Desde
que se publicaram as primeiras fotografias (electrónicas) deste
fenómeno do universo mais profundo, tentou-se vulgarizar uma
tentativa de explicação científica desta anomalia. Cuja génese,
na idade contemporânea, primeiro foi só imaginada por Einstein na
sequência da sua Teoria da Relatividade, e à que se acrescentaram
os avanços teóricos na Mecânica Quântica e o estudo das partículas
mais elementares, com a sua dualidade energia-matéria.
Existem
muitos estudos académicos disponíveis ao grande público, embora a
sua compreensão não está ao alcance dos cidadãos pouco versados
nestes assuntos de nível muito especializado. Mesmo assim é
possível aceder, com calma e boa vontade, a alguns textos de
divulgação no espaço da Internet. Provavelmente muitos dos que
tentem entrar neste domínio desistirão por falta de conhecimentos
já de nível superior.
Em
poucas palavras admite-se que os tais “buracos negros”, que se
caracterizam porque tudo o que cai no seu raio de atracção é
absorvido e desaparece, sem que se saiba, hoje, para donde vai parar.
Em princípio, seja matéria ou energia, que se admite serem
equivalentes, considera-se que nenhuma destas formas pode
destruir-se; só pode transformar-se. Daí que no outro lado do tal
buraco deve existir, possivelmente, um outro universo,
organizado a partir das aportações do conjunto de buracos negros
que existem e se vão criando, neste imensurável universo onde a
Terra circula.
As
teorias hoje apresentadas, como poderão verificar os neófitos (e
se não me engano tampouco os sábios estão totalmente convencidos)
o acreditar ou não é equivalente ao dilema da Santíssima Trindade
(peço aos crentes que
desculpem esta blasfémia) Por outras palavras, os menos
versados podem acreditar ou passar ao lado, sem negar. Deixar a
opinião mais credível para as novas gerações. São teorias,
hipóteses. Outras virão a completar ou alterar.
Se
procurarmos uma imagem do quotidiano que nos possa dar uma ideia de
como age um buraco negro, proponho
que recordemos o que sucede quando se abre a descarga da água da
banheira ou do lava-loiça. Apesar da colocação cautelosa de um ralo
perfurado que sirva para retenção de partículas passíveis de
entupir os canos, vemos como a água a despejar movimenta-se numa
espiral, deixando um olho central, e por ali desaparecem partículas
sólidas, desde cabelos, pelos e escamas corporais até bocadinhos da
esponja e outras coisas mais. E qual é o destino de tudo o que vemos
ser engolido?
No
caso dos esgotos domésticos, ou outras descargas equivalentes, o
percurso a parir do ralo já não nos preocupa, a não ser quando por
alguma obstrução deixa de fluir. Com os corpos celestes que são
atraídos pela forte gravitação dos buracos negros é mais difícil
descobrir para onde vão parar. Para nos tranquilizar admitimos que ali sucede como nalgumas histórias para crianças: Vão
para uma espécie do país onde irás e não voltarás.
Se
por enquanto as viagens para fora do nosso sistema solar, e mesmo
para alguns dos planetas nossos parceiros à volta do Sol, não se
tem conseguido organizar, dadas as enormes distâncias a vencer e o
nosso curto tempo de vida física -por enquanto ser limitado-
o desafio humano para vencer o espaço longínquo continua impossível.
Mesmo
assim, e dado que a nossa mente sempre se baseia em tentar encontrar
explicações que, nem que seja ao de leve, possam considerar-se como
perceptíveis à nossa dimensão e experiência, a noção do
infinito é aceite mas não credível de imediato. Assim sendo e como
corolário ao que escrevi (mal e atrapalhadamente) é
duplamente incrível que ao “nosso” espaço sideral infinito
exista outro, constituído também pela dupla matéria-energia e que
provêm do nosso através dos tais buracos negros, que devem
ser uma multiplicidade. Uma espécie de osmose em escala sideral.
E
neste, hipotético, universo paralelo, não se geram fenómenos de
absorção e desaparecimento semelhantes? E para donde vão ter os
seus “esgotos”? Noutro espaço paralelo, o terceiro? Ou
regressam, por um caminho de retorno, para o “nosso” universo?
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