Uma
embrulhada
Os
últimos dias nos ofereceram, desde Londres, um espectáculo
interessante, que sendo único só se pode comparar, no sentido
oposto, com aquelas sessões em países onde as pessoas se inflamam a
pontos de se agredirem fisicamente, em pancadaria feroz.
Para
já a sala de sessões do Parlamento Inglés é muito diferente das
que estamos habituados a ver nas reportagens do resto do mundo
“civilizado”. Estão enfrentados os dois grupos rivais,
instalados bem apertadinhos, sem uma mesinha donde se apoiarem ou
colocarem uma aparelhagem electrónica de uso normal. Para completar
tem umas regras muito próprias e, pelo menos agora, um porta-voz,
ou uma espécie de coordenador-moderador que, além de pedir aos
membros da assembleia que se portem com ordem, tem uma expressão
facial que podemos considerar, pelo menos, como curiosa e até
patusca, mesmo que respeitadora das regras sociais e políticas.
O
que nos deu de novo a mais recente sessão foi ver que,
implícitamente, os dois bandos estavam já saturados do seu Primeiro
Ministro. Aquela espécie de gafanhoto desengonçado que não
conseguiu levar a água ao seu moínho. Nem sequer entre os seus
membros de governo, que desde meses teimam em se dimitir, e muito
menos em conseguir uma demostração unânime de parecer por parte dos
seus representantes eleitos, e muito menos da população em geral,
que vimos como se tem manifestado publicamente nas ruas e praças,
com diferentes opções. Uma rebaldaria que não se sente com solução
à vista.
Um
ponto,porém, está saliente no sentimento de indecisão sobre como
agir neste impasse, que os seus representante abriram com a U.E. Já
referi, numa entrega anterior, que o problema mais forte para os
cidadãos do Reino Unido é o de não aceitar a hipótese de se
re-instalar uma fronteira entre a República Irlandesa, católica, e o
Norte, protestante, unido ao U.K.
Não
aceitam o previsível retorno a um conflito armado entre as duas
zonas, mas tampouco lhes agrada a possibilidade de uma união
política e territorial entre as duas Irlandas, pois que esta
implicaria a saída do Ulster do R.U. Este tema parece que é o mais
agreste neste momento. E a única semi-solução, dada a existência
dum conflito religioso de difícil arranjo, os outros membros do
U.K., não é provável que aceitassem, assim de repente, abdicar de
mais uma parcela do seu já encolhido Império Britânico.
Logicamente tem que se encontrar uma saída para este diferendo, que nem sequer é
visto de forma unânime pelos subditos de Sua Majestade. A mais
correcta, mesmo que amarga de engolir, poderia ser o abandonar,
totalmente os propósitos do BREXIT. Esquecer as possíveis
pressões vindas desde os USA, que desejam enfraquecer a União
Europeia, quase tanto quanto alguns dos seus membros efectivos, se
avaliarmos os conflitos que tem surgido.
Os
membros do Parlamento, se quiserem ter uma acção brilhante, além
de dar o dito por não dito, podiam propor a entrada do U.K. na
moeda única, como mostra de boa-vontade e arrependimento (mesmo
que se dessem outros argumentos mais simpáticos e menos amargos).
Com esta união monetária podiam tentar recuperar parte da
desvalorização que sofreu a libra a partir do anúncio do BREXIT.