terça-feira, 21 de maio de 2019

MEDITAÇÕES - Sobre gémeos


GEMEOS UNIVITELINOS

A questão dos irmãos gémeos para mim foi sempre um tema fascinante, e só quando em adulto estudei o tema com mais atenção é que encontrei as justificações para as diferenças visíveis entre irmãos gémeos. Por uma decisão pessoal limito-me aqui a referir os Gémeos idênticos, com o mesmo sexo, denominados monozigóticos 0u univitelinos. Em oposição aos dizigóticos, que embora engendrados na mesma altura o foram pela fecundação de dois óvulos, diferentes, e duas moléculas do esperma, também diferentes.

Os monozigóticos partilham o mesmo ADN, e o resto das características pessoais, excepto as impressões digitais, que só se definem depois do nascimento, por influências do meio exterior, alimentação e outros factores não definidos. Contrariamente ao que se aceita socialmente, ambos tem a mesma idade, mesmo que tenham nascido um antes e outro depois das 24/0 horas. O que veio à luz decide a idade de ambos. O outro não tem culpa de vir a seguir.

Os dizigóticos podem ser parecidos como dois irmãos de idades diferentes, mas com os mesmos pais, mas tal situação não os obriga a serem do mesmo sexo nem idênticos no seu aspecto. Assim como podem ter sexos diferentes. Afinal cada um foi engendrado por 2+2 grupos de células diferentes.

O que me incitou a escrever esta meditação foi a constância de que muitos gémeos monozigóticos são manipulados pelos seus pais, ou quiçá pelas suas mães, vestindo-os com roupas idênticas, ou mesmo com pequenas variantes quando já atingem a infância, mais concretamente quando já falam e andam. Este consentimento no mostrar a igualdade sempre me causou estranheza, no sentido de como duas pessoas, com nomes diferentes aceitassem, sem se revoltarem, o serem apresentados como repetidos.

É possível que existam casos de univitelinos, já adultos, que se esforcem para rebater a simetria que carregam com o seu parceiro de matriz. E se estes são habilidosos podem passar como simples irmãos, parecidos mas não exactamente iguais.

Recordo algumas situações, pois foram várias e com os mesmos seres, em que na empresa onde trabalhava tinham dois fornecedores de paletes de madeira que eram gémeos idênticos. Por vezes tinha necessidade de falar com eles, ou mais concretamente com o que me aparecia, para lhe recomendar alguma variante no seu fornecimento. Obviamente não sabia a qual deles estava a falar. No dia seguinte, ao encontrar um dos manos e querer saber se tiveram alguma dificuldade no que lhe indicara. Ao não conseguir identificar qual era , lhe perguntava, com um sorriso de não estar a gozar, se ele era ele ou era o outro...

Ontem, precisamente, coincidi, numa sala de espera, com dois homens com idade entre 40 e 50 anos, que sendo nitidamente gémeos idênticos, vestiam roupas muito semelhantes, com o mesmo tipo e padrão mas com diferentes cores, mas próximas entre si. O calçado era também muito parecido, senão o mesmo modelo, e inclusive ambos usavam igual corte de cabelo, além da cor grisalha em mescla, assim como ambos mostravam manter uma barba cuidada, em tudo propícia a induzir o observador a não os identificar como um e outro. Mas quem era um e qual era o outro? Nunca saberia como os identificar; é o que nos acontece na maioria dos casos.

Esta visão, com desconhecidos e esporádica, fez-me pensar em como se tem utilizado a possível confusão, entre dois gémeos idênticos, em filmes, peças de teatro e romances, em geral para dar maior intensidade em argumentos de crimes, desaparecimentos, trocas de casais sem o conhecimento de um dos parceiros, sempre para dar crédito a confusões com propósitos pouco honestos.

Na vida real, quotidiana, dos gémeos idênticos, mesmo aceitando que se podia prestar a situações cómicas, até hilariantes, permanece em mim a dúvida se esta duplicidade não chega a ser inconveniente para aqueles que a desfrutam, ou sofrem.





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