Portugal
está socialmente atrasado
E,
mesmo com graduações, podemos verificar com excessiva frequência
que o extremismo é uma característica muito comum, demasiado até,
nos países do sul da Europa, e não só, pois que as épocas em que
surgem problemas incitam a que as mentes do pessoal se desloquem para
os extremos do espectro político-social.
Resumindo,
de um modo cru, muita gente não ultrapassou a convicção de que
ESTÁS COMIGO OU ESTÁS CONTRA MIM, é um preceito a seguir e a
condicionar aqueles que não partilhem.
Observando
com o propósito de isenção que penso ser pertinente, não posso
aceitar, sem me sentir lesado, as posições extremistas que se estão
tomando a propósito das pretendidas celebrações das datas de cariz
político que se aproximam.
Em
verdade, e seguindo o mesmo propósito de precaução sanitária,
evitando as aglomerações que se receiam poder facilitar a
transmissão vírica, não se autorizaram marchas políticas. Assim
como as autoridades eclesiásticas sentiram que deviam travar a
participação dos seus fieis nas aglomerações de cariz religioso,
tanto dentro como fora dos templos. Tudo bem, dentro da situação
actual que aconselha não perder o que se tinha conseguido.
Todavia,
e por um excesso de zelo político, não se protelaram as sessões
habituais na Assembleia Nacional. Mas... que se saiba, não se
declarou ser obrigatória a presença naquelas sessões. Ou seja,
quem não gosta, não vai; não aplaude nem vocifera. Tudo bem,
educadinho como pertence a um povo educado (?)
E
é aqui onde a minha meditação tropeça. As sucessivas autoridades
de Portugal, centrando-nos neste rectângulo, durante séculos fizeram
tudo o que imaginaram, inclusive com muita vigilância e repressão,
para evitar que a sua população adquirisse uma ampla e alargada
educação política.
É
fácil comprovar que desde a monarquia, incluída a fase
constitucional, as pessoas que tentaram introduzir os conceitos mais
abrangentes da democracia partidária, foram muito poucas, e a sua
influência reduzida a um sector muito minoritário. Com a primeira
república e a acção da “nefasta” maçonaria -que
por não partilhar abertamente com a Igreja católica foi considerada
um grupo a abater- apesar de que algumas personagens do
topo da Igreja se filiaram nesta “seita”, se iniciou a
escolarização das crianças num ensino civil, não religioso, mas
com preceitos democráticos e sociais.
Houve,
na referida fase da primeira república -demasiado
curta dadas as pressões militares conservadoras- uma
acção de promoção cultural, dirigida concretamente para a
incipiente classe dos operários fabris, que não se pode esquecer.
Foi sol de pouca dura.
O
trio fascismo+capital+igreja tiveram o campo totalmente livre para
“educar” a população. E as forças policiais se encarregaram de
fechar as portas das prisões para aqueles atrevidos que se atreviam
a abrir as mentes enclausuradas de séculos. O resultado inevitável,
e conseguido, foi o de que a população aceitou tacitamente, como se
não existisse outra opção, a norma de estás ao meu lado ou
contra mim. Inclusive bastantes elementos da faixa mais
ilustrada!
E,
apesar de que numa sociedade que está aprendendo a viver em
democracia, não nos parecer possível, ou desejável, existe uma
fração, ruidosa e azeda, que mantém e propaga uma relutância
congénita em aceitar as diversas opções possíveis para quem não
deseje ficar num dos dois extremos. E, para mal do País, continua a
ter muitos prosélitos. São, precisamente estes elementos
ultra-conservadores que propõem as listas de adesão para contrariar
temas que não merecem tanta atenção. São gente (serão
mesmo?) que não
admitem o simples preceito de vive e deixa viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário