Ter
o poder editorial na mão é a maior vantagem que me oferece este
espaço. Estou num meio aberto mas não obrigatório, sem assinaturas
nem pressões. Excepto o que eu mesmo observo e decido corrigir.
Pode
ser que algum seguidor, perdido, desorientado, sem um propósito
especial para entrar, note que apaguei alguns escritos. Houve razões,
ou subtis avisos de adversão, que me induziram a recordar o quão
poderosas e selectivas são as normas de conduta e expressão que se
enquistaram nos membros das classes letradas em Portugal, nem que
sejam com um nível de conhecimentos bastante rudimentares.
Característica que não é comum aos outros povos latinos, inclusive
naqueles onde nos parece ter sido, e continuar a ser, muito poderosa
a pressão castradora da Igreja.
Fui
criado numa sociedade que, sem alarde especial, teve desde muitas
gerações atrás, uma liberdade de expressão menos reservada, mais
evidente,menos escondida, do que em Portugal. Aqui, para bem ou para
mal, ficou estabelecido que o conceito de “o respeitinho é muito
bonito” só podia ser esquecido entre as bases populares, digamos
concretamente, pela “ralé”, ou os que estando ébrios, ou
nitidamente fora de si, sem conseguirem conter a língua, se atreviam
a deitar pela boca fora aqueles termos, socialmente proibidos, que
tanto homens como mulheres conhecem desde a mais tenra idade.
É
assim, e pelos vistos passam anos, décadas, de apregoada liberdade,
mas sem que os preconceitos sobre o que é aceitável, ou
liminarmente banido, na linguagem falada ou escrita deixassem de
continuar imutáveis, de “pedra e cal”. Só alguns “fulanos”
que ganharam o estatuto de loucos mas engraçados, como é o caso de
Bocage, ou o Ari, entre um reduzido grupo de faltosos, foram
tacitamente aceites.
Curioso
e conhecido é a permanente e imediata pesquisa das palavras
“proibidas” no primeiro dicionário que pode ser aberto pelo
neófito escolar, sem controle dos maiores. Eles/elas sabem o que
procuram. Mas nunca encontram naquele volume. O que sabem e querem
confirmar só mais tarde poderão encontrar impresso.
Uma
característica, entre outras que dispenso de descrever, que ajuda a
manter a ideia (falsa porque é imposta contra natura) das
boas maneiras e boa educação.
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