quinta-feira, 2 de março de 2017

CONHECEMOS MESMO ?


A alma, ou o interior inmaterial das pessoas é um espaço fechado, difícil de perscutar ou mesmo impossível de conhecer na sua totalidade. Quando algum de nós, seja o próprio ou um desconhecido sobre quem jamais pusemos a vista em cima, tem o atrevimento de afirmar que conhece uma pessoa qualquer, seja uma figura pública ou um familiar chegado, do direito ao avesso, que sabe tudo dela, incluidos os seus desejos e pensamentos “mais íntimos”, está cometendo um pecado de vaidade e soberba. Mostra a sua ignorância relativamente à pessoa em particular e na humanidade em geral.

Ultrapasando os capítulos mais imediatos devemos aceitar, como um facto incontestável, que postos a ignorar dos outros nem sequer nos conhecemos a nós mesmos. Existe uma censura interna que esta fechada a sete chaves. Algumas delas permanecem num recanto tão reservado, tão oculto, que nem sequer o indivíduo dispõe delas com facilidade. Só abrem, automaticamente, nas raras ocasiões em que o indivíduo perde totalmente o seu autodomínio. Podemos dizer sem risco de errar que não nos conhecemos.

Esta ignorância, inevitável e espalhada por todos os cantos, inclui os membros da família mais chegada. Todos eles, desde irmãos, esposa, filhos e demais parentes têm, e ainda bem que assim acontece, gavetas ocultas na sua caixa craneana. Ali guardam pensamentos, desejos e ansiedades, acções do passado, seja longuinquo ou recente, e muitas outras referências que preferem esconder, evitando assim que emerjam sucessos que não querem revelar.

Incluído na repertório de “pecados” que me comunicaram quando era um seguidor, involuntário, da catequese católica em que me encontrava submerso, recordo que se afirmava que podia-se pecar, gravemente, mesmo que só se violassem as leis de Deus em pensamento.

Atendendo à visão de adulto e apesar de agir, mesmo em pensamento, como um ateu irrecuperável, sinto o dever de afirmar que muito do que se encontra nos preceitos da religião é não só válido como fundamental para conseguir conviver com os nossos parceiros neste “vale de lágrimas”, como basilar se avaliado no capítulo de ética.


A minha incompatibilidade reside na deriva que seguiu a máquina política montada com base em Roma. Sem outra justificação que não seja a de não resistir ao impulso, humano, de conseguir poder e riquezas, ou seja, de perseguir afincadamente os bens materiais sob a máscara do humanitarismo, da bondade e da salvação das almas (?), depressa arrumou para um canto os ensinamentos de Jesus, de cuja figura se apropiaram sem pudor, nem respeito pelos fieis que narcotizaram. Mas isto forma parte de outro filme.

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