Podemos
admitir que qualquer pessoa que medita, nem que seja por poucos
minutos ao longo de um mês -e não estou a pedir muito...- já gerou
as suas noções do porque a população de um determinado espaço
tem tendência a se radicar isoladamente ou de uma forma coesa,
compacta.
Há
razões de ordem histórica, climatológica, laborais, de
oportunidades, e das afinidades sociais, ou carência delas, que
motivaram a reunião de habitantes em núcleos progressivamente
maiores, a até que fossem abandonados quando desapareceram as
motivações mais intensas. Podemos apresentar como exemplo o de
algumas povoações sitas no Alto Alentejo e na Beira Interior, como
Sortelha e Castelo Mendo, entre outras, que por razões militares
foram cercadas com altas muralhas num espaço reduzido, com o
propósito de que naquele recinto se pudessem abrigar, sem receios, os
habitantes. Ao se alterarem as condições políticas e territoriais,
os constrangimentos inerentes a viver e conviver apertadamente
induziram os habitantes a procurar espaços mais amplos.
Outras
razões se conjugaram para manter reunidos os habitantes de uma zona
determinada, como sucede no Alentejo. Sendo um espaço aberto, que
desde a substituição do poder muçulmano pelos cristãos, e antes
disso já durante a ocupação do Império Romano, foi terra de amplos latifúndios, os habitantes sem terra própria tinham que se
agrupar nas povoações aguardando a oportunidade de ser escolhidos e
conseguir umas jornas (mal) pagas. Pelo contrário, em zonas com
pluviosidade frequente e com terras aptas à agricultura
diversificada, propiciou o minifúndio. A
tendência lógica de muitos pequenos proprietários tem sido a de se
radicar, com armas e bagagens, no seu terreno, mais ou menos afastado
do núcleo administrativo a que pertence.
Este
assunto surgiu-me quando especulei, mentalmente, sobre os custos que
a descentralização residencial implica, pelo menos no que respeita à exigência para que sejam atendidas as "regalias básicas" que todos os
habitantes de um concelho entendem, e bem, ue tem direito, independentemente de onde estiver a sua residência. Ou seja, que é pertinente garantir todos os serviços públicos que se consideram indispensáveis.
Instalar redes e as manter funcionais em toda a área
onde se radicaram munícipes, nomeadamente no abastecimento de água
potável, energia eléctrica, telefones, iluminação pública, vias
de trânsito, escolas ou transporte escolar quando se optou em fechar
pequenas escolas e centralizar em complexos de maior dimensão, etc.
implica, forçosamente, custos superiores aos que se se verificam
existir em centros urbanos, preferentemente quando compactos.
Todavia
a realidade factual indicia que não existe uma visão diáfana no
que se refere à gestão de custos e benefícios. Suspeita-se, com
demasiada frequência e por indícios poucas vezes documentados, que
os custos, tanto de um esquema como do outro, não são expressos com
clareza. Existem demasiados pontos negros na gestão para que
o cidadão comum possa apostar, convictamente, em nada do que se
decide em gabinetes fechados.
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