sexta-feira, 22 de maio de 2020

MEDITAÇÕES – AUTISTAS


Uma constatação triste. E um mau presságio.

Para quem tenha uma propensão a confundir o significado de termos semelhantes, neste caso entre automobilistas e autistas, posso, com alguma ironia, dizer que primeiro nos dedicamos, com intensidade vocacional, a ser automobilistas, e daí poluidores do ar. Sem descurar o poder de persuasão que tem a máquina publicitária comandada pelo exclusivo interesse de nos conduzir, cegamente, como um enorme rebanho, ao consumismo. Uma vez agarrados a esta degradação da antiga e frágil -como se verificou- força do senso comum para evitar que, sem meditar o suficiente, gastássemos mais do que produzimos, não só ficando eternamente com saldos nulos mas pior até:com saldo devedor.

Uma degradação mental colectiva que só beneficia o grande capital, mas que dá a sensação de ser agradável e nos elevar acima da tristeza companheira da pobreza. Todo este tema é complexo e que carece de muitas páginas para o poder destrinçar, em especial porque traz, inevitavelmente, efeitos colaterais que são de difícil anulação.

Sem o dizer neste momento é óbvio que o maior problema, que está incrementando-se segundo a segundo, sem que surja um movimento com força apelativa para não só o retardar como -e seria mais importante- convencer a cidadania global e, em especial, os grandes capitalistas cujas anteparas lhes impedem de ver que a situação, que eles não só promovem como se beneficiam, é equivalente à história do avarento que pretendia conseguir que o seu burro trabalhasse rijamente enquanto lhe reduzia a ração todos os dias. Como era de prever a quem tivesse a mente lúcida, o burro morreu não só exausto como de fome.

Para nos desorientar e ainda mais nos incitar, com fúria vandálica, a reentrar no destravado consumismo, nos obrigaram a seguir um recolhimento que nos tem impedido de gastar, incluídos os muitos que deixaram de ter um ingresso pelo seu trabalho, parado, seja obrigatoriamente ou por reflexo do mercado em geral. Os governantes, também eles cativos da famosa e bem manipulada economia “real” e com um segundo propósito - mesmo que apresentado como sendo o mais importante- de acalmar o nervosismo dos cidadãos, já decidiram abrir a cancela, mesmo que com umas “medidas” pseudo-restritivas com as quais pretendem “salvar a face”.

E assim, sem mais delongas, voltaremos ao mesmo: CONTINUAR A ENCHER O GLOBO DE LIXO NÃO DEGRADÁVEL. E DESTRUIR O AMBIENTE QUE NOS ACOLHE, QUE É A NOSSA VIDA.

É aqui onde quero insistir, sabendo de que o meu esforço não dará resultados positivos. Dizer que a cidadania tem a obrigação de afirmar, através de um movimento social intenso, que estamos decididos a não nos abastecer usando embalagens não degradáveis. De preferência vender e comprar a peso ou por volume. Escolhendo o vidro como envasamento dado que este material é facilmente reciclável. Embora implique a recolha das embalagens vazias. Nada de anormal, pois temos a experiência de década anteriores à invasão dos termoplásticos, em que o comprador carregava a embalagem vazia para adquirir uma nova, cheia. Existia um depósito em dinheiro que completava o circuito e que se perdia caso não se cumprisse.

É evidente que conseguir esta mudança na distribuição de bens de consumo em geral, e alimentares incluídos, iria causar um enorme transtorno no GRANDE NEGÓCIO DAS GRANDES E MÉDIAS SUPERFÍCIES. Teriam que se adaptar para sobreviver. Já lucraram muito, MUITÍSSIMO, com este negócio, sem se preocuparem com a degradação do planeta.

Os chineses. Que por vezes esquecemos ser um povo com uma civilização multi-milenar, já entenderam a mudança que vai chegar, cedo ou tarde. Já estão abrindo lojas com artigos a granel ! Eu vi e já comprei na que está perto de casa!

Finalmente: PASSEMOS AO COVID – 19

Sem tirar a importância que esta pandemia adquiriu, convêm estar cientes de que outras muitas dizimaram, e com maior intensidade, as populações em épocas anteriores à actual. A mais próxima foi chamada gripe espanhola, da qual faleceram muitos milhares, milhões, de pessoas.

Mas todas as pestes passaram, mataram e até tiveram réplicas, mas a humanidade recuperou sempre, aguardando o seguinte problema. Actualmente temos mais meios de prevenção e de tratamento, e por outro lado a transferência massiva de pessoas de um país a outro, e mesmo entre continentes, facilitou a propagação da epidemia.

Se, obcecados com este perigo actual descuramos aquilo que é certo vir a acontecer, e que para o travar ou eliminar não existirão vacinas, nem meios para remediar os desastres que, inconscientemente, e com muita obsessão, continuamos a produzir, não será o capital que nos salvará, NEM ELES, como seres humanos que são, por muito que o esqueçam, SE SALVARÃO.

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