Quando
era jovem e necessitava de desanuviar a mente socorria-me da leitura
de romances policias, concretamente dos livros de bolso da Vampiro.
Uma colecção bem aceite pelo público, sem esquecer os livros
franceses de capa amarela. Nas salas de cinema também nos ofereciam,
filmes policiais de boa feitura, com actores de primeira escolha,
entre eles recordo Humphey Bogart, Robert Mitchum, Charles Boyer,
James Stewart, James Cagney e outros.
Tanto
nos romances como nos filmes era frequente ver citada uma frase que se
tornou clássica: cherchez la femme. Era uma época onde o
machismo imperava, tal como ainda hoje, e se admitia que muitos
crimes tinham como motivação, directa ou indirecta, o feitiço da
mulher. Coitados dos criminosos, tão vulneráveis à sedução.
Não
julgo pertinente o facto de que, ao reler o artigo de opinião
escrito por Feliciano B. Duarte, em que surge uma denúncia social, ou desabafo de um desiludido socialmente, fosse reflexo de
uma situação amorosa. Nada sugere esta situação, além de que não
estamos perante um caso de crime e polícia. Todavia quanto mais
medito no assunto, mais considero que deve existir um probleminha de
fundo que levou o político, experiente e veterano, apesar de ainda
jóvem, a escrever um libelo sobre a situação social no presente.
Cita
um problema, que valoriza como grave. E eu estou plenamente de acordo
com F. B. D. Pior é o que, implicitamente nos diz: não se sente
capaz de conseguir esquematizar um processo de recuperação mental
que se possa aplicar, com possibilidades de êxito, a tantos
cidadãos, totalmente desligados da realidade que os envolve. Por
outro lado sinto que no seu artigo transparece uma subtil crítica a
muitos dos políticos da actualidade.
Numa
tentativa de me elucidar sobre o Senhor Feliciano B. Duarte fiz o que
nunca fiz até hoje. Procurei no Google, escrevendo o seu nome
completo, as referências que, como se pode verificar lendo, foram
seleccionadas e escritas por ele mesmo. Refere como ocupou lugares,
com algum relevo na estrutura do seu partido, PSD, e que mereceu ser
escolhido para lugares nas equipas gubernativas. Todavia sem atingir
a primeiro patamar. Mas é de lei apreciar que foi subindo tenazmente
e com dedicação à causa.
Mas
destes elementos biográficos não surge uma explicação para o seu
desânimo, e muito menos que a preocupação inerente que sugere ter
tenha atingido um grau tal que o obrigue a fazer uma retirada nobre e heróica, por respeito aos seus princípios de ética social. Que não
podemos duvidar que os tem.
Apesar
desta minha reduzida pesquisa, certamente por não ter accesso aos
corredores e às intrigas, lutas e traições, que sempre existiram
entre os políticos, tenho que confessar que não encontrei um, ou
uns, motivo evidente que tenha incitado a Feliciano B. Duarte no
sentido de deixar, preto no branco, um balanço de como uma grande
parte da cidadania está, exclusivamente, atenta a factos sem
importância. Da minha lavra acrescento que os assuntos importantes
sempre são de gestão e digestão difícil, e implicam um esforço
comportamental que muitos não mostram estarem dispostos a fazer.
Sem comentários:
Enviar um comentário