Uma
constatação triste. E um mau presságio.
Para
quem tenha uma propensão a confundir o significado de termos
semelhantes, neste caso entre automobilistas
e autistas, posso,
com alguma ironia, dizer que primeiro nos dedicamos, com intensidade
vocacional, a ser automobilistas, e daí poluidores do ar. Sem
descurar o poder de persuasão que tem a máquina publicitária
comandada pelo exclusivo interesse de nos conduzir, cegamente, como
um enorme rebanho, ao consumismo.
Uma vez agarrados a esta degradação da antiga e frágil -como
se verificou-
força do senso comum para evitar que, sem meditar o suficiente,
gastássemos mais do que produzimos, não só ficando eternamente com
saldos nulos mas pior até:com saldo devedor.
Uma
degradação mental colectiva que só beneficia o grande capital, mas
que dá a sensação de ser agradável e nos elevar acima da tristeza
companheira da pobreza. Todo este tema é complexo e que carece de
muitas páginas para o poder destrinçar, em especial porque traz,
inevitavelmente, efeitos colaterais que são de difícil anulação.
Sem
o dizer neste momento é óbvio que o maior problema, que está
incrementando-se segundo a segundo, sem que surja um movimento com
força apelativa para não só o retardar como -e
seria mais importante-
convencer a cidadania global e, em especial, os grandes capitalistas
cujas anteparas lhes impedem de ver que a situação, que eles não
só promovem como se beneficiam, é equivalente à história
do avarento que pretendia conseguir que o seu burro trabalhasse
rijamente enquanto lhe reduzia a ração todos os dias. Como era de
prever a quem tivesse a mente lúcida, o burro morreu não só
exausto como de fome.
Para nos desorientar e
ainda mais nos incitar, com fúria vandálica, a reentrar no
destravado consumismo, nos obrigaram a seguir um recolhimento que nos
tem impedido de gastar, incluídos os muitos que deixaram de ter um
ingresso pelo seu trabalho, parado, seja obrigatoriamente ou por
reflexo do mercado em geral. Os governantes, também eles cativos da
famosa e bem manipulada economia “real” e com um segundo
propósito - mesmo que
apresentado como sendo o mais importante- de
acalmar o nervosismo dos cidadãos, já decidiram abrir a cancela,
mesmo que com umas “medidas” pseudo-restritivas com as quais
pretendem “salvar a face”.
E assim, sem mais
delongas, voltaremos ao mesmo: CONTINUAR A ENCHER O GLOBO DE LIXO NÃO
DEGRADÁVEL. E DESTRUIR O AMBIENTE QUE NOS ACOLHE, QUE É A NOSSA
VIDA.
É aqui onde quero
insistir, sabendo de que o meu esforço não dará resultados
positivos. Dizer que a cidadania tem a
obrigação de afirmar, através de um movimento social intenso,
que estamos decididos a não nos abastecer usando embalagens não
degradáveis. De preferência vender e comprar a peso ou por volume.
Escolhendo o vidro como envasamento dado que este material é
facilmente reciclável. Embora implique a recolha das embalagens
vazias. Nada de anormal, pois temos a experiência de década
anteriores à invasão dos termoplásticos, em que o comprador
carregava a embalagem vazia para adquirir uma nova, cheia. Existia um
depósito em dinheiro que completava o circuito e que se perdia caso
não se cumprisse.
É evidente que
conseguir esta mudança na distribuição de bens de consumo em
geral, e alimentares incluídos, iria causar um enorme
transtorno no GRANDE NEGÓCIO DAS GRANDES E
MÉDIAS SUPERFÍCIES. Teriam que se adaptar para sobreviver. Já
lucraram muito, MUITÍSSIMO, com este negócio, sem se preocuparem
com a degradação do planeta.
Os chineses. Que por
vezes esquecemos ser um povo com uma civilização multi-milenar, já
entenderam a mudança que vai chegar, cedo ou tarde. Já estão
abrindo lojas com artigos a granel ! Eu vi e
já comprei na que está perto de casa!
Finalmente: PASSEMOS
AO COVID – 19
Sem tirar a importância
que esta pandemia adquiriu, convêm estar cientes de que outras
muitas dizimaram, e com maior intensidade, as populações em épocas
anteriores à actual. A mais próxima foi chamada gripe
espanhola, da qual faleceram muitos milhares,
milhões, de pessoas.
Mas todas as pestes
passaram, mataram e até tiveram réplicas, mas a humanidade
recuperou sempre, aguardando o seguinte problema. Actualmente temos
mais meios de prevenção e de tratamento, e por outro lado a
transferência massiva de pessoas de um país a outro, e mesmo entre
continentes, facilitou a propagação da epidemia.
Se, obcecados com este
perigo actual descuramos aquilo que é certo vir a acontecer, e que
para o travar ou eliminar não existirão vacinas, nem meios para
remediar os desastres que, inconscientemente, e com muita obsessão,
continuamos a produzir, não será o capital que nos salvará, NEM
ELES, como seres humanos que são, por muito que o esqueçam, SE
SALVARÃO.
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