AS
PEDRAS NOS ENSINAM MUITO
Assim
as sabermos interpretar. Não falam, mas são um arquivo que diz
muito mais do que os simples imaginam. Quando viajava, com certa frequência visitamos locais abandonados ou arruinados, que noutras
épocas foram famosos, hoje testemunhos de civilizações importantes
mas ultrapassadas, em mais de uma vez, algum dos presentes afirmar
que “aquilo” não tinha um
mínimo interesse. Já estou farto dever pedras!
Obviamente não estava interessado em saber o que ali tinha existido.
Hoje
as valências da informática possibilitam a recriação, bastante
fiel, de muitos locais históricos. Inclusive com animação, que
fornecem, sem esforço, uma leitura histórica muito valiosa. Todavia
o modo como a sociedade aderiu ao facilitismo, ao mais imediato, ao
que fornece diversão, em simultaneidade considerem, convictamente,
que para se instruir sobre um qualquer tema lhes basta consultar
aquilo que podem encontrar, sem grande esforço, no computador.
Paralelamente
a esta modernice encontramos referências do esforço que algumas
entidades, certamente que mais atentas
ao que devemos valorizar, por ser património, ou mesmo
Património Nacional, qualificado oficialmente como tal, que é
pertinente agir, com urgência e ampla dedicação, para oferecer
mais do que o batido binómio Sol e Praia. Incluem
neste programa de valorização o insistir na cozinha
tradicional portuguesa, pois
para habilidades de mestres cozinheiros já encontram, practicamente
iguais, em qualquer canto.
São
cada vez mais as pessoas que viajam com intuito de verificar “in
loco” aquilo que ao longo da sua vida atenta foram arquivando e
entendem ser o momento de confirmar. Muitos destes visitantes, tanto
efectivos como potenciais, são pessoas com mais de meio século de
vida, que não desejam encontrar-se com multidões, barulhentas e com visíveis mostras de desprezar a cultura. Por outro lado não
escatimam o retribuir, monetariamente, o cuidado que sentirem se
teve para dar visibilidade ao carácter e história local.
Portugal,
sem pretender competir em pé de igualdade com outros países onde o
património arquitectónico, monumental, religioso ou civil é muito
vasto e reconhecido internacionalmente, tem muitos locais que, por os
ver com frequência, e por isso nos podem parecer como carentes de
interesse, pode ser que, para quem nos visita com o propósito de
poder avaliar quem somos, de onde viemos e até onde chegamos, podem
ser muito interessantes.
Para
contrariar os bons propósitos temos a realidade mais triste e
vergonhosa, conduzida zelosamente por responsáveis, ou mais
propriamente irresponsáveis. Por vezes alardeando de canudos que só
eles valorizam. Insistem em
conspurcar locais históricos com contínuas feiras, que descrevem
como sendo temáticas, às quais se juntam ruas infestadas de
vendilhões e outras iniciativas preparadas exclusivamente para
incitar visitantes com uma visão primária, imediatista, e o lucro
fácil de alguns. Mas afastando aqueles que detestan tanta
populaça.
Quem
tenha responsabilidades sobre locais históricos debe saber como os
gerir para os visitantes que interessa cativar, pelo
menos por conveniência nacional Na impossibilidade de poder
acompanhar todos os que nos procuram, com guias capazes de responder
ás mais variadas perguntas dos forasteiros, é pertinente esmiuçar
todos os pontos e locais com potencial interesse histórico, não só
de índole livresca mas também com ligações ao passado social da
zona. É importante, fundamental até, colocar, em local bem visível,
notícia explicativa do local e da sua história.
Neste
capítulo pouca coisa há a descobrir. Tanto em Portugal como “lá
fora” tem-se trabalhado bastante para oferecer a cultura e história
local, sem problemas nem perigos (é de recordar e valorizar que
são muitos os idosos que, esquecendo os seus problemas motores e de
equilíbrio, não resistem a trepar no intuito de poder alcançar uma
vista interessante). Não basta colocar avisos nem cartazes
referindo o perigo. Viajaram para ver e pagaram para isso. Merecem
que cuidemos da sua segurança, vencendo todos os preceitos
inibidores.
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