DOIS PAPAS em simultaneous
Existirem
dois Papas ao mesmo tempo não é inédito. Quando se deu o
denominado Cisma de Ocidente, criou-se em Avinhão (França) e sob os
auspícios do Rey de França, uma sede Papal onde São Pedro estava representado
por Papas (ou antipapas segundo os de obediência a Roma),
concretamente foram Clemente VII (1378-1394) e Bento XIII
(1394-1417), enquanto em Roma estiveram na cadeira de Saõ Pedro:
Urbano VI, Bonifacio IX, Inocencio VII e Gregório XII
A
situação actual do clero romano, ou pelo menos dos cardeais e
outros príncipes da Igreja, que deambulam pelo Vaticano, a julgar
pelo pouco que transpira ao exterior, nos pode parecer que estão num
clima de guerra interna, guerrilha, ou conspiração, devido à
presença física de um Papa Emérito, Benedito XVI , reformado mas
activo e pedra base para uma fracção conservadora, em oposição ao
Papa Eleito Francisco, um jesuita argentino que se mostrou com
vontade de modernizar por dentro a Igreja Católica, pelo menos em
alguns capítulos.
As
últimas semanas nos chegaram referências de desavenças entre os
membros ultra-conservadores e os adictos a um agiornamento. Não é
inédita esta intenção de ir reduzindo os costumes e o fausto que
tanto agrada aos fieis mais conservadores. É um caminho lento, que
já tornou normal a celebração da eucaristia cara aos fieis, assim
como dirigir-se aos presentes no idioma vernáculo correspondente,
reservando o latin canónico para algumas ceremónias muito
específicas. As crianças já nãosãoincitadas a beijar as mãos do
Senhor Cura, e os processos de pedofilia também influenciam para a
necessidade de conseguir um respeito e estima não por regulamentos
contra-natura.
Também
já se deixou de transportar o Papa num trono carregado em ombros,
tal como se herdou de egípcios e romanos, entre outros. É de prever
que a simplificação das vestes sacerdotais, em todos os seus graus,
venham a ser paulatinamente libertas de fausto. A educação dos
fieis irá pressionando no sentido de que os membros da igreja se
aproximem cada vez mais do que é usual entre os fieis. E que possam
ver nestes membros de presença directa uns adicto em seguir a
singeleza de Jesus. Já é raro encontrar na via pública um padre,
cónego, bispo ou um outro membro da hierarquia, vestido como era
habitual nos anos 50 de XX, sem estar paramentado para dar
espectáculo. A pressão do ambiente e da cultura geral da população
aceita e aplaude as iniciativas do Papa Francisco.
Discute-se
sobre a obrigação do celibato, tantas e tantas vezes não cumprida.
Sendo uma imposição muito posterior às indicações que se aceitam
como terem sido dadas por Jesus à cidadania, hoje, a população
cada vez sente-se menos agradada e respeitadora de falsidades;
entende que qualquer lei ou norma, especialmente se póstumas, pode
ser revertida sem prejuízo da fé.
Aliás,
estas observações não são nada novas, pois já na época medieval
as ordens mendicantes predicavam a fé em Cristo junto dos mais
pobres, doentes e desfavorecidos. Sempre existiram, dentro da
estrutura da Igreja, membros que reegavam do fausto, por ignomioso e
teatral, além de sempre ter estado mais unido ao poder do que ao
povo.
Sabemos
que o fausto, as riquezas terrenas que se mostram, e as que estão
rigorosamente guardadas, impõem admiração e respeito, o qual
facilita a cativação de um certo nível de fieis, que aliás, tal
como no futebol, é a base do seu poder de influência. Mas o que
enerva os conservadores do Vaticano é o facto de sentir que O Papa
Francisco, já idoso e bastante alquebrado, esteja vocacionado para
colaborar de uma forma eficaz, em actualizar o culto para os esquemas
sociais deste século, que sabe estar em mutação constante e
acelerada. A presença do Emérito, a poucos metros da residência
papal é um incentivo para os retrógrados e um estorbo para os
evolucionistas (que devem ter
saudades dos tempos, nem por isso muito longinquos, em que as mortes
súbitas eram normais e previsíveis, se não provocadas)
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