segunda-feira, 8 de abril de 2019

MORS ULTIMA RATIO



A morte é a razão final

E se nos limitarmos aos ditados portugueses aqui ponho alguns

  • Morra o homem e fique a fama.
  • Morte de rico, desavença de herdeiros.
  • A morte não poupa o fraco nem o forte.
  • Morto por morto antes a velha que o porco.
  • O morto à cova e o vivo à fogaça.
  • Morte certa, hora incerta.

Este derradeiro anexim trouse-me à memória uma quarteta que aprendi quando rapaz, em castelhano...

SABES QUE DEUS TODO LO VE,
SABES QUE TE ESTÁ MIRANDO,
SABES QUE TE VAS A MORIR,
Y SABES QUE NÃO SABES CUANDO.....

Não é que esteja, neste momento, em estado depressivo, mas sucede que estava corrigindo um teXto em que se referia um falecimento e fui dar uma olhadela pelas frases latinas célebres. Algumas não resisti a transcrever:

    • MORTIS EN SOLATIUM (Fedro) Eis a consolação da morte.
    • AVE, CESAR, MORITURI TE SALUTANT Salve, César, os que vão morrer saúdam-te.

Na nossa cultura, judaico-cristâ, toda a educação, ou persuasão que foi induzida ao longo de séculos, tem sido no sentido de nos pesar, aterrorizar mesmo, a inevitabilidade do fim da nossa presença na Terra. Apesar de que sejam referidos, como factos inquestionáveis, a ressurreição de uns poucos indivíduos e que se procure neutralizar o pavor ancestral sobre uma viagem sem retorno anunciando uma hipotética ressurreição universal das almas. Ja que se deixou para trás a hipótese de ressuscitar os corpos, pelo menos inteiros e em bom estado, e não como ficaram após decepações e degradação por velhice. Todavia não li, até agora, que a doutrina nos oferece a possibilidade de escolher a idade da tal ressurreição corporal. Eu escolheria os 20 anos.

Outros humanos que engendraram culturas diferentes da nossa, afirmam a possibilidade de reencarnação, não só com outro corpo humano como ser possível reencarnar como um animal. Um conceito que depois de muito debater nas possibilidades de escolha deram origem a considerar certas espécies como “sagrados”, fossem vacas, macacos ou outro bicho qualquer. Inclusive se optou por certas árvores como destino ulterior à morte, e por tal serem também sagradas.

É que dada o inevitável fim do percurso e o desespero com que o nosso pensamento aceita um terminus, as opções que se engendraram foram de todo o género, inclusive justificou-se a mumificação dos corpos para que pudessem entrar numa nova vida com certa dignidade. Não temos emenda, e muito menos juízo nem ponderação do realidade. Daí que muitos, quando sentem que estão prestes a bater a bota abjuram do ateísmo de que fizeram gala enquanto o medo cerval não lhes chegou.

Actualmente nos alertam acerca dos possíveis avanços tecnológicos e da quase certa possibilidade de nos recolocar o cérebro numa máquina capaz de utilizar o seu potencial. E podemos negar esta possibilidade após se terem conseguido corações mecânicos funcionais? De facto se o corpo pode ser substituído por uma máquina sofisticada, só o cérebro se considerar como ser a base e a reserva da nossa personalidade.

Como não viverei até lá, imagino um robot de banda desenhada que seja comandado totalmente por um cérebro humano “transferido” do corpo de uma pessoa “normal”.

Só uma catástrofe mundial, que nos faça retroceder até os primeiro hominídeos é que pode evitar esta loucura.

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