terça-feira, 28 de abril de 2020

MEDITAÇÕES – A vantagem




Ter o poder editorial na mão é a maior vantagem que me oferece este espaço. Estou num meio aberto mas não obrigatório, sem assinaturas nem pressões. Excepto o que eu mesmo observo e decido corrigir.

Pode ser que algum seguidor, perdido, desorientado, sem um propósito especial para entrar, note que apaguei alguns escritos. Houve razões, ou subtis avisos de adversão, que me induziram a recordar o quão poderosas e selectivas são as normas de conduta e expressão que se enquistaram nos membros das classes letradas em Portugal, nem que sejam com um nível de conhecimentos bastante rudimentares. Característica que não é comum aos outros povos latinos, inclusive naqueles onde nos parece ter sido, e continuar a ser, muito poderosa a pressão castradora da Igreja.

Fui criado numa sociedade que, sem alarde especial, teve desde muitas gerações atrás, uma liberdade de expressão menos reservada, mais evidente,menos escondida, do que em Portugal. Aqui, para bem ou para mal, ficou estabelecido que o conceito de “o respeitinho é muito bonito” só podia ser esquecido entre as bases populares, digamos concretamente, pela “ralé”, ou os que estando ébrios, ou nitidamente fora de si, sem conseguirem conter a língua, se atreviam a deitar pela boca fora aqueles termos, socialmente proibidos, que tanto homens como mulheres conhecem desde a mais tenra idade.

É assim, e pelos vistos passam anos, décadas, de apregoada liberdade, mas sem que os preconceitos sobre o que é aceitável, ou liminarmente banido, na linguagem falada ou escrita deixassem de continuar imutáveis, de “pedra e cal”. Só alguns “fulanos” que ganharam o estatuto de loucos mas engraçados, como é o caso de Bocage, ou o Ari, entre um reduzido grupo de faltosos, foram tacitamente aceites.

Curioso e conhecido é a permanente e imediata pesquisa das palavras “proibidas” no primeiro dicionário que pode ser aberto pelo neófito escolar, sem controle dos maiores. Eles/elas sabem o que procuram. Mas nunca encontram naquele volume. O que sabem e querem confirmar só mais tarde poderão encontrar impresso.

Uma característica, entre outras que dispenso de descrever, que ajuda a manter a ideia (falsa porque é imposta contra natura) das boas maneiras e boa educação.

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