segunda-feira, 20 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - Capacidades e limitações I



CADA UM É COMO CADA QUAL

Admito que com os anos de vida cada um de nós, mas uns mais intensamente e mais cedo do que outros, admitimos, que estamos a ocupar um lugar que não merecemos (ou quiçá sim!) e em consequência temos que aproveitar no máximo aquilo que temos à nossa disposição. Tal como a famosa “estupidez natural”.

Podemos referir, como exemplo e justificação, que não temos preparação, interesse, capacidade, ou outra característica negativa, para entrar no selecto clube dos “sábios atómicos”, nem sentir uma curiosidade intensa para penetrar no campo dos altos estudos matemáticos, onde campeiam os quantos, as cordas, os nós, e, entre outros, os recentemente comentados buracos negros, que definem como uns sorvedouros siderais de tudo aquilo que lhes passa perto. São uma descoberta que justifica aquela zona que referida nalguns contos infantis, onde irás e não voltarás.

Ao me surgir esta citação, dos buracos negros, encontrei duas referências mais ao nosso nível -de ignorância- que nos podem dar uma imagem visual mais acessível:

  • Uma corresponde ao campo da zoologia, mais concretamente nos insectos. Existe uma formiga, denominada como formiga leão, nitidamente caçadora e devoradora, que para facilitar a sua alimentação faz um cone invertido no chão para que funcione como armadilha para os insectos que se atreverem a iniciar a descida; nunca conseguirão sair da cilada, e acabam os seus dias nas maxilas da formiga, e “aospois” no seu aparelho digestivo. É assim a vida...
  • A segunda referência está no nosso corpo. Concretamente no ponto onde esteve a ligação com a placenta materna: o umbigo. A penugem, ou pilosidade se for mais notória, que cobre o abdómen numa área, relativamente reduzida, está orientada em espiral e dados os movimentos, involuntários mas sempre activos -enquanto vivos!- levam as pequenas fibras que se soltam da roupa até o poço receptor que é o umbigo, sempre e tanto que este seja fundo e não saliente. Nestes casos os pelos orientadores existem, convergem para uma cova, mais semelhante à da formiga leão do que o “buraco negro” sideral. E o que ali se acumula será, tarde ou cedo, retirado durante o banho.
E por referir o remoinho da nossa pança, podemos citar que na zona onde se fazia a tonsura na cabeça dos clérigos, existe outro centro natural de orientação da pilosidade craniana. E já vi quem não tenha só um centro de orientação capilar, mas dois! Como se houvessem dois “buracos negros” vizinhos. E mantendo-nos na astronomia refiro aqueles sistemas em que duas nebulosas dançam a par. Sem saber se terminarão num só complexo planetário. Uma dúvida horrível!

O que desconheço, e só agora me surgiu a questão, é a razão ou o como se chegou à decisão de retirar o cabelo da cabeça dos sacerdotes naquela área concreta. Será pela crença de que por ali se devia facilitar a entrada da chama divina na cabeça da pessoa merecedora? Algum leitor deve conhecer a resposta, mas não creio que se decida a me esclarecer esta dúvida.

Já me perdi nesta curta caminhada. Bem dizem que com o Divagar se vai ao longe, Não esqueci totalmente o esquema mental que pretendia expor hoje. Mas a astronomia, que não astrologia, é muito cativante! Desde os tempos dos astrólogos mesopotâmicos e indostânicos os homens (alguns, sendo correcto) dedicaram-se a perscrutar os céus e deslindar os movimentos dos corpos celestes. Uma curiosidade irresistível que hoje já levou à invasão do espaço sideral com artefactos que, com uma certa leviandade e com a argumentação de aumentar o nosso conhecimento (?) não sabemos se poderão repercutir, desfavoravelmente, sobre a vida desta bola transumante que nos acolhe, e que tão pouco, e mal, respeitamos.

Recuando até o cabeçalho desta espécie de crónica, e para me aliviar um pouco da muita pena que sinto por não ter um conhecimento enciclopédico, considero que, por muita capacidade cerebral que nos dizem não aproveitamos, é possível que exista um limite de “carga útil”, para cada um de nós. Semelhante ao que se calcula e autoriza para cada veículo, seja de transito terrestre, aéreo ou marítimo. Nem todos podemos “saber tudo”. E resta a dúvida se de facto alguém teve a capacidade de carregar dentro de si todo o saber da humanidade.

Eu atrevo-me, e fico pessoalmente mais tranquilo, que tal não é plausível. Mas que deveria saber muito mais, isso tenho a certeza; falta mensurar a capacidade! Ou seja, se a minha massa cinzenta não dava para mais.

Tenho que recuperar o esquema inicial, que se diluiu sem atingir uma meta definida. É uma promessa devida, ou mais propriamente “de vidro”, porque sabemos que as promessas são propensas a serem quebradas, como os copos e outros objectos de vidro (e pergunto: porque se partem os vidros, e alguns em muitos bocados? A Física nos explica isso!)

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