sábado, 23 de maio de 2020

MEDITAÇÕES - As mondas


O pior ainda está para vir.

Quem tenha um conhecimento, mesmo que mínimo dos termos usados na agricultura tradicional, certamente que após a germinação das searas , sabendo que a proliferação de ervas ruins, indesejadas, tornava imperiosa a sua eliminação, e para tal existia o recurso à contratação de “ranchos” de mulheres -porque sempre se lhes retribuía abaixo dos homens- para que de costas curvadas, -posição fortemente cansativa e dolorosa- fossem retirando, manualmente, as ervas que retiravam o alimento natural aos cereais. Com o "avanço tecnológico" e apesar do alarme quanto aos perigos para a saúde humana que o seu uso implicava, foi usada a chamada "monda química", não só por ficar mais barato mas também dispensava contratar pessoal. Era mais barato e eficiente.

De forma parecida, e recorrendo à história, sabe-se que quando o quantitativo de humanos numa dada zona do globo ultrapassava a sua capacidade de alimentação, era de prever que surgisse alguma reacção inesperada que aliviasse daquele problema demográfico. Era imperioso fazer um desbaste, fosse por meio dum conflito bélico ou que surgisse uma conveniente epidemia, das muitas que se cevaram com as pessoas. No Antigo Testamento se conta como Jeová não tinha muitos problemas no que se refere a dizimar povos inteiros.

Estamos noutra fase de conhecimento, e aqui colocamos, como acção correctora as pestes, sempre propagadas por entes invisíveis a olho nu, sejam micróbios, bactérias ou vírus. E sabemos que todos eles, incluídos os vírus -que não são seres vivos no conceito tradicional- devem estar na Terra desde tempos muito anteriores ao do género humano.

Insiste-se em culpabilizar um determinado Vírus. Ora, parafraseando o que dizia Vasco Santana a propósito de chapéus, vírus há muitos e não se limitam a ser imensos como até sofrem mutações, como se brincassem.

O nosso saber sobre esta pandemia e o seu vírus é incrementado todos os dias, assim como constantemente surgem opiniões contraditórias, pelo menos quanto à intensidade dos cuidados de protecção que devemos manter. O instinto de contradição e independência que nos é natural torna inevitável que optemos por decidir entre os dois extremos: seja com máximos cuidados ou por deixar andar que se faz tarde! Ou seja Tudo à balda e fé em Deus (ditado para os fervorosos crentes)

Pessoalmente fiz um muito pequeno inquérito, aproveitando uma escapadela à rua para comprar um jornal, -mentiroso como todos eles- e perguntar às pessoas que andavam mascaradas como se estivessem preparando um assalto ao comboio ou, mais prosaico, ao caixeiro multibanco: Tem algum familiar, amigo ou conhecido que saiba estar infectado pelo perigosíssimo vírus? Mesmo que a respostas tenham sido todas negativas o número de inquiridos não foi suficiente para poder calcular a confiança que poderia depositar numa consulta tão reduzida. Fica-me, porém (gosto muito deste termo!) o facto de que se lhe acrescentar o que me deram a saber pessoas com quem falei pelo telefone, sinto que há mais ruído do que nozes.


E, aproveitando a embalagem, não resisto a colocar aqui uma notícia falsa, que como outras muitas, é bastante verossímil.

Esta pandemia veio mesmo a calhar para os grandes negócios. Não no sentido de proporcionar vendas exorbitantes mas, por outra faceta, menos referida, por desagradável.

Em primeiro lugar pode eliminar um bom número de “parasitas”, digamos francamente, de pessoas com idade superior a 65 anos, que além de não produzirem, consomem verbas que cumulativamente são importantes. O estarem estes muito velhos -nada do eufemismo idosos- previamente reunidos, até mesmo amontoados, em locais propícios para a transmissão de doenças, qualquer virose de forte poder tinha que ser uma bênção.(1)

Já antes desta pandemia era voz corrente que devido à introdução de novos métodos de trabalho, sempre baseados na informática, se admitia que nem todos os elementos do quadro eram indispensáveis. Uns porque não estavam preparados para novas funções e outros porque os mecanismos modernos eram mais eficientes, não tinham feriados nem férias... 

Com a aplicação, generalizada, do fecho de muita actividade profissional, sentia-se que desde mercados, lojas, escritórios, transportes, etc. as empresas tiveram a porta de saída aberta para colocar muito do seu pessoal numa reserva, sem garantias, fora do local de trabalho. Depois que o alarme deixasse de soar,  podiam alegar que o negócio foi por água abaixo e, em consequência, tem necessidade, concedida pelo Governo, de despedir alguns ou mesmo todos os seus trabalhadores. 

Fechar a tenda. E voltar a abrir mais tarde (não muito se for possível) seja com o mesmo nome ou com outro parecido. Aqui reside o paralelismo anunciado no cabeçalho: AS MONDAS.

(1) Recordo que quem escreve anda pelos 82!

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