Sobre a Base Aérea de
Beja
A minha opinião sobre a base aérea, abandonada, de Beja, advirto de entrada que não é a mais correcta, e muito menos simpática, agradável para quem se sinta patriota de olhos fechados. Mesmo assim entendo eu que de boas maneiras e tretas já devíamos estar todos mais do que fartos
A
história da Base, se me permitem a fantasia, começa muito tempo
antes de existirem aviões com motor de jacto. Sendo eu um crítico
desbragado, ou se preferirem dissoluto, atrevo-me a idealizar que as
origens estão, pelo menos, em D. João V e nas suas ideias de
grandeza com que mandou construir o convento de Mafra (e
que deixou uma herança perdurável no "intelecto"
nacional, como é o exemplo mais recente do Centro Comercial de
Belém, que ficou, felizmente, num terço do projecto). D.
João, que tinha as suas manias e paixões, abriu a porta ao frade
Bartolomeu de Gusmão, o qual estava disposto a apresentar,
nos salões do palácio, como voando livremente, um seu invento, que
chamava de passarola. Era um
notável precursor dos drones recentemente disseminados e utilizados.
Dadas as possibilidades de então a força motriz de que se
dispunha na época.
Não
sendo possível colocar naquela naveta uns condenados às galés,
pequeninos, minúsculos, pois que ainda não se tinha publicado as
Viagens de Gulliver para que soprassem na vela, optou, com sageza,
por um balão de ar quente, mantido pela queima de uma vela de cera
ou uma lamparina. Apesar do risco de propagar um incêndio que
parasse a magna obra. Por sorte, e boa previsão, mais as muitas
rezas e promessas. não aconteceu nada de grave. Mas, pelo menos,
serviu para colocar mais um importante marco histórico na venerável
memória nacional
E
agora vamos até Beja, terra plana e com sol pesado sobre as cabeças
dos seus habitantes. Os que não se deslocaram para outras paragens
para ganhar a vida e deixar de estar sujeitos à escolha diária na
praça pública.
Os
alemães, nossos "amigos e protectores", depois de jejuar
umas horas, que não dias a fio, após perderem a magna guerra com
que devastaram a Europa, e parte do estrangeiro, venderam as suas
empresas e os seus investigadores de topo ao capital que os venceu.
Como todos os castigos, se podem negociar e esquecer, a restrição
absoluta de voltar a ter umas forças armadas, foi esquecida em face
de que a URSS se mantinha ameaçadora, logo atrás do famoso "muro
de Berlim, e não só" Estava-se no auge da famosa “Guerra
Fria” Os americanos, em nome dos seus avós europeus, que
desprezavam por serem fracos, tomaram as rédeas e deram o seu aval,
vendendo aviões fabricados nos USA, para que a República Federal
Alemã pudesse reconstruir uma força aérea militar, sob a sua
vigilância (?).
Conseguida
esta permissão era necessário preparar, construir, bases aéreas
exclusivamente para fins militares e com as longas pistas
indispensáveis, mais as instalações de apoio sem as quais não
seria funcional. Ah! Mas dadas as normas de governo federal
existentes, era absolutamente necessária a aprovação popular para
poder levar avante o projecto. E os
alemães (leia-se o
povo, a população que labuta, mas não os elementos das grandes
fortunas, que sempre ganharam com os militarismos), que
ainda se ressentiam das agruras passadas com o nazismo, VETARAM O
PROJECTODE TER BASES AÉREAS NO SEU TERRITÓRIO.
E
agora? Temos que procurar uns "saloios" carentes de
tesouraria, e que nós vamos acabar de subjugar com a fantasia do
Mercado Comum Europeu, para que nos cedam, com as condições que NÒS
alemães, impusermos ou fingimos que aceitamos com simpatia, uma boa
extensão de terreno, sem grandes montanhas que estorvem o treino dos
pilotos. E com a garantia de que as autoridades farão ouvidos moucos
quando "o povo", que ainda restar por ali, refilar do
barulho, de dia e de noite.
Além
disso, as autoridades alemãs, que terão absoluto comando e regras
próprias na base a construir e liberdade de regulamentar os
contactos com os fornecedores e mão de obra contratada, se
comprometem a dar emprego a um "bom número" dos
desempregados que por ali existem. Isso com boas palavras, e
movimentos bancários discretos, ou envelopes entregues em mão,
sempre se pode garantir. Embora construir a base!
Passaram
alguns anos, alguns, não muitíssimos, e o mundo continuou a rodar.
Até choveu algumas vezes, poucas em Beja e arredores. Mas o
importante é que a política da Alemanha Federal arranjou maneira de
ter os seus aviões em “solo pátrio” e dispensar a Base de Beja.
Generosamente deixaram tudo, sem facturar, ao poder nacional e local,
com a anuência dos mandantes (?) da casa, e com sementes humanas dos
teutões entre a população local. Muitos destes descendentes devem
ter sido legalizados e até alguns acompanharam os seus progenitores,
casados segundo as leis, até uma nova pátria.
O
aeródromo ficou como mais um Elefante Branco, pois o não existir
uma via férrea de alta velocidade que ligasse Beja a Lisboa, que
sempre foi e será o principal destino de quem nos visita, não se
conseguiu aproveitar aquelas instalações para ser uma alternativa
viável. Pelo menos de uma forma rentável
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