A
morte é a razão final
E se nos limitarmos aos ditados
portugueses aqui ponho alguns
- Morra o homem e fique a fama.
- Morte de rico, desavença de herdeiros.
- A morte não poupa o fraco nem o forte.
- Morto por morto antes a velha que o porco.
- O morto à cova e o vivo à fogaça.
- Morte certa, hora incerta.
Este derradeiro anexim trouse-me à
memória uma quarteta que aprendi quando rapaz, em castelhano...
SABES QUE DEUS TODO LO VE,
SABES QUE TE ESTÁ MIRANDO,
SABES QUE TE VAS A MORIR,
Y SABES QUE NÃO SABES CUANDO.....
Não é que esteja, neste momento,
em estado depressivo, mas sucede que estava corrigindo um teXto em
que se referia um falecimento e fui dar uma olhadela pelas frases
latinas célebres. Algumas não resisti a transcrever:
- MORTIS EN SOLATIUM (Fedro) Eis a consolação da morte.
- AVE, CESAR, MORITURI TE SALUTANT Salve, César, os que vão morrer saúdam-te.
Na nossa cultura, judaico-cristâ,
toda a educação, ou persuasão que foi induzida ao longo de
séculos, tem sido no sentido de nos pesar, aterrorizar mesmo, a
inevitabilidade do fim da nossa presença na Terra. Apesar de que
sejam referidos, como factos inquestionáveis, a ressurreição de
uns poucos indivíduos e que se procure neutralizar o pavor ancestral
sobre uma viagem sem retorno anunciando uma hipotética ressurreição universal das almas. Ja que se deixou para trás a hipótese de ressuscitar os corpos, pelo menos inteiros e em bom estado, e não
como ficaram após decepações e degradação por velhice. Todavia
não li, até agora, que a doutrina nos oferece a possibilidade de
escolher a idade da tal ressurreição corporal. Eu escolheria os 20
anos.
Outros humanos que engendraram
culturas diferentes da nossa, afirmam a possibilidade de
reencarnação, não só com outro corpo humano como ser possível
reencarnar como um animal. Um conceito que depois de muito debater
nas possibilidades de escolha deram origem a considerar certas
espécies como “sagrados”, fossem vacas, macacos ou outro bicho
qualquer. Inclusive se optou por certas árvores como destino
ulterior à morte, e por tal serem também sagradas.
É que dada o inevitável fim do
percurso e o desespero com que o nosso pensamento aceita um terminus,
as opções que se engendraram foram de todo o género, inclusive
justificou-se a mumificação dos corpos para que pudessem entrar
numa nova vida com certa dignidade. Não temos emenda, e muito menos
juízo nem ponderação do realidade. Daí que muitos, quando sentem
que estão prestes a bater a bota abjuram do ateísmo de que fizeram
gala enquanto o medo cerval não lhes chegou.
Actualmente nos alertam acerca dos
possíveis avanços tecnológicos e da quase certa possibilidade de
nos recolocar o cérebro numa máquina capaz de utilizar o seu
potencial. E podemos negar esta possibilidade após se terem
conseguido corações mecânicos funcionais? De facto se o corpo pode
ser substituído por uma máquina sofisticada, só o cérebro se
considerar como ser a base e a reserva da nossa personalidade.
Como não viverei até lá, imagino
um robot de banda desenhada que seja comandado totalmente por um cérebro humano “transferido” do corpo de uma pessoa “normal”.
Só uma catástrofe mundial, que nos
faça retroceder até os primeiro hominídeos é que pode evitar esta
loucura.
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