Muitos
devem estar ficando bastante nervosos
Por
não ter arrumado as ideias como devia ter feito,
sucede
que ainda não sei como vou desenvolver o tema que me barrunta* pela
mioleira. Como desculpa inaceitável atrevo-me a dizer que o impasse
é consequência de não ter tido contacto verbal prévio com pessoas
que considere estarem na disposição de tentar analisar a situação
em que estamos. As únicas fontes de consulta foram alguns jornais
-poucos; dois por semana- seguir,
apesar de serem excessivamente reiterativos e pouco claros, alguns
noticiários nas Televisões, e uns passeios pela “net”.
De
qualquer forma sinto -e
admito estar errado-
que muitos cidadãos já admitem que a situação actual é muito
diferente da que se viveu na crise económica anterior, e noutras
mais precursoras. Desta vez o caso é geral, daí o chamarem-lhe de
pandemia.
Um surto epidémico que espalhado pelo globo está flagelando tanto
os países ricos como os “pobres” -que
são ricos comparativamente com os que realmente estão paupérrimos-
Quanto aos bem situados na economia e que se pensava poderiam ajudar
os que temem “ir pelo cano abaixo”, ninguém se atreve a pensar
que terão salvavidas para todos os que naufragarem.
O
problema não está só na quebra económica que comporta a paragem
da economia produtiva, sem que as sociedades deixem de consumir, nem
que seja nos bens de subsistência, mas na consciência de que não
existe a certeza, nem sequer uma hipótese fidedigna, de existir uma
data para o fim da situação.
Implicaria ter-se encontrado uma vacina e um antídoto, ou tratamento
rápido e eficaz para salvar os afectados.
Às
mortes em números que se, por sorte, não atingem os valores
terríveis nos massacres acontecidos em conflitos bélicos recentes,
junta-se a estagnação,
practicamente total, das estruturas produtivas assim como o comércio
global, que é o sangue circulante da economia actual.
Todos
os vectores que influenciam a situação vigente convergem para um
progressivo e ameaçador deficit
financeiro,
que não se sabe como travar e ainda menos como recuperar.
É
uma “guerra” de cariz bíblico. E como tal estamos à beira de
surgirem pregadores da catástrofe, que ponham a humanidade em estado
de histeria
colectiva.
Por sorte o tempo dos profetas já passou. Mas reconhecemos a
existência de seitas que, com discursos tenebrosos, anunciam o fim
do mundo, e conseguem cativar adeptos convictos. Quem ler isto
pensará, com razão, que não estamos na idade média. Pois não
estamos. Mas sempre existiram e existirão mentes crédulas.
Aquilo
que nos preocupa é que não se considera factível manter as
populações paradas, enclausuradas, com o comércio practicamente
estagnado e com a consequênte sangria dos tesouros nacionais em
contínua perca. Todos devem estar conscientes de que o toque de
reabilitar o trabalho e a transferência de produtos tem que ser dado
em simultâneo. Nenhum país, na época em que estamos, pode decidir
a recuperação do seu parque produtivo sem a certeza de poder
receber as matérias primas e componentes que habitualmente adquiria
do exterior, e tampouco poderá permitir-se a fantasia de produzir,
seja o que for, para encher armazéns.
Tentar
restabelecer um país, isoladamente, dando a ideia de que estamos
chegando a uma normalidade é, além de temerário um erro de
possível não-retorno. E quem será que pode tomar a batuta neste
reinício do concerto?
Alguém
se decidirá, sem esperar que o fim da pandemia seja evidente. O
mundo ocidental sabe que não conseguiria sobreviver a uma paragem
total. Como se uma catástrofe planetária nos colocasse numa
situação semelhante, pelos efeitos, à extinção dos grandes
répteis.
Mas,
admitindo que mesmo mal-parados, vamos
sair desta situação,
há problemas identificados, resultado da incúria dos humanos, e de
cujos efeitos todos somos culpados, e que se não se encaram
seriamente a pandemia actual será uma brincadeira, comparado com a
possível, e prevista, destruição do meio ambiente.
-barruntar:
desconfiar,
pressentir, suspeitar
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