domingo, 26 de maio de 2019

MEDITAÇÕES - Miragens


WEB SUMMIT

Esta iniciativa, que mais se parece à lenda da panela cheia de oiro que “existe” no ponto em que o arco-íris, ou arco-da-velha, toca o chão, não sendo nada nova entronca em mitos antigos, alguns que se mantiveram até o descobrimento da América onde se reactivaram como foi o caso das cidades de oiro e o da fonte de eterna juventude.

Pois este negócio (para os organizadores) do web summit agarrou, como uma lapa ou uma carraça, à febre das novas tecnologias, às iniciativas locais de preparar ”ninhos de empresas” sempre vocacionadas em aplicações baseadas na informática. Tudo limpo e asseado, sem suar nem cansar, e com possibilidades de retornos fabulosos. EMBORA SER EMPRESÁRIOS E ENRIQUECER!

Recordo uma história, da primeira metade do século passado, em que se valorizava o efeito social que se previa quando se realizasse um Ano Eucaristico em Barcelona. Constava que iam comparecer tantos sacerdotes, todos eles desejosos de celebrar a Eucaristia, que não teriam altares suficientes e ainda menos ajudantes para colaborar junto do oficiante.

Esta memória surgiu depois de ler uma coluna onde se referia que a maioria das iniciativas para criar novas empresas, faliram pouco tempo depois de abrir. Insinuava que foi devido a que os fundos disponíveis para aqueles pretensos novos empresários, não foram suficientes para os manter com a cabeça fora da água, e , inevitavelmente, afogaram-se. PAZ À SUA ALMA, cândida aliás. Ou que o mercado com que contavam não estava preparado, ou já saturado. Seja como for o que se deduz é que, mais uma vez, se verificou que as citações bíblicas não eram de modo algum gratuitas, que foram muitos os chamados e poucos os escolhidos.

A situação de se criar um excesso de oferta nem sequer é original ou isolada. Existem muitas histórias, inventadas ou não, que relatam as agruras sofridas por quem acode a uma chamada impessoal e ao chegar encontra uma fila de interessados que dá a volta ao quarteirão.

Termino com uma história. Já com longas e brancas barbas, que tem o seu início num anúncio de jornal, no qual se oferece um emprego bem remunerado para homens com muita força. A personagem alvo na história é um homem com pouco físico mas com muita força de vontade, e mais até de necessidade para arranjar emprego. Ao chegar, já depois da hora, mandam-no sentar-se e aguardar. Ao pé dele estava um verdadeiro hércules, com uma largura de costas comparada a um armário roupeiro de três portas. Entrou primeiro este robusto concorrente e saiu quase de imediato.

Fez sinal ao nosso herói e mal este entrou, o gerente ou quem fosse encarregado de seleccionar, mostrou-lhe uma barra de ferro, dobrada como um laço e apontando-a lhe perguntou se ele seria capaz de a endireitar.

    - Pois claro, isto é canja! Vou tirar o casaco para dar espaço aos meus músculos. Agarra na barra em forme de U fechado e apoiando-a contra a sua perna direita dispõe-se para a endireitar.
  • - Crac! Já está!
    - Como que já está? Está na mesma, feita num oito!
  • - Desculpe, eu queria dizer que já está a perna partida.

MORAL DA HISTÓRIA
Nem sempre sabemos avaliar as nossas reais capacidades ou desconhecemos o que esperam dos concorrentes numa proposta pouco definida. Se a necessidade ou a vontade de singrar se sobrepõem à realidade factual, o que se deve fazer é avançar para outra, mas documentando-se previamente.



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