Nem
um só dia sem linha
Que se pode e deve interpretar como
que não se deve deixar passar nem um dia sem dedicar algum tempo ao
nosso trabalho, seja por obrigação ou por prazer.
Entendemos que algumas actividades
pessoais não são remuneradas em si mesmas, mas que nos satisfazem
anímicamente. Muitas vezes o que fazemos por paixão pessoal serve
de contrapeso ao esforço que dedicamos às ditas obrigações. Para
ultrapassar este fosso anímico a melhor táctica é a de procurar
que o trabalho deixe de ser visto como uma maldição
bíblica e se considere não como uma obrigação penosa, mas uma
actividade que nos vai permitir usufruir de um tempo livre,
descomprometido, pessoal, sem outros encargos que não os materiais e
consumíveis.
Não me atrevo a oferecer uma
listagem de passatempos que sejam simultaneamente gratificantes e
remuneradores. Ou seja, que não interferirem negativamente com a
nossa vida real. Mesmo assim devo garantir que as possibilidades são
muitas, perto de infinitas, pois podem abranger actividades
desportivas, voluntariado, coleccionismo, pedrestismo, pintar,
escrever poesia ou prosa, observar os astros, especular sobre o
desconhecido, activista na conservação do ambiente, observador
sistemático de animais, sejam insectos, peixes, aves, mamíferos ou
inclusive de bactérias (se tiver possibilidade de usar a
aparelhagem indispensável) Umas podem implicar esforços físicos
e outras mais sedentárias. Para alguns casos basta ficar meditando à
sombra da bananeira, mas outras carecem de utensílios, seja papel e
canetas ou ferramentas, materiais e até equipamentos.
Não são raros os casos que de um
início singelo, sem imaginar muito das possibilidades que podem
surgir, um passatempo pode evoluir e tornar-se na actividade
principal e económicamente rentável. A passagem do nível amador
para o profissional, entendendo isso pelo facto de passar a
comercializar as suas obras com algum sucesso, tem o perigo implícito
de que, mais cedo ou mais tarde, aquilo que tanto prazer dava passe a
ser um castigo, uma carga que se deseje largar quanto antes, e para
que tal seja factível será necessário encontrar novas opções.
Poder retomar um lugar na profissão anterior, naquilo que se
abandonou “prematuramente”, nem sempre pode ser viável, mas não
impossível. É questão de procurar,insistir e não desanimar. E
pelo caminho podem surgir hipóteses impensadas mas possíveis.
Seja como for, as mudanças de área
profissional, especialmente se a nova está num sector muito
diferente daquele onde labutou anteriormente, implicam um esforço de
adaptação que nem sempre se consegue com sucesso. Dependerá da
capacidade de mimetismo e de simbiose com o novo ambiente, além do
esforço, voluntário, de estar mentalizado para não cair nas
saudades de outrora. É de preceito reconhecer que factores positivos
e outros negativos existem em todas partes.
Não é fácil encontrar rosas sem
espinhos. Recordo uma lição, que não vem a propósito do anteriormente exposto, mas que se adapta se houver vontade mental
para isso.
Um “faz tudo” do Coliseu de
Lisboa, de nome de cartaz França, nos anos 50/60, naqueles
intervalos em que a mudança de equipamentos na pista implicam uma
acção que distraísse o público, contava histórias possivelmente inventadas, ou melhoradas, para conseguir o que era sua obrigação.
Uma delas referia que numa tourné à China na hora da refeição
lhe puseram à frente uma taça com baratas -vamos supor que
cozinhadas e temperadas- e mais nada, ou se calhar arroz, mas ele
não se referiu a este acompanhamento, ou não recordo. Perante o
dilema fez um cerrar de dentes e pensou: Come França, que aqui
comer baratas é comer de gente!. No seio da minha família este
dito tornou-se lapidar e era referido com certa frequência,
nomeadamente quando algum dos mais novos torcia o nariz perante a pitança do dia.
Curiosamente, passado meio século,
de quando em vez, encontramos citações de que “no futuro”
teremos que nos alimentar com insectos, e é um pau!. Noutra
página nos alertam acerca da diminuição drástica de insectos no
planeta. Será que já os comemos, incorporados sem nos dizerem, nos
preparados industriais? A razão que alegam para este decréscimo é
a do uso de pesticidas e métodos de cultivo que interferem no ciclo
evolutivo das espécies. Paralelamente nos referem que diminui o
número de aves insectívoras e caçadoras de roedores.
É que a humanidade, quando perde a
noção das coisas, tanto estraga as água como a biosfera. HAJA DIVERSÕES!
Sem comentários:
Enviar um comentário