sábado, 13 de abril de 2019

O BURACO NEGRO




Desde que se publicaram as primeiras fotografias (electrónicas) deste fenómeno do universo mais profundo, tentou-se vulgarizar uma tentativa de explicação científica desta anomalia. Cuja génese, na idade contemporânea, primeiro foi só imaginada por Einstein na sequência da sua Teoria da Relatividade, e à que se acrescentaram os avanços teóricos na Mecânica Quântica e o estudo das partículas mais elementares, com a sua dualidade energia-matéria.

Existem muitos estudos académicos disponíveis ao grande público, embora a sua compreensão não está ao alcance dos cidadãos pouco versados nestes assuntos de nível muito especializado. Mesmo assim é possível aceder, com calma e boa vontade, a alguns textos de divulgação no espaço da Internet. Provavelmente muitos dos que tentem entrar neste domínio desistirão por falta de conhecimentos já de nível superior.

Em poucas palavras admite-se que os tais “buracos negros”, que se caracterizam porque tudo o que cai no seu raio de atracção é absorvido e desaparece, sem que se saiba, hoje, para donde vai parar. Em princípio, seja matéria ou energia, que se admite serem equivalentes, considera-se que nenhuma destas formas pode destruir-se; só pode transformar-se. Daí que no outro lado do tal buraco deve existir, possivelmente, um outro universo, organizado a partir das aportações do conjunto de buracos negros que existem e se vão criando, neste imensurável universo onde a Terra circula.

As teorias hoje apresentadas, como poderão verificar os neófitos (e se não me engano tampouco os sábios estão totalmente convencidos) o acreditar ou não é equivalente ao dilema da Santíssima Trindade (peço aos crentes que desculpem esta blasfémia) Por outras palavras, os menos versados podem acreditar ou passar ao lado, sem negar. Deixar a opinião mais credível para as novas gerações. São teorias, hipóteses. Outras virão a completar ou alterar.

Se procurarmos uma imagem do quotidiano que nos possa dar uma ideia de como age um buraco negro, proponho que recordemos o que sucede quando se abre a descarga da água da banheira ou do lava-loiça. Apesar da colocação cautelosa de um ralo perfurado que sirva para retenção de partículas passíveis de entupir os canos, vemos como a água a despejar movimenta-se numa espiral, deixando um olho central, e por ali desaparecem partículas sólidas, desde cabelos, pelos e escamas corporais até bocadinhos da esponja e outras coisas mais. E qual é o destino de tudo o que vemos ser engolido?

No caso dos esgotos domésticos, ou outras descargas equivalentes, o percurso a parir do ralo já não nos preocupa, a não ser quando por alguma obstrução deixa de fluir. Com os corpos celestes que são atraídos pela forte gravitação dos buracos negros é mais difícil descobrir para onde vão parar. Para nos tranquilizar admitimos que ali sucede como nalgumas histórias para crianças: Vão para uma espécie do país onde irás e não voltarás.

Se por enquanto as viagens para fora do nosso sistema solar, e mesmo para alguns dos planetas nossos parceiros à volta do Sol, não se tem conseguido organizar, dadas as enormes distâncias a vencer e o nosso curto tempo de vida física -por enquanto ser limitado- o desafio humano para vencer o espaço longínquo continua impossível.

Mesmo assim, e dado que a nossa mente sempre se baseia em tentar encontrar explicações que, nem que seja ao de leve, possam considerar-se como perceptíveis à nossa dimensão e experiência, a noção do infinito é aceite mas não credível de imediato. Assim sendo e como corolário ao que escrevi (mal e atrapalhadamente) é duplamente incrível que ao “nosso” espaço sideral infinito exista outro, constituído também pela dupla matéria-energia e que provêm do nosso através dos tais buracos negros, que devem ser uma multiplicidade. Uma espécie de osmose em escala sideral.

E neste, hipotético, universo paralelo, não se geram fenómenos de absorção e desaparecimento semelhantes? E para donde vão ter os seus “esgotos”? Noutro espaço paralelo, o terceiro? Ou regressam, por um caminho de retorno, para o “nosso” universo?

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