TUDO
O QUE É DEMAIS …
Continuamos
numa de isolamento compulsivo, que nos é imposto na convicção de
que assim nos protegemos. Não se atrevem a afirmar que com esta, e
outras protecções, se fique totalmente resguardados, totalmente,
pois estes cuidados, que se assemelham a redomas virtuais, nunca com
garantia total de efectividade. Raramente nos alertam, com seriedade,
que os excessos de prevenção podem causar, e causam, problemas
sociais graves, cujas que consequências a posteriori serão de
neutralização custosa e demorada. Não se trata de alarmismo sem
fundamento, e já se alertou acerca disso.
De
entrada creio que é bom recordar que bactérias, micróbios, vírus
e outros espécimes nefastos que nos podem atacar, existem no globo
terrestre desde muito antes de os humanos terem evoluído até o que
hoje vemos no espelho. Nos dois séculos mais recentes, e no que
agora percorremos, a investigação médico-sanitária tem tentado,
com algum êxito, lutar e precaver contra os males que, na saúde
humana, e não só, estes seres invisíveis aos nossos olhos, tem
causado.
Estudaram-se
e conseguiram preparar vacinas e terapêuticas para contrariar a
disseminação de muitos flagelos que causaram mortandades entre os
humanos. E como se já se sabe que muitos destes micro-organismos
sofrem, espontaneamente, mutações nem todas as vacinas e
tratamentos mantêm a sua efectividade ao longo do tempo
-breve comparativamente com
as pretensões- e por isso os investigadores que se
dedicam à epidemiologia não podem descansar tranquilos. Como se
proclamava numas palavras de ordem: a luta continua.
Para
mal da humanidade, alguns, membros da sociedade, deram azo a que
obedecendo à sua vocação rebelde -estive
tentado a escrever incrédula, mas abandonei a ideia por aceitar que
entre eles podem existir bastantes adictos a religiões mais ou menos
esotéricas e místicas- decidiram
não aceitar que seus filhos fossem vacinados e assim, mesmo que
involuntariamente, darem entrada a infecções que practicamente já
estavam irradicadas no Ocidente.
Apesar
desta reflexão, pessimista, existem mecanismos de protecção,
conhecidos mas por vezes esquecidos, que nos informaram de como é
possível, na infância, ir criando uma série de anticorpos -alguns
que não todos os que carecemos- sem necessidade de
vacinas. Deste raciocínio emergiu a noção de que era muito
favorável, em relação à sua maturação e mais para a sua própria
imunidade, que as crianças brincassem no terreno, que se enchessem
de pó e terra, que fizessem papinhas, e a ser possível em pequenos
grupos em vez de isoladamente, para dar a possibilidade da
transferência de anticorpos dum modo natural. E depois um bom banho,
com sabão adequado, enxugar, alimentar e descansar.
O
que se aceitou como opção válida, e não é, de colocar as
crianças em creches e infantários sem contacto com a natureza,
confiando em que o isolamento do mundo, apesar de estarem em contacto
com outros seres humanos de idades diferente, já que companheiros e
cuidadores não estão no mesmo patamar etário, mas sem terra ou
areia, considerada porca e suja, mas natural -se
houver cuidado em evitar ou não permitir que animais, mais ou menos
domésticos, ali depositem seus dejectos-, é um erro que
se deve neutralizar acompanhando as crianças a locais de brincadeira
ao ar livre e sem estarem pavimentados.
Para
a prevenção das possíveis infecções exteriores não existe pior
regra do que o isolamento absoluto. Aderir à tática da campânula e
não deixar que a natureza nos proteja, mesmo que parcialmente, é o
mesmo que, numa competição de corrida pedestre, só partir após os
outros participantes já terem um avanço considerável.
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