terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

CAPITAL DE RISCO



Como é público e notório o tempo em que vivemos está sob uma forte pressão da evolução da informática, mãe do moderno automatismo e também mãe descastada daqueles que foram seus filhos preferidos, agora preteridos em oposição aos que aderiram, com deleite e ilusão na maré do progresso. Bem hajam tanto os “desprezados” como os agora estimados.

Se nos basearmos na -nem sempre bem valorizada- biologia, é racional que se admita que, no seio da população deste País, existem entre nós cabeças ágeis, estudiosas e com o ímpeto necessário para se aventurar em novos capítulos ainda por desbravar. Alguns destes investigadores já deram provas não só de abrir caminhos mas também de orientar o seu trabalho para tarefas produtivas.

Mas surgiram os primeiros escolhos sociais e económicos. Por um lado temos que para que uma descoberta ou novidade tecnológica se torne factível comercialmente, ou seja, que possa partir pelo oceano fora, crescer e implantar-se, carece de um factor que os estudiosos que descobriram o filão habitualmente não dispõem, e que é indispensável: Capital de risco.

Sucede que a economia nacional não gera, por si só, grandes rendimentos e nem sequer aqueles que os usufruem habitualmente sintam vocação para investir em temas que, além de não dominarem, não lhes oferecem as garantias de um grande retorno, e com brevidade. Pior do que esta deficiência de montantes disponíveis entre membros da sociedade civil, verificou-se, numa evolução escandalosa nas décadas mais recentes, que as reservas de capital público, incluídas verbas que nos entregaram no intuito de conseguir dar o salto em frente, imprescindível caso se deseje poder ombrear com os (teoricamente) parceiros europeus, quando foram entregues, em geral em quantitativos muito avultados, sob a capa de empréstimos a remunerar e restituir, sumiram-se sem justificação, escandalosamente.

De onde não nos pode causar admiração saber que algumas das boas descobertas conseguidas pelos nossos investigadores ficaram no sono dos justos no fundo de uma gaveta. Ou, noutros casos, só conseguiram ver avançar os seus projectos aliando-se a entidades estrangeiras dispostas a investir com o seu capital, ou que ganharam a confiança da banca do seu país, para conseguir os tão necessários e indispensáveis fundos.

Mas há uma consequência social, muito importante mas que nos esforçamos para não ver nem sentir, que consiste no potencial problema, já actual em zonas que até poucos anos antes eram sede de grandes indústrias, que empregavam numerosos operários, e que tanto eles como seus descendentes se encontram perdidos, empurrados para uma pobreza inactiva. Uma situação tão generalizada entre os urbanitas que os sociólogos já qualificada, em surdina, como potencialmente explosiva.

Um sintoma bem recente de como esta evolução tecnológica, aliada à globalização -que só interessa ao grande capital- afectou fortemente, no sentido de empurrar para a pobreza sectores da sociedade que, sem serem ricos, sentiam-se razoavelmente bem e com horizontes abertos para progredir, mas que o seu capital de conformismo está esgotado, ou em vias de isso.

Foi o que deu a presidência dos EUA a um demagogo, que, mesmo sendo um político neófito, tal como todos os profissionais que o antecederam, tem uma experiência inusual nos meios de comunicação visual e audio-visual. Dirigiu-se, astutamente, aos cidadãos da chamada faixa da ferrugem, os blue-collar, operário de colarinho azul. En entre os dos estados de economia agrícola, os seus equivalentes são citados como redneck pescoço vermelho, queimado do sol)de colarinho azul, em antítese com os citadinos, bem vestidos, bem alimentados e bem instalados, conhecidos como os de colarinho branco. Vistos pelos operários e pelos camponeses com pouca simpatia por estarem ligados ao status que os governa e sentem que pouco os atende.

Historicamente sabemos, ou deveriamos estar cientes, de que foi em momentos de crise social, de falta de emprego e degradação da economia doméstica, que os demagogos Mussolini e Hitler, auto classificando-se de socialistas, com adendas só perceptíveis pelos seus financiadores, se elevaram ao poder prometendo trabalho e “paz”. O trabalho que proporcionaram foi, principalmente, na indústria bélica e em obras públicas, com financiamento dos banqueiros judeus. (1)

Hoje, as obras públicas não conseguem oferecer muitas oportunidades de trabalho mal qualificado. Os equipamentos mecânicos disponíveis, também neste campo, se encarregam de eliminar a ajuda humana até o mínimo. São terreno fértil para as empresas poderosas e para conseguir desviar verbas com as quais conseguir apoios indispensáveis. Mas muito pouco oferece de benefício para aqueles que ficaram abandonados.

(1) Será que toda “a minha gente” conhece a razão de porque existem judeus na banca?


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