quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

cultura e CULTURA - 2


AS PEDRAS NOS ENSINAM MUITO

Assim as sabermos interpretar. Não falam, mas são um arquivo que diz muito mais do que os simples imaginam. Quando viajava, com certa frequência visitamos locais abandonados ou arruinados, que noutras épocas foram famosos, hoje testemunhos de civilizações importantes mas ultrapassadas, em mais de uma vez, algum dos presentes afirmar que “aquilo” não tinha um mínimo interesse. Já estou farto dever pedras! Obviamente não estava interessado em saber o que ali tinha existido.

Hoje as valências da informática possibilitam a recriação, bastante fiel, de muitos locais históricos. Inclusive com animação, que fornecem, sem esforço, uma leitura histórica muito valiosa. Todavia o modo como a sociedade aderiu ao facilitismo, ao mais imediato, ao que fornece diversão, em simultaneidade considerem, convictamente, que para se instruir sobre um qualquer tema lhes basta consultar aquilo que podem encontrar, sem grande esforço, no computador.

Paralelamente a esta modernice encontramos referências do esforço que algumas entidades, certamente que mais atentas ao que devemos valorizar, por ser património, ou mesmo Património Nacional, qualificado oficialmente como tal, que é pertinente agir, com urgência e ampla dedicação, para oferecer mais do que o batido binómio Sol e Praia. Incluem neste programa de valorização o insistir na cozinha tradicional portuguesa, pois para habilidades de mestres cozinheiros já encontram, practicamente iguais, em qualquer canto.

São cada vez mais as pessoas que viajam com intuito de verificar “in loco” aquilo que ao longo da sua vida atenta foram arquivando e entendem ser o momento de confirmar. Muitos destes visitantes, tanto efectivos como potenciais, são pessoas com mais de meio século de vida, que não desejam encontrar-se com multidões, barulhentas e com visíveis mostras de desprezar a cultura. Por outro lado não escatimam o retribuir, monetariamente, o cuidado que sentirem se teve para dar visibilidade ao carácter e história local.

Portugal, sem pretender competir em pé de igualdade com outros países onde o património arquitectónico, monumental, religioso ou civil é muito vasto e reconhecido internacionalmente, tem muitos locais que, por os ver com frequência, e por isso nos podem parecer como carentes de interesse, pode ser que, para quem nos visita com o propósito de poder avaliar quem somos, de onde viemos e até onde chegamos, podem ser muito interessantes.

Para contrariar os bons propósitos temos a realidade mais triste e vergonhosa, conduzida zelosamente por responsáveis, ou mais propriamente irresponsáveis. Por vezes alardeando de canudos que só eles valorizam. Insistem em conspurcar locais históricos com contínuas feiras, que descrevem como sendo temáticas, às quais se juntam ruas infestadas de vendilhões e outras iniciativas preparadas exclusivamente para incitar visitantes com uma visão primária, imediatista, e o lucro fácil de alguns. Mas afastando aqueles que detestan tanta populaça.

Quem tenha responsabilidades sobre locais históricos debe saber como os gerir para os visitantes que interessa cativar, pelo menos por conveniência nacional Na impossibilidade de poder acompanhar todos os que nos procuram, com guias capazes de responder ás mais variadas perguntas dos forasteiros, é pertinente esmiuçar todos os pontos e locais com potencial interesse histórico, não só de índole livresca mas também com ligações ao passado social da zona. É importante, fundamental até, colocar, em local bem visível, notícia explicativa do local e da sua história.

Neste capítulo pouca coisa há a descobrir. Tanto em Portugal como “lá fora” tem-se trabalhado bastante para oferecer a cultura e história local, sem problemas nem perigos (é de recordar e valorizar que são muitos os idosos que, esquecendo os seus problemas motores e de equilíbrio, não resistem a trepar no intuito de poder alcançar uma vista interessante). Não basta colocar avisos nem cartazes referindo o perigo. Viajaram para ver e pagaram para isso. Merecem que cuidemos da sua segurança, vencendo todos os preceitos inibidores.



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