Apesar
de reconhecer que muitas coisas melhoraram surge-me, com excessiva
frequência, a dúvida de se foram tomadas as melhores opções no
que afecta às populações de certas zonas do País.
Estou
convencido de que caso se prestasse a atenção, pertinente e
basilar, à demografia, às características dos seus munícipes e às
suas fontes de rendimento, sentir-se-ia uma disparidade de acções
entre aquilo que seria proveitoso para o progresso do que sempre
existiu e as tentativas de imitar actividades que colidem com o idiossincrasia da população. Fantasia que, contrariamente ao que é
apregoado, afasta para longe as melhores mentes que nasceram e se
criaram no seio de hábitos, quase que ancestrais e que, sem dúvida,
carecem de uma actualização.
As
mudanças já havidas em muitas zonas rurais, arrisco-me a afirmar
que quase sempre foram fruto de acções meramente comerciais, cegas
a tudo o que ultrapasse a rentabilidade das suas empresas. Uma
cegueira que leva os abnegados produtores do campo a serem
tiranizados não só pelos intermediários mas, agora principalmente,
pelas grandes superfícies comerciais, que impõem preços e
características dos produtos que compram, impondo o preço, como
mentalizam o cliente consumidor a rejeitar aquilo que não convêm ao
empresário da cadeia.
Apesar
de terem surgido iniciativas para escoar os produtos agrícolas e
hortícolas que a natureza teima em desobedecer normativas, e com boa
vontade e esforço para conseguir penetrar no mercado, dedicaram-se a
comercializar aquilo que não obedecia às rigorosas regras do grande
comércio. Lamentavelmente a realidade mostrou que estas iniciativas
não conseguiram vencer a pressão restritiva da poderosa máquina
trituradora, a que de facto comanda as preferências dos clientes.
Será
impossível uma reacção concertada entre os produtores e os municípios ou regiões que, sem dúvida, deveriam esforçar-se, quase
que exclusivamente, em atender os problemas dos seus conterrâneos?
Os
problemas que subsistem, e até se agravaram ao longo das últimas
décadas,não se limitam à comercialização dos produtos do seu
trabalho.
Existem
situações problemáticas a montante das colheitas. São centenas os
estudiosos que em laboratórios e campos experimentais se preocupam e
procuram soluções para contrariar o envenenamento dos terrenos,
devido ao uso excessivo de herbicidas. Sem esquecerem o louco
extermínio das necessárias abelhas, que são os garantes da
polinização de searas e pomares. Uns laboriosos insectos que
morrem aos milhares por efeito dos insecticidas. Todos sabem
que o número de colmeias activas tem diminuido drásticamente. E
ouviram falar em métodos alternativos aos insecticidas para poder
afastar, ou eliminar, pragas que causam prejuízos. A pressão dos
vendedores dos produtos das multinacionais se encarregam de evitar
qualquer alternativa.
Outro
capítulo que merecia ser analisado e ponderado numa base que
atendesse à saúde dos consumidores é a dos aditivos que se
aplicam a muitos produtos, tanto hortícolas como frutícolas, a fim
de lhes melhorar o aspecto visual e prolongar a sua duração. Serão
inócuos? A resposta imediata é dada pelos produtores, conscientes, que detestan os truques utilizados para conseguir
frutos que apresentam uma uniformidade de cor em toda a sua
superfície, como são exemplo os morangos e os tomates, que
raramente são tão belos na forma e na cor quando criados numa
parcela de onde se abastecem com confiança.
Não
deveriam ser estes capítulos da investigação aqueles que mais
mereciam a atenção e promoção por parte das entidades que se
elegeram “democráticamente”? Uma selecção de indivíduos
“isentos de interesses pessoais” que, nos seus discursos e
documentos distribuídos para ganhar votos, sempre evitam referir os
problemas reais dos seus eleitores.
Fica
a dúvida de se, de facto, os eleitores são cegos ou se preferem ser
manipulados não só no seu trabalho, naquilo que é o seu ganha-pão,
como se encadeiam com eventos e actividades que em nada os
beneficiam. Serão conscientes do que devem exigir aos seus
eleitos?
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