segunda-feira, 4 de maio de 2020

MEDITAÇÕES - Base de Beja. Uma versão pessoal




Sobre a Base Aérea de Beja


A minha opinião sobre a base aérea, abandonada, de Beja, advirto de entrada que não é a mais correcta, e muito menos simpática, agradável para quem se sinta patriota de olhos fechados. Mesmo assim entendo eu que de boas maneiras e tretas já devíamos estar todos mais do que fartos

A história da Base, se me permitem a fantasia, começa muito tempo antes de existirem aviões com motor de jacto. Sendo eu um crítico desbragado, ou se preferirem dissoluto, atrevo-me a idealizar que as origens estão, pelo menos, em D. João V e nas suas ideias de grandeza com que mandou construir o convento de Mafra (e que deixou uma herança perdurável no "intelecto" nacional, como é o exemplo mais recente do Centro Comercial de Belém, que ficou, felizmente, num terço do projecto). D. João, que tinha as suas manias e paixões, abriu a porta ao frade Bartolomeu de Gusmão, o qual estava disposto a apresentar, nos salões do palácio, como voando livremente, um seu invento, que chamava de passarola. Era um notável precursor dos drones recentemente disseminados e utilizados. Dadas as possibilidades de então a força motriz de que se dispunha na época.

Não sendo possível colocar naquela naveta uns condenados às galés, pequeninos, minúsculos, pois que ainda não se tinha publicado as Viagens de Gulliver para que soprassem na vela, optou, com sageza, por um balão de ar quente, mantido pela queima de uma vela de cera ou uma lamparina. Apesar do risco de propagar um incêndio que parasse a magna obra. Por sorte, e boa previsão, mais as muitas rezas e promessas. não aconteceu nada de grave. Mas, pelo menos, serviu para colocar mais um importante marco histórico na venerável memória nacional

E agora vamos até Beja, terra plana e com sol pesado sobre as cabeças dos seus habitantes. Os que não se deslocaram para outras paragens para ganhar a vida e deixar de estar sujeitos à escolha diária na praça pública.

Os alemães, nossos "amigos e protectores", depois de jejuar umas horas, que não dias a fio, após perderem a magna guerra com que devastaram a Europa, e parte do estrangeiro, venderam as suas empresas e os seus investigadores de topo ao capital que os venceu. Como todos os castigos, se podem negociar e esquecer, a restrição absoluta de voltar a ter umas forças armadas, foi esquecida em face de que a URSS se mantinha ameaçadora, logo atrás do famoso "muro de Berlim, e não só" Estava-se no auge da famosa “Guerra Fria” Os americanos, em nome dos seus avós europeus, que desprezavam por serem fracos, tomaram as rédeas e deram o seu aval, vendendo aviões fabricados nos USA, para que a República Federal Alemã pudesse reconstruir uma força aérea militar, sob a sua vigilância (?).

Conseguida esta permissão era necessário preparar, construir, bases aéreas exclusivamente para fins militares e com as longas pistas indispensáveis, mais as instalações de apoio sem as quais não seria funcional. Ah! Mas dadas as normas de governo federal existentes, era absolutamente necessária a aprovação popular para poder levar avante o projecto. E os alemães (leia-se o povo, a população que labuta, mas não os elementos das grandes fortunas, que sempre ganharam com os militarismos), que ainda se ressentiam das agruras passadas com o nazismo, VETARAM O PROJECTODE TER BASES AÉREAS NO SEU TERRITÓRIO.

E agora? Temos que procurar uns "saloios" carentes de tesouraria, e que nós vamos acabar de subjugar com a fantasia do Mercado Comum Europeu, para que nos cedam, com as condições que NÒS alemães, impusermos ou fingimos que aceitamos com simpatia, uma boa extensão de terreno, sem grandes montanhas que estorvem o treino dos pilotos. E com a garantia de que as autoridades farão ouvidos moucos quando "o povo", que ainda restar por ali, refilar do barulho, de dia e de noite.

Além disso, as autoridades alemãs, que terão absoluto comando e regras próprias na base a construir e liberdade de regulamentar os contactos com os fornecedores e mão de obra contratada, se comprometem a dar emprego a um "bom número" dos desempregados que por ali existem. Isso com boas palavras, e movimentos bancários discretos, ou envelopes entregues em mão, sempre se pode garantir. Embora construir a base!

Passaram alguns anos, alguns, não muitíssimos, e o mundo continuou a rodar. Até choveu algumas vezes, poucas em Beja e arredores. Mas o importante é que a política da Alemanha Federal arranjou maneira de ter os seus aviões em “solo pátrio” e dispensar a Base de Beja. Generosamente deixaram tudo, sem facturar, ao poder nacional e local, com a anuência dos mandantes (?) da casa, e com sementes humanas dos teutões entre a população local. Muitos destes descendentes devem ter sido legalizados e até alguns acompanharam os seus progenitores, casados segundo as leis, até uma nova pátria.

O aeródromo ficou como mais um Elefante Branco, pois o não existir uma via férrea de alta velocidade que ligasse Beja a Lisboa, que sempre foi e será o principal destino de quem nos visita, não se conseguiu aproveitar aquelas instalações para ser uma alternativa viável. Pelo menos de uma forma rentável


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