terça-feira, 5 de maio de 2020

MEDITAÇÕES – Positivo e Negativo



TUDO O QUE É DEMAIS …

Continuamos numa de isolamento compulsivo, que nos é imposto na convicção de que assim nos protegemos. Não se atrevem a afirmar que com esta, e outras protecções, se fique totalmente resguardados, totalmente, pois estes cuidados, que se assemelham a redomas virtuais, nunca com garantia total de efectividade. Raramente nos alertam, com seriedade, que os excessos de prevenção podem causar, e causam, problemas sociais graves, cujas que consequências a posteriori serão de neutralização custosa e demorada. Não se trata de alarmismo sem fundamento, e já se alertou acerca disso.

De entrada creio que é bom recordar que bactérias, micróbios, vírus e outros espécimes nefastos que nos podem atacar, existem no globo terrestre desde muito antes de os humanos terem evoluído até o que hoje vemos no espelho. Nos dois séculos mais recentes, e no que agora percorremos, a investigação médico-sanitária tem tentado, com algum êxito, lutar e precaver contra os males que, na saúde humana, e não só, estes seres invisíveis aos nossos olhos, tem causado.

Estudaram-se e conseguiram preparar vacinas e terapêuticas para contrariar a disseminação de muitos flagelos que causaram mortandades entre os humanos. E como se já se sabe que muitos destes micro-organismos sofrem, espontaneamente, mutações nem todas as vacinas e tratamentos mantêm a sua efectividade ao longo do tempo -breve comparativamente com as pretensões- e por isso os investigadores que se dedicam à epidemiologia não podem descansar tranquilos. Como se proclamava numas palavras de ordem: a luta continua.

Para mal da humanidade, alguns, membros da sociedade, deram azo a que obedecendo à sua vocação rebelde -estive tentado a escrever incrédula, mas abandonei a ideia por aceitar que entre eles podem existir bastantes adictos a religiões mais ou menos esotéricas e místicas- decidiram não aceitar que seus filhos fossem vacinados e assim, mesmo que involuntariamente, darem entrada a infecções que practicamente já estavam irradicadas no Ocidente.

Apesar desta reflexão, pessimista, existem mecanismos de protecção, conhecidos mas por vezes esquecidos, que nos informaram de como é possível, na infância, ir criando uma série de anticorpos -alguns que não todos os que carecemos- sem necessidade de vacinas. Deste raciocínio emergiu a noção de que era muito favorável, em relação à sua maturação e mais para a sua própria imunidade, que as crianças brincassem no terreno, que se enchessem de pó e terra, que fizessem papinhas, e a ser possível em pequenos grupos em vez de isoladamente, para dar a possibilidade da transferência de anticorpos dum modo natural. E depois um bom banho, com sabão adequado, enxugar, alimentar e descansar.

O que se aceitou como opção válida, e não é, de colocar as crianças em creches e infantários sem contacto com a natureza, confiando em que o isolamento do mundo, apesar de estarem em contacto com outros seres humanos de idades diferente, já que companheiros e cuidadores não estão no mesmo patamar etário, mas sem terra ou areia, considerada porca e suja, mas natural -se houver cuidado em evitar ou não permitir que animais, mais ou menos domésticos, ali depositem seus dejectos-, é um erro que se deve neutralizar acompanhando as crianças a locais de brincadeira ao ar livre e sem estarem pavimentados.

Para a prevenção das possíveis infecções exteriores não existe pior regra do que o isolamento absoluto. Aderir à tática da campânula e não deixar que a natureza nos proteja, mesmo que parcialmente, é o mesmo que, numa competição de corrida pedestre, só partir após os outros participantes já terem um avanço considerável.

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