia, no visito la meva terra de neixament, dons hem trobo com um efectiu expatriat. Cada dia més.

Legalment, i degut a que l'estructura actual de la península, apart de l'área de Portugal, sigui considerada com um regne uniforme, espanyol sense opció, i possitblement per l'influência que m'afecta el tindre, per opció i aceptació, la nacionalitat portuguesa, i les tensions internas que s'han acentuat entre catalans (no tots, la veritat) i casi bé tota la població de llengua castellana, hem sento poc adicte a utilitzar el castellá. Una situación incómoda, si més no.

Curiosament, en somnis, recordo que tinc una forte adicció per dialogar sigui en italiá -principalment- com en francès.

Sincerament tinc que reconèixer que el meu ventall de contactes personals, siguin per escrit o de diàlec oral, es tan reduit que ni val la pena el intentar quantificarlo. Puc dir, sense exagerar, que estic casi tan sol com un mussol. I encara afegir que la culpa, si en cás es pot atribuir a algú, es exclusivament meva.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Ficar aguados



AS NOTÍCIAS NOS INCITAM

Consecutivamente, e sem descanso, nos são apresentadas notícias nas que “pesos pesados” da nossa sociedade, restrita e contaminada pela política caseira e interesseira são, cuidadosamente, referidos como tendo ligações perigosas, e que podem oferecer, à malta, um pouco de sangue no circo da sociedade inerme.

É que estas notícias, ribombantes, são sempre utilizadas para deitar engodo à populaça, mas sempre com sumo cuidado por parte dos gestores dos noticiários para não se darem de caras com processos de difamação. A táctica a seguir nestes casos é a de insinuar, com a máxima picardia possível, mas sem escorregar para terreno perigoso, e deixar que o leitor deduza para onde se deseja que caia. Insisto que estou referindo às conclusões dos leitores, que não estando dentro dos labirintos onde estes assuntos navegam, nem por isso se sentem com a mente restringida para pensar o pior.

Isto de pensar mal e dar sentenças muito antes do que os tribunais o façam -e estes, por vezes, nos deixam a impressão de que até evitam de as dar- é a reacção normal em quem se sente constantemente proscrito, mal tratado e abusado, nem que seja sob o ponto de vista de ser um cidadão anónimo, mas que muitos efeitos secundários acabam por o afectar. Outros há que tiveram a pouca sorte de se ver directamente afectados por alguns dos golpes “denunciados” na imprensa. Estes é que sabem, nas suas costas, como dói ser abusado e mal tratado.

A temática do momento está, sem dúvida, centrada nos feitos que se atribuem à Rainha Angolana, que, se acreditarmos no que nos dizem, já se pode qualificar como nova Rainha de Sabá, a tal que na história universal é citada como ter sob a sua alçada as maiores minas de oiro, e tesouros imensos. E que tinha encantado o Rei Salomão.

Sem especular e procurando evitar ser o eco dos jornalistas “tremendistas”, já ontem se noticiou a morte de um gestor de topo que cuidava dos bens de Isabel dos Santos. Fosse por suicídio auto decidido ou induzido por terceiros. Juntando esta novidade às referências dos múltiplos interesses “pesados” que a referida Rainha tinha, ou ainda tem, em Portugal não deixa de ser notório que, mais uma vez, se encontrem nomes de pessoas da mais alta craveira no pequeno-grande-enorme País onde vivemos. Daí que, se não estou errado, o cidadão que não teve possibilidades de molhar a sopa nalgum destes caldeirões, desconfie que, por mais dicas, ou denúncias veladas, que nos ofereçam voltaremos a verificar como os nomes citados resguardam-se da chuva e não de molham.

Não sei porque, enquanto redigia o parágrafo anterior, veio-me à mente a referência ao filme CHAIMITE, e da táctica militar da defesa em quadrado -já ultrapassada pelos novos meios de matar- mas que para certas questões em que a defesa Colegiada, de grupos com interesses comuns ou tangenciais, prevalecem, os membros do clube da gestão e da política, com quem forçosamente tem que andar de braço dado a fim de se apoiarem, sabem agir para se defenderem, não só rapidamente mas até com um alerta de previsão sempre atento. O quadrado está sempre preparado; embora nos dias calmos, a baioneta não esteja montada na ponta da espingarda.

As horas passadas em frente da televisão, sem conectar com os canais generalistas que servem para estupidificar a malta, nos dão uma outra referência quanto à capacidade de outros seres vivos, mais instintivamente cientes das suas capacidades, reduzidas quando isolados mas fortes quando em grupo coordenado. Todos devemos ter visto como se defendem os animais não perigosos, tanto pequenos em tamanho, como são peixes e aves de reduzido porte, como inclusive espécies de mediano e grande tamanho, que sabem por instinto que em grupo se defendem melhor.

Os humanos, infelizmente, quando não são conscientes de que a sua força está no número, na união em bloco perante o que os ameaça, não tem grandes defesas pessoais. A montagem da sociedade, desde sempre, deu mais possibilidades de ataque e defesa a um reduzido grupo de indivíduos, que, curiosamente, foram escolhidos sem prever o futuro, pelos mesmos que, de imediato, são abusados pelos seus seleccionados. Uma característica que, por ter sido tão repetida ao longo da história nos devia ter ensinado a não tornar a cair nela.

Temos que dar crédito à máxima que nos avisa, sem que se aprenda, que O HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE TROPEÇA DUAS VEZES NA MESMA PEDRA, e eu juntaria que não são duas, mas múltiplas, as vezes em que cometemos os mesmos erros.

Conclusão: Se alguém está esperando ver que o caso da Isabel III nos ofereça alguma queda espectacular entre o grupo de “importantes” cá do sítio, já podem tirar daí o sentido. Voltarão a ficar “aguados”. Girará a roda e os prémios serão para os do costume.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Difícil de discernir



UMA CONFUSÃO POLÍTICA PREMEDITADA

Tenho a impressão de que se alguém tentar situar os diferentes grupos e grupinhos políticos que estão em campo actualmente, num ideário que seja perceptível e sem ambiguidades, pelo menos vai ficar baralhado, ou, como diz o povo, à brocha. Parece um baile de máscaras.

Tanto faz que comecemos pela direita, ou aquilo que em Portugal de qualifica como ser a direita, e ir passeando até procurar a extrema esquerda. Está tudo tratando de se mascarar, de não poder ser apontado. Fingem que são aquilo que anunciam que deveriam ser, e no fim todos optam por não ser carne nem peixe. Nesta adesão à ambiguidade os portugueses mostram que, de facto, herdaram dos galegos não só uma língua -que por certo os seus criadores abastardaram vergonhosamente quando optaram por dobrar a cerviz aos seus carrascos castelhanos- como também o de agirem de modo que aqueles que os observam no meio de uma escadaria nunca sabem dizer se estão subindo ou descendo. A propósito afirma-se que cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Mas será que o não tomar uma posição definida, deixando a ambiguidade, tem que ser, forçosamente, penalizado? E que tantas cautelas nos prejudicam a todos? Se de vez em quando alguém virar a mesa, fará um favor à sociedade em geral.

Retomando o pensamento sócio-político arrisco-me a invadir o campo da direita. Será que estes partidos conservadores, católicos, saudosistas dos tempos de Salazar, e por isso adeptos à rigidez com aqueles que consideram ser prevaricadores das regras da sua democracia desnatada e respeitadora, para mascarar a sua ascendência ditatorial, fascista ou fascistoide, incorporam o termo democrata no seu cartaz, são mesmo democratas? Todas as ditaduras de extrema direita, mais cedo ou mais tarde, incorporaram este termo benéfico para disfarçar a sua decisão de governar sem opositores. As cadeias e calabouços fizeram-se para calmar os espíritos mais perniciosos.

E será que não existe campo para uma direita musculada em Portugal? Em princípio deve poder conseguir o mesmo espaço que já foi ocupado por formações políticas equivalentes décadas atrás. anteriores. Não só em Portugal como no resto da Europa. E precisamente já desde uns anos atrás, na Europa além Pirenéus existem formações de extrema direita que participam nas eleições e até conseguem lugares nos parlamentos.

O que lhes falta em Portugal a estes elementos? Onde está o travão social que os coíbe? Não pode ser tão somente uma pretensa memória da fase ditatorial de Salazar e seus herdeiros, pois que além de já só ser recordada pelos mais velhos, não se pode dizer que tivesse atingido os níveis de repressão que alcançaram nos países europeus que hoje nos acompanham, na U.E.

Aquilo que se nota, nesta festa de máscaras, é que todos desejam subir ao carro da democracia, mas de uma forma fingida, uns mais e outros menos. Optam por se intitularem de Social-democratas, e não insistir nos preceitos socialistas dos séc. XIX e XX. Não podemos negar que os tempos são outros, mas tampouco se pode esconder o que já se confirma claramente: as classes mais baixas da sociedade estão pior de ano para ano, e nesta queda arrastam os membros da classe média, começando pela considerada baixa.

Se na Europa Central, tendo a França como o exemplo eterno e indiscutível, já se refere, sem ambiguidades que as greves persistentes não são seguidas simplesmente pelos desgraçados, mas maioritáriamente, por indivíduos com formação profissional e académica acima da média, porque neste Jardim ainda não se gerou uma união social que se oponha à ambiguidade, ou nem sequer isso, dos partidos políticos tradicionais? Falta coragem de agarrar o toiro pelos cornos por parte dos políticos que ficam com a boca no trombone, e os que pouco tem receiam de ficar pior caso se mostrarem. Ou, mais tristemente, os lutadores de hoje não conseguem arrastar uma multidão de convencidos. Só o arraiais e piquenicões, com futebol ou sem ele, é que os conseguem juntar. Mas como carneiros num rebanho.

As formações políticas existentes em Portugal e consideradas globalmente como sendo da esquerda “moderada”, começando pelo Partido Socialista, tem em muitos lugares de relevo (demasiados até) pessoas que ficam encandeadas com o cheiro do dinheiro, que sem a menor vergonha vendem o seu apoio a quem quer roubar os bens de todos, sempre e tanto que compense a sua falta de honra através de doações, directas ou indirectas. Basta dar uma olhadela pelas listas nominais de muitos Conselhos de Administração e outras estruturas paralelas que oferecem boas “remunerações” e pouco, ou nenhum, trabalho, a não ser o de fechar os olhos ou olhar para o Tejo.

A meu ver, e admito estar errado, o que ainda não se atingiu é a parceria entre os descontentes com formação cultural acima da média e o tal proletariado que não se quer assumir como tal. Historicamente falta a acção subterrânea e educativa que teve a maçonaria quando ainda na monarquia conseguiu proclamar a República. O que aqui falta são republicanos activos, conspiradores, condutores das massas hipnotizadas com futebol e miseráveis canais generalistas na TV.

Os mais preparados e com peso social, sejam crentes ou ateus, deveriam colocar-se junto ao Santo Padre actual, que, sem grandes rodeios, mostra o caminho que a sociedade contemporânea e do futuro próximo deveria seguir.

E escrevo estas palavras sem ser crente, e muito menos beato, mas que entendo devemos valorizar todos os que, seja do lado que for onde estiverem, podem colocar mais um tijolo neste muro de contenção do capitalismo feroz. Infelizmente é mais fácil pregar do que conseguir. Os ditadores sabem, desde tempos imemoriais, que os carrascos devem ser escolhidos entre os condenados a penas maiores. Estes são inflexíveis -mas também corruptíveis- com aqueles que estão autorizados, e incitados, a maltratar.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES – Alguns inquéritos



MUITOS PERGUNTAM ACERCA DE TEMAS PESSOAIS

Sou refractário a abrir questionários, e totalmente avesso a responder, pela simples razão de que, sem que nada justifique a intromissão na vida pessoal das pessoas, e ainda por cima de uma forma impessoal, atrevem-se, reiteradamente, a inquirir sobre assuntos que são, sem dúvida, de índole exclusivamente interna de cada um. Apesar desta rejeição em algumas ocasiões já abri algum destes questionários para verificar em que grau de coscuvilhice navegam.

O mais recente caso, que aconteceu-me poucos dias atrás, tecia uma rede de perguntas que terminavam perguntando se, o inquirido, tinha sentido vontade de ter relacionamento íntimo, de terceiro grau digo eu, com a esposa de algum seu familiar ou amigo com quem frequentavam companhia. Insinuavam que, além de coincidir nos seus respectivos domicílios, se encontrassem, num lugar isolado, descomprometedor, com o propósito de practicar adultério.

A forma como as perguntas estavam redigidas e no progressivo grau de abertura que lhes estava implícito, dava a entender que era mais do que normal o procurar chegar a tais intimidades. Que não se previam respostas negativas. Até pode ser que esta generalização de comportamento excessivamente desrespeitoso seja apanágio da sociedade actual. Alguma realidade tem que existir para que se apresente a situação como sendo banal.

Pessoalmente e sem tentar negar que os corpos e comportamentos de algumas damas -para as qualificar respeitosamente- tenham incitado o meu libido, isso não impediu que entre os pensamentos atrevidos e a sua sedimentação mental não tenha havido qualquer sequência, seguindo as regras sociais com que cresci. No fundo a que não se questionem os limites a respeitar. Evitar pisar o risco. Assim como entendo que colocar certas questões de uma forma que sugere serem de uma banalidade sem importância, não é instrutiva, positiva.

Aliás, mesmo que se evitem os inquéritos electrónicos, sinto que os temas sexuais e de sexologia mais reservada, estão tornando-se cada vez mais abertos. Não admira ver notícias de estrupos, violações e de todos os abusos sexuais que possam existir no inventário, tratados com suma complacência, abertura e até incitação indirecta.

domingo, 19 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Um olhar ao futuro que criamos



COLABORAR REDUZINDO O CONSUMISMO

Não me parece que o pessoal em geral, ou pelo menos aqueles que brincam com o PC, não se sinta preocupado, apreensivo ou até mesmo acagaçado com as insistentes notícias que nos chegam acerca da degradação da biosfera. Nomeadamente das que se referem ao aquecimento global e às negras consequências que uma mudança climática nos pode oferecer a curto prazo.

Para os que negam esta evolução negativa, alegando, (tal como eu já fiz), que o planeta já passou por múltiplas mudanças, hoje inimagináveis, e que a Terra continuou e continua a girar. Sem que hoje nos afectem os períodos de intensas secas, que deram origem aos desertos actuais. A mudanças do nível do mar, glaciações e até mudança da polaridade gravitacional. Mais o impacto de grandes meteoritos que até afectaram a órbita do planeta e a extinção de muitos seres vivos, podemos tentar tranquilizar o nosso espírito esclarecendo que aquilo sucedeu bastante antes de que o homem povoasse a terra. As grandes catástrofes e mudanças ambientais, que alteraram o equilíbrio dos seres vivos, não as presenciamos. Sabemos que aconteceram por testemunhos geológicos, mas a humanidade não foi dizimada. Nem as pestes conseguiram o nosso extermínio. Mas nós mesmos nos encarregaremos disso.

O que a velocidade com que estamos afectando o equilíbrio da Terra, sob todos os sectores, desde a atmosfera, espaço pré-sideral e, em menor medida o sideral, a biosfera, os mares e a temperatura geral, nos deve preocupar mais do que muito. E não é suficiente o temer o futuro, que se aproxima mais rapidamente do que se previa unas décadas atrás. É preciso agir hoje, com as capacidades e responsabilidades que nos correspondem.

Já não podemos fingir que não sabemos quanto o homem está estragando o planeta. Não há quem possa acreditar que separando o lixo em grupos de composição, ou seja na colaboração, pouco concretizada, da reciclagem, já cumprimos o nosso dever, e daí poder alegar ignorância do que, constantemente, a humanidade está fazendo. Ou seja: todos nós, inclusive os mais abandonados do globo, pois que até eles chegou, por transferência do “primeiro mundo” a ânsia do consumismo.

Se reflectirmos, com sensatez e pensarmos nas gerações que nos podem suceder, chegamos à conclusão de que é imperioso reduzir, progressivamente até chegar aos níveis mínimos, o consumismo sem travão.

Aquilo que vemos e avaliamos como lixo que está estragando o planeta, desde o ar com poeiras, gases e micro-partículas não degradáveis, até as mais profundas fossas marinhas. São produtos químicos, descartáveis, e não degradáveis que, camufladamente se lançam ao mar ou levam a zonas despovoadas. É material produzido, sinteticamente, pelo homem e que depois de usar é descartado. São muitos os artigos e produtos que se espalham ou enterram, como se isso os eliminasse.

Quando os cidadãos comuns nos deslocamos a um armazém para adquirir bens alimentares ou outra espécie qualquer, carregamos com uma quantidade de embalagens descartáveis, sempre repostas após a compra. Isto não acontecia cem anos atrás, espaço de tempo que pouco ultrapassa o prazo médio de vida das pessoas.

Cada um de nós é responsável por muitos quilos de lixo, Que se devem considerar como sendo só uma parcela do que a indústria produz. Se a esta noção, terrorífica, juntarmos o consumo energético global, desde o directamente pessoal até o industrial, e os gases que emitem os meios de transporte, terrestres, marítimos e aéreos, que devem alcançar valores alarmantes, e os dividirmos por todos os habitantes (não proporcionalmente porque os do primeiro mundo contribuímos com uma parcela muito maior) podemos ficar abismados pelo que nos toca de responsabilidade.

Sou consciênte de que os meus pensamentos não terão qualquer efeito sobre o comportamento das pessoas. Mas também estou convencido de que se não alterarmos o nosso modo de vida, o futuro próximo será tenebroso (cem anos não é nada, mas será suficiente para confirmar o que hoje parece ser só pessimismo alarmista) Felizmente não estaremos cá para ver; mas alguns descendentes nos poderão acusar, e com razão.

DESEJARIA QUE TODOS FOSSEMOS TRAVANDO O CONSUMO EM GERAL. DESDE AS PEÇAS DE ROUPA NÃO ESSENCIAIS ATÉ A ENERGIA. DESLOCAÇÕES PESSOAIS E TUDO AQUILO QUE NOS PAREÇA, COM RAZÃO, QUE CONTRIBUI À DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES – OS LABIRINTOS




As escolhas da vida

A representação gráfica, ou até tridimensional, dos percursos correctamente preparados par nos dar a sensação de que temos livre escolha, nunca os abordamos como sendo uma representação da vida de cada um. O sinal mais evidente reside no facto de não ser possível o retorno ao ponto de partida. Um labirinto bem desenhado exige de nós uma escolha, em geral com opção dupla, de sim ou não, e mais raramente surge uma opção tripla. A única possibilidade que nos dá de tentar compor um erro e poder tentar novamente é quando nos encontramos num beco sem saída.

O que é sempre sintomático no labirinto da nossa vida real é que entramos nele no momento em que já temos capacidade para decidir, em que o acertar ou errar esteve nas nossas mãos como um interruptor. E as escolhas, as decisões, sejam elas importantes ou banais, só terminam no momento em que o nosso coração recebe a ordem de parar o seu contínuo bombar da fluxo de vida. Normalmente dizemos que este fim da linha coincide com o fechar dos olhos, mas nem sempre este abaixar as cortinas é feito conscientemente; na maioria dos casos alguém tem que nos baixar as persianas que deixamos levantadas.

Ou seja, o grau de incerteza quanto o que encontraremos ao virarmos a página ou desviar na esquina, é, em geral, diferente ou mesmo oposto ao que aquilo que tentamos adivinhar. O futuro, mesmo parcialmente, só é previsível quando temos um conhecimento prévio, muito firme e cerrado, de como pode evoluir. O homem pragmático a falta de dados fidedignos deixa o futuro em aberto. Diferente é a situação daquele que, sendo crente, admite ter um destino predefinido por um ente superior e invisível, digamos divino. Aceita, sem lhe dar o valor de uma declaração de fé, que o futuro a Deus pertence. É um artifício de linguagem que tenta insistir na não aleatoriedade da vida.

Visualizando um labirinto “clássico”, onde as possibilidades de escolha no trajecto pessoal podem ser bastantes, até muitas, aceitamos resignadamente que as sucessivas opções não estão condicionadas por poder interpretar sinais, em muitas ocasiões pouco credíveis, mesmo imaginários, que nos ajudem a encontrar a saída ou o prémio que está no seu centro, e que oferece um prémio brilhante, que não evidencia o fim inexorável do nosso percurso. O mais usual na estrutura que se dá ao labirinto, pedagógico, é o de procurar não deixar evidencias no percurso que nos facilitem a prémio ou a saída. As únicas ajudas podem ser o sol e as sombras, mais a noção da hora em que se entrou.

Se insistirmos em considerar os labirintos físicos como um jogo, um divertimento, ou até de ser uma a prova acerca da capacidade de orientação daquele que o desafia, logo que passa a soleira de entrada, pode pensar na semelhança que existe, mesmo que sob uma subtileza enganadora, de que ali se retrata, brincando, a nossa vida individual. Então, entende, sem dúvida, que quando se chega à saída o que lá nos espera é a Parca, a figura encapuçada, vestida com um manto branco e apoiada numa afiada gadanha.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES – Como nos tornamos invisíveis




DISFARCE OU MÁSCARA

Quando descontraído sou bastante brincalhão, mesmo sem estar acompanhado. E atreito, desde criança, a fazer caretas e andar com passadas anormais. Nunca me livrei deste desafogo. Digamos que sou consciênte da má imagem que dou a quem me observa quando em tais lides. Mas igualmente confesso não resistir a uma reprovável tendência a fazer palhaçadas.

Como suponho é natural nos humanos, humanoides e é possível que tal venha a suceder com os autómatos que nos desbanquem, sempre procuramos alguma desculpa ou justificação para os nossos erros. Eu não escapo desta sina. Mas não estou convencido de que consiga uma argumentação com um mínimo de credibilidade.

Começando por cima. Muito acima das minhas capacidades, direi que os artistas humoristas de verdade nunca criam muitos “bonecos” diferentes, e caso caem nesta tentação descobrem que desgastam-se mais depressa se variam de fácies. Com um, bem estudado e trabalhado, é suficiente para se tornarem famosos. E mais sabemos, quando a personagem já se introduziu entre o público é este falso herói que absorve toda a atenção, deixa o nome do artista num segundo plano, mesmo que por vezes se sintam sobrepostos. É o que se verificou, entre alguns outros, com o inglês Charlie Chaplin e o seu Charlot, e com o Mário Moreno com o seu Cantinflas.

Lamento ter que admitir, sem receio de errar ou de cair na tentação de fingir -usando um caraça lastimeira, e com isso incitar uns falsos aplausos e opiniões sem valor real- que sou um cómico nato mas desperdiçado. Aliás, sem vergonha na cara tenho que admitir que nunca ultrapassei a mediocridade em qualquer dos ramos de criatividade ou de profissionalidade em que me meti. Sou um dos muitos medíocres que passaram por este mundo sem deixar uma pegada durável. E não digo eterna, mas pelo menos até a seguinte passagem da esfregona niveladora-arrasadora.

Antes de fechar e tocar o hino nacional (isso era dantes...) sinto-me obrigado a justificar o cabeçalho que coloquei: DISFARCE OU MÁSCARA. Julgo que os poucos, pouquíssimos, leitores destas linhas já sabem, desde tempos recuados, que o construir um “boneco” com força de penetração no público, implica dar-lhe uma personalidade, mesmo que se entenda ser falsa, mas que não se possa identificar com um cidadão normal que se encontre casualmente. O boneco terá actos e palavras que todos nós temos no subconsciente, por vezes mesmo à flor da pele, e que somos forçados a reprimir. Ele, o boneco, diz e faz, o que nós gostaríamos de poder dizer e fazer. Precisamente aqui reside o seu sucesso.

Com este raciocínio não quero afirmar que o cómico, o artista, se envergonhe do seu trabalho e da sua capacidade, mas explicar o facto de que não aceita que o abordem como sendo, de facto, a personagem que criou. Ele, o autor-criador gosta que os outros, os conhecidos e desconhecidos o valorizem pelas duas caras da sua moeda. Se procurarmos na gaveta das imagens sem classificar, encontramos à mão as duas caras, de comédia e drama, que simbolizam o teatro na su generalidade. E sempre são duas máscaras!

Curiosamente no teatro grego clássico, que se tornou a imagem desta actividade, as máscaras impedem a mímica facial e deixam só, e não é pouco, a verbe e a mímica gestual para transmitir as suas mensagens. Isso contraria bastante a noção que temos acerca da importância das expressões faciais quando queremos avaliar alguém, não acreditamos tanto nos gestos e palavras do que nos rostos, olhares e esgares. Os gregos deviam temer que o comportamento facial dos actores não correspondesse ao papel que deviam oferecer.

sábado, 11 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - A ROBÓTICA



TENTATIVA DE ADIVINHAR O PRÓXIMO FUTURO

São frequentes os artigos onde se especula acerca do futuro que estamos construindo -um plural magistrático que não abrange a todos, mas apenas aos directamente implicados, apesar de que os apáticos, ou os que não sabem como agir para se opor, também merecem ser inculpados , nem que seja por aquilo de que quem cala consente- ameaça degradar a importância que as pessoas sempre tiveram na condução do trabalho e de qualquer actividade em que as suas decisões tem sido importantes.

Alertam-nos sobre a inevitabilidade de os automatismos, em implantação acelerada, reduzirem o número de pessoas activas em muitas tarefas hoje correntes. Mas sem negar esta evidência, pode-se imaginar que as máquinas se ocuparão de todos os capítulos, ou chegar-se a um equilíbrio favorável? Seja qual for a progressão do automatismo, temos que admitir que pessoas continuarão a existir, a nascer, viver e morrer e que na humanidade ainda não se vislumbra o chegar ao total automatismo robótico. Implicaria o domínio total da inteligência artificial sobre a espécie humana

Aqueles autómatos domésticos, deslocando-se sobre rodas pela casa, e que em muitas ilustrações futuristas, tem um aspecto caricatural de pessoas, inclusive com roupa, e “inté” falam numa voz pouco humana, não se vulgarizou. Por enquanto. Para os conceber, construir e reparar estão dependentes de humanos

Mas por este caminho já se avançou bastante. Pessoas das zonas económicamente pujantes, com idade inferior a quarenta, nem conseguem imaginar o esforço e sacrifício que implicava a lavagem de roupa feita manualmente ! Hoje existe uma multiplicidade de máquinas automáticas que se encarregam desta tarefa cansativa. Mesmo assim é necessário separar as peças a lavar consoante os cuidados com que devem ser tratados; carregar e programar a máquina pessoalmente em conformidade com o tipo de roupa a lavar; mais o detergente a usar; descarregar e depois, secar a brunir ou passar, que é a mesma coisa. Por mais que evoluir na robótica a mente humana e as capacidades de adaptação implícitas serão de grande importância.

Por muito sofisticada que seja uma programação existirá sempre um momento em que a opção a seguir estará pendente do raciocínio do operador. Tentando dar um exemplo citarei, sem concretizar, as notícias que apontam para viaturas automóveis, evoluídas dos carros de passageiros e de transporte colectivo, e até de mercadorias, que após lhes aplicarem automatismos, cuidadosamente programados, podem circular pelas estradas em absoluta segurança. Será assim? Por enquanto receio que poucos aceitariam ser passageiros de um veículo totalmente robotizado. Que pudesse reagir imediatamente a situações imprevistas e perigosas, tomar opções repentinas.

Que o automatismo vai ferir a actividade humana é aceite como algo inevitável. Mas daí a nos colocar, a todos, numa prateleira por sermos dispensáveis... Ou seja, ferir, ferirá, mas matar... nunca. Toda a evolução será feita pensando na rentabilidade dos processos, e o custo de um operador, ou uma série deles, será o primeiro factor a ponderar. Em princípio ficarão reservadas para os humanos as tarefas situadas nos dois extremos.

Por um lado a concepção e programação dos automatismos, e no lado oposto tudo aquilo que for mais penoso e desgastante para o nosso corpo, mas difícil de automatizar (como, por exemplo, o desmontar para sucata um petroleiro em fim-de-vida) com a agravante de que são, e serão, as pior remuneradas.

Sem nos delimitar nos extremos a realidade nos mostra que na maioria dos casos o trabalho humano, não tecnológico, aquele que pode ser feito por pessoas não especializadas ou facilmente substituíveis na bolsa de desempregados será cada dia mais mal retribuído. De modo semelhante quando se gera um excesso de especialistas com pouca procura, muitos terminam aceitando postos de trabalho, em princípio, abaixo das suas expectativas.

Mas, em compensação, continuarão e ser necessários, e muito procurados, os operários especializados, seja em electrotecnia, soldaduras especiais, programação, instrumentação, manutenção de equipamentos, metalúrgicos, fundidores, e muitas especialidades de apoio às temíveis novas tecnologias. O leque salarial que se vai instalar para estes especialistas não poderá ser inferior ao que auferirão os das novíssimas profissões, pois tal como sempre aconteceu, por detrás da vedeta que está no palco é imprescindível uma equipa de apoio sine qua non.

Onde existirá um retrocesso social será quando se institucionalizar a existência de uma nova espécie de escravidão onde militarão os mais esquecidos, os que terão que aguentar com os trabalhos mais penosos e perigosos que nem os autómatos poderão executar,

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Autocontrole

E SE MEDISSE TUDO O QUE ENCONTRAR ?

Dias atrás (e não eram aqueles famosos DIAS & DIAS A. BOAVIDA) tive que tratar de um assunto particular (*) no Centro Comercial onde encontro uma sala -em verdade são 6- onde há, quase sempre, a possibilidade de ver algum filme recente que não seja de pancadaria e fantasiosos, e levava no bolso uma fita métrica, graduada em cm e polegadas, que me devia ajudar a decidir.

Enquanto circulava pelos corredores, com mais m2 do que muitas casas de habitação, tinha uma das mãos entretida a fazer voltas com a dita fita de medir. E surgiu uma ideia estupenda:

E se começar a fazer que media os os objectos que estão à mão, como as caixas multibanco, os balcões centrais, portas, placas de pavimento, etc, dizendo em voz audível  aqui tantos cm, noutro a medição correspondente. E assim até me fartar.  No MB medir altura, largura e lateral, e daí sempre a andar... qual seria a reacção dos que me vissem tão atarefado?

Certamente que me julgariam maluco total. Até porque não estávamos na época de Entrudo nem eu ia vestido de palhaço. De imediato considerei que se, mesmo sem atitudes tão bizarras, já ganhei o estatuto de, pelo menos, anormal (nem sempre agindo de acordo com as normas sociais em vigor)
optei por travar aquele divertido impulso.

Tinha que ser divertido para funcionar como pretendido, pois que sempre considerei que um bom cómico, mesmo in extremis um palhaço fardado como pertence, só teria sucesso se divertisse ele mesmo com o que fazia. Ou seja devia gozar com o que faz e até com a cara dos que o seguiam. Mas aí ressalta a condição sine qua non . O artista deve vestir-se, mascarar-se, de forma a mostrar, logo que entra em palco, que vai agir como sem nexo, irreal na sua actuação, e assim ser valorizado em conformidade com o que contratou junto do empresário.

É triste deduzir que não chega gozar com o que se faz. É fundamental transmitir ao espectador que está a actuar, que aquela personagem pode não corresponder à sua personalidade. Que é "um boneco". E esta não seria a visão que teria caso "brincasse" naquele espaço.

(*) A chamada deve-se ao impulso para relatar uma vivência real. Lá vai:
Ainda deve estar vivo e de saúde um indivíduo que, pelo menos uns quase 60 anos atrás, foi ouvido por quem ele não desejava quando, sigilosamente, se dirigiu ao farmacêutico pedindo "uns comprimidinhos para um assunto particular entre eu e a minha namorada" Dado que o boticário fingiu não entender, acrescentou: Sabe... um certo atraso...
A partir deste momento o namorado carregou a alcunha de O COMPRIMIDINHOS.





quinta-feira, 9 de janeiro de 2020


MEDITAÇÕES - Dicionário apócrifo (aumentado)



Se tiver vida, saúde, e boa disposição, tratarei de actualizar e completar de vez em quando. Ou seja: sem me comprometer numa periodicidade rigorosa

ÀBACA - Fêmea do ábaco.
ABADIAR - Quando o abade adia um dever sem justificação.
ABOCANHAR – Conseguir mete-lo todo na boca.
AVELUDO – Intrometido com modos suaves.
ABUSO SEIXAL – Qualquer grau de estupro cometido no Seixal.
ADULTERO FRUSTRADO - Adulto vocacional que não consegue.
ALABASTO - Peça de alabastro mal executada. Porcaria.
ALABIADO – Pessoa que sofre por não ter lábia.
ALAMERDAR – Conspurcar uma alameda.
ALMÁRIO - Arquivo donde se guardam as almas já sem corpo.
ALTEIA - Mulher não crente que chupa rebuçados de alteia.
ALVINHO - Mixórdia vinícola que tenta entrar numa denominação de origem.
AOVENTO – Mandar bitates se sentido, mas insistentemente.
ARMATRASTE – Pretende armar mas é um desastre.
ASSOPRAR -Acção de soprar a sopa quando excessivamente quente.
AUGADO – Individuo que esteve quase a conseguir, e nada!
AUGARRASA - Nível da cheia antes de galgar as margens.

BARRIGADA FALSA - Arrotar com o estômago vazio.
BEATÉRIO – Aterro sanitário, legal, onde se depositam as beatas mortas.
BIFANAS ESPECTÁCULO – Lábios interiores muito grandes, enormes.
BOCASOGRA - Abertura na cara por donde sai a língua da sogra.
BRUXOLA – Feiticeira que orientava os navegantes.
BUFARCAMAS – Sujeito que expele gases no leito conjugal.

CABRIL - Sujeito que é enganado pela namorada ainda na escola.
CACADOR - Quem sente dores ao evacuar.
CARACOLITOS – A penugem que aparece quando deixam de rapar.
CARALHITO - Miséria mirrada a que se chega com a idade.
CARAMELRO - Rebuçado que deixa as beiças amarelas.
CHUPAGAITAS – Tocador de gaita que em vez de soprar aspira.
COÇABOLAS - Indivíduo que coça os seus testemunhos com fruição.
COIRÃO - Um coro constituído por pessoas muito feias.
COMPROMETER – Meter para comprovar.
CONDOMSEXO - Sexo consentido, mas com preservativo.
CONTESAR – Conter, com ansiá, uma erecção indesejada.
CUALISAR – Alisar o rabiosque dela à base de palmadas.
CUNHADO – Individuo que conseguiu um posto por vias travessas.
CUNILINGUS – Língua de coelho.

DAMATAXI - Senhora prestável que se paga com bandeirada e tempo.
DESCAÍDAS – É o que acontece com o tempo às mamas de assobio.
DESCAIR – Escapar a verdade pela boca, involuntariamente.
DESGRAVIDAR - Acção de interromper uma gravidez.
DIPLONATA - Diplomata que promove e se alimenta com pasteis de nata.
DISTURVADOR – Agitador social em que se move nas águas turvas.
DESFENDER – Defender mas pouco, ou nada. Vender-se ao contrário.
DUPLA, fazer uma – Papar a esposa e a cunhada.
EMPALHADO – Indivíduo que anda e parece estar morto. Zombi.
ENTELADOS – Apanhados na terra de ninguém. Nem direita nem esquerda.
ENTRÚPIDO - Quem faz estupideces no entrudo.
ESPERMANULADO – Método drástico para eliminar a ejaculação por compressão.
EUCARESTIA - O que se tem que pagar para ter uma missa.
FREIRA – Mulher casada com Deus, que só adulterando é que pode ver o padeiro.
FRESQUEIRO – Indivíduo especialista em se por ao fresco = Não me comprometa.
FRIADOR – Fiador que mostrou não ser de confiança.

INFIDEL - Dissidente do governo cubano.
INFORCADO – Enforcado no interior, à socapa.
INFORMÁVEL – Que não se consegue meter na forma.

LAMBEBOTOS - Depravado que lambe os botos fêmeas no Amazonas
LAMBECRICAS – Especialista sexual apreciado pelas mulheres.
LENDIADOR - Quem espalha lêndeas em cabeças alheias.
LESMANAS – Duas irmãs lésbicas.
LOBBI - Designação de uma agrupação de malfeitores gananciosos.
MAMALHUDA – Feminina com seios de dimensão espectacular.
MAMAS- Protuberâncias que primeiro servem para brincar e depois pode ser que alimentem o resultado = Tetas.
MAMOCAS – Tetas de dimensão mais que respeitável.
MARIBUFO - Marinheiro que acusa e além disso emite gases mudos.
MAURISCO - Marisco em mau estado. Impróprio para consumo.
MEIO-LECO - Pretenso machão que não aguenta meia leca.
MINISER - Indivíduo de pouca valia; desprezível.
MONJA – Companheira do monge? Ou = a freira.
MULHERICIDA – Aquele que mata a sua esposa. Ou outra esposa qualquer.

NATADOR – Doador da nata de produção própria. Benemérito.
NEGRÃO – Preto muito grande e com canhão de longo alcance.
NEOATEU – Ex-crente que pensou ter visto a luz da verdade.
NOTARTRASTE – Notário trapalhão, desaconselhável.

ODIOMETRIA – técnica médica para mensurar os ódios.
ORGO-ONANISTA – Organista viciado no onanismo.

PARLAMINTO -Local donde se juntam os eleitos para mentir.
PÉ-CAGADO – Andar com um dos pés sem quase tocar no chão.
PECADOR POTENCIAL – Adulto que insiste em procurar parceira para cometer adultério.
PÉGELADO – A queixa do parceiro/a ao tocar o pé alheio na cama.
PEIDAFILIA - Paixão pelo coito anormal pela retaguarda.
PERGAMINHO – Nome de fadista da nova vaga.
PIRIDELA – Pirilau de uma lésmica. = Clitóris.
PIRILIMPO – Pirilampo que ficou descarregado.
PIPIPICANTE – Rata que quando lambida arde na boca.
PIPISECO – Pipi da tabela que ficou sem reservas para amar.
PRECIPUCIO - Extremidade que já não cumpre a sua função. Caiu.
PRECUNHADO – Comportar-se como esposo da irmã sem estar casado.
PRESUNTÕES – Ancas de tamanho descomunal. Delícia para antropófagos.

REITERACTIVO – Pessoa insistente que não larga a vítima.
RICOCÚ – Um rabiosque que faz parar o transito.
RUIRISO – Acção de gozar com Rui Rio.

SINGRADISTA – Aquele que navega à vista, às costas dos outros.
SOGRA – Algumas estão em muito boa forma. Não se incompatibilize...
SOGRATICO – Que está muito agradado da sua sogra. E há quem não …
SOGRO – Os bons até lhe podem dar umas dicas e um bom dote à filha.
SUADELA - Cada uma das parceiras no lesbianismo.
SUAGOSTO – efeito exudativo do calorão de Agosto.
SURFRIPIAR - Roubar os bens de um surfista.
SURRIPRAIADOR – Ladrão das praias de banhos.
SURRIPRAZER - Dar prazer sorrindo.

TANGANEIRA – Zona donde proliferam as que usam tanga.
TANGANISTA - Produtor e comerciante de tangas reduzidas.
TENTADORA – Fêmea que tenta sexualmente e fica-se sem dar.
TROMPESSAR - Esbarrar com a tromba do elefante.
VAIDOLOROSO – Vaidoso que carrega a dor.
VALENTE – Catedrático que aprecia a luta, e ganha.
VICIONULO - Vicioso que por preguiça não se satisfaz.
VIR OU NÃO SE VIR - Eis a questão, frustrante.

ZAMPADOR – Aquele que come tudo, e sem colher.
ZONZO – Sopinhas de massa e acumula com não ter graça.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Dicionário apócrifo




Que, se tiver vida, saúde, e boa disposição, tratarei de actualizar e completar de vez em quando. Ou seja: sem me comprometer numa periodicidade rigorosa

ÀBACA - Fêmea do ábaco.
ABADIAR - Quando o abade adia um dever sem justificação.
AVELUDO – Intrometido com modos suaves.
ABUSO SEIXIAL – Qualquer grau de estupro cometido no Seixal.
ADULTERO FRUSTRADO - Adulto que insiste em procurar parceira para cometer adultério.

ALABASTO - Peça de alabastro mal executada. Porcaria.
ALABIADO – Pessoa que sofre por não ter lábia.
ALAMERDAR – Conspurcar uma alameda.
ALMÁRIO - Arquivo donde se guardam as almas já sem corpo.
ALTEIA - Mulher não crente que chupa rebuçados de alteia.
ALVINHO - Mixórdia vinícola que tenta entrar numa denominação de origem.
AOVENTO – Mandar bitates se sentido, mas insistentemente.
ASSOPRAR -Acção de soprar a sopa quando excessivamente quente.
AUGADO – Individuo que esteve quase a conseguir, e nada!
AUGARRASA - Nível da cheia antes de galgar as margens.

BARRIGADA FALSA - Arrotar com o estômago vazio.
BOCASOGRA - Abertura na cara por donde sai a língua da sogra.
BRUXOLA – Feiticeira que orientava os navegantes.

CABRIL - Sujeito que é enganado pela namorada ainda na escola.
CACADOR - Quem sente dores ao evacuar.
CARALHITO - Miséria mirrada a que se chega com a idade.
CARAMELRO - Rebuçado que deixa as beiças amarelas.
CHUPAGAITAS – Tocador de gaita que em vez de soprar aspira.
COÇABOLAS - Indivíduo que coça os seus testemunhos com fruição.
COIRÃO - Um coro constituído por pessoas muito feias.
CONDOMSEXO - Sexo consentido, mas com preservativo-
CONTESAR – Conter, com ansiá, uma erecção indesejada.

DAMATAXI - Senhora prestável que se paga com bandeirada e tempo.
DESGRAVIDAR - Acção de interromper uma gravidez.
DIPLONATA - Diplomata que promove e se alimenta com pasteis de nata.
DISTURVADOR – Agitador social em que se move nas águas turvas.

ENTELADOS – Apanhados na terra de ninguém. Nem direita nem esquerda.
ENTRÚPIDO - Quem faz estupideces no entrudo.
EUCARESTIA - O que se tem que pagar para ter uma missa.

INFIDEL - Dissidente do governo cubano.

LAMBEBOTOS - Depravado que lambe os botos fêmeas no Amazonas
LAMBECRICAS – Especialista em convívio sexual.
LENDIADOR - Quem espalha lêndeas em cabeças alheias.
LESMANAS – Duas irmãs lésbicas.
LOBBI - Designação de uma agrupação de malfeitores gananciosos.

MARIBUFO - Marinheiro que acusa e além disso emite gases mudos.
MAURISCO - Marisco em mau estado. Impróprio para consumo.
MEIO-LECO - Pretenso machão que não aguenta meia leca.
MINISER - Indivíduo de pouca valia; desprezível.

NEGRÃO – Preto muito grande e com canhão de longo alcance.
NEOATEU – Ex-crente que pensou ter visto a luz da verdade.
NOTARTRASTE – Notário trapalhão, desaconselhável.

ORGO-ONANISTA – Organista viciado no onanismo.

PARLAMINTO -Local donde se juntam os eleitos para mentir.
PÉ-CAGADO – Andar com um dos pés sem quase tocar no chão.
PECADOR POTENCIAL – Adulto que insiste em procurar parceira para cometer adultério.

PÉGELADO – A queixa do parceiro/a ao tocar o pé alheio na cama.
PEIDAFILIA - Paixão pelo coito anormal pela retaguarda.
PIRIDELA – Pirilau de uma lésmica. = Clitóris.
PIPIPICANTE – Rata que quando lambida arde na boca.
PRECIPUCIO - Extremidade que já não cumpre a sua função.
PRECUNHADO – Comportar-se como esposo da irmã sem estar casado.

RUIRISO – Acção de gozar com Rui Rio.

SUADELA - Cada uma das parceiras no lesbianismo.
SUAGOSTO – efeito exudativo do calorão de Agosto.
SURFRIPIAR - Roubar os bens de um surfista.
SURRIPRAIADOR – Ladrão das praias de banhos.
SURRIPRAZER - Dar prazer sorrindo.

TANGANEIRA – Zona donde proliferam as que usam tanga.
TANGANISTA - Produtor e comerciante de tangas reduzidas.
TENTADORA – Fêmea que tenta sexualmente e fica-se sem dar.
TROMPESSAR - Esbarrar com a tromba do elefante.

VALENTE – Catedrático que aprecia a luta, e ganha.
VICIONULO - Vicioso que por preguiça não se satisfaz.
VIR OU NÃO SE VIR - Eis a questão, frustrante.