quarta-feira, 10 de abril de 2019

NULLA DIES SINE LINEA - Plínio



Nem um só dia sem linha

Que se pode e deve interpretar como que não se deve deixar passar nem um dia sem dedicar algum tempo ao nosso trabalho, seja por obrigação ou por prazer.

Entendemos que algumas actividades pessoais não são remuneradas em si mesmas, mas que nos satisfazem anímicamente. Muitas vezes o que fazemos por paixão pessoal serve de contrapeso ao esforço que dedicamos às ditas obrigações. Para ultrapassar este fosso anímico a melhor táctica é a de procurar que o trabalho deixe de ser visto como uma maldição bíblica e se considere não como uma obrigação penosa, mas uma actividade que nos vai permitir usufruir de um tempo livre, descomprometido, pessoal, sem outros encargos que não os materiais e consumíveis.

Não me atrevo a oferecer uma listagem de passatempos que sejam simultaneamente gratificantes e remuneradores. Ou seja, que não interferirem negativamente com a nossa vida real. Mesmo assim devo garantir que as possibilidades são muitas, perto de infinitas, pois podem abranger actividades desportivas, voluntariado, coleccionismo, pedrestismo, pintar, escrever poesia ou prosa, observar os astros, especular sobre o desconhecido, activista na conservação do ambiente, observador sistemático de animais, sejam insectos, peixes, aves, mamíferos ou inclusive de bactérias (se tiver possibilidade de usar a aparelhagem indispensável) Umas podem implicar esforços físicos e outras mais sedentárias. Para alguns casos basta ficar meditando à sombra da bananeira, mas outras carecem de utensílios, seja papel e canetas ou ferramentas, materiais e até equipamentos.

Não são raros os casos que de um início singelo, sem imaginar muito das possibilidades que podem surgir, um passatempo pode evoluir e tornar-se na actividade principal e económicamente rentável. A passagem do nível amador para o profissional, entendendo isso pelo facto de passar a comercializar as suas obras com algum sucesso, tem o perigo implícito de que, mais cedo ou mais tarde, aquilo que tanto prazer dava passe a ser um castigo, uma carga que se deseje largar quanto antes, e para que tal seja factível será necessário encontrar novas opções. Poder retomar um lugar na profissão anterior, naquilo que se abandonou “prematuramente”, nem sempre pode ser viável, mas não impossível. É questão de procurar,insistir e não desanimar. E pelo caminho podem surgir hipóteses impensadas mas possíveis.

Seja como for, as mudanças de área profissional, especialmente se a nova está num sector muito diferente daquele onde labutou anteriormente, implicam um esforço de adaptação que nem sempre se consegue com sucesso. Dependerá da capacidade de mimetismo e de simbiose com o novo ambiente, além do esforço, voluntário, de estar mentalizado para não cair nas saudades de outrora. É de preceito reconhecer que factores positivos e outros negativos existem em todas partes.

Não é fácil encontrar rosas sem espinhos. Recordo uma lição, que não vem a propósito do anteriormente exposto, mas que se adapta se houver vontade mental para isso.

Um “faz tudo” do Coliseu de Lisboa, de nome de cartaz França, nos anos 50/60, naqueles intervalos em que a mudança de equipamentos na pista implicam uma acção que distraísse o público, contava histórias possivelmente inventadas, ou melhoradas, para conseguir o que era sua obrigação. Uma delas referia que numa tourné à China na hora da refeição lhe puseram à frente uma taça com baratas -vamos supor que cozinhadas e temperadas- e mais nada, ou se calhar arroz, mas ele não se referiu a este acompanhamento, ou não recordo. Perante o dilema fez um cerrar de dentes e pensou: Come França, que aqui comer baratas é comer de gente!. No seio da minha família este dito tornou-se lapidar e era referido com certa frequência, nomeadamente quando algum dos mais novos torcia o nariz perante a pitança do dia.

Curiosamente, passado meio século, de quando em vez, encontramos citações de que “no futuro” teremos que nos alimentar com insectos, e é um pau!. Noutra página nos alertam acerca da diminuição drástica de insectos no planeta. Será que já os comemos, incorporados sem nos dizerem, nos preparados industriais? A razão que alegam para este decréscimo é a do uso de pesticidas e métodos de cultivo que interferem no ciclo evolutivo das espécies. Paralelamente nos referem que diminui o número de aves insectívoras e caçadoras de roedores.

É que a humanidade, quando perde a noção das coisas, tanto estraga as água como a biosfera. HAJA DIVERSÕES!

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