quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES – A estrutura esquelética


A evolução das espécies

UM AXIOMA. A Mãe Natureza quando encontra uma solução que considera ser a melhor, quase perfeita, adopta para todo o sempre.

Tenho a ideia, possivelmente errada, que quando olhamos para um animal qualquer mais cedo ou mais tarde procuramos alguns pormenores que sejam compatíveis com os humanos. Eles existem, e não só entre os classificados como primatas , e por extensão aos mamíferos, como a muitos outros animais com quatro membros, digamos genericamente pernas, pois que braços com mãos e dedos existem, além dos humanos, como acontece com os répteis com pernas e até as aves.

Pois acontece que a estrutura óssea dos membros locomotores de locomoção, é em tudo semelhante à das pessoas. Se fosse adicto da criação divina consideraria que, tendo encontrado uma solução funcional, só foi necessário adapta a cada nova espécie.

A observação é simples e muito curiosa. Tomando o nosso corpo como base de comparação vemos que os membros anteriores, ou seja os braços, deslocam-se do corpo começando pelo braço, que se adianta do tronco e depois prolonga-se com o braço e mão. O fulcro, que funciona como uma dobradiça, está no cotovelo. O quando dobrado, fica, normalmente recuado em relação ao ombro, que á a primeira junção móvel.

Inversamente os membros inferiores, ou traseiros nos quadrúpedes, dobram ao contrário. O conjunto ósseo que está ligado ao esqueleto fixo, mesmo que flexível através dos vértebras e uniões elásticas, avança primeiro para trás, dobra num joelho ao contrário do cotovelo, permitindo que a perna avance e possibilite a nova implantação do pé no solo.

O mais interessante é que esta disparidade de articulação entre os membros anteriores e posteriores encontra-se já nos mais antigos fósseis de vertebrados. De onde se pode concluir que a natureza, quando encontrou uma solução funcional para a deslocação dos animais terrestres manteve, sem alterações, o mesmo esquema de articulações. Tanto serviu para os dinossauros mais volumosos como para os minúsculos precursores dos mamíferos. E também com os répteis, cujos descendentes mais actuais são as diferentes famílias de crocodilos, jacarés e até nas tartarugas (Quelónios), cujo esqueleto complementar ao dos membros está incluído na carapaça.

Nos animais marinhos encontramos mamíferos que sob um corpo adaptado à natação trazem os esquemas ósseos dos animais terrestres. E, mais no reino dos peixes, encontrou-se, ainda vivo, um peixe com membros atrofiados equivalentes a braços e pernas. O primeiro exemplar que, em 1938, chegou aos zoólogos investigadores a notícia de que na zona do Oceano Índico entre Moçambique e Madagáscar, era frequente que os os pescadores locais apanhassem um peixe, esquisito, com umas patas incipientes. Pela descrição correspondia a um fóssil que se suponha extinto desde uns 65 milhões de anos. Um elo perdido da cadeia evolutiva, e que fora baptizado de Celacanto. Deslocaram-se até a comunidade piscatória e, desde então, conseguiram-se vários exemplares deste “fóssil” vivo.

Muitos outros peixes conservam rudimentos dos membros dianteiros e posteriores nas barbatanas peitorais e ventrais. E nos mangais do Índico encontram-se peixes, que se deslocam sobre as barbatanas como se fossem pernas e até conseguem respirar o ar.

Ou seja, que olhando para as características de uma espécie nos podemos deparar com detalhes inesperados, por serem comuns a outras mais definidas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES – Nem nos damos conta

 

A evolução das espécies é notável

Creio, e posso estar totalmente errado, que há muitos pormenores no que nos rodeia, e até em nós mesmos, que levamos um tempo demasiado longo em advertir. E são muito importantes!

Um exemplo que temos sempre disponível é o facto de que o arco dentário da maxila inferior tem um raio notavelmente maior do que o arco superior. De imediato verificamos que um deles, o superior, é fixo, e está condicionado pelo crânio. O inferior, é móvel, não só num eixo vertical (sobre e desce) como tem um importante movimento lateral.

Conhecemos a nomenclatura com que se identificam os dentes, em relação com a sua função. Os centrais, frontais, são conhecidos por incisivos, e a sua função é a de cortar, logo a seguir, de um lado e outro, aparecem os caninos de forma bicuda, que nos são comuns aos felinos e outros animais carnívoros, seguem-se os pré-molares, que se utilizam para um primeiro esmagamento dos alimentos. Os últimos da série são os molares, cuja função é a de ultimar a preparação fina da papa que iremos engolir.

Cada sector da dentição tem a sua função e aqui reside a importância do movimento lateral da maxila inferior, Para “moer” não basta esmagar, pressionado sempre sobre as mesmas partículas. Até no processo de corte, é frequente que, além de apertar os incisivos de ambas maxilas, sintamos a necessidade de as deslocar para encontrar outra possibilidade de corte.

Seguindo com a tarefa de preparação do alimento, e com o auxílio, muito importante e automático, da língua, a massa de alimento vai mudando de lugar e assim possibilita o conseguir um esmagamento, uma mastigação, perfeita.

É um erro, que se paga com digestões demoradas e molestas. É, pois recomendável mastigar até sentir que a pasta de alimento é uniforme e leve, ou seja: não engolir apressadamente, como um alarve.

Se ao arco dentário da maxila inferior fosse exactamente coincidente com a dentição superior, não mastigaríamos de forma conveniente. Que o digam os ruminantes, nomeadamente as vacas, que mastigam continuadamente sem ingerir nova quantidade de alimento.

Na próxima entrada penso referir a coincidência das articulações dos membros da maioria dos animais terrestres.


Na seguinte entrada penso falar nas articulações dos vertebrados.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

MEDITAÇÕES - Leituras sérias


ACERCA DO MARQUÊS DE POMBAL


Nestes dias de recolhimento deu-me para ler alguns dos livros que tenho sobre a vida e andanças de JOSÉ SEBASTIÃO E MELO, que primeiro foi Conde Oeiras, grau que não lhe concedeu nenhum respeito entre a fidalguia portuguesa de então, notáveis pela sua nenhuma vocação para o trabalho, fosse ele qual fosse, mas gozando da vida o mais que pudessem.

Bastante mais tarde Sebastião e Melo foi agraciado com o título de Marquês de Pombal, que deveria abrir-lhe as portas dos velhos fidalgos, mas que, pelo contrário ainda mais os acirrou contra ele, incitados pelos membros da confraria dos fardetas, ou seja, dos jesuítas.

Com algum masoquismo e incitado por leituras anteriores, fui procurar na estante um “pequeno” volume, nada assimilável a um livro de bolso. Mais propriamente um livro de mochila, pois que mede 21x30 na capa e 8 cm de grossura; pesa dois quilos!

Na lombada figura O MARQUEZ DE POMBAL e foi editado em1885, numa edição de 50 exemplares numerados na Imprensa Nacional de Lisboa, por encargo do CLUBE DE REGATAS GUANABARENSE. Por ocasião do centenário da sua morte. No prefácio figuram os nomes das entidades e pessoas a quem se distribuíram os exemplares, figurando à cabeça Sua Mageftade Dom Pedro II, Imperador dop Brasil. E entre os colaboradores encontram-se nomes de brasileiros famosos. Toda a edição segue o acordo ortográfico da época.

Está nas minhas mãos desde décadas e encontrei sinais de já ter lido algumas páginas. Mas não recordo como fiquei dono deste volume. Pode ser que o localizasse num alfarrabista na rua nova da Trindade, quase ao lado da antiga Cervejaria Portugal. E que eu frequentava procurando, e por vezes encontrando outras preciosidades bibliográficas.

Não vos vou maçar com referências da vida do Marquês, que, apesar da contrainformação, foi um homem excepcional. Pelo menos nas suas iniciativas para fazer evoluir o País. É difícil resistir ao impulso de recordar algumas das suas iniciativas, tanto industriais como legislativas. E o meu retraimento deve-se ao sentimento de que são os portugueses “de gema e clara, mais a casca castanha (tudo efeitos de manipulação bioquímica nos alimentos que se dão às galinhas poedeiras) que devem, sentir-se incitados para estudar, com alguma profundidade o percurso e os feitos deste grande homem público.



sexta-feira, 27 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES – A Bíblia está omissa


O porque da Poligamia

Tudo este problema de que os homens, com o seu instinto reprodutor, predador e belicoso, sempre tiveram tendência, nem que fosse mentalmente, a poder usufruir de mais do que uma fêmea no seu “rebanho”, é explicado -mesmo que não justificado para não parecer mal- com diferentes argumentos.

Um deles é que, fosse por migração ou pelas inúmeras mortes que os homens sofriam nas suas lutas, ou guerras tribais ou de grande magnitude, entre a população residente havia mais mulheres disponíveis do que homens. Basta lembrar que em certas zonas existem bailes populares, tradicionais, onde um homem dança, simultaneamente, com duas mulheres. Já não referiremos os casos de estupro e adultério dentro da mesma família, que não se justifica pelas regras de conduta vigentes, ou estipuladas, mas nem sempre cumpridas. A carne é fraca, mesmo que nos sirvam bifes rijos como cabedal.

A explicação mais simples e directa é a que nos explica o motivo, oculto, porque Deus expulsou Adão do Paraíso. Afinal Adão foi provocado a faltar as normas estipuladas pela sua companheira Eva, que fosse induzida pela serpente, em se corporizou Luzbel, o diabo castigado por desobediente. Factualmente nada custa imaginar que Adão já estivesse com os nervos em franja com as manias e birras da sua companheira. E não referiremos os nervos e indisposições que as descendentes de Eva ainda sofrem nos tais dias aziagos.

Como se estivesse a ver: O que aconteceu é que Adão, muito respeitosamente, foi ter com o “Patrão” para lhe pedir que lhe tirasse mais duas, ou de preferência três, costelas, e com elas modelar outras companheiras. Pois que com aquela Eva não se podia viver sossegado, mesmo que não houvesse sogra pelo meio.

Deus, que obviamente não era parvo e tinha visto, com aquele olho mágico com que andava a espiar dentro de um triângulo, que Adão estava cheio de razão; não quis dar o braço a torcer, ou por outras palavras, ter que corrigir aquela criação de seres pensantes. Para não ficar mal visto correu com o casal para fora do jardim. A justiça nem então se fazia com agrado do demandante!

E aqui começaram outros problemas, como sejam a consanguinidade e a transmissão de maleitas por falta de novas estirpes. O que nos valeu foi que entre os Cromanhões, os Neandertais, os homenzinhos de Java e outros mais, chegou-se ao Homem Erectus. Daí que a possibilidade de permutas genéticas foi em aumento, e as normas do Deus Pai foram esquecidas por muitos, sem que caísse sobre eles a espada flamejante.

MEDITAÇÕES – Os nomes dos lugares


Moscavide


De onde veio o nome desta zona oriental de Lisboa? Certamente que alguns eruditos devem ter a resposta correcta na ponta dos dedos, ou na ponta da língua. Mas se nos dispusermos a fantasiar podemos chegar a conclusões que se não são certas podem ser merecedoras de crédito, pelo menos, podem ter alguma justificação. Mesmo que falsa.

Sendo assim alvitro que esta zona foi baptizada com este nome devido a se imaginar que, tal como aconteceu com a zona das Amoreiras, onde o Marquês de Pombal mandou instalar a fiação e tecelagem de sedas, na intenção de reduzir a importação deste artigo, que como outros muitos contribuíam ao desequilíbrio orçamental do tesouro real, e neste caso concreto das Amoreiras, foi necessário plantar muitas destas árvores com as quais poder alimentar as lagartas que, na altura devida, geravam a sede com que construiam o casulo, que sabemos servir de abrigo para a transformação da lagarta numa crisálida e depois desta surgia a nova borboleta, que completava o circuito evolutivo.

Pois, todos sabemos que o referido Marquês, que chegou a qualificar muitas ordens monásticas como inimigos da Coroa, por não cumprirem as ordens emanadas desde a chancelaria do Reino, em especial os jesuítas, tomou como sua tarefa principal a modernização do economia nacional, concretamente o de incitar a produção de bens que dessem mais possibilidades de comerciar do que a imoles agricultura.

Tudo isto é conhecido. Desde a contratação de Stephens para montar a fabricação de vidro comum aproveitando o combustível e as areias que existiam junto ao Pinhal do Rei, também conhecido como Pinhal de Leiria, outras indústrias surgiram. Umas de maior importância do que outras, mas sempre com o propósito de reduzir as importações, sempre pagas com ouro e pedras preciosas do Brasil.

Entre o muito que faltava nas casas contavam-se os cabides, onde poder pendurar as roupas que se despiam ao chegar da rua. Nem todos tinham cabides com ornamentas de veados. Apesar que em muitas casas havia cornos. Tendo estado, Sebastião e Melo, no estrangeiro “de fora”, quis incentivar o fabrico de cabides. E como não era partidário de aguardar que as coisas surgissem sem ser empurradas, pensou que na zona oriental de Lisboa havia terrenos e população habilitada para trabalhar a madeira, sem ser, exclusivamente, o fabrico de naus, barcos de pescar e alguns móveis rústicos.

E assim, antes de que ali se instalasse o Abel pereira da Fonseca com os seus armazéns onde fabricava muitos almudes de vinho, alguns deles martelado, já a produção de cabides se tornou notória. Isso a a proliferação de moscas que ali existia, dado que havia muitos vazadouros de lixo e imundície. A conjugação dos dois factores deram azo ao nome daquele espaço: mosca+cabide, ou Moscavide,

domingo, 15 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES - Uma análise atrevida

 

O espectro partidário em Portugal ampliou-se ?


Nos últimos meses surgiram corpúsculos “reformistas”, situados principalmente do lado esquerdo do sistema, mas também no ultra-conservador. Uma situação anormal que recorda os primeiros tempos da reinstauração da democracia em 1975.

Creio que, além do enfraquecimento progressivo do CDS e de quase desaparecido Partido Monárquico -do qual morreu, recentemente, uma das suas figuras mais destacadas, embora últimamente retirado do activismo em comícios- o chamado sector direitista está bastante alquebrado devido à deriva, indesejada, do seu mentor principal, herdeiro natural do conservadorismo do Esatado Novo. É uma versão actual do “cristão novo”, ou até de “renegado”. E como tal, não muito digno de crédito.

Ao o actual Presidente da República, com o argumento, pouco sólido, de pretender manter uma “estabilidade” no governo da nação optou por estar morganaticamente “casado” com o Partido Socialista e com os seus aderentes que formam a inusitada “troika”, actualmente instável, levou a uma desorientação de centristas e direitistas.

Mais cedo ou mais demoradamente esta falsa estabilidade terá que se clarificar.

Pensando nisso e por estar dedicando algumas das minhas horas mortas na releitura de textos já históricos, nomeadamente do Séc XVIII, recordei que, nos países maioritáriamente católicos -não por convicção profunda e consciênte dos seus habitantes mas por efeitos de uma intensa e prolongada pressão dos profissionais da religião romana, e pelo apoio dos governos, monárquicos, sempre avalados pelo Vaticano- não existia uma liberdade factual para criar agrupações de índole política. A tentativa social, mas muito restrita, embora importante, foi o da introdução, vinda de França e da sua revolução, da masonaria, base dos republicanos de então.

Mas no campo da política existiam outras capas, tão ocultistas e mais poderosas do que a dos “pedreiros livres”. Refiro-me às ordens religiosas. Algumas com ambições de poder civil, mesmo que por trás do pano. Estas mantinham guerras surdas entre elas para conseguir o apoio do monarca em activo. A lista das mais importantes incluía Benedictinos, Cistercienses, Franciscanos, Dominicanos, Carmelitas e Jesuítas. Muitos deles com ramas femeninas e com orientações de acção social definidas, ou mesmo equivalentes nalguns casos.

O convívio entre as diferentes congeregações era, em geral, de tentar ser independente e roubar alguma da influência que os outros tivessem sobre a população, especialmente cativando os poderosos. Pois a plebe, como sempre, era “carne de canhão”, miserável e explorada tanto quanto pudessem aguentar sem morrer de inanição. Só as ordens com estatutos caritativos é que diferiam deste cinismo.

Curiosamente na actualidade as duas formações, ou ordens religiosas, que tem mais poder no mundo católico são os jesuítas e o Opus Dei, ambas de geração espanhola, e, por arrastamento atávico, com tendências ocultistas e selectivas. Esta é a razão porque tanto os jesuítas como os seguidores de Escrivá, procurem, com insistência, cativar e moldar as elites. Os jesuítas dedicando-se ao ensino secundário para ali semear e colher novos elementos, e também no universitário. E os do Opus, lançando as redes nos bem instalados socialmente, sejam diplomados ou capitalistas. Os dois grupos lutam, surdamente, nas mesmas searas.

A novidade actual, que não sabemos se criará raízes profundas, dado que internamente -no seio da Curia vaticana e não só- a decisão do actual Papa, sendo ele de origem jesuíta, dedidiu tomar o nome “de guerra” de Francisco, para indicar que seria asceta e contemporizador tal como Francisco de Assis estabeleceu nas normas da sua congregação. Com esta atitude, inevitávelmente, criou anticorpos de peso não só entre os seus “colegas de curso” como entre os membros do Opus Dei, expertos em sapa. Por isso insistem, tanto quanto lhes é possível, em se manter ocultos, tanto ou mais do que os membros das lojas maçónicas.

NOTA - Tanto este escrito como s anteriores podem ser re-enviados, sem objecções do autor.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES – O Corona vírus

 Como estamos de ânimo?


Se fosse uma situação bélica, uma luta entre nações, fosse entre dois exércitos, contendentes isolados, ou dois grupos de aliados, a população que não se encontrasse nas frentes de batalha e aqueles que tivessem a infelicidade de ser atacados e atingidos na considerada retaguarda, tinham o consolo de que, mais cedo ou mais tarde, aquilo terminaria, fosse com um vencedor ou com um armistício mais ou penos pacífico e aceitável, sem excessiva humilhação,

A situação actual, de pandemia, ou seja de presença de uma praga quase que mundial, sem possibilidade de se deslocar a um local resguardado, faz com que aqueles a quem delegamos que nos comandassem nos deem a impressão de que “andam aos papéis” ou “às apalpadelas”.

A noção que nos dão é que passam o dia olhando, nem que seja de viés, para o que acontece nos outros países com quem partilhamos notícias e decidam mais por cópia do que os outros fazem do que por razões científicas próprias que orientem com firmeza.

Uma parte da população, possívelmente mais numerosa do que imaginamos, ao não cairem bombas, e as vítimas serem retiradas silenciosamente, reage levianamente. Sente-se enganada e revoltada. Alguns, possívelmente muitos, demasiados, optam por negar as normas que nos recomendam para nos “proteger”. E aquilo que se denomina como paciência, ou disposição de actuar seguíndo rígidamente as directrizes, desgasta-se.

Existe uma tendência a negar aquilo que não vemos com os nossos olhos. Tal como cada vez há mnenos crédulos acerca da existência de diabos e anjos, de santos protectores e até do tal Ente Supremo.

Rezas e procissões já tinham passado de moda mesmo até para pedir que chovesse quando os campos estavam ressequidos. A população, ciente ou inconsciênte, adoptou oi critério de “ver para crer”, e as imagens dos vírus malignos que chegam lhes parecem demasiado equivalentes aos seres fantásticos dos desenhos animados.

Muitos estão convencidos da existência de perigos invisíveis. Mas precisamente por não vermos umas “bexigas doidas” nos rostos dos infectados, surge a coragem de desprezar o risco.



domingo, 8 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES – Um reflexo da situação do mundo

 

O problema continuarà


O que vivemos nestes últimos meses são sintomas de problemas mundiais muito diferentes entre si, mas que por azar surgiram sobrepostos. Ontem comentei o quase fim da luta política nos USA. Mas não escondi que a situação de fundo permanece intacta, e em verdade não fica restringida àquele grande país.

Quanto ao covid-19 só nos resta ter os mínimimos cuidados ao nosso alcance e, pacientemente, esperar que, tal como as pestes anteriores, entre os esforços da medicina e a própria evolução destes micro-organismos, surja uma variante menos perigosa que, como uma gripe qualquer, se dilua de per si.

Voltemos à política nos USA.

O problema social que deu azo a que o candidado republicano aproveitasse, astutamente, e jogando as cartas que sabia cativariam os seus eleitores, apostou, com os seus discursos inflamados e semi-acusadores (teve muito cuidado em só aflorar as causas profundas do descontentamento social) dado que não desejava ter um só mandato não conseguiu os seus propósitos. Se descobrisse a marosca de fundo queimaria as suas próprias naves.

Em verdade a propaganda “democrática” também escondeu as raízes profundas do descontentamento, dado que os financiadores de peso estão metidos nelas e não se atrevem a tentar saír. Em poucas palavras; o problema está na GLOBALIZAÇÃO!

E teve os seus prelúdios quando se decidiu, como era de bom senso, reconstruir a economia dos países ganhadores e perdedores. Os dois grupos estavam muito feridos, numa economia destruída ou exclusivamente centrada no esforço de guerra.

Não creio que seja necessário relatar com pormenor como se percorreu o caminho do capital para melhorar os seus rendimentos. A desculpa de recuperar a Alemanha e o Japão, aproveitando a sua população, exausta mas com um nível de preparação profissional e educacional não desprezível, levou, com uma rapidez que não se conseguiu digerir no Ocidente, à deslocação da produção de muitíssimos artigos industriais. Desde a construcção naval, automóveis, equipamento pesado, electrónica e de artigos domésticos, tudo passou a ser produzido, mesmo que inicialmente mantendo as marcas do contratador e depois com marcas próprias, no Oriente.

Paralelamente incentivou-se o consumo, tanto com publicidade nas Tvs como na concessão de crédito sem restricções, na convicção e que os que cumprissem os contratos pagariam também pelos devedores.

O que os cidadãos estavam habituados a ver no cinema não os afectava ineriormente. Consideravam ser uma fantasia. Como um conto de fadas moderno. Mas o poder das imagens de televisão, em cada casa, mostrou-se ser fortemente motivadora. E isso coincidiu coma perda real de muitos empregos, e daí do poder de compra efectivo. Tudo levou a uma frustação e descontentamento geral em muitos sectores da sociedade

Os republicanos dos USA, através do Trump, tampouco desconheciam o causa do descalabro social. Mas não se atreviam a fechar de vez o domínio comercial, e económico efectivo, dos terceiros países. Aumentar os impostos alfandegários foi uma medida ténue, destinada a acalmar os espíritos semi-educados, pois que no fundo em pouco alteraram a situação. Os estaleiros, fábricas de material pesado e outras fontes de emprego de massas, não reabriram.

A promessa do MAGA não se cumpriu. Nem se pode cumprir enquanto não se alterar o esquema de transferências mundial. Possívelmente é tarde para isso. A Inglaterra, pressionada -por trás do pano- pelos USA está a dar uma machadada na UE.

Não aparece, por enquanto, um bom horizonte, factível, para as classes médias e baixas do Ocidente. Saber que as equivalentes no Oriente ainda estão pior não os pode consolar.

sábado, 7 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES . Analizar os USA

 


A divisão acentuada da população


O mais notável que podemos encontrar neste folhetim, ou descalabro, da sociedad civil dos EUA (que abusivamente adoptaram, em exclusividade, o serem “americanos”) é a diferença abissal que existe entre aqueles que labutam físicanmente, apesar de utilizarem máquinas evoluídas, e os “intelectuais”, que meditam e agem com outros fins menos terra-a-terra.


A falha tectónica-social que separava os estados de trabalhadores da população ilustrada existe desde décadas. Era inevitável que assim acontecesse, independentemente da influência da escravatura, (nomeadamente com gente originária dos trópicos e por isso com cultura e epiderme diferente da dos nórdicos). Uma situação ainda com um forte eco na actualidade, e com sinais claros de que persistirá devido às diferenças de poder económico entre a maioria dos que permanecem nos níveis mais baixos de pobreza -sem poucas possibilidades de sair, excepto o ilusório caminho do crime, que leva a muitos aos presídios- e os que circulam nos níveis mais confortáveis. Além dos poderosos...


O Trump, que desde cedo se destacou como um desavergonhado, vigarista, capitalista e explorador da credulidade dos falhidos, soube utilizar, e insiste, o discurso separatista e de potencial litígio perante os outros, que levou Mussolini, Hitler e os comunistas ao poder totalitário, sem nunca neutralizarem ou remediarem os males que denunciaram.


Por sua vez, os que se agrupam sob a bandeira da democracia -pouco definida na prática real, tal como era na sua origem semântica na Grécia clássica, onde a segregação era geral e irressolúvel- desprezam os operários e camponeses em geral, de um modo tácito mas evidente. O mote mais conhecido é o de apelidar os habitantes dos estados agrícolas como redneks(1) e blue-collor(2) para os operários fabrís.


Tal como notamos na sociedade europeia, nas décadas mais recentes, e já quando da “guerra-fria”, as famílias das classes desfavorecidas procuraram que os seus descendentes se ilustrassem e assim lhes fosse aberto o caminho para a subida social. Uns conseguiram mais do que outros...


Os mingrantes, voluntários ou forçados, como foi o caso dos escravos e seus descendentes, sofrem de uma rejeição visceral por parte dos “brancos”, apesar de serem conhecidas as excepções de integração, mais ou menos numerosas, mas, por enquanto não totalmente extensiva, por razões demográficas e económiucas evidentes.


O que, a meu ver, os republicanos no poder, utilizaram o descontentamento de grandes sectores sociais. Foi a notória incitação, nada subtil, para o confronto os dois sectores sociais, incitando desde o topo da hierarquia a agressividade, até uns limites que ultrapassam a frágil convivência das classes.


É quase evidente que entre os eleitores republicanos, os mais iletrados e agressivos potencialmente, não valorizem as despezas espaciais e outras iniciativas tecnológicas que os ultrapassam. Para estes os feitos destacáveis não passam de show off, de ser um espectáculo que em nada os ajuda a não ser no momento de bataer palmas e beber seja cerveja ou cola. E nada comento, hoje, sobre os efeitos da abertura dos mercados e da transferência das fábricas para os países pobres, alguns deles já na fase emergente ou em evolução.


Para a maioria dos votantes-manifestantes, incluídos os incitadores, o governo dos intelectuais gasta no que não lhes interessa. Por isso a palavra de ordem MAKE AMÉRICA GREAT AGAIN, ou MAGA em versão reduzida, teve uma aceitação irracional.


Esta separação, mais profunda do que o canhão do rio Colorado, foi utilizada e reforçada pelo orientador vigarista. E se as pessoas não comprometidas esquecerem este facto, ou não sabemos como o anular, virão tempos muito penosos. PARA TODOS.




  1. que o diccionário define como ser um agricultor branco e pobre, e sem cultura, extremamente reaccioinário, intolerante e potencialmente agressivo.

  2. Identifuicação genérica dos operários pelo facto de usarem camisas não barncas, imaculadas.

sábado, 17 de outubro de 2020

MEDITAÇÕES – PORMENORES DE MUDANÇAS

 


Estamos a formatar as crianças melhor ou pior?


Dado que a vetusta idade de ambos membros do casal, que estamos, sem mais companhia, na casa onde criamos três filhos e duas netas, e pressionados pelo ambiente de incerteza que nos é metido pelos olhos dentro continuamente, apesar de não padecemos de doenças graves, sentimos que é mais do que urgente o ir aliviando o recheio da casa de “tralha” que tem poucas possibilidades de vir a ser útil para os descendentes.

A mais recente decisão foi a de tentar decidir a sorte de livros de contos e de banda desenhada, mais os jogos e brinquedos que foram o meio que os novos membros do clã tiveram para, enquanto brincavam, se auto integrar, sem dar por isso, na sua vida futura.

E assim nos deparamos com um enorme dilema, que renega de todo o historial de base da humanidade. É sabido que desde os inícios de todas as civilizações, os adultos se dedicaram a fazer miniaturas de muitos utensílios e artefactos para que as suas crianças se integrassem. Quando atingiam uma idade em que já era requerida a sua colaboração, muitas vezes mesmo antes de atingir a adolescência, já tinham contacto, brincando, com muitas das tarefas em que se podiam integrar, mesmo que fosse só na família directa.

Como era de esperar nos encontramos perante uma série de miniaturas de tachos, panelas, pratos, cadeiras, camas, armários e outros artefactos. Para a fase etária seguinte surgiram os maços de cartas com os mais diversos temas; antes dos números aprenderam a fazer pares com figuras de animais , frutas ou outros objectos que lhes era fácil reconhecer. A seguir os jogos de tabuleiro, desde o jogo do galo até o dominó e o xadrez.

De tudo isso foram aparecendo, em quantidades esquecidas, fosse em caixas ou sacos.

E aqui tropeçamos com o magno problema: QUE FAZER COM TUDO AQUILO? Se a sucessão geracional fosse a que acompanhamos, o mais imediato sería, seleccionar o que estivesse em bom estado; resguardar e aguardar a próxima geração.

O problema que deixei no ar é que as crianças de hoje, mal nascem e começam a ver e mexer foram induzidas a manipular aparelhos electrónicos. Os famosos jogos de computador, muito simples, mas com luzes e imagens, e até sons. Tudo cativante e capaz de os isolar, deixando os adultos na santa paz “anormal”. Claro que os ditos jogos progressivamente tornam-se mais complicados, e exigem um raciocínio que nada tem de semelhante com o de fingir que cozinhavam sopa de ervas e que o comiam em pratinhos diminutos.

Estas relíquias de ontem, que em poucas décadas se tornaram obsoletas e dispensáveis, merecem ser guardadas? Ou é uma visão já absurda e irreversível?

E o triste corolário é: Sem darmos por isso estamos a criar autistas, autómatos, viciados em programas inhumanos?

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

MEDITAÇÕES - Estar sempre de pe atrás


É difícl manter uma tal postura


Há pessoas que, desde a puberdade, ou mesmo já antes disso, estão consciêntes de que não é aconselhável deixar que os outros entrem na forma de ser que cada um adquiriu. Que é perigoso e pode dar lugar, pelo menos, a que nos julguem com um excesso de zelo, pois que se as palavras ditas ou escritas nem sempre correspondem ao que de mais íntimo nos rege, ainda é mais arriscada a tentativa de julgar o que outra pessoa vai entender e valorizar quilo que se disse, ou sentia, ao se manifestar e, mais difícil aínda, valorizar a situação do momento em que se transmitiu o parecer. Podem ter existido forças contrárias que condicionem, acentuando ou esbatendo, a opinião que nos podem ou que, de moutu próprio, caímos na tentação de dar.


Uma opinião correcta sobre outra pessoa implica um tempo de espera e interpretação, não só de um facto isolado mas, da ponderação de um conhecimento que desça mais ao profundo da personalidade visada.


Tudo o que deixei escrito nesta página corresponde ao que se denimina como Verdade de La Palisse, ou seja que sendo óbvio é fácil de esquecer ou deixar para trás.


A sociedade portuguesa, na qual há anos que decidí me integrar - sem ter a garantia de sucesso- tem de herança do extremo nordeste peninsular não só uma língua, que sendo de origem comúm depois evoluiu ou abastardou, consoante o parecer dos analistas, carrega outras características de índole social e comunicativa.


Os galegos, nossos ancestros, carregan a imagem de que nunca se sabe por que lado pendem. Eles mesmo dizem que se encontrarem um galego no meio de uma escadaria nunca saberão se estava a descer ou a subir. Obviamente é uma metáfora, com a qual se pretende destacar que são sumamente cautelosos antes de se manifestarem.


Abaixo do Minho esta característica persiste. Felizmente. Mas que gera o desconcerto a quem lida com os nacionais pela primeira vez. Concretamente a prudência que se deve ter adqiuirido logo no seio da família quando ensinam a falar e contestar a uma pergunta directa, e muito mais caso se peça uma opinião, evitar, tanto quanto possível, mas de preferêncoa em absoluto, dar uma resposta concreta.


Nunca jamais, quem foi educado segundo as normas sociais, mesmo entre as classes mais populares, deve transmitir aos outros aquilo que de facto pensa. Deve disfarçar, ser ambíguo e deixar duas portas meio abertas. Uma para agradar a quem espera uma opinião que coincida com a dele proprio, e outra que, subtilmente contrarie a primeira.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

MEDITAÇÕES - Uma satisfacção inesperada


Arquitecta Helena Roseta


Hoje, 4ª feira 09.07.2020 , tendo a televisão ligada ao noticiário da RTP, apareceu, numa declaração que, sinceramente, não dei atenção, a Arqª Helena Roseta, dissertando ou respondendo ao que lhe era perguntado, e, em fundo, tinha um painel de azulejos, a preto e branco, onde estava representada uma cidade medieval não identificada. E que era da minha autoria.

Está na sua posse desde o dia em que o adquiriu numa exposição que partilhei com outros “plásticos” entre os quais vieram a se destacar o então militar José Guimarães e a Graça Morais.

Isto aconteceu lá pelos anos 77/78, e se hoje foi uma surpresa ver que o painel em questão ainda está apreciado pela possuidora. Já uns anos antes coincidimos numa ceremónia qualquer e lhe perguntei o que era feito da cidade. Respondeu-me muito amávelmente, que tinha viajado com o casal até Paris e o tinham pendurado à cabeceira da sua cama. Confesso que se então fiquei admirado, hoje aínda estou mais perplexo.

Como assim? Pois porque verifiquei que para entrar no circuito das colectivas, e, certamente que ainda mais difícil conseguir uma mostra individual, era imprescindível ter “padrinhos”. E supus que isso comportava compromissos pessoais, aos que não pretendia aderir.



quinta-feira, 3 de setembro de 2020

MEDITAÇÕES - Ver em perspectiva. ESCHER

MEDITAÇÕES – Ver em perspectiva


A dificuldade só se vence com o treino. ESCHER

Todos os que temos a felicidade de ser visuais, convivemos com a noção de profundidade, de aproximação e de afastamento. E um facto tão banal que, por isso mesmo, sempre foi difícil transferir para uma representação plana aquilo que os nosso cérebro, através dos dois olhos, se encarrega de elaborar. A saturação torna difícil separar os componentes.

Parece simples, imediato, mas a realidade nos mostra que nos primeiros anos de vida, apesar de conviver com a estereoscopia, não a entendemos. A prova nos é dada por nós mesmos, quando, nos primeiros ensaios de desenhar, não sentimos, intuitivamente, como se pode transferir a progressão das distâncias entre o observador -neste caso quem desenha, mesmo que imaginando pelo que já traz na sua memória- e o que desejamos, ou conseguimos, fixar no papel.

Um exercício que, mesmo em adultos, podemos fazer é o de nos situar numa extremidade de um corredor, onde a sua largura, além de ser constante, como sabemos e aceitamos, tem em repouso algumas peças de mobiliário nossas conhecidas, cujas dimensões as temos como imutáveis. Invariavelmente se estivermos no eixo deste corredor ou sala, cuja forma não nos apresenta uma variabilidade expontânea, e interpretamos o que se modela na nossa cabeça, então verificamos que com a distância as paredes laterais se proximam entre si, longe do que seria de esperar. E não só isso. Os tampos dos móveis, sejam cómodas, mesas ou sofás, também “mudam” de tamanho com a distância, embora o observador, nós, se mantenha quieto, estático. Aceitamos, instintivamente, esta aparente variabilidade como coisa normal, sem aprofunda nas razoes desta ilusão.

As mudanças de percepção não terminam aqui. Se nos encostamos, alternadamente, à parede esquerda ou a da direita, tudo muda! E se subirmos acima de um banco ou de uma pequena escada, aproximando-nos do tecto, então a mudança é “pasmosa”.

Os pintores e gravadores da renascença, e mais os do modernismo, muito tiveram que estudar sobre pontos de fuga, horizontes (falsos e reais), transferêcias de um primeiro plano para outro mais secundário, e vice-versa, conseguir dar a ilusão de movimento ou de profundidade, colocar em tamanho reduzido sejam montes, árvores ou castelos, para facilitar a sensação de distância.

Uma revisão dos desenhos feitos pelos nossos descendentes, nos seus primeiros passos na figuração, nos elucida sobre a dificuldade inata de conseguir transferir, de um modo perceptível e aceite pelos observadores descomprometidos, a colocação de pessoas, animais, árvores ou construções, em planos diferentes. E, no entanto, muito cedo, certamente que desde antes de aprender a falar, já vemos em estereoscopia, como o comprova que, muito pequenos, saibamos que um objecto que nos atrai está, ou não, ao alcance das nossa pequenas e inexpertas mãos.

Um dos mestres modernos, de manipular de forma atrevida e divertida, as perpectivas, forçando a incredibilidade que em muitas das suas obras se observa de imediato, é o reconhecido M-C.Escher. Em 1946 publicou uma compilação de gravuras insólitas com o título Espelho Mágico. Muitas reedições e colectâneas se seguiram, e foram vários os seguidores, embora poucos conseguiram atingir o nível deste exímio e estudioso desenhador. RECOMENDAMOS que procurem conseguir livros, sejam monográficos (de preferência) ou de uma escola seguidista. É UM PRAZER VER E REVER, MUITAS VEZES, OS TRABALHOS DE ESCHER.


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES – Preferimos ignorar

O betão armado é eterno?

Qualquer pessoa que mantenha o espírito crítico activo e o acompanhar de uma observação criteriosa do que nos rodeia, já chegou à conclusão de que muitas das obras modernas, actuais, não continuarão em pé por séculos e séculos.

Quando vemos, pessoalmente ou através de documentos gráficos ou de imagem, o estado de construções de humanos com milhares de anos, e constatamos que raramente se encontram, actualmente, num estado que se possa considerar igual ao que tinham quando foram erguidas, nos esquecemos, involuntáriamente, que muitas destas destruições foram cometidas, propositadamente, por posteriores habitantes destes mesmos lugares, e até que muitas pedras trabalhadas, sejam cantarias ou peças que em conjunto definiam colunatas, portais, vãos de janelas, etc., foram reaproveitadas sem atender, devidamente, ao seu designio inicial.

Outros destroços tiveram causas geológicas ou climatéricas, que conduziram ao desmoronamento total ou parcial de monumentos e até de cidades inteiras. Não podemos esquecer que os medos actuais sobre as mudanças climáticas de cuja génese nos culpabilizamos, aconteceram com certa frequência já em tempos em que a humanidade já existia, e até se dedicava a erguer cidades e monumentos que hoje se encontram sob a superfície dos mares actuais.

Um dos exemplos mais citados e conhecidos é o do templo romano, ou grego, do qual existem vestígios evidentes na localidade de Puzzuoli, muito perto de Nápoles. As colunas que ainda restam em pé mostram como, em diferentes épocas, mas históricas pelos nossos critérios de temporalidade, passaram temporadas submersas e outras expostas ao sol e chuva. Estas colunas são um testemunho indiscutível de como a crosta terrestre pode subir e descer, além de que o nível das águas também mudou notávelmente. Como nos é evidenciado por numerosos documentários feitos por merguladores, autònomos ou robotizados.

E. nas referências que, implícitamente deixei, as construções históricas, mais ou menos monumentais, das quais restaram vestígios identificáveis sempre são aquelas que foram erguidas com cantaria e, excepcionalmente, com tijolos cerâmicos cozidos.Além de casos excepcionais, de adobes crús e taipas, em locais onde que o clima, pela pouca pluviosidade, ajudou na preservação.

O que me levou a dissertar hoje é a dúvida que me domina sobre se a população em geral está ciente de que as vistosas e aplaudidas obras de engenharia erguidas com recurso ao betão armado ou a estruturas metálicas, terão uma duração quase eterna. Pelo menos para muitas gerações de humanos em sequência normal, ou serão perecíveis devido a uma degradação mais rápida do que a que, tranquilamente, desconhecemos ou toleramos.

A maior parte dos materiais de construção elaborados fabrilmente e aos que se lhes atribuem durabilidades exageradas, são instáveis por natureza, pois que, inclusive os metais e suas ligas são passíveis de corrosões e alterações. Só as pepitas de alguns elementos, como o oiro, níquel e poucos mais, conseguem resistir sem se alterar aos ataques dos gases da atmosfera -em especial o oxigênio- e às águas, tanto puras como as que tem gases ou sais corrossivos dissolvidos.

Os materiais que mais se utilizam para erguer estruturas são o betão armado e os perfís de aço-carbono. Ambos carecem de cuidados muito especiais -que muitas vezes são negligenciados- para evitar que tanto a água como os gases possam introduzir-se na massa “compacta”. Não pretendo discriminar a forma como estes materias, quase nobres sem o serem de facto, são degradados com uma rapidez que não esperavamos.

Perto de Lisboa temos um exemplo, muito conhecido pelos especialistas, de como o betão armado se degrada, tanto na sua mistura de ligantes e britas, como pelo aço das armaduras. E sempre pelo dueto oxigênio+água. Quem percorrer, a pé, as estruturas de suporte do tabuleiro de circulação, do viaducto Duarte Pacheco, pode levar um susto quando verificar como se desconcha o betão e se observa, a olho nu, que a oxidação das armaduras, com a consequênte expansão do óxido de ferro resultante, tem um poder destrutivo não negligenciável.

Por seu lado as grandes estruturas de aço-carbono, como são as pontes suspensas e a Torre Eifel de Paris, entre muitas outras obras ”de arte” -como as qualificam os peritos- carecem de uma atenção permanente, com limpeza e remoção de escaras e nova pintura protectora.

Termino com a noção de que hoje vivemos com hábitos, muito enraizados, de que tudo deve ser considerado como objectos de usar e deitar fora, e que não nos espanta o saber que, por exemplo, um navio em construção, antes de estar pronto a navegar, se decida que o melhor é o desmantelar, e começar outro...

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES - Côncavo e convexo



Nem todos temos grandes ideias, nem temos quem as financie


O manobrar em simultâneo duas superfícies, uma erguida e outra cavada, que habitualmente encontramos na natureza ou nas construções dos humanos. Passeando pelo areal e nos depararmos com cascas de bivalves, vemos umas de costas para cima e outras mostrando o interior, em geral nacarado. Outra possibilidade nos é oferecida pelas duas metades de um citrino depois de expremido. Deponde de como os colocarmos a visão espacial será oposta.


Devem ser possíveis muitas representações gráficas, sem volume portanto, para vencer este desafio. O mais famoso, e que não estava ao alcance de qualquer um, foi o de Oscar Neimeier quando projectou -com a colaboração de um engenheiro estrutural- os dois enormes pratos que se colocaram sobre a cobertura do Palácio de Congressos em Brasília. Qualquer pessoa com ligação à cultura ocidental conhece esta magna decoração.


Dias atrás desafiei-me, sem motivo que tal justificasse, a representar num plano, e a ser possível de um modo original a disparidade entre o concavo e o convexo. Uma fanfarronice sem nexo. Não encontrei outro caminho, além de poder abandonar o projecto, tão nebuloso, do que contentar-me com uma solução de pouco valor artístico.


Além de procurar tirar proveito da sombras que uma luz rasante nos delata, sobre a volumetria e posição no plano geral de dois acidentes de terreno, sejam naturais ou resultado de um trabalho, no meu caso de insectos. Mas sempre sob o propósito de mostrar os opostos-Numa linguagem coloquial o positivo e o negativo.


Incitado pela vontade de justificar a escolha de formigas, umas das que conhecemos habitualmente, e outras carnívoras no seu estágio larval. Refiro-me à conhecida formiga leão Myrmelleontidae, que escava um cone no chão. Situa-se, escondida, no centro da cavidade, que é uma rtatoeira sem isco. A larva está munida de poderosas maxilas, com as quais mata e come os insectos incautos que escorreguem pelas ladeiras do cone, sem conseguir remontar a sair.


Era pouco para completar a mensagem, dado que as formigas estão no planeta desde muitas eras atrás, mesmo antes dos grandes saurios. E os entomólogos colocam a sociedade dos formigueiros num patamar muito elevado, com organização de castas e tarefas muito especializadas. Com atrevimento, além de colocar formigões soldados, que tratam da disciplina e orientam as obreiras. Estas obreiras, estéreis, tanto trazem partículos do terreno do interior dos formigueiros, como depois partem à procura de alimentos, nomeadamente folhas e sementes.


Se observarem com atenção, caso tenham oportunidae de ver este trabalho, encontrarão quase um painel de banda desenhada. Um atrevimento de que tenho que pedir desculpa.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES – Narcisismo

 

MEDITAÇÕES – Narcisismo


Exibiciionismo e narcisismo

Duas características pessoais que quase sempre estão associadas. O narcisismo, que é uma situação de amor doentio pela sua pessoa, herdou este nome de uma personagem mitológica dos gregos.

Na habitual descrição dos mitos do médio oriente, onde se abasteceram gregos e romanos, o Narciso era um jóvem, filho do Deus Céfiso e de uma ninfa Liríope. Este descendente saiu tão perfeito, tão belo, que era admirado por todas as damas do  conjunto das divindades. O mancebo depois de se ver num reflexo ficou perdidamente enamoradio de si próprio. Estava enfeitiçado pela sua beleza. 

Passava os dias olhando o seu reflexo nas águas dos lagos, sem que daí resultasse nada de positivo para os humanos ou pelos seus parceiros no escol de deuses e similares. Tanto olhou para a sua imagem nas tranquilas águas que terminou caíndo no lago e, por não saber nadar, afogou-se, sem deixar descendência. Daí a mensagem de que a auto-paixão é estéril, improdutiva, merecedora de ser rejeitada.

Mas a paixão pela sua própria beleza, ou de se considerar o supra-sumo da perfeição, merecedora de ser admirada/o e invejado/a ou daí desejado/a sexualmente é só o salto de uma cobra. A publicidade se agarra a esta faceta para promover “produtos de beleza”, vestimentas atraentes e toda uma parafernalia de objectos, certames, revistas, operações plásticas, curas miraculosas de rejuvenescimento, etc. Uma promoção do fascinante com alvos gerais, quase que sem exclusões. Tanto se promocionam crianças, jóvens como adultos. E até se invade a serenidade dos mais velhos. Constantemente se faz a apologia da beleza, a qualquer preço

Como outras tantas características egocéntricas o narcisista real, o humano, raramente se satisfaz com a sua auto-paixão, que ultrapassa o que admitimos de amor próprio Anseia por estar no patamar da obsessão. Faz tudo o que lhe seja factível para promover a sua excelsa imagem. Sem se percatar que tanta exibição se torna fastidioso para quem, sem o pretender, se encontra continuadamente com a promoção que o próprio faz, obcecado como está na sua auto-admiração.

No campo da dita ”socialité” e da política partidária, esta permenente pressão promocional da imagem é já uma coisa tão batida que parece não dar os frutos pretendidos, pelo menos na captação de novos admiradores-apoiantes. As pessoas “normais”, -que não sei se são muitas ou poucas- penso que passam por esta catequização sem engolir o isco. 

Só aderem os que cínicamente vislumbram aí existir uma uma oportunidade de se beneficiar sem grande esforço. Essa é uma possível decisão tomada após ver que com o seu esforço e capacidade não lhes era fácil remontar as águas estagnadas, ou revoltas nas que não consegue navegar e chegar a um bom porto.

Obviamente sempre existem alguns incautos, ainda não escaldados, que se deixam fascinar pelos cantos das sereias.


sábado, 22 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES DEPRESSIVAS

  O estigma de ser gracejador

Desde muito novo, mal entrei numa escolinha, sentí o impulso de encontrar, quase sempre e em qualquer situação, um pormenor que, para mim, tinha graça e não resistia ao impulso de caricaturar e assim fazer partícipes aos que me rodeavam. Digamos que ainda hoje, com 82 bem medidos, esta tendência para "afiar o lápis" mantem-se, para fastio dos que tem a infelicidade de estar por perto. Especialmente os familiares, que estão, e compreendo, hiper-fartos da minha mania de fazer comédia.

Tenho um filho médico, que, nesta fase de reclusão imposta, que de facto em pouco difere do ritmo de vida que o casal mantinha desde uns anos a esta parte, é o nosso apoio para o exterior, Sempre pendente de que lhe transmitemos eventualidades alarmantes.

Este descendente, um entre três, é o que carrega estoica e dedicadamente o maior peso do ter uns pais velhos (ou idosos como dizem com eufemismo quase que insultante, como são a maioria dos eufemismos) Ele é quem mais se revolta com a minha tendência a dizer piadas, em geral sem graça, por mais travões que eu tente meter no meu diálogo. A solução é falar pouco, ou nada, apesar de que, em pensamento, as graçolas continuam a fluir como uma nascente hídrica.

Os três filhos estão mais do que fartos, enjoados, da minha insistência em dar um toque de humor ao que acontece e se fala. Dois deles tiveram a sorte, (ou o azar, depende de como se olha a vida em momentos de introspecção), de estarem físicamente longe da vista, e -fazendo referência invertida a uma frase feita, dita e redita vezes sem conta- afastados do coração. 

Mas o trio é nítidamente unànime na rejeição ao meu instinto, innato, (como o leite gordo antes de lhe retirarem a nata) em reajir sumamente molestos com a minha mania. Aquele que é a vítima mais próxima diz-me ERROU NA PROFISSÃO  (como se eu não soubesse...) DEVIA SER PALHAÇO. (1)

E não me me sinto ofendido, pois estas pessoas que se dedicam a alegrar a desconhecidos, nem sempre remunerados, são, a meu ver, merecedores de tanta consideração social, ou até mais, do que muitos dos profissionais "sissudos" que andam por aí fazendo e dizendo pallassadas enganando os incautos que neles acreditam. 

(1) tenho uma vivência, curiosa e ao mesmo tempo que gerou um alarme generalizado, de um encontro com um palhaço profisisonal, de uma troupe circense, que me deu o prazer de poder conversar com ele, tendo eu uns sete anos. Um dia pode ser que conte com mais molho.

domingo, 9 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES – A visão interior

 



As crianças não estão induzidas à leitura


É raro encontrar uma criança lendo, com interesse, um livro que, ao critério dos adultos que o apoiam, seja aconselhável para a sua formação social e intelectual.


Mas não é só o adquirir um melhor domínio da linguagem e da construcção de frases que é fundamental. A leitura induz a mente do ledor a imaginar o comportamento das personagens, a acção que ocorre, as paisagens e tudo o mais que o escritor decide ser importante para transmitir a leitores, quase sempre desconhecidos, do que considera fundamental para poder interpretar, imaginar, o ambiente em que decorre o relato.


No intuito de captar o interesse dos leitores já na Idade Média os copistas incluiam gravuras com imagens chamativas junto aos textos áridos. Quando chregou a imprenta esta táctica de cativar e amenizar a leitura foi incrementada. Nem sempre de modo positivo.


Antes da influência de afastamento de leitores em papel, que os sistemas de comunicação electrónica incrementaram, já o cinema e a banda desenhada se facilitaram o “ver”, nem que fosse alterando o que pretendia contar o autor. Recordo a propósito o que uma senhora, já bem entradota, me disse quando numa viagem de grupo se estava organizando a visita ao Colisseum de Roma: Muito convencida, afirmou que não participaria, porque sabia tudo acerca deste monumento. Pois que já tinha visto o filme do Ben Hur e que lá se mostrava perfeitamente, e em bom estado!


Não podemos deixar de louvar os esforços efectuados por parte dos encenadores do cinema para colocar perante os nossos olhos o aspecto físico das personagens, dos locais e até do movimento. Mas sendo eu, desde muito novo, um leitor quase que obsessivo, admito que um bom escritor cumpre, folgadamente, a tarefa de nos “fazer ver”, com a mente, tudo aquilo que ele considera importante para o entendimento da sua obra.


Até este momento posso ter deixado a impressão de que só me preocupou a ficção Não é assim! Quero dar fé de que todos os assuntos e temas que, em conjunto, nos possibiliotam ter uma cultura com a amplitude que desejamos, aproveitam, sem dúvida, a potencialidade de visão mental que a leitura na infância nos abriu.


Todas as ramas do saber, desde as do sector das humanidades até o nível da ciência avançada, passando pela filosofia, medicina, geografoa, climatologia, arte e qualquer outro ramo concreto, terão a sua compreensão facilitada quanto mais ampla for a base inicial de interpretação da leitura das pessoas.


Se os que expõem temas mais profissionais, restringissem a sua tendência em usar vocabulos muito específicos, desconhecidos pela imensa maioria dos leigos, o que conseguem é afastar os leigos, como se dessem a missa em latim e de costas para os crentes.


Nestes casos o leitor fica enfadado por sentir que , propositadamente, o querem apartar daquele saber de que são tão ciosos. Um bom profissional não deve ser exclusivista. Ao se distanciar, recorrendo ao muro de termos seleccionados que sabe não estarem no acervo do leitor menos dotado, mostra a soberva e falta de humanismo.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES - Negociar ou Pedinchar ?

O que temos que lhes possa interessar?

Nás semanas anteriores à euforia actual, quando não se tinha a certeza de que os nossos companheiros ou sócios (qualquer das duas denoiminações é fantasiosa) se decidissem a nos entregar, mais uma vez, umas sacadas de dinheiros para poder desbaratar (mas sempre atentos não ao principio da conservação da matéria mas ao mais pragmático de que no que toca a dinheiro sempre existem bolsos preparados para o acolher), os noticiários, devidamente lubrificados com dinheiro do erário público, enchiam páginas e comentários relatando os notórios esforços que os nossos representantes, capitaneados pelo Primeiro Ministro, faziam, sem descanso nem pausa, “negociando” com aqueles malvados que tinham a chave do cofre.


Sendo pragmático, tanto quanto me é permitido, tenho a noção de que negociar é uma técnica já muito antiga. Tudo se resume numa troca de bens, seja dinheiro ou outro capítulo valioso e que o poderoso tem interesse e o outro pretende cambiar por algum bem que carece. Ou seja que negociar é trocar.


E o que temos em Portugal de tão valioso e exclusivo que os outros se sintam motivados a nos “ajudar”. Todos temos a noção de que os anéis já foram.. e alguns dedos estão em perigo de serem cortados.


O sol? Há muitos concorrentes com esta preciosa e gratuita radiação.

Os preços? Sim, de facto aquilo que é nacional está ao preço da uva, graças a ter mantido a mão de obra em níveis vergonhosos. Pode competir com os países europeus.

A segurança nas ruas? Até agora tem sido favorável, mas já se teme uma outono com mais violência gratuita.

Alguns produtos manufacturados? Sim, em alguns sectores do textil e calçado, graças ao empenho das gentes do Norte.


Aquilo que nos deu azo à “mais antiga aliança na Europa”, com a Inglaterra é chão que já deu uvas. A costa atlântica continua a existir, os ventos dominantes são os mesmos e o vizinho ibérico nunca desistiu de tomar as rédeas deste rectângulo. Mas, sem esquecer que a Velha Albion sempre fez tábua rasa dos seus comprimissos com Portugal se não lhe convinham. O mais importante é que as condições económicas do mundo actual evoluíram sem nos conceder aquela importância a que julgavamos ter direito.


Resumindo: Seria agradável que deixassem de fingir que negoceiam. O que de facto se faz é pedir “pão por Deus”. E quando nos dão um pouco de respiro nunca se esquecem de assentar nos livros de razão.

Seja de uma maneira ou de outra, as dívidas tem que se pagar!


sexta-feira, 31 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - O estado do terreiro


Não existe vacina contra a corrupção


Se o termo ”terreiro” for interpretado como referindo um espaço plano, amplo, onde a tropa possa afectuar as suas manobras com uma coreografia ao gosto dos seus comandantes, e os deixar preparados para desfilar pelas avenidas para pasmo dos cidadãos, então, neste caso, a proposta que deixo na mesa é mais ampla já que pretendo abranger todo o espaço, tanto físico como emocional, onde nos encontramos.


Imagino que existem dois temas que condicionam a nossa apreensão, um o de se temos que seguir, rigorosamente e sem hesitações todas as regras e normas de conduta que recomendam a fim de evitar ser caçados pelo vírus, seja de origem asiática, por serem comedores do tudo quanto ande, repte, voe ou nade, ou porque “nós” os progressistas humanos, proporcionamos, com a febre das deslocações rápidas e multitudinarias, a expansão global, quase que instantânea, do contágio.


Seja como for que isto se instalou e o grau de temor que cada um de nós mantêm no seu alerta, o facto é que aí está, e que nos dizem que pode levar um longo tempo até que a imunidade adquirida tenha algum efeito positivo.


O outro problema, sintomático e permanente na nossa sociedade,e para o qual nem sequer se procura descobrir uma “vacina”, e muito menos um tratamento drástico que o elimine de vez, é o da corrupção e facilidade com que, os dos de sempre, e mais os que se vão juntando ao longo dos anos, se enchem espoliando as arcas do estado. Desculpem o eufemismo com que refiro o que é, de facto, o dinheiro, o capital, que pertence a todos os cidadãos sem excepção.


O que torna este segundo problema como, aparentemente, insolúvel é o facto de que os cidadãos a quem lhes entregamos o poder de agir, de uma forma honesta e positiva, não cumprem este simples compromisso. Esta é uma constatação que humilha e desanima a qualquer cidadão inerme. Inerme porque não se sente com um mínimo de força para alterar este síndroma social.


Dada a extensão, praticamente geral, de carência de honradez patriótica, e que a sensatez nos diz pouco se ganharia com uma revolução interna, uma espécie de guerra civil, com a qual se pretendesse eliminar um problema congénito, humano, ao nível da reconhecido axioma que alerta para “A carne é fraca”. A voz da experiência vivida nos elucida de que o poder corrompe e quem não quer ser corrupto não aceita ter esta responsabilidade. Não se sente com força para resistir à multiplicidade de tentações de que será alvo. Mesmo “dentro de casa”.


Triste sina a dos humanos, que neste aspecto não conseguimos libertar-nos da mácula de antropófagos.



Para tirar um pouco de ferro a este escrito recordo uma gracinha, bem antiga, onde se pergunta “como se denomina um homem que come outro homem”. Pois é, a resposta imediata não tem prémio aceite aceite; a segunda, e valida, é antropófago.



domingo, 26 de julho de 2020

MEDITAÇÕES - Não é provável



Só existem vírus malignos?

Todos os vírus que existem, e que se diz estão em constante mutação, são perigosos para a sobrevivência da humanidade? Se assim fosse não se entende como ainda existimos, pois quando ficássemos imunes a um estariam miríades de outros aguardando a sua oportunidade de nos liquidar.

Assim sendo e após exprimir as minhas meninges -que nem sequer são das de primeiro nível, mais propriamente de uma passagem de nível sem guarda- cheguei à conclusão, possivelmente errada, de ser impossível que toda a imensa população de vírus tenha como propósito de primeira ordem o nos eliminar da face do planeta. Seria uma velhacaria inconcebível. E mais sabendo que o homem, mais mulher e anexos, anda por este planeta desde bastantes milhares de anos.

Uma singela dedução baseada nos ensinamentos dos livros sagrados, sem contraditório aceite, e sem referir outras crenças que sempre incluem o bem e o mal, em contraponto, considerando que tal como o dia e a noite não podem existir um sem o outro, chega-se inevitavelmente à conclusão de que devem existir também alguns vírus bons, e ainda outros assim-assim.

Mas esta especulações de filosofia barata, Não basta para dar um valor académico à minha afirmação. Era imprescindível conseguir um testemunho laboratorial credível. E neste propósito decidi empreender os estudos, tanto bibliográficos como através dos meios de consulta que a informática nos oferece, no intuito de conseguir um aparelho, de custo acessível, e com este recurso poder visualizar uma boa quantidade de vírus de diferentes estirpes, inclusive o fotografar para dar fé do que estava decidido a dar ao mundo.

O mircoscóspio óptico já verifiquei, logo de início, que não chegava no seu poder de ressolução para visualizar estes corpos, que afirmam nem sequer serem bichos. Taxativamente são ambíguos, nem carne nem peixe. Antes pelo contrário (?. devem ser da oposição “soft”)

As possibilidades de adquirir um mircorscóspico electrónico, em segunda ou terceira mão, através do portal dos saldos e-bay foi desconsolador. O que apareceu eram trastes da idade da pedra, que o máximo que podiam mostrar era uma pulga. Nem uma amiba era observável. Mas não desanimei! Tinha que dobrar todos os cabos e furriéis que me aparecessem pela frente. O meu treino nos comandos era mais do que suficiente para me oferecer um grau de auto-estima e confiança superior à dos meninos das Js.

Com latas de refresco e de laca, que recolhi no lixo da cabeleireira do lado, além das peças do meccano que ainda resistiam numa estante dos objectos esquecidos, lentes de óculos já desactualizados, e mais os fundos das garrafas de vidro, cuja reconhecida potência as torna responsáveis de inumeráveis incêndios florestais, fui montando uma aparelhagem excelente, que não só me possibilitou espreitar a vida íntima dos vírus como até das suas lutas intestinas entre fações rivais. Conflitos sem quartel, onde os vencedores absorvem, ou mais simplesmente engolem, aqueles que caem sob as suas armas. Habitualmente atacam com saliências do tipo ventosa e dardos pontiagudos, sem esquecer as bocas absorventes que abrem quando chega o momento da abordagem. Umas batalhas terríveis, como já previa.

O que esta observação, inédita ou pelo menos não disseminada nos meios académicos até à data (1) é, a meu critério, de importância capital, e por isso dediquei-me, com alma-naque e coração ao alto a redigir um artigo que, mal esteja pronto, o que demorará poucos Dias&Dias A. Boavida, enviarei -por correio azul turquesa e registado- para uma longa lista que já preparei de publicações científicas de alto gabarito, entre elas o Correio da Manha e o Jornal do Fundão. Cada um no seu género.

Estou em vias de procurar saber se, para me apresentar em Estocolmo, me sai mais em conta alugar no Paiva um conjunto de casaca, calças riscadas, faixa de cetim, e até roupa interior a condizer, ou tentar outra vez no tal e-bay. Em última hipótese teria que pedir emprestada a fatiota a um assíduo expectador do São Carlos Borromeu, que conheci em tempos e que encontro com certa frequência nas críticas da alta costura musical. Está fora das minhas capacidades financeiras o mandar fazer a um alfaiate habilitado, dado o meu alheamento absoluto dos meios políticos e económicos que dominam o País.
  1. Os investigadores, e académicos em geral,são muito ciosos das suas descobertas, além de invejosos e sem preconceitos quanto ao plagio.
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