quinta-feira, 21 de maio de 2020

MEDITAÇÕES – O que nos empurra



Porque sentimos o impulso de escrever?

Já com o sol ligado e a sua luz entrando a jorros pela casa adentro, mas mantendo-me deitado no famoso estado de “dolce far niente” a cabeça pensadora matutava em qual ou quais seriam as motivações para dar às teclas e emitir disparates. Após um exaustivo (??) exame mental vislumbrei que podem ser bastantes, mesmo que pouco variem entre si.

No meu caso pessoal, como não me chegou nenhum cheque que me obrigasse a seguir as normas estipuladas para merecer a o apoio à comunicação social. Entre outras razões destaca o facto de, efectivamente,a minha voz -neste caso escrita- não ultrapassar o nariz, e podemos valorizar a minha difusão social como inexistente.

Posto isto, e o que mais adiante se verá, (estava ansioso para colocar esta frase, mesmo que não existisse razão para tal) tentarei definir e destrinçar (outra palavra que tinha na ponta da caneta, à espera de ocasião) algumas das muitíssimas razões que incitam o obcecado escriba.

  • A primeira deve ser a de ter muito tempo disponível e nada que fazer, ou esquecer obrigações mais importantes.
  • Outro impulso, igualmente tresloucado, pode ser o pensar que se tem algo de muito importante e ser imperioso o “dar a conhecer ao mundo” E sabe-se quão difícil é vencer a ilusória vaidade.
  • Pode acontecer que o potencial escribidor imagine que pode entrar no restrito grupo dos que, escrevendo para desconhecidos, a granel, com isso tenha a possibilidade de ganhar o seu sustento. Tal como se diz que dizem nas Sagradas Escrituras: Podem ser muitos os chamados e muito poucos os escolhidos.
  • Casos pode haver em que o empurrão seja consequência de um desafio, de um chamamento à arena, vindo de um provocador. Esta seria uma situação justificativa. Pouco usual, mas possível.
  • Grave, gravíssimo para a saúde das meninges, deve ser o caso em que os pensamentos do potencial escriba sejam tão profundos e magnos, que ele mesmo se considere obrigado, não sabe bem por quem concretamente, a oferecer à cultura e ao saber da humanidade, aquelas conclusões -sem dúvida muito importantes- a que ele chegou. Não pode deixar o tema no fundo de uma gaveta, a apodrecer e ser deglutido por aqueles insectos, papirófagos que são chamados de peixinho-de-prata.
  • Finalmente, e fazendo uma extrapolação, recordar o rifão que nos elucida sobre Quando o diabo não sabe no que fazer, faz colheres, ou apanha moscas com o cu. Devem ser colheres de pau e o apanhar moscas com o rabo, ou cauda, tentam-nos cavalos e ruminantes em geral, mas penso que sem grande êxito.



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