Aceitamos
o lixo dos outros a troco de uns cobres.
Ontem vi, num noticiário que não
fixei, as lamentações de
um cidadão pelo facto de que, também no seu concelho, estavam
recebendo camionetes de caixa enorme carregadas com lixo urbano -se
calhar não só de origem caseira- que nos enviavam, via
marítima desde o Sul da Itália, zona onde se afirma que a recolha e
“despacho” do lixo é um grande negócio dominado pela MÁFIA LOCAL.
Não posso afirmar que o que aceitam
neste concelho lusitano difira muito do que se soube acontecia
noutro. E desconheço quantos mais não terão aceite este trato infame. Sempre é referido que para aceitar o seu lixo nos pagam dez
euros por tonelada (?) Pode ser um bom negócio. Mas quem autorizou,
seja através do Ministério do Ambiente ou directamente pelas
autarquias a esta vergonhosa e potencialmente perigosa recepção?
E
quem fica com os tais euros de compensação? Haverá muitas mãos,
com unhas grandes como aves de rapina, interessadas na partilha deste
vergonhoso suborno? Sim, porque este assunto ultrapassa o nível dos
habituais abusos de gestão.
Não podemos fazer fé no que a voz
do povo afirma desde o Minho até Vila Real de Santo António. Se
existem suspeitas, e possivelmente até provas, de que o
comportamento de muitos autarcas deixa muito que desejar, pelo menos
sob a rasoira da ética, e referem casos de preferências
inexplicáveis, de manipulação dos Planos de Urbanização, de
compadrio e de adjudicações “a dedo” sem cumprir as regras
“obrigatórias”.
Se deixamos tapar isto sem pressionar para que
se cumpram as normas legais e democráticas, nem por sombras podemos
deixar de MANIFESTAR A NOSSA REPULSA, COMO CIDADÃOS CUMPRIDORES, de
que o território nacional possa ser utilizado, a troca das tais dez
moedas, -que nos fazem
lembrar o que se refere a propósito de Judas-
Curiosamente no Jornal
PÚBLICO, de hoje, sábado 16, e na pág 18, em destaque, na 4ª
coluna, o articulista GONÇALO SANTOS cita que num órgão oficial da
China (ali tudo o que se
publica é oficial!) reclamam do “LIXO ESTRANGEIRO” e
dos riscos de poluição que comporta a reciclagem de lixo oriundo de
países “estrangeiros” ricos.
Esta denúncia pode ser
um possível ataque de diversão consequência de que se afirma
-mesmo que não com convicção
absoluta- que a pandemia actual teve a sua origem, e
dispersão, em laboratórios secretos da China. Mas, mesmo com dúvidas de manipulação, a referência não
deixa de ser sintomática.
Num escrito anterior, -cujo cabeçalho não tentei encontrar- referi os problemas que, para
o ambiente em geral e com consequências ainda não devidamente
ponderadas, tem origem no CONSUMISMO, incitado poderosamente pelas
máquinas publicitárias.
Ninguém pode negar a
invasão de embalagens não degradáveis, tanto nos terrenos como nas
águas doces de que dependemos, e dos mares que são -ou eram-
o nosso reservatório de vida e saúde. Mas a grande economia, que
comanda os governos nacionais, faz ouvidos moucos. Não se atrevem a
legislar no sentido de imediatamente se proibir a distribuição e
venda de artigos, tanto de alimentação como de uso indiferenciado,
em embalagens de plástico não degradável a curto prazo.
EM VERDADE
O QUE SE DIZ SER BIO-DEGRADÁVEL LIMITA-SE A DESFAZER-SE EM PEQUENOS
PEDAÇÕS, sem que os compostos de síntese desapareçam. DAÍ ADVÊM
OS MICROPLÁSTICOS QUE ANIMAIS E PESSOAS INGERIMOS SEM NOS DAR CONTA, mesmo ao respirar e beber água, que nos dizem ser potável.
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