terça-feira, 7 de maio de 2019

CRÓNICAS DO VALE - Cap. 79



Temos que planificar o encontro

José. Falei agora mesmo com a Doutora Diana Cardoso, e parece que após exaustivos diálogos com o marido chegaram à conclusão de que este fim de semana, ou seja no próximo sábado, era o dia mais propício (segundo rezam os astros, digo eu) para nos reunirmos. Almoçar e “aospois” dar uma volta pela excessivamente falada estufa, mais cacarejada do que o ovo da galinha cocó, aquelas minúsculas. Põem uns ovinhos que mais parecem de pomba

.E a propósito, a Idalina me elucidou acerca das notáveis características destas mini-galinhas. Diz ela que são umas excelente chocadeiras e ainda melhores amas para ovos das galinhas normais. Que quando ficam com o choco, quem as tem sempre as deita com ovos de outros, nem que sejam de pata, mas que sejam garantidamente galados, ou seja, fecundados.

Muito se aprende com as pessoas do campo. É uma cultura que seria uma perda enorme caso se esquecer.

Mas vamos ao nosso assunto. A Diana referiu que tinham apreciado a refeição que lhes proporcionamos na Caleche, aquele restaurante da Vila onde tantas vezes almoçamos e jantamos antes de eu me mudar com cama e pucarinhos para o teu casarão. Onde não sei se reparaste, sempre me sinto como uma usurpadora dos bens da tua mulher Constança, prematuramente falecida, mas de cujo fim eu não tive culpa, nem conhecimento.

Penso que hoje, depois de almoçarmos, vou dar uma visita à, para dar uma olhadela de patroa aos meus estabelecimentos de beleza, e também passarei pela Caleche para combinar com a Dona Gertrudes um almoço simpático, típico mas não muito pesado. Deixarei a selecção dos manjares à decisão dela e, certamente, que dependerá do que encontrar de frescos no mercado. Pela cara que fez quando lhe disse que teríamos aqueles convidados, de quem se lembra, vi que tinha tenção de fazer o seu melhor.

Ainda queria falar contigo de mais uma coisa. Como entre a sobremesa, café-falado e nos deslocarmos até o Vale do Pito, mais a visita técnico-turística à minha estufa -ou nossa, caso tu colaborares com a despesa, que já vai muito alta- pensei que poderíamos tentar completar o fim-de-semana em comum se aceitassem passar o serão em casa, e dormir também, pois o que não faltam cá é quartos preparados para casal. O que dizes?

- Eu pouco tenho a dizer, mais do que dizer, muito de ouvir. Mas, muito a sério, digo que fizeste um bom trabalho, que estou a 300 % contigo, se isso  matematicamente fosse possível. Mas antes de te meteres em acção para a segunda parte creio que tens que apresentar as tuas ideia à amiga Diana, e ela não sei se terá alvará para te responder de imediato ou terá que consultar ao seu marido quando chegar a casa

Meu “crido”, como sei que detestas ouvir! Desta vez não consegui deixar de te picar. Tens toda a razão. Logo que consiga falar com a doutora Diana, tratarei de procurar a companhia caseira para o serão campestre. E, postos a ser uma carraça, sondarei para ver se, indo em carros separados, nos acompanhavam num passeio dos tristes domingueiros Onde não imagino, mas sei que eles não tem vontade de entrar é em Coimbra. Deixaram a área académica local aos das capas e batinas, e similares. A não ser que eles gostem das actuações “músico-ginásticas” que, com pandeireta e saltos acrobáticos foleiros, imitando as tunas dos vizinhos espanhóis, se tornaram prato forte nas apresentações académicas.

Ao jantar:

Já ficou tudo combinado! A amiga Diana quase que estava eufórica, faltava uma unha para o entusiasmo. Vamos encontrar-nos na Caleche por volta do meio-dia e meia. Quem chegar primeiro apresenta-se à dona e toma lugar na mesa. E depois, o resto do fim-de-semana vai seguir o plano, indefinido, de serão e voltinha dominical.

Ao longo do serão e com um mapa aberto, os dois maridos podem estudar a rota a seguir. MAS, antes de decidir, será de bom tom pedir a opinião das esposas. Nem que seja um “pró-forma”, pois em princípio e com base no que as duas falamos, parece que a única pedra no sapato está na Lusa Atenas.

As pessoas, quando num local lhes aconteceu alguma vivência menos agradável criam uma adversão, inconsciente mas por vezes profunda, que os induz a evitar a terra ou cidade em questão. Nem tudo o que sentimos e fazemos obedece a um raciocínio frio e ponderado.

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