Hoje
apareceu no meu monitor uma versão de cabaret do famoso musical
CATS, que se manteve anos em cartaz na Broadway e em Londres. Tive
a pouca sorte, mesmo azar, de ver este espectáculo dos gatos falsos
no seu ninho, ao vivo e com um grande elenco no teatro de Piccadilly.
Tal
como acontece nas operetas, filmes musicais e muita música clássica
erudita (?), passam todo o tempo a repetir os mesmos temas, por vezes
só um ou dois. O mais famoso neste aspecto de apresentar variações
sobre o mesmo tema é o Bolero de Ravel. Como bem explicava o
falecido mestre Bernstein às crianças num auditório de N-Y, e
posteriormente aqui o mestre Atalaya. O bom ouvinte deve
habituar-se a identificar aquelas repetições, sempre com os temas A,
B e podia suceder que até um C, e, quando o compositor já não sabe
como encher a pauta para conseguir oferecer uma obra que qualifiquem
de nível aceitável, recorrem a umas ligações absurdas que se podem
qualificar de “encher chouriços”.
No
musical CATS conseguiram que dois dos seus temas se tornassem
endémicos, pois que os ouvíamos em tudo quanto era lado. Um enjoo.
Aquilo foi uma xaropada que só os parolos alfabetizados (como é
sabido o mundo está cheio de analfabetos totais com canudo
universitário ou estatuto de pessoa importante por ser rico ou bem
nascido) conseguiam engolir. Os outros, tanto neste caso como em
muitos outros, sabiam que, em atenção às boas maneiras e ao politicamente correcto, não podiam dizer que o rei andava nu.
Tinham ue seguir a maré dos convencidos; e assim fizeram, e fazem quase sempre. Eu, sempre do contra, neguei-me a aplaudir enquanto o
resto do público batia palmas freneticamente.
A
certa altura vi que uma das bailarinas, mascarada com malha de gato
vadio e cabeça com orelhinhas maquilhada a preceito do papel e
bigodes pintados, olhava para mim e fazia sinais com a cabeça
perguntando o que me sucedia. Foi o que me salvou naquele tédio
monumental. Criamos um mudo diálogo com o qual dei a entender que
aquilo, para mim, não valia o preço do bilhete (e não era nada
barato!). A resposta, sempre em mímica facial e ocular,
encolhendo um ombro, foi que aceitava a opinião, mas que... era o
seu trabalho.
Continuando
o "diálogo" disse que consentia em aplaudir, mas que só o
faria para ela. A assim fiz, na seguinte pausa preparada para o
efeito. E deram tantas as pausas. Digamos que "mais que as
mães". A bailarina agradeceu com um largo sorriso dirigido à
minha crítica pessoa.
E,
felizmente, terminou o espectáculo. Saimos ordeiramente e nunca
voltei a ver aquela rapariga, como é óbvio.
COROLARIO
Nem
tudo o que luz é oiro, nem tudo o que balança cai.
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