sábado, 25 de maio de 2019

MEDITAÇÕES - Sobre os efeitos da automatização


A ROBÓTICA

São frequentes os artigos onde se especula acerca do futuro que estamos construindo -um plural majestático que não implica a todos, mas apenas aos directamente implicados, apesar de que os apáticos, ou os que não sabem como agir para se opor, também merecem ser inculpados , nem que seja por aquilo de que quem cala consente- ameaça degradar a importância que as pessoas sempre tiveram na condução do trabalho e de qualquer actividade em que as suas decisões tem sido importantes.

Alertam-nos sobre como os automatismos, em implantação acelerada, reduzem o número de pessoas activas em muitas actividades. Mas sem negar esta evidência, pode-se imaginar que as máquinas se ocuparão de todos os capítulos, ou chegar-se a um equilíbrio favorável? Seja qual for a progressão do automatismo, temos que admitir que pessoas continuarão a existir, a nascer, viver e morrer e que na vida corrente ainda não chegamos ao total automatismo robótico.

Aqueles autómatos domésticos, deslocando-se sobre rodas pela casa, e que em muitas ilustrações futuristas, tem um aspecto caricatural de pessoas, inclusive com roupa, e “inté” falam numa voz pouco humana, não se vulgarizou. Por enquanto.

Mas por este caminho já se avançou bastante. Pessoas com idade inferior a quarenta, nem conseguem imaginar o esforço e sacrifício que implicava a lavagem de roupa feita manualmente ! Hoje existem no mercado e numa multiplicidade, máquinas automáticas que se encarregam desta tarefa cansativa. Mesmo assim é necessário separar as peças a lavar consoante os cuidados a que devem ser tratados; carregar a máquina pessoalmente e a programar em conformidade com o tipo de roupa a lavar; mais o detergente recomendado; descarregar e depois, secar e brunir, ou passar que é a mesma coisa.

Por muito sofisticada que seja uma programação existirá sempre um momento em que a opção a seguir estará pendente do raciocíneo do operador. Tentando dar um exemplo citarei, sem concretizar, as notícias que apontam para viaturas automóveis, evolução dos carros de passageiros, de transporte colectivo, e até de mercadorias, que após lhes aplicarem automatismos, cuidadosamente programados, podem circular pelas estradas em absoluta segurança. Será assim? Por enquanto receio que poucos aceitariam ser passageiros de um veículo totalmente robotizado. Que pudesse optar por mudar de faixa, ou por sair num desvio sem que tal estivesse programado com antecedência. E como se safaria de imprevistos?

Que o automatismo vai ferir a actividade humana é aceite como algo inevitável. Mas daí a nos colocar, a todos, numa prateleira por sermos dispensáveis... Ou seja, ferir, ferirá, mas matar... nunca. Toda a evolução será feita pensando na rentabilidade dos processos, e o custo de um operador, ou uma série deles, será o primeiro factor a ponderar. Na contabilidade de custos a verba correspondente a mão de obra há muito que se considera ser preciso reduzir ou mesmo eliminar. 

Em princípio ficarão reservadas para os humanos as tarefas situadas nos dois extremos. Por um lado a concepção e programação dos automatismos, e no lado oposto tudo aquilo que for mais penoso e desgastante para o nosso corpo, mas difíceis de automatizar (como, por exemplo, o desmontar para sucata um petroleiro em fim-de-vida) com a agravante de que são, e serão, as pior remuneradas.

Sem nos delimitar nos extremos, a realidade nos mostra que na maioria dos casos é o trabalho humano, não tecnológico, aquele que pode ser feito por pessoas não especializadas ou facilmente substituíveis na bolsa de desempregados será cada dia pior retribuído. De modo semelhante quando se gera um excesso de diplomados, se especialistas com pouca procura, muitos terminam aceitando postos de trabalho, em princípio abaixo das suas expectativas.

Sem comentários:

Enviar um comentário