Para
quem tenha, como eu, uma mente bloqueada e uns ouvidos falheiros,
além da visão conspurcada por um derrame sanguíneo interno,
torna-se difícil de entender o facto de que, ao mesmo tempo que soam
alarmes à direita, à esquerda, por cima e por baixo (até no fundo
da fossa das Marianas!) sobre a poluição que nos está a afundar,
-com a ajuda de todos nós, mesmo aqueles que, por não encontrar
alternativas, colaboramos passivamente- surjam, como cogumelos em
primavera chuvosa, comentários apontando como ser uma insensatez, um
erro, o apoiar qualquer partido menor que use, a seu proveito, o ser
respeitador da natureza.
O
facto, comprovado e evidente, de que OS VERDES seja uma filial do PCP
e que o PAN, por sua vez, seja denunciado como ser um filho
canhestro, ou pseudo contestatário, do espectro centrista ou
direitista deste Portugal que nos acolhe, não obsta a que se devam
apreciar as suas tentativas, ou simples intenções, de chamar a
atenção da cidadania em geral para o desastre ecológico que entrou
em progressão acelerada nas últimas décadas.
Não
se pode negar que o homem, que se ungiu a si mesmo como rei da
natureza, tal como fez Napoleão com a coroa de Imperador, fez uma
fraca figura ao criar esta dinastia global. Pelo menos, o anterior
rei, o tal Rei Leão, não faz outra coisa do que tratar da sua
sobrevivência, utilizando os meios próprios que a evolução lhe
deu. Pelo contrário, o reinado do Homem tem-se pautado, desde muito
cedo, por um desrespeito quase que constante e geral pela natureza
que o sustenta. De facto, podemos concluir que a humanidade em geral
é constituída por um lato conjunto de imbecis.
Também
não deixa de ser curioso que, nesta fase de acelerada alteração do
conhecimento, nomeadamente pela influência da informática,
aceitemos que as novíssimas gerações tem acesso a temas que
anteriormente lhes estavam vedados, ou restringidos. Mesmo que, com
uma certa dose de pragmatismo, se admitir que o avançar,
desalmadamente, num certo sentido, seja ele qual for, vai deixar
ficar para trás, e até pode ser que irremediavelmente, outros
campos de conhecimento que se consideravam de suma importância.
O
parágrafo imediatamente anterior pretende servir de introdução à
ideia de que não é de desprezar o facto de que tenham surgido jovens, mesmo adolescentes, que alertados pelo que lhes chega do exterior, decidissem ser activistas e promotores do respeito para a
natureza. Entre os adultos uns podem apoiar as tentativas da juventude em travar ou recuperar o eco-sistema que está em perda.
Outros, até pais e avós de família, desprezam o atrevimento
destas, segundo eles, ainda crianças, incapazes de poder avaliar e
agir com eficácia. E se por um lado verificam como estão
habilitados em campos que, para os progenitores, lhes causam
complexos de não dominarem, por outro lado lhes negam o terem
avançado precisamente nestes domínios tão recentes. E que a
geração da tablet os utilize com uma rapidez e eficiência que até
os deixa envergonhados.
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