Alguém
o deve ter avisado
Recuando
alguns meses, ou até algo mais do que um ano, verificou-se que a
política exterior dos EUA estava derivando, rapidamente, para o
Oceano Pacífico, abjurando das indiscutíveis ligações históricas
e humanas que tem com a Europa. Aquela febre de participar na
economia de recuperação da Europa Ocidental após o terminar da
Segunda Guerra Mundial, em que os capitalistas americanos, além de
se instalar no comando de muitas empresas importantes da Alemanha,
também aproveitaram para actualizar, tecnológica e produtivamente
as suas próprias indústrias, tanto as pesadas metalo-mecânicas
como as transformadoras, e até o incremento da incipiente
mecanização da sua agricultura. Entraram com decisão e espírito
de “serem compensadas” nos despojos que ficaram após intensos
bombardeamentos, mas com uma actuação benfeitora organizada com o
Plano Marshall.
Ao
logo desta fase de recuperação não só se introduziram na
indústria alemã -serve de
exemplo a Ford- como não demoraram com as suas propostas
de transferência para os USA de muitos técnicos valiosos, não só
com promessas de se incorporarem ao alto nível de investigação e
programação, como com promessas de apagar do seu curriculum a
colaboração -fosse
voluntária ou inevitável- com o nazismo. Recordemos
o estudo da energia nuclear e da preparação da bomba atómica. Sem
esquecer a aeronáutica e a tecnologia base da corrida espacial.
Simultaneamente,
e por interesse especial e “benemérito” dos USA, criaram a NATO,
como estrutura de defesa e ameaça perante a pressão da URSS. A
terra continuou a girar e veio a Perestroika, a queda da URSS,
a fuga para não sabiam onde podiam chegar dos países satélites
criados quando se ergueu a cortina de ferro, o famoso Muro
de Berlim, e outros acontecimentos importantes.
Entretanto
a economia, que não tem preceitos nem outro propósito do que lucrar
cada dia mais do que na véspera, descobriu a mina que estava à sua
espera caso transferissem -como
foi feito- a produção dos artigos manufacturados,
especialmente aqueles em que o custo da mão de obra era mais
elevado, para “sub-sidiárias no Japão e daí para outros países
da orla ocidental do Pacífico. Terminando por se concentrar, como
era inevitável, na China, que tinha e continua a ter, um enorme e
interminável potencial humano para ser adestrado e utilizado, que,
com táctica meritória, transferiu parte das encomendas para suas
subsidiárias nos países vizinhos. Assim ficaram sossegados.
Os
capitalistas americanos -mesmo
aceitando sem amor algum, que descendem de europeus-
rejeitaram a Europa. Deixaram-na como um dos muitos cantos do globo
donde podem passear em férias ou ir caçar talentos. O que estava a
dar era o Pacífico; e só estavam no início! Daí que decidissem
abandonar a NATO, porque, alegaram eles, não tinham obrigação
alguma para sacrificar os seus homens para defender uma zona do globo
que, para eles, estava condenada a morrer.
Vai
daí que os chineses, que são um povo milenar, e que historicamente
e sob alguns aspectos tiveram um avanço cultural importante
comparativamente com os europeus ocidentais, não ficaram parados.
São relativamente calmos, lentos, meditados, mas persistentes. Sem
alarido invadiram inicialmente o pequeno comércio, depois o fabrico
de equipamentos especializados e outros de venda sazonal como no
ramos do têxtil-de início
com marca ocidental, mas de imediato produzindo e comercializando
cópias a preço imbatível- A China, com fábricas no seu
território ou instaladas em países vizinhos, dominam muita
economia.
Todavia
os políticos americanos, sempre comandados pelos seus capitalistas e
promotores, tem estado obcecados com o que pode acontecer no Oceano
Pacífico. Não lhes passava pela cabeça que, fora algumas
escaramuças sem importância, nada de grave levaria a um confronto
entre os USA e a China comunista, cuja ditadura de partido
único deixou de incomodar os ocidentais. Até um dia...
Retomando
o referido mais atrás, quando os USA optaram por não se comprometer
com a NATO, e entenderam que aquela base atlântica que tinham nas
Lages deixara de ser importante, comunicaram para Lisboa que
iam desmantelar a base e voltavam para sua casa, indemnizando
como entendessem aos ilhéus que lá trabalhavam. Boa tarde e aqui
vos deixamos o pastel!
Entretanto
um dos organismos internos da União Europeia distribuiu o Atlântico
em função das costas que cada um dos seus membros tinham com estas
águas. Portugal com os arquipélagos da Madeira e Açores viu-se
contemplado com uma enorme área de mar que devia controlar, mas sem
capacidade material para impor a sua soberania.
A
China já tinha previsto esta situação, e não desvalorizava a
importância estratégica e económica que poderiam conseguir caso
lhes fosse dada entrada nas Lages. Após ser avaliada a conjuntura
encontraram uma fórmula “pacífica” para se instalar no
Atlântico.
Com
a argumentação de fazerem estudos oceanográficos, dos ventos, das
correntes marinhas, marés, da orografia submarina, das fissuras
tectónicas e seus vulcões, das espécies biológicas e da poluição,
etc. Tarefas para as quais estão sobradamente equipados e
preparados. Necessitavam “como pão para a boca” de uma base
aérea e um porto, além de uma povoação, de habitantes que
“domesticar”. E como as Lages estava sem uso, a China podia
arrendar generosamente e com imensa amizade (?)
Recentemente
surgiram sinais, que podem ser certos ou falsos, de que alguns
pensadores do Pentágono ficaram sumamente alarmados com esta
situação e o que poderiam prever. Em consequência, se decidiram
alertar o executivo para que agisse “rapidamente e em força”
(como fez Salazar com o
Ultramar) para evitar que a China, com quem insistem em
comercializar e ficar subtil mas efectivamente dependentes, lhes
possa cortar a erva debaixo dos seus pés.
Creio
que sobre a Base das Lages e de quem a utilizará no futuro próximo
podemos ter algumas surpresas, ou confirmar algumas previsões.
ResponderEliminarÉ a geoestratégia! Que os governos ocidentais ignoram. Mas basta recordar um pouco a história e ver o que se passa no planeta para antever alguns dos cenários prováveis.
"Anónimo identificado"