terça-feira, 28 de abril de 2020

MEDITAÇÕES - São hábitos seculares


ONDE ESTÁ A ADMIRAÇÃO ? 


Quando começamos a receber notícias acerca da epidemia, que se transformou em pandemia quando se espalhou para todo o globo “e parte do estrangeiro”, imagino, por não ter dados estatísticos próprios mas só por fazer especulações a partir dos noticiários, que houve uma parte importante da população ocidental que se espantou ao saber que na China, e não só, havia um comércio de animais exóticos, em princípio não domesticados, embora se ficasse a saber que alguns eram criados em cercados, propositadamente para abate e alimentação da população.

A estes espantados podemos avisar de algumas observações a nãp descurar.

Em primeiro lugar sabe-se, sem fantasiar, que os nossos ancestrais, dos quais ficaram restos e sinais do seu comportamento e alimentação, inicialmente eram recolectores e caçadores, e nómadas, seguindo as migrações dos animais e a maturação dos vegetais e seus frutos.

Mais tarde evoluíram. Tornaram-se sedentários e foram descobrindo os primeiros princípios da agricultura. De de imediato conseguiram domesticar algumas espécies de animais a fim de, através deles, poder usufruir de proteínas, peles e também lâ para se resguardarem do frio. Além de que alguns deste animais domésticos foram treinados para serem uma força “de carne” que os ajudasse no trabalho e nas suas deslocações. Nunca mais pararam de aproveitar as possibilidades que o solo e a vida natural lhes ofereciam, fosse directamente ou após transformações.

Quando caçavam, actividade que ainda hoje é procurada e praticada (por indivíduos que se auto-qualificam de educados, evoluídos e pode ser que com excessiva auto-valorização se considerem ser respeitadores da natureza, incluindo a fauna silvestre) a regra era de que tudo aquilo que voava, nadasse, corresse ou reptasse, caso o conseguissem apanhar, era uma fonte de proteínas a não desprezar. E assim estamos, desprezando os animais que são utilizados abusivamente, sem atender e menos respeitar mínimamente às suas necessidades naturais. Todos terminamos fechando os olhos, por muitas denuncias que nos cheguem.

Aceitando que, apesar de tudo o que se viveu e evoluiu, as necessidades proteicas dos que não se devotam às normas “vegan” são normais, e que nem sequer as civilizações milenárias, como é a chinesa, podem garantir a ingestão de proteínas obtidas “legalmente” a partir da criação de gado, pesca e inclusive de plantas que fornecem proteínas, para a totalidade das suas populações, é fácil entender que ali se comam gatos, cães, ratos, morcegos, pangolins, cagados, lagartos, insectos, larvas e peixes de todas as espécies. Não esqueço que existiu nos super-mercados nacionais se encontravam à venda filetes de crocodilo ou jacaré, ou seja de répteis que não era tradição actual comermos.

Regressando à China, é de recordar que nem todos os animais selvagens que comercializam o são para satisfazer as necessidades alimentares, pelas suas proteínas. Partes destes animais são consideradas como medicamentos valiosos na sua medicina tradicional. Tampouco não podemos ficar admirados do que hoje são valorizadas como bruxarias e mistelas potencialmente perniciosas.

Finalmente acredito, e quase posso garantir, que qualquer oriental que compre uma perna de cão para assar e comer, caso lhe dessem um bom bife da vazia para troca, de imediato rejeitava o petisco local.

Como vivência pessoal, embora indirectamente, refiro que durante anos frequentávamos um restaurante chinês,que considerávamos de confiança e que nos satisfazia. Ficamos conhecidos pelo casal que explorava o local. Conversávamos ao entrar, durante o repasto e no fim. Um dia o dono, João na nossa língua, nos avisou de que ás quartas não nos podia atender. Não estava ali. Juntava-se com outros patrícios seus e iam almoçar juntos. E dizendo que sempre comiam o mesmo! Se adivinhávamos qual era o seu prato português que todos eles apreciavam? Cozido !!!!!

Passados una anos, depois de termos estado fora de Portugal por razoes profissionais minhas, soubemos que o casal tinha trespassado o restaurante. Reformaram-se. E os encontramos inesperadamente em alguns locais. Uma alegria! Beijos, abraços e uns minutos de cavaqueira de saudade, perguntar pelos filhos respectivos, da evolução destes, e saber que estavam felizes em Portugal.

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