domingo, 12 de maio de 2019

CONTINUAMOS COM DOIS PAPAS


 DOIS PAPAS em simultaneous

Existirem dois Papas ao mesmo tempo não é inédito. Quando se deu o denominado Cisma de Ocidente, criou-se em Avinhão (França) e sob os auspícios do Rey de França, uma sede Papal onde São Pedro estava representado por Papas (ou antipapas segundo os de obediência a Roma), concretamente foram Clemente VII (1378-1394) e Bento XIII (1394-1417), enquanto em Roma estiveram na cadeira de Saõ Pedro: Urbano VI, Bonifacio IX, Inocencio VII e Gregório XII

A situação actual do clero romano, ou pelo menos dos cardeais e outros príncipes da Igreja, que deambulam pelo Vaticano, a julgar pelo pouco que transpira ao exterior, nos pode parecer que estão num clima de guerra interna, guerrilha, ou conspiração, devido à presença física de um Papa Emérito, Benedito XVI , reformado mas activo e pedra base para uma fracção conservadora, em oposição ao Papa Eleito Francisco, um jesuita argentino que se mostrou com vontade de modernizar por dentro a Igreja Católica, pelo menos em alguns capítulos.

As últimas semanas nos chegaram referências de desavenças entre os membros ultra-conservadores e os adictos a um agiornamento. Não é inédita esta intenção de ir reduzindo os costumes e o fausto que tanto agrada aos fieis mais conservadores. É um caminho lento, que já tornou normal a celebração da eucaristia cara aos fieis, assim como dirigir-se aos presentes no idioma vernáculo correspondente, reservando o latin canónico para algumas ceremónias muito específicas. As crianças já nãosãoincitadas a beijar as mãos do Senhor Cura, e os processos de pedofilia também influenciam para a necessidade de conseguir um respeito e estima não por regulamentos contra-natura.

Também já se deixou de transportar o Papa num trono carregado em ombros, tal como se herdou de egípcios e romanos, entre outros. É de prever que a simplificação das vestes sacerdotais, em todos os seus graus, venham a ser paulatinamente libertas de fausto. A educação dos fieis irá pressionando no sentido de que os membros da igreja se aproximem cada vez mais do que é usual entre os fieis. E que possam ver nestes membros de presença directa uns adicto em seguir a singeleza de Jesus. Já é raro encontrar na via pública um padre, cónego, bispo ou um outro membro da hierarquia, vestido como era habitual nos anos 50 de XX, sem estar paramentado para dar espectáculo. A pressão do ambiente e da cultura geral da população aceita e aplaude as iniciativas do Papa Francisco.

Discute-se sobre a obrigação do celibato, tantas e tantas vezes não cumprida. Sendo uma imposição muito posterior às indicações que se aceitam como terem sido dadas por Jesus à cidadania, hoje, a população cada vez sente-se menos agradada e respeitadora de falsidades; entende que qualquer lei ou norma, especialmente se póstumas, pode ser revertida sem prejuízo da fé.

Aliás, estas observações não são nada novas, pois já na época medieval as ordens mendicantes predicavam a fé em Cristo junto dos mais pobres, doentes e desfavorecidos. Sempre existiram, dentro da estrutura da Igreja, membros que reegavam do fausto, por ignomioso e teatral, além de sempre ter estado mais unido ao poder do que ao povo.

Sabemos que o fausto, as riquezas terrenas que se mostram, e as que estão rigorosamente guardadas, impõem admiração e respeito, o qual facilita a cativação de um certo nível de fieis, que aliás, tal como no futebol, é a base do seu poder de influência. Mas o que enerva os conservadores do Vaticano é o facto de sentir que O Papa Francisco, já idoso e bastante alquebrado, esteja vocacionado para colaborar de uma forma eficaz, em actualizar o culto para os esquemas sociais deste século, que sabe estar em mutação constante e acelerada. A presença do Emérito, a poucos metros da residência papal é um incentivo para os retrógrados e um estorbo para os evolucionistas (que devem ter saudades dos tempos, nem por isso muito longinquos, em que as mortes súbitas eram normais e previsíveis, se não provocadas)

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