quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

CATS, O MUSICAL

Hoje apareceu no meu monitor uma versão de cabaret do famoso musical CATS, que se manteve anos em cartaz na Broadway e em Londres. Tive a pouca sorte, mesmo azar, de ver este espectáculo dos gatos falsos no seu ninho, ao vivo e com um grande elenco no teatro de Piccadilly.

Tal como acontece nas operetas, filmes musicais e muita música clássica erudita (?), passam todo o tempo a repetir os mesmos temas, por vezes só um ou dois. O mais famoso neste aspecto de apresentar variações sobre o mesmo tema é o Bolero de Ravel. Como bem explicava o falecido mestre Bernstein às crianças num auditório de N-Y, e posteriormente aqui  o mestre Atalaya. O bom ouvinte deve habituar-se a identificar aquelas repetições, sempre com os temas A, B e podia suceder que até um C, e, quando o compositor já não sabe como encher a pauta para conseguir oferecer uma obra que qualifiquem de nível aceitável, recorrem a umas ligações absurdas que se podem qualificar de “encher chouriços”.

No musical CATS conseguiram que dois dos seus temas se tornassem endémicos, pois que os ouvíamos em tudo quanto era lado. Um enjoo. Aquilo foi uma xaropada que só os parolos alfabetizados (como é sabido o mundo está cheio de analfabetos totais com canudo universitário ou estatuto de pessoa importante por ser rico ou bem nascido) conseguiam engolir. Os outros, tanto neste caso como em muitos outros, sabiam que, em atenção às boas maneiras e ao politicamente correcto, não podiam dizer que o rei andava nu. Tinham ue seguir a maré dos convencidos; e assim fizeram, e fazem quase sempre. Eu, sempre do contra, neguei-me a aplaudir enquanto o resto do público batia palmas freneticamente.

A certa altura vi que uma das bailarinas, mascarada com malha de gato vadio e cabeça com orelhinhas maquilhada a preceito do papel e bigodes pintados, olhava para mim e fazia sinais com a cabeça perguntando o que me sucedia. Foi o que me salvou naquele tédio monumental. Criamos um mudo diálogo com o qual dei a entender que aquilo, para mim, não valia o preço do bilhete (e não era nada barato!). A resposta, sempre em mímica facial e ocular, encolhendo um ombro, foi que aceitava a opinião, mas que... era o seu trabalho.


Continuando o "diálogo" disse que consentia em aplaudir, mas que só o faria para ela. A assim fiz, na seguinte pausa preparada para o efeito. E deram tantas as pausas. Digamos que "mais que as mães". A bailarina agradeceu com um largo sorriso dirigido à minha crítica pessoa.

E, felizmente, terminou o espectáculo. Saimos ordeiramente e nunca voltei a ver aquela rapariga, como é óbvio.


COROLARIO  

Nem tudo o que luz é oiro, nem tudo o que balança cai.


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